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Unidade Iii
Unidade Iii
Trabalhista
Recursos Trabalhistas I
Revisão Textual:
Caique Oliveira dos Santos
Recursos Trabalhistas I
• Recursos Trabalhistas;
• Pressupostos Recursais;
• Embargos de Declaração;
• Recurso Ordinário (RO);
• Recurso de Revista (RR);
• Redação de Peças Recursais.
OBJETIVOS DE APRENDIZADO
• Reconhecer os pressupostos necessários aos recursos trabalhistas;
• Redigir as peças com independência.
UNIDADE Recursos Trabalhistas I
Recursos Trabalhistas
Quando realiza a propositura de uma reclamação trabalhista, evidentemente, o re-
clamante almeja o sucesso total da demanda, isto é, a procedência em todas as postu-
lações. Em contrapartida, o reclamado busca a demonstração de que o requerente não
faz jus aos pleitos da exordial.
Ao final, o órgão julgador profere decisão judicial, o que pode ser total ou parcialmente
favorável a uma ou ambas as partes integrantes da relação jurídico-processual. Tendo
em vista o descontentamento, muitas vezes, o indivíduo buscará o reexame do processo,
externalizando o duplo grau de jurisdição previsto no ordenamento jurídico brasileiro.
Consoante Daniel Amorim Assumpção Neves (2018, p. 1.581):
[...] fator favorável à adoção do duplo grau de jurisdição diz respeito à pró-
pria falibilidade humana, considerando-se que o juiz, como ser humano
que é, pode se equivocar em sua decisão. Dessa forma, é interessante
manter um mecanismo de revisão dessa decisão, como forma de possi-
bilitar que um eventual equívoco, ilegalidade ou injustiça da decisão da
causa possa ser revisto.
Conforme Sergio Pinto Martins (2013, p. 403), “recurso é o meio processual esta-
belecido para provocar o reexame de determinada decisão, visando à obtenção de sua
reforma ou modificação”.
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Nesse contexto, segundo Élisson Miessa (2021, p. 816), no processo do trabalho, o
recurso percorrerá o chamado duplo juízo de admissibilidade (a quo e ad quem), o qual
funciona como um filtro na verificação do preenchimento dos pressupostos extrínsecos
e intrínsecos. O juízo de admissibilidade a quo é realizado pelo órgão que proferiu a de-
cisão recorrida (exame preliminar e superficial), enquanto o juízo de admissibilidade ad
quem caberá ao órgão recursal (exame em caráter definitivo).
O Código de Processo Civil, aprovado em 2015, aboliu o duplo juízo de admissibili-
dade recursal de natureza ordinária, mas ainda prevalece no processo do trabalho e não
se aplica o disposto no art. 1.010, § 3º, do CPC: “os autos serão remetidos ao tribunal
pelo juiz, independentemente de juízo de admissibilidade” (MIESSA, 2021, p. 818).
Pressupostos Recursais
O juízo de admissibilidade avaliará a existência dos pressupostos recursais intrínsecos
e extrínsecos, sem os quais não haverá o exame de mérito do recurso, especialmente
para evitar a interposição de instrumentos protelatórios, cujo intuito é simplesmente
postergar a entrega do direito postulado à parte vitoriosa.
Prevalece o entendimento de que os pressupostos intrínsecos se classificam em: cabi-
mento, legitimidade, interesse em recorrer e inexistência de fato impeditivo ou extintivo
do poder de recorrer. Por outro lado, os pressupostos extrínsecos dividem-se em: tem-
pestividade, representação, preparo e regularidade formal.
Pressupostos intrínsecos
Conforme Élisson Miessa (2021, p. 824), a recorribilidade está atrelada ao cabimento
do recurso, isto é, se a decisão judicial é passível de questionamento imediato, tendo em
vista que nem todos os pronunciamentos judiciais são recorríveis, como os despachos e a
maioria das decisões proferidas no curso do processo, ante a materialização do princípio
da irrecorribilidade imediata das decisões interlocutórias. Além disso, deve-se observar a
adequação do recurso, ou seja, se a medida processual é a apropriada à situação concreta.
Excepcionalmente, decisões interlocutórias serão recorríveis de imediato, nos termos do
entendimento sumulado do Tribunal Superior do Trabalho, assim:
Súmula nº 214: Na Justiça do Trabalho, nos termos do art. 893, § 1º, da
CLT, as decisões interlocutórias não ensejam recurso imediato, salvo nas
hipóteses de decisão:
a) de Tribunal Regional do Trabalho contrária à Súmula ou Orientação
Jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho;
b) suscetível de impugnação mediante recurso para o mesmo Tribunal;
c) que acolhe exceção de incompetência territorial, com a remessa dos
autos para Tribunal Regional distinto daquele a que se vincula o juízo
excepcionado, consoante o disposto no art. 799, § 2º, da CLT.
Quanto à legitimidade, conforme o art. 996 do CPC, terão a faculdade para recorrer
as partes (reclamante e reclamado), o terceiro prejudicado e o Ministério Público (nos
processos trabalhistas, o Ministério Público do Trabalho).
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UNIDADE Recursos Trabalhistas I
Por outro lado, de acordo com Élisson Miessa (2021, p. 825-827), no que diz respeito
ao interesse em recorrer, cabe à parte vencida (total ou parcialmente) e ao terceiro preju-
dicado com a decisão, bem como ao Ministério Público, independentemente da demons-
tração de interesse recursal, tendo em vista que sua atuação decorre de autorização legal.
Pressupostos extrínsecos
No que concerne à tempestividade, trata-se do prazo de recorribilidade, ou seja, o
lapso temporal que as partes terão para a interposição do respectivo recurso, bem como
da apresentação das contrarrazões. Na sistemática recursal trabalhista, há os prazos
dispostos na tabela a seguir.
Tabela 1
Recurso Prazo
Embargos no TST 8 (oito) dias úteis
Embargos de declaração 5 (cinco) dias úteis
Recurso ordinário 8 (oito) dias úteis
Recurso de revista 8 (oito) dias úteis
Agravo de petição 8 (oito) dias úteis
Agravo de instrumento 8 (oito) dias úteis
Agravo regimental 8 (oito) dias úteis
Pedido de revisão 48 horas
Recurso extraordinário 15 dias úteis
A respeito do prazo recursal, são beneficiados com prazo em dobro para razões e
contrarrazões os entes pertencentes ao conceito de Fazenda Pública, ou seja, a União,
os estados-membros, o Distrito Federal, os municípios e as autarquias ou fundações de
direito público federais, estaduais ou municipais que não explorem atividade econômica,
de acordo com o Decreto-Lei nº 779/1969. Portanto, em regra, estão excluídos dessa
prerrogativa processual as empresas estatais, como as empresas públicas e as socieda-
des de economia mista.
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No que tange à representação, é salutar recordar que a capacidade postulatória não
é restrita ao advogado, como ocorre no processo civil. Conforme o art. 791 da CLT,
“Os empregados e os empregadores poderão reclamar pessoalmente perante a Justiça
do Trabalho e acompanhar as suas reclamações até o final”.
Por outro lado, os procuradores das pessoas jurídicas de direito público estão dispen-
sados da juntada de mandato e de comprovação do ato de nomeação, devendo apenas
declarar que exercem o citado cargo, de acordo com a Súmula nº 436 do TST.
Relativamente ao preparo, trata-se do recolhimento de custas e depósito recursal.
As custas são valores destinados ao Estado a título de custeio dos serviços judiciários,
enquanto o depósito recursal é exigido nas condenações em pecúnia e visa à garantia
de futura execução. À vista disso, convém citar o art. 789 da CLT:
Art. 789. Nos dissídios individuais e nos dissídios coletivos do trabalho, nas
ações e procedimentos de competência da Justiça do Trabalho, bem como
nas demandas propostas perante a Justiça Estadual, no exercício da juris-
dição trabalhista, as custas relativas ao processo de conhecimento incidirão
à base de 2% (dois por cento), observado o mínimo de R$ 10,64 (dez reais
e sessenta e quatro centavos) e o máximo de quatro vezes o limite máximo
dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social, e serão calculadas:
I – quando houver acordo ou condenação, sobre o respectivo valor;
II – quando houver extinção do processo, sem julgamento do mérito, ou
julgado totalmente improcedente o pedido, sobre o valor da causa;
III – no caso de procedência do pedido formulado em ação declaratória e
em ação constitutiva, sobre o valor da causa;
IV – quando o valor for indeterminado, sobre o que o juiz fixar.
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ser pagas e comprovadas dentro do prazo recursal, nos termos do art. 789, § 1º, da CLT.
Outrossim, destaca-se:
Art. 789-A. No processo de execução são devidas custas, sempre de
responsabilidade do executado e pagas ao final, de conformidade com a
seguinte tabela:
I – autos de arrematação, de adjudicação e de remição: 5% (cinco por
cento) sobre o respectivo valor, até o máximo de R$ 1.915,38 (um mil,
novecentos e quinze reais e trinta e oito centavos);
II – atos dos oficiais de justiça, por diligência certificada:
a. em zona urbana: R$ 11,06 (onze reais e seis centavos);
b. em zona rural: R$ 22,13 (vinte e dois reais e treze centavos);
III – agravo de instrumento: R$ 44,26 (quarenta e quatro reais e vinte e
seis centavos);
IV – agravo de petição: R$ 44,26 (quarenta e quatro reais e vinte e seis
centavos);
V – embargos à execução, embargos de terceiro e embargos à arremata-
ção: R$ 44,26 (quarenta e quatro reais e vinte e seis centavos);
VI – recurso de revista: R$ 55,35 (cinquenta e cinco reais e trinta e cinco
centavos);
VII – impugnação à sentença de liquidação: R$ 55,35 (cinquenta e cinco
reais e trinta e cinco centavos);
VIII – despesa de armazenagem em depósito judicial – por dia: 0,1% (um
décimo por cento) do valor da avaliação;
IX – cálculos de liquidação realizados pelo contador do juízo – sobre o
valor liquidado: 0,5% (cinco décimos por cento) até o limite de R$ 638,46
(seiscentos e trinta e oito reais e quarenta e seis centavos).
De acordo com o aludido art. 789, §1º ao 4º da CLT, cumpre mencionar outras ca-
racterísticas das custas, tais como:
• em condenações não líquidas, o montante das custas processuais será arbitrado e
fixado pelo juízo;
• na realização de acordo, desde que não haja ajuste entre as partes, as custas serão
rateadas entre os litigantes;
• em dissídios coletivos, as custas ficarão a cargo das partes vencidas de forma solidá-
ria, conforme o valor arbitrado na decisão, ou pelo Presidente do Tribunal.
No que concerne ao depósito recursal, salienta-se a circunstância do agravo de instru-
mento, cujo valor corresponde a 50% (cinquenta por cento) do montante do depósito do
recurso ao qual se pretende destrancar, nos termos do art. 899, § 7º, da CLT.
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Há outras hipóteses em que não haverá depósito recursal, conforme dispõe o art.
899, § 8º, da CLT, por exemplo, tratando-se a interposição do agravo de instrumento
para destrancar recurso de revista manejado contra decisão judicial que viola jurispru-
dência uniforme do TST.
A Orientação Jurisprudencial nº 140 da SDI-1 do TST assevera que haverá deserção
pelo recolhimento de custas ou depósito recursal em valor inferior ao devido, desde que
não ocorra a complementação depois da concessão do prazo de 5 (cinco) dias.
Por fim, existem circunstâncias em que o depósito recursal será reduzido pela metade
ou isento, consoante quadro que segue, configurado a partir do art. 899 da CLT.
Quadro 1
Embargos de Declaração
Dadas as particularidades na seara trabalhista, os embargos declaratórios assemelham-
-se ao processo civil, possuindo regramento próprio na CLT, socorrendo-se ao CPC em
circunstâncias pontuais.
Na doutrina, há posicionamentos que destoam do entendimento da natureza recursal
do mencionado instrumento.
Mauro Schiavi (2018, p. 1.059-1.060), apesar de advogar na defesa da natureza recursal
dos embargos, elucida vertentes favoráveis e contrárias. Nesse contexto, desfavoravelmen-
te: o julgamento realizado pelo mesmo órgão prolator da decisão embargada; a finalidade
de complementação da prestação jurisdicional; a ausência de exigência de formalidade,
como o preparo. Já favoravelmente: a inserção pelo legislador no capítulo dos recursos.
O art. 897-A da CLT elenca as hipóteses de oposição dos embargos de declaração,
as quais estão em destaque:
Art. 897-A. Caberão embargos de declaração da sentença ou acórdão,
no prazo de cinco dias, devendo seu julgamento ocorrer na primeira audi-
ência ou sessão subsequente a sua apresentação, registrado na certidão,
admitido efeito modificativo da decisão nos casos de omissão e contra-
dição no julgado e manifesto equívoco no exame dos pressupostos
extrínsecos do recurso.
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O art. 897-A da CLT não elenca a obscuridade, entretanto o entendimento majoritário
é pela aplicação ao processo do trabalho e remete a uma decisão judicial sem clareza ou
precisão. Cumpre observar a elucidação de Luís Eduardo Simardi Fernandes (2020, p. 28):
A obscuridade, em regra, é fruto de duas situações distintas. Pode acon-
tecer de o juiz estar absolutamente certo e seguro daquilo que vai decidir,
tendo em mente todo o raciocínio lógico que norteará sua decisão, mas
acabar por redigir o pronunciamento de maneira confusa, ou com uso
de linguagem rebuscada e pouco usual, e aquilo que estava claro em sua
mente resultar em pronunciamento de difícil compreensão, deixando dú-
vidas sobre o que pretendeu efetivamente dizer.
Importante!
Não confunda! Na suspensão, a contagem do prazo volta a correr de onde parou, depois
da cessação do motivo que a paralisou. Na interrupção, cessada a circunstância paralisa-
dora, o prazo iniciará novamente desde o princípio.
• Exemplo 1: o prazo de interposição do recurso ordinário de José era de 8 (oito)
dias e foi suspenso no 5º dia em razão de feriado; passada a causa de suspensão, a
contagem retomará do 6º dia em diante;
• Exemplo 2: o prazo de interposição do recurso ordinário de Maria era de 5 (cinco)
dias e foi interrompido no 3º dia pela oposição de embargos de declaração; julga-
dos os embargos, o prazo recomeçará do “zero”.
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Não há Varas do Trabalho em todas as localidades brasileiras. Conforme o art. 112 da CF/1988,
a Justiça do Trabalho poderá atribuir a juízes de direito a respectiva jurisdição trabalhista,
cujo recurso será julgado pelo Tribunal Regional do Trabalho competente. Exemplo: no muni-
cípio “X” (interior do estado de São Paulo), não há Vara do Trabalho; em razão disso, João ajui-
zou reclamação trabalhista perante um juiz de direito com jurisdição trabalhista. Proferida a
sentença, João decidiu interpor recurso ordinário. Tal ferramenta recursal não será julgada
pelo Tribunal de Justiça de São Paulo, e sim pelo Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região.
TRT TST
ou
Recurso ordinário Recurso ordinário
Sentença da Vara Acórdão do TRT em processos
do Trabalho de competência originária
Figura 1
No tocante às reclamações que tramitam pelo procedimento sumaríssimo, deve-se
observar que o recurso ordinário:
[...]
II – será imediatamente distribuído, uma vez recebido no Tribunal, devendo
o relator liberá-lo no prazo máximo de dez dias, e a Secretaria do Tribunal
ou Turma colocá-lo imediatamente em pauta para julgamento, sem revisor;
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III – terá parecer oral do representante do Ministério Público presente à
sessão de julgamento, se este entender necessário o parecer, com regis-
tro na certidão;
IV – terá acórdão consistente unicamente na certidão de julgamento, com
a indicação suficiente do processo e parte dispositiva, e das razões de
decidir do voto prevalente. Se a sentença for confirmada pelos próprios
fundamentos, a certidão de julgamento, registrando tal circunstância, ser-
virá de acórdão.
§ 2º. Os Tribunais Regionais, divididos em Turmas, poderão designar
Turma para o julgamento dos recursos ordinários interpostos das sen-
tenças prolatadas nas demandas sujeitas ao procedimento sumaríssimo.
(Art. 895 da CLT)
Quadro 2
• Cabeçalho:
» Recorrente:
» Recorrido(a):
» Origem:
» Processo:
• Expressões de respeito:
Segunda peça: » Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da .....ª Região,
petição de razões » Colenda Turma,
» Nobres Julgadores!
• Pressupostos de admissibilidade recursal;
• Resumo do processo (histórico);
• Razões recursais (teses);
• Conclusões;
• Encerramento.
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II – indicar, de forma explícita e fundamentada, contrariedade a disposi-
tivo de lei, súmula ou orientação jurisprudencial do Tribunal Superior do
Trabalho que conflite com a decisão regional;
III – expor as razões do pedido de reforma, impugnando todos os funda-
mentos jurídicos da decisão recorrida, inclusive mediante demonstração
analítica de cada dispositivo de lei, da Constituição Federal, de súmula ou
orientação jurisprudencial cuja contrariedade aponte;
IV – transcrever na peça recursal, no caso de suscitar preliminar de
nulidade de julgado por negativa de prestação jurisdicional, o trecho dos
embargos declaratórios em que foi pedido o pronunciamento do tribu-
nal sobre questão veiculada no recurso ordinário e o trecho da decisão
regional que rejeitou os embargos quanto ao pedido, para cotejo e veri-
ficação, de plano, da ocorrência da omissão.
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da possibilidade de condenação da parte reclamante (beneficiária da justiça gratuita) ao
pagamento de honorários advocatícios de sucumbência.
Tal qual o recurso ordinário, o recurso de revista também é interposto em duas pe-
ças: petição de interposição (cujo destinatário é o juízo a quo) e petição de razões (com
destinatário sendo o juízo ad quem).
Cuidado! A citada organização não significa que são dois recursos, um para o órgão
recorrido e outro para a instância superior, trata-se apenas da forma de apresentação.
Quadro 3
• Cabeçalho:
» Recorrente:
» Recorrido(a):
» Origem:
» Processo:
• Expressões de respeito:
» Colendo Tribunal Superior do Trabalho;
Segunda peça:
» Egrégia Turma;
petição de razões
» Nobres Julgadores!
• Pressupostos de admissibilidade recursal;
• Do prequestionamento e da transcendência;
• Resumo do processo (histórico);
• Razões recursais (teses);
• Conclusões;
• Encerramento.
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acidente de trabalho há sete meses e se afastando do emprego por dez dias. A ação
foi julgada totalmente procedente pelo juiz, motivo que deixou a empresa JM Pres-
tação de Serviços LTDA. indignada, especialmente sobre a alegada estabilidade. Na
qualidade de advogado(a) contratado(a) da empresa JM Prestação de Serviços LTDA.,
apresente a medida processual adequada para a defesa dos interesses do seu cliente.
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II – Resumo do processo
O recorrido ajuizou reclamação trabalhista em face da recorrente postulando o rece-
bimento de verbas indenizatórias diversas.
Também questionou a dispensa sem justa causa, pois, no seu entendimento, possui-
ria direito à estabilidade provisória no emprego, em razão de acidente de trabalho
sofrido, o qual resultou em afastamento por dez dias.
Ao final, a ação foi julgada totalmente procedente, motivo pelo qual a recorrente
interpõe o presente recurso, conforme os fundamentos a seguir expostos.
III – Razões do recurso
Na exordial, o recorrido alega que a dispensa sem justa causa não deveria ter ocor-
rido em razão de suposta existência de garantia de emprego por causa de acidente
de trabalho.
Segundo o Colendo Tribunal Superior do Trabalho, no item II da Súmula nº 378, há
a necessidade do preenchimento de dois requisitos para a configuração da estabi-
lidade provisória, quais sejam: o afastamento superior a 15 dias e a consequente
percepção do auxílio-doença acidentário (auxílio por incapacidade temporária).
No caso discutido, o recorrido não satisfaz nenhum dos pressupostos mencionados,
os quais devem estar presentes de forma cumulativa.
Verifica-se que o reclamante, ora recorrido, afastou-se do emprego por dez dias e
não teve acesso ao referido benefício previdenciário.
Ante o exposto, requer a reforma da respeitável decisão a quo de fls. ......, excluindo
da recorrente a obrigação de manutenção do vínculo empregatício.
IV – Das conclusões
Diante do exposto, requer-se o conhecimento e o provimento do presente recurso or-
dinário, para fins de reforma da respeitável sentença, nos moldes supramencionados.
Nestes termos,
pede deferimento.
Local e data.
Advogado(a)
OAB nº .....
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II – Do resumo do processo
O recorrido ajuizou reclamação trabalhista em face da recorrente, a qual foi distribu-
ída para o juízo da 80ª Vara do Trabalho.
Na sentença, o Douto Magistrado reconheceu a existência de periculosidade na ativi-
dade prestada e a condenou ao pagamento de adicional de 50% sobre o salário-base.
Igualmente, houve a condenação ao depósito de FGTS com relação aos meses de
afastamento em que recebeu auxílio-doença previdenciário, assim como o paga-
mento da multa do art. 477, § 8º, da CLT.
Ademais, o juízo a quo entendeu devida indenização por danos morais, cujos juros e
correção monetária incidem desde a data do ajuizamento da ação.
Por fim, deferiu reparação quanto aos frutos de má-fé com base no art. 1.216 do CC.
A decisão recorrida não merece prosperar e deve ser reformada conforme os funda-
mentos de fato e de direito a seguir expostos.
III – Das razões do recurso
A – Do adicional de periculosidade
O recorrido postulou adicional de periculosidade na reclamação, o qual foi verificado
cabível após a realização de perícia.
Nesse sentido, o Douto Julgador condenou a recorrente ao pagamento do mencio-
nado adicional na proporção de 50% do salário básico.
Entretanto, de acordo com o art. 193, § 1º, da CLT, o trabalho exercido de modo peri-
goso acarreta apenas ao pagamento de adicional de 30% sobre o salário sem os acrés-
cimos resultantes de gratificações, prêmios ou participações nos lucros da empresa.
Sendo assim, a recorrente deseja a reforma da sentença.
B – Do FGTS
Na decisão proferida pela Primeira Instância, o Douto Magistrado condenou a re-
corrente a realizar o depósito do FGTS dos dois meses pertinentes ao período de
afastamento do empregado, quando ele recebeu auxílio-doença previdenciário.
Todavia, tal entendimento não corrobora com o disposto no art. 15, § 5º, da Lei nº
8.036/1990, visto que é obrigação do empregador depositar FGTS apenas no caso de
afastamento em razão de acidente de trabalho.
No caso em discussão, a licença deu-se por auxílio-doença comum, o que não gera o
dever de realizar o aludido depósito.
Portanto, espera-se a reforma da sentença.
C – Da multa do art. 477, § 8º, da CLT
Na decisão proferida pela 80ª Vara do Trabalho, deferiu-se multa do art. 477, § 8º,
da CLT.
A condenação é justificada pelo juízo porque o pagamento das verbas rescisórias
foi realizado na sede da empresa, não passando por homologação da autoridade
representante do sindicato da categoria profissional ou do Ministério do Trabalho
(atualmente, Secretaria do Trabalho).
No entanto, o mencionado dispositivo celetista remete à obrigação de pagamento
de multa apenas na hipótese de as verbas rescisórias ou documentação pertinente
não terem sido quitadas no prazo legal de 10 (dez) dias contados da data da extinção
do contrato de trabalho.
Dessa maneira, significa que a condenação à multa é indevida e, portanto, a decisão
de Primeira Instância não pode prosperar.
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D – Do dano moral
O juízo a quo julgou procedente pedido de dano moral e, na condenação, determinou que
os juros e a correção monetária deveriam incidir desde a data de ajuizamento da ação.
Por outro lado, a Súmula nº 439 do TST esclarece que, nas condenações por dano
moral, a atualização monetária é devida a partir da data da decisão de arbitramento
ou de alteração do valor.
Quanto aos juros, deverão incidir desde o ajuizamento da ação.
Diante disso, a correção monetária deverá ser computada a partir da condenação, e
não do ajuizamento da reclamação.
Nesse contexto, a sentença deverá ser reformada.
E – Dos frutos de má-fé
Com fundamentação no art. 1.216 do CC, o magistrado condenou a recorrente a in-
denização pelos frutos de má-fé percebidos, tendo em vista, segundo o juízo, ter
permanecido com valores pertencentes ao trabalhador.
Ocorre que o artigo citado é inerente à temática dos direitos reais, evidenciando sua
incompatibilidade com o Direito do Trabalho e não sendo cabível no inadimplemento
de verbas trabalhistas, consoante entendimento da Súmula nº 445 do TST.
Portanto, a sentença deve ser reformada.
IV – Das conclusões
Diante do exposto, a recorrente requer o conhecimento e o provimento do presente
RECURSO ORDINÁRIO, com a consequente reforma da sentença proferida pelo res-
peitável juízo a quo, acolhendo integralmente todas as argumentações.
Nestes termos,
pede deferimento.
Local e data.
Advogado(a)
OAB nº .....
Maria Filomena, auxiliar de produção na empresa Rio Doce Ltda., foi dispensada sem
justa causa, em março de 2017. No mês seguinte à dispensa, ajuizou reclamação
trabalhista, a qual foi distribuída para a 85ª Vara do Trabalho de Goiânia – GO, sob
a justificativa de dispensa imotivada em razão de estabilidade provisória, por ser
membra da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA criada na empresa.
Na defesa, a reclamada alegou que a ex-empregada não possuía o direito à esta-
bilidade provisória, por ter sido designada como representante do empregador na
CIPA. O juízo de 1º grau reconheceu a aludida garantia de emprego e determinou
a reintegração da trabalhadora. O TRT da 18ª Região manteve a decisão. Diante da
situação hipotética apresentada, na qualidade de advogado(a) da empresa Rio Doce
Ltda., apresente a medida processual adequada para a defesa de sua cliente.
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tinuação do pagamento do adicional de insalubridade. Segundo o ex-empregado,
com base no lapso temporal, o recebimento do adicional incorporou-se ao salário,
não podendo ser suprimido. A empresa apresentou sua defesa argumentando que
o reclamante não tinha direito ao recebimento de adicional de insalubridade. O
magistrado determinou a realização de prova técnica e, ao final da instrução pro-
cessual, acatou os argumentos do reclamante, julgando totalmente procedente a
reclamação trabalhista. A reclamada interpôs o recurso cabível, e o Tribunal Regio-
nal do Trabalho da 11ª Região manteve a decisão de 1º grau integralmente. Em ra-
zão da situação hipotética, como advogado(a) do “Hospital Muito Doente”, ingresse
com a medida judicial cabível para defesa dos interesses de seu cliente.
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II – Do prequestionamento e da transcendência
No que diz respeito à matéria do presente recurso, houve o prequestionamento na
decisão recorrida, conforme o art. 896, § 1º-A, da CLT e a Súmula nº 297 do TST.
Quanto à transcendência, está demonstrado o preenchimento de tal pressuposto
específico previsto no art. 896-A da CLT, tendo em vista que a matéria é de extrema
importância, a qual impulsiona reflexos gerais de natureza econômica, política, so-
cial e jurídica.
Desse modo, a natureza da decisão ultrapassa os interesses meramente subjetivos
em discussão no processo.
III – Do resumo do processo
Em acórdão, o Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da 11ª Região, manteve a senten-
ça que condenou a reclamada ao pagamento de adicional de insalubridade, mesmo
o empregado tendo sido promovido à função sem contato com agentes insalubres.
Diante disso, não deve prosperar o entendimento do respeitável acórdão proferido.
IV – Das razões do recurso de revista
Conforme o art. 896, a, da CLT, é cabível recurso de revista quando o Tribunal Regio-
nal do Trabalho, em decisão proferida em recurso ordinário, der ao mesmo dispositi-
vo de lei federal interpretação diversa da que lhe houver dado súmula do TST.
O recebimento do adicional de insalubridade trata-se de modalidade de salário-con-
dição, é de conclusão lógica que não integra o patrimônio jurídico do empregado de
maneira definitiva e imutável, sendo possível sua supressão quando da cessação da
condição insalubre, de acordo com o art. 194 da CLT.
Ademais, a Súmula nº 248 do TST dispõe que a extinção do citado adicional não
repercute em violação da irredutibilidade salarial ou do direito adquirido, haja vista
ser salário-condição.
Desse modo, em razão da argumentação apresentada, verifica-se que o respeitável
acórdão proferido não corresponde ao enunciado expresso da CLT, tal como ao en-
tendimento sumulado mencionado.
Destarte, deseja-se o conhecimento e provimento do presente RECURSO DE REVISTA
e, consequentemente, seja o acórdão recorrido reformado.
V – Das conclusões
Isso posto, o recorrente requer o conhecimento e o provimento do presente recurso,
desobrigando-o do pagamento do supracitado adicional.
Nestes termos,
pede deferimento.
Local e data.
Advogado(a)
OAB nº .....
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Leitura
Os embargos de declaração no novo Código de Processo Civil e na Consolidação das Leis do Trabalho:
elementos para a compreensão das confluências e complementariedades
https://bit.ly/3xn03dg
A deserção do recurso ordinário pela ilegibilidade das guias recursais no sistema de peticionamento
eletrônico à luz do novo Código de Processo Civil
https://bit.ly/3wMe1p2
A indicação do trecho da decisão recorrida que consubstancia o prequestionamento da controvérsia: uma
análise à luz da natureza extraordinária do recurso de revista
https://bit.ly/3q11mfE
A transcendência no recurso de revista
https://bit.ly/2SJAOTL
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UNIDADE Recursos Trabalhistas I
Referências
FERNANDES, L. E. S. Embargos de declaração: efeitos infringentes, prequestiona-
mento e outros aspectos polêmicos. 2. ed. São Paulo: Ed. RT, 2020.
LEITE, C. H. Curso de direito processual do trabalho. 18. ed. São Paulo: Saraiva, 2020.
MARTINS, S. P. Direito processual do trabalho. 34. ed. São Paulo: Atlas, 2013.
NEVES, D. A. A. Manual de direito processual civil. 10. ed. Salvador: Juspodivm, 2018.
SCHIAVI, M. Manual de direito processual do trabalho. 14. ed. São Paulo: LTr, 2018.
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