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MEDIDAS E

AVALIAÇÃO NA
EDUCAÇÃO FÍSICA

Ana Paula Maurilia dos Santos


Avaliação funcional
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Identificar os fundamentos de flexibilidade e equilíbrio.


 Descrever as formas de avaliação da flexibilidade.
 Desenvolver estratégias para avaliação do equilíbrio.

Introdução
Para compreender a importância de se trabalhar a flexibilidade e o equi-
líbrio, é preciso conhecer os principais testes de avaliação existentes.
Especificamente, é importante entender as formas de se avaliar a flexibi-
lidade em indivíduos e a importância da aplicação de instrumentos que
avaliem o equilíbrio em populações especiais, como crianças e idosos.
Na infância, eleva-se a importância da avaliação motora, porque essa fase
se caracteriza por um progresso no desenvolvimento motor, sendo, por
isso, essencial a detecção de possíveis alterações no desenvolvimento
que poderão repercutir por toda a vida. Já na terceira idade, em função
da perda da capacidade funcional, faz-se necessário o trabalho físico/
motor para a garantia de melhorias na qualidade de vida dessa população.
Neste capítulo, você compreenderá como o exercício físico exerce
papel fundamental no processo de desenvolvimento humano e por
que aqueles programas de exercícios que antigamente davam maior
atenção aos exercícios aeróbicos, hoje, tem considerado a flexibilidade
e o equilíbrio como fatores preponderantes na melhoria da capacidade
funcional dos indivíduos, principalmente em idosos.

Da saúde ao desempenho: o papel do exercício


A inatividade física é considerada, na atualidade, o quarto maior fator de
risco de morte do mundo (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2015), ou
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seja, várias doenças crônicas que levam à morte poderiam ser evitadas se as
pessoas praticassem atividades físicas regulares.
Um dos objetivos da Organização Mundial de Saúde (2018) é aumentar
em 15%, até 2030, a proporção de adultos que se engajem diariamente (pre-
ferencialmente) em 30 minutos de atividade física moderada à intensa. Em
crianças e adolescentes essa recomendação é o dobro: 60 minutos diários de
atividade física moderada à intensa.
Dentre as evidências científicas sobre os benefícios da atividade física
para a melhora da saúde e da qualidade de vida, encontram-se também
as recomendações para além da realização de exercícios aeróbios, o que
inclui, para adultos e idosos, a realização de atividade de fortalecimento
muscular, flexibilidade e de equilíbrio. De acordo com o Colégio Americano
de Medicina do Esporte (AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE,
1995), exercícios de equilíbrio e flexibilidade não apresentam recomenda-
ções específicas para adultos, mas devem fazer parte da rotina de idosos
com mais de 65 anos. Nessa população, recomenda-se realizar exercícios
de flexibilidade dois ou mais dias na semana, de preferência diariamente,
estabelecendo 10 minutos de duração, no mínimo, executando-se 3–4
repetições, e mantendo o alongamento por 10–30 segundos, incluindo
exercícios de equilíbrio para idosos com risco de quedas. Exercícios físicos
como tai chi, yoga e Pilates melhoram tanto o equilíbrio quanto a flexibi-
lidade (HEYWARD, 2011). As recomendações para idosos justificam-se
porque, nessa etapa do processo de desenvolvimento humano, as perdas
funcionais são mais acentuadas, o que acaba por comprometer a qualidade
de vida dessa população.
Nesse contexto, o exercício físico exerce papel fundamental, contribuindo
para atenuar as perdas funcionais decorrentes desse processo, e a prática de
exercícios físicos, quando iniciada na infância e na adolescência, tem a função
de retardar os efeitos do envelhecimento e melhorar a capacidade funcional
dos indivíduos.
A capacidade funcional pode ser entendida como a capacidade de realizar
atividades de vida diária com segurança e independência, sem fadiga. Ela
requer resistência aeróbia, agilidade, força muscular, flexibilidade e equilíbrio
(HEYWARD, 2011).
A flexibilidade corporal é um dos componentes não aeróbicos da aptidão
física relacionada à saúde e ao desempenho esportivo; por isso, alguns testes
de flexibilidade estão inseridos nas principais baterias de avaliação do con-
dicionamento físico, associada à performance, saúde ou reabilitação (REIS
et al., 2016). A flexibilidade é fundamental para a realização das atividades
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diárias laborais e recreativas (LIMA et al., 2019). Os mesmos autores citam


ainda que baixos níveis de flexibilidade estão diretamente associados à maior
prevalência de lesões musculoesqueléticas na coluna vertebral, como hiper-
lordose, hipercifose e dor lombar crônica.
Já o equilíbrio é uma área proprioceptiva do desenvolvimento motor. O
equilíbrio corporal é uma área motora essencial dentro do contexto despor-
tivo, principalmente em esportes com grande solicitação malabarística e na
maioria dos coletivos (REIS et al., 2016). Na infância, ele é fundamental
para a realização dos movimentos globais, uma vez que o tônus muscular
irá assegurar à criança um melhor domínio postural e, consequentemente,
melhor sustentação do seu corpo para a realização de brincadeiras e atividades
diversas de locomoção, saltos, giros, etc. Na terceira idade, um equilíbrio
corporal adequado garantirá ao idoso mais autonomia e independência para a
realização das atividades de vida diária, sendo fundamental para a prevenção
de quedas, tão comuns nessa população.
Os estudos têm demonstrado que a manutenção de níveis adequados da
flexibilidade corporal pode ter impacto direto na obtenção de níveis apropriados
de equilíbrio (COSTA et al., 2009). Em ambos os casos, são influenciados
pela idade (envelhecimento), pela inatividade física e por mecanismos mus-
culoesqueléticos que reduzem as funções de dobrar-se, levantar-se, no caso
da flexibilidade, e de andar coordenadamente e sustentar uma boa postura,
no caso do equilíbrio.

Flexibilidade
A flexibilidade é a capacidade de movimentar articulações com fluidez na
amplitude de movimento completa (HEYWARD, 2011). Pode ser definida como
a capacidade física responsável pela execução voluntária de um movimento de
amplitude angular máxima, por uma articulação ou conjunto de articulações,
dentro dos limites morfológicos, sem risco de provocar lesões (DANTAS,
2005). De acordo com o mesmo autor, a flexibilidade pode ser influenciada
por fatores como idade, sexo, individualidade biológica, hora do dia em que
a atividade é realizada, temperatura do ambiente e fadiga.
A flexibilidade tende a diminuir com a idade, sendo que uma baixa
flexibilidade está relacionada à menor qualidade de vida e a um risco de
queda mais alto em idosos (CHAVES; BALASSIANO; ARAÚJO, 2016).
Isso porque o treinamento de flexibilidade melhora o domínio e a destreza
necessária para a execução das atividades de vida diária, como descer e
subir escadas, alcançar objetos, flexionar o tronco para amarrar o cadarço,
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e isso faz com que haja melhorias da função e amplitude articulares e na


performance muscular, contribuindo positivamente na funcionalidade, au-
tonomia e saúde da população idosa (AMERICAN COLLEGE OF SPORTS
MEDICINE, 2000).
De acordo com Sharkey (2012), podemos estimular/desenvolver a flexibi-
lidade por meio de um treinamento baseado em exercícios de alongamento.
Para o autor, o treinamento de flexibilidade, quando realizado corretamente,
promove resultados que podem durar por um longo período; especificamente
após algumas semanas de alongamento, o aumento da amplitude de movimento
deve persistir por pelo menos 8 semanas. Aconselha-se evitar alongamentos
vigorosos, pois eles aumentam os riscos de lesões; um alongamento vigoroso,
por exemplo, aciona o reflexo do estiramento que envolve um rápido alonga-
mento, provocando contração muscular em vez de relaxamento. Outro ponto
importante de se destacar é que, quando os músculos e as articulações estão
aquecidos, a flexibilidade aumenta (SHARKEY, 2012). Durante o alongamento,
uma atenção especial deve ser dada ao grupo muscular isquiotibial, uma vez
que o seu encurtamento é o mais encontrado na literatura, sendo o alongamento
uma forma terapêutica de manutenção de níveis saudáveis desse grupamento
muscular (MUNIZ et al., 2014, p. 39). Além disso, uma das causas de dores
na região lombar incide dos impactos negativos do encurtamento do grupo
muscular isquiotibial.
Nesse contexto, vale ressaltar que a intensidade do treinamento de fle-
xibilidade vai depender do objetivo do trabalho desejado: manutenção da
saúde ou performance esportiva? Dependendo da intensidade com que
o treinamento é realizado, permite-se uma diferenciação entre os traba-
lhos de alongamento e flexionamento (DANTAS; CONCEIÇÃO, 2017). O
alongamento busca a manutenção dos níveis de flexibilidade por meio da
realização dos movimentos de amplitude normal com o mínimo de restrição
física possível. Nesse caso, percebemos que a prática regular de alongamento
contribuirá para a saúde e a qualidade de vida da população em geral, para a
realização das tarefas do dia a dia com mais disposição, melhoria da postura
e diminuição das tensões musculares. Já o flexionamento, que objetiva a
melhora da flexibilidade com a viabilização de amplitudes de arcos de
movimento articular superiores aos originais (exercício de flexibilidade),
será de grande valia para atletas. Basta pensarmos numa apresentação de
ginástica rítmica, na qual a flexibilidade é fundamental para a performance
da modalidade. Grande parte do treinamento físico das ginastas envolve
exercícios de flexionamento e, pelo fato de que esses exercícios almejam um
estiramento extremo, a sua realização geralmente causa dor. Isso significa
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dizer que se utiliza o termo alongamento quando a flexibilidade é trabalhada


em intensidade submáxima, e flexionamento quando em intensidade máxima.
Tais definições fazem-se necessárias uma vez que tais conceitos são diferen-
tes em nível conceitual, fisiológico e metodológico, e esse entendimento é
fundamental para a realização de um bom planejamento e preparação física
(DANTAS; CONCEIÇÃO, 2017).

A flexibilidade e o alongamento são qualidades essenciais para um bom desempenho


físico, tanto para a realização de atividades da vida diária quanto para melhorar a perfor-
mance no meio desportivo. No entanto, muitas vezes, essas técnicas são confundidas
e/ou mal interpretadas pelos profissionais da saúde e do meio desportivo, por isso,
questiona-se: qual é a diferença entre elas?
A flexibilidade trata-se de um componente de aptidão física relacionado à saúde e
ao desempenho atlético. É resultante do trabalho de alongamento, que se reflete na
amplitude do movimento articular.
O alongamento, por sua vez, é usado para descrever a técnica utilizada para melhorar
a flexibilidade, por meio da execução de movimentos com amplitudes articulares
específicas, diminuindo a suscetibilidade de lesões e permitindo a obtenção de arcos
articulares mais amplos, o que possibilita a execução de movimentos que de outra
forma seriam limitados (BADARO; SILVA; BECHE, 2007).

Equilíbrio
O equilíbrio é a habilidade de um individuo manter a postura de seu corpo
inalterada, mesmo quando é colocado em várias posições (GALLAHUE;
OZMUN, 2013). Desse modo, o indivíduo que não apresenta um bom con-
trole do equilíbrio terá dificuldade na locomoção e manutenção de posturas,
interferindo nas atividades diárias e podendo sofrer quedas, principalmente
no caso dos idosos.
O equilíbrio pode ser estático ou dinâmico. O equilíbrio é estático quando
envolve manter o próprio equilíbrio enquanto o centro de gravidade permanece
estacionário, como, por exemplo, permanecer equilibrado na ponta dos pés; já
o equilíbrio dinâmico envolve manter o próprio equilíbrio conforme o centro
de gravidade se desloca, como, por exemplo, andar de bicicleta (ROSA NETO,
2015). Para o mesmo autor, “[...] diferentes sensações de origem visual, vestibu-
lar e de sensibilidade proprioceptiva permitem a detecção dos deslocamentos
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do centro de gravidade e a colocação em jogo de mecanismos de correção para


reconduzi-los a uma posição estável” (ROSA NETO, 2015, p. 17).
Isso significa dizer que o equilíbrio requer ajustes constantes da atividade
muscular e do posicionamento articular com base nas informações enviadas
pela visão, pelo sistema vestibular e pelo sistema proprioceptivo (RICCI;
GAZZOLA; COIMBRA, 2009). Esse processo dinâmico da postura corporal
faz-se importante na prevenção de quedas pela manutenção da projeção do
centro de gravidade dentro da área da base de suporte do corpo.
De acordo com Baldaço et al. (2010), muitas pesquisas têm demonstrado
que programas de exercícios proprioceptivos podem vir a melhorar a estabili-
dade do equilíbrio, reduzindo a incidência de lesões nos esportes. A principal
justificativa é a de que:

[...] os exercícios proprioceptivos demonstram uma grande ação profilática


e de reabilitação em lesões musculoesqueléticas, por exigir da modalidade
sensorial uma forma mais competente para obtenção de informações referen-
tes à sensação de movimento e posição articular, com base em elementos de
outras fontes que não a visual, a auditiva ou a cutânea superficial (BALDAÇO
et al., 2010, p. 183).

Alguns exemplos de exercícios citados no estudo e utilizados como pro-


tocolo que busca melhorar a estabilidade do equilíbrio de atletas, em especial
no futsal feminino, são:

 caminhar sobre uma linha reta de 10 metros, com um pé em frente ao


outro;
 caminhar sobre diferentes planos intercalados (colchonetes, piso e
travesseiros), utilizando como apoios o calcanhar, a ponta dos pés e as
bordas lateral e medial dos pés;
 executar agachamentos por série com braços à frente e o apoio de um
pé só;
 a outra perna deve permanecer em flexão de quadril e joelho;
 em apoio bipodal e joelhos estendidos, buscar manter o equilíbrio na
prancha e no disco de equilíbrio, entre outros.

O acompanhamento da capacidade funcional do individuo é fundamental,


pois o influenciará por toda a vida. Se mesmo os indivíduos que estão dentro
dos padrões normais de desenvolvimento devem ser avaliados e observados,
em grupos especiais, como crianças e idosos, por exemplo, essa necessidade
é ainda maior.
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Conforme Gomes (2003), uma avaliação funcional em idosos contempla


vários itens, como aspectos relativos a:

 mobilidade: mudanças no curso da marcha, deambulação em distâncias


específicas, levantar e sentar em uma cadeira, mudanças de decúbito
e transferências de posição;
 atividades básicas de vida diária: se vestir, alimentar-se, tomar banho,
entre outras;
 atividades instrumentais de vida diária: andar de ônibus, fazer co-
mida, limpar a casa, entre outras;
 atividades laborais e de lazer: desempenho do indivíduo no trabalho,
no ambiente social e no lazer.

Nesse contexto, podemos estabelecer uma relação direta entre atividade


física, aptidão física e capacidade funcional, que demandam medidas fide-
dignas e válidas da atividade e aptidão física em idosos (MORROW, 2014).
Serão apresentadas, a seguir, formas de avaliar a capacidade funcional da
flexibilidade e o equilíbrio de indivíduos.

Avaliação da flexibilidade
O profissional de educação física, ao estruturar e executar um programa de ati-
vidade física à população, deve levar em consideração a avaliação. No entanto,
muitos desses profissionais não têm um entendimento claro com relação às
questões básicas, como o que avaliar ou por que avaliar, principalmente quando
se trata da população idosa (MAZO, 2009). Para a mesma autora, a avaliação
deve ser um instrumento auxiliar no planejamento e no processo de ensino-
-aprendizagem e a avaliação não pode estar desvinculada do planejamento
(e vice-versa). Além disso, avaliação pode ser compreendida como produto e
como processo. Como produto, a avaliação só visa o resultado e é um controle,
em que são considerados somente os momentos avaliativos, representados por
um teste físico, por exemplo. Já como processo, os resultados são avaliados
no seu decorrer, em uma interação entre avaliador e avaliador (MAZO, 2009).
A flexibilidade deve fazer parte dos programas de treinamento, indepen-
dentemente dos objetivos a serem alcançados. Sua importância é fundamental
para a performance esportiva, como na ginástica rítmica, por exemplo, ou
na prática habitual do cotidiano, para alívios de desconfortos gerados pelo
excesso de horas em frente à tela, por exemplo. O trabalho de flexibilidade
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garantirá melhorias na qualidade de vida de crianças, jovens, adultos e idosos


(DANTAS; CONCEIÇÃO, 2017). Antes de iniciar um programa de treinamento,
a realização de uma boa avaliação da flexibilidade se torna imprescindível
(RIBEIRO et al., 2010).
Existem diversos métodos para realizar a avaliação da flexibilidade, e,
dentre os mais conhecidos e bem difundidos para avaliar a flexibilidade em
centros de treinamento e academias, está o Teste de Sentar e Alcançar (TSA),
proposto por Wells e Dillon em 1952. Esse teste foi desenvolvido para ser um
teste de fácil aplicação, baixo custo e curta duração. Ele mede a flexibilidade
da coluna vertebral e parte posterior dos membros inferiores de indivíduos
de todas as idades e gêneros (BEZERRA et al., 2015).
Os resultados do TSA permitem avaliações baseadas em tabelas nor-
mativas preelaboradas conforme gênero e idade; além disso, esse teste é
recomendado e utilizado pelas principais baterias de testes já padronizadas
em todo o mundo (Canadian Standardized Test of Fitness; YMCA Physical
Test Battery; FITNESSGRAM; Eurofit; President’s Challenge Fitness Test;
Celafiscs) (RIBEIRO et al., 2010).

O teste é realizado numa “caixa” medindo 30,5 cm x 30,5 cm x 30,5 cm


com uma escala de 26,0 cm em seu prolongamento [Figura 1], sendo que o
ponto zero se encontra na extremidade mais próxima do avaliado e o 26°cm
coincide com o ponto de apoio dos pés. O avaliado retirava o calçado e na
posição sentada tocava os pés na caixa com os joelhos estendidos. Com ombros
flexionados, cotovelos estendidos e mãos sobrepostas executava a flexão do
tronco à frente devendo este tocar o ponto máximo da escala com as mãos
(RIBEIRO et al., 2010, p. 417).

Figura 1. Banco de Wells.


Fonte: Fisio Fernandes (2019a, documento on-line).
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De acordo com Bezerra et al. (2015), é importante, antes da aplicação


do TSA, realizar um aquecimento aeróbico de intensidade leve a moderada
(5–10 minutos), seguido de um aquecimento muscular adequado. No entanto,
verifica-se que, apesar de diversos estudos fazerem uso do aquecimento prévio
à realização do TSA, a sua aplicação é conflitante, já que poucos estudos
utilizam o aquecimento proposto pelo Colégio Americano de Medicina do
Esporte (ACSM) na sua forma original. Isso acaba gerando limitações que,
consequentemente, podem alterar a classificação final do nível de flexibilidade
do avaliado (BEZERRA et al., 2015).
Outro teste também considerado válido para a avaliação da flexibilidade é
o goniômetro (Figura 2), que é um instrumento útil para medir a amplitude de
movimento, ou seja, o ângulo criado nas articulações humanas pelos ossos do
corpo, auxiliando, portanto, no diagnóstico e acompanhamento de alterações
esqueléticas (AMARO, 2018).

Figura 2. Goniômetro.
Fonte: Fisio Fernandes (2019b, documento on-line).

O goniômetro universal é o instrumento mais utilizado para medir a am-


plitude de movimento articular (ADM). Ele é composto por um eixo e duas
hastes, sendo uma fixa e outra móvel. O eixo é posicionado no centro do
movimento articular, o mais próximo da principal articulação do complexo
avaliado. A haste fixa é posicionada no segmento que permanece imóvel
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durante a avaliação da ADM, e a móvel acompanha o segmento que realiza


o movimento na direção desejada na mensuração (DANTAS, 2018 apud
AMARO, 2018). Para uma avaliação eficaz, recomenda-se, em cada articulação
(DEZINCOURT et al., 2012).:

 posicionar e estabilizar corretamente o instrumento;


 movimentar uma parte do corpo de acordo com a amplitude adequada
do movimento;
 determinar o fim da amplitude de movimento (sensação final);
 palpar os pontos anatômicos adequados;
 alinhar o instrumento de medida com esses pontos;
 ler o instrumento de medida e registrar as medidas corretamente.

O alinhamento do goniômetro refere-se ao alinhamento dos braços do


goniômetro com os segmentos proximais e distais da articulação que está
sendo avaliada. O instrumento deve ser posicionado de acordo com os pontos
anatômicos referentes a pontos das articulações avaliadas para uma precisão
na visualização dos segmentos articulares (NORKIN; WHITE, 1997 apud
DEZINCOURT et al., 2012).
Em outro paradigma e como forma de mensurar o nível de relaxamento
da fáscia proporcionado pela liberação miofascial, há a aplicação da Escala
de Esforço Percebido na Flexibilidade (PERFLEX, Perceived Exertion
in the Flexibility), que possui grande potencial para a avaliação da inten-
sidade necessá ria, com o intuito de se atingir os grandes arcos de movi-
mento articular que caracterizam a flexibilidade, conforme demonstram
as correlações alcançadas entre os métodos utilizados, principalmente a
goniometria (AMARO, 2018).
A percepção de esforço realizado é apontada pela classificação numérica
e/ou pela expressão verbal do próprio indivíduo por meio da integração dos
sinais centrais e periféricos recebidos durante a execução do movimento ou
atividade; assim, a valoração do esforço percebido representa um poderoso
instrumento para monitorar a intensidade do esforço e é frequentemente usada
em testes de esforço progressivo (FARINATTI apud AMARO, 2018).
Compreendendo-se a necessidade de se determinar o limite entre o alonga-
mento e o flexionamento, foi desenvolvida e validada a PERFLEX para avaliar
a intensidade do trabalho de flexibilidade, caracterizando as diferenças entre
o alongamento e o flexionamento. Veja mais no Quadro 1, a seguir.
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Quadro 1. Níveis do PERFLEX — escala de esforço percebido na flexibilidade

Descrição da
Nível Efeito Especificação
sensação

0–30 Normalidade Mobilidade Não ocorre qualquer tipo de


alteração em relação aos com-
ponentes mecânicos, compo-
nentes plásticos e componentes
inextensíveis.

31–60 Forçamento Alongamento Provoca deformação dos compo-


nentes plásticos e os componentes
elásticos são estirados ao nível
submáximo.

61–80 Desconforto Flexionamento Provoca adaptações duradou-


ras nos componentes plásticos,
elásticos e inextensíveis.

81–90 Dor insuportável Possibilidade As estruturas músculo-conjuntivas


de lesão envolvidas são submetidas a um
estiramento extremo, causando dor.

91–110 Dor forte Lesão Ultrapassa o estiramento extremo


das estruturas envolvidas incidindo,
principalmente, sobre as estruturas
esqueléticas.

Fonte: Adaptado de Dantas et al. (2008).

A escala possui cinco níveis de intensidades, variando de 0 a 110, catego-


rizados em cinco descritores verbais, para que o avaliando possa discernir,
por meio da descrição da sua percepção, qual é a sensação correspondente
à amplitude de movimento realizado. De modo geral, essa Escala apresenta
grande potencial para a avaliação da intensidade necessária, a fim de se atingir
os grandes arcos de movimento articular que caracterizam a flexibilidade
(Dantas et al., 2008).
Outro instrumento utilizado para avaliar a flexibilidade é o Flexiteste
(Figura 3), baseado na análise comparativa entre a mobilidade efetivamente
obtida e aquela registrada em mapas padronizados de avaliação para vinte
movimentos articulares (ARAÚJO, 2008).
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Trata-se de um método de avaliação da flexibilidade corporal que analisa a


mobilidade passiva má xima de 20 movimentos nas articulações do tornozelo,
joelho, quadril, “tronco”, punho, cotovelo e ombro. Oito movimentos são
nos membros inferiores, três no tronco e nove nos membros superiores e a
numeração é feita em um sentido distal-proximal, sendo cada um dos movi-
mentos medido em uma escala crescente e descontí nua de nú meros inteiros
de 0 a 4. A medida é feita pela execução lenta do movimento pelo avaliador
até a obtençã o do ponto má ximo da amplitude e em seguida comparada
com os mapas de avaliaçã o para pontuaçã o (CHAVES; BALASSIANO;
ARAÚJO, 2016, p. 258).

Figura 3. Mapa do Flexiteste com escores


de 0 a 4 para o movimento I — flexão dorsal
do tornozelo.
Fonte: Chaves, Balassiano e Araújo (2016, p. 258).

Araújo (2008) acredita que, pela natureza da escala e pela forma como
foram desenhados (propositalmente) os mapas de avaliação, verifica-se uma
distribuição gaussiana para os dados, de forma que a tendência central é o
valor 2; os valores 1 e 3 são menos frequentes, e os valores extremos, isto é,
0 e 4 bastante raros, conforme ilustrado na Figura 3.
Avaliação funcional 13

Instrumentos para avaliação do equilíbrio


Segundo Gallahue e Ozmun, (2013), a avaliação tem um objetivo muito im-
portante na área do desenvolvimento: torna possível monitorar alterações
desenvolvimentistas, identificar retardos no desenvolvimento e obter esclareci-
mento sobre estratégias instrutivas e intervencionistas. A partir da avaliação,
é possível traçar o perfil motor do indivíduo, propiciando uma programação
física adequada para a realidade de cada um. Um instrumento de avaliação bem
projetado deve possuir confiabilidade, validade e objetividade muito fortes.

Instrumentos de avaliação do equilí brio confiáveis e validados são necessários para


se diminuir as incertezas associadas com as decisões de diagnóstico e prognóstico.
“A confiabilidade, reprodutibilidade ou fidedignidade de um instrumento é a
consistência de resultados obtidos pelos mesmos sujeitos em diferentes ocasiões
ou com diferentes conjuntos de itens equivalentes’’ (FIGUEIREDO; LIMA; GUERRA,
2007, p. 410). Compreende-se como validade a confiança com que se pode tirar
conclusões corretas da análise de um teste, ou seja, é a capacidade do instrumento
em medir o que se propôs a medir. A confiabilidade refere-se à consistência com
que um instrumento de pesquisa irá avaliar um fenômeno da mesma maneira em
diferentes tentativas.

Segundo Rosa Neto (2015), aspectos como observação, objetividade e


referência fazem parte de qualquer processo de exame para que as reações
observáveis do sujeito possam estar representadas com fidelidade, uma vez
que, mesmo a partir da aplicação de testes, fica evidente que existem aspectos
qualitativos das funções do organismo humano que permanecem inacessíveis.
O mesmo autor propõe formas de avaliar o desenvolvimento motor (em
especial o equilíbrio) tanto de crianças (ROSA NETO, 2002; 2015) quanto de
idosos (ROSA NETO, 2009) por meio de testes de uma Escala de Desenvolvi-
mento Motor (EDM). Os testes da Escala de Desenvolvimento Motor (ROSA
NETO, 2015) são indicados para crianças com dificuldades na aprendizagem
escolar; atrasos no desenvolvimento neuropsicomotor; problemas na fala,
escrita e cálculo; problemas de conduta (hiperatividade, ansiedade, falta de
motivação, etc.); alterações neurológicas, mentais, sensoriais, etc. Já testes
da Escala Motora da Terceira Idade (ROSA NETO, 2009) são indicados
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para grupos de risco para alterações motoras; sedentarismo; alterações de


comportamento mental, psicológico e neurológico; controle evolutivo da
aptidão motora.
Nos dois casos, essa escala possui um método de aplicação atrativo, que
compreende um conjunto de provas diversificadas e de dificuldade graduada
que irá determinar o nível motor/idade motora e o quociente motor a partir de
10 tarefas motoras, distribuídas entre os níveis 2 a 11, organizadas progressi-
vamente em grau de complexidade, sendo atribuído para cada tarefa, em caso
de êxito, um valor correspondente ao nível motor. As provas de equilíbrio
envolvem: equilíbrio estático sobre um banco (nível 2), equilíbrio sobre um
joelho (nível 3), equilíbrio com o tronco flexionado (nível 4), equilíbrio nas
pontas dos pés (nível 5), pé manco estático (nível 6), fazer um quatro (nível
7), equilíbrio de cócoras (nível 8), equilíbrio com o tronco flexionado (nível
9), equilíbrio na ponta dos pés com olhos fechados (nível 10) e pé manco es-
tático com olhos fechados (nível 11). O teste é interrompido quando a criança
ou o idoso não concluir a tarefa com êxito, conforme protocolo. Ao final da
aplicação, é possível avaliar o equilíbrio em padrões: muito superior, superior,
normal (alto, médio, baixo), inferior e muito inferior (ROSA NETO et al., 2010).
Mais de 130 pesquisas científicas no Brasil, com diferentes tipos de po-
pulação, já foram realizadas com a utilização deste instrumento, sendo que
grande parte dos pesquisadores investigam crianças atípicas, com indicadores
de algum tipo de distúrbio e escolares com dificuldades na aprendizagem,
que, por decorrência dessas desordens, apresentam um desenvolvimento mais
tardio nas funções motoras e também cognitivas (ROSA NETO et al., 2010).
Ainda na infância, outro instrumento bastante utilizado internacionalmente
para a avaliação do equilíbrio é o teste da Movement Assessment Battery for
Children-2 (MABC-2), direcionado para análise de dificuldades motoras leves
a moderadas em crianças e adolescente (de 3 a 16 anos). O equilíbrio está
presente na maioria dos testes e tarefas: na faixa etária dos 7 aos 10 anos, as
provas de equilíbrio envolvem equilibrar numa tábua, caminhar do calcanhar
para os dedos e saltar ao pé-coxinho nos tapetes. Já na faixa etária dos 11
aos 16 anos, envolve: equilibrar-se em duas tábuas, andar dos dedos dos pés
para o calcanhar, saltar nos tapetes em zig zag. A avaliação do desempenho é
realizada a partir da conversão da pontuação do teste em percentis.
Figueiredo, Lima e Guerra (2007), por meio de uma revisão sistemática,
buscaram avaliar os instrumentos de avaliação mais utilizados para a avaliação
do equilíbrio corporal estático e dinâmico de idosos e verificaram que vários
testes têm sido desenvolvidos com o objetivo de medir funcionalmente o
equilíbrio e estabelecer parâmetros para identificação de idosos com risco de
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queda. De acordo com os critérios de seleção do estudo, cinco instrumentos


foram apontados como contendo propriedades psicométricas bem estabelecidas:
o Teste de Alcance Funcional (FRT), o teste Timed Up and Go (TUG), o Teste
de Performance Física (PPT), a Escala de Equilíbrio de Berg e a porção do
equilíbrio da Avaliação da Mobilidade Orientada pelo Desempenho (POMA),
tendo sido apenas esses dois últimos adaptados para a língua portuguesa.
Nesse contexto, vale ressaltar que adaptar culturalmente os itens de um teste
é importante no sentido de torná-los mais compreensíveis ao avaliado.
O Teste do Alcance Funcional (FRT) foi elaborado por Duncan et al.
em 1990. Esse instrumento de avaliação identifica as alterações dinâmicas do
controle postural e solicita que o avaliado fique em pé, com o ombro direito
próximo a uma parede, onde foi colocada uma régua ou fita métrica, reali-
zando uma flexão anterior do braço a 90° com os dedos da mão estendidos.
Permanecendo o indivíduo nessa posição, o comprimento do seu membro
superior direito é registrado na régua. Após esse procedimento, solicita-
-se que o avaliado faça a tentativa de alcançar algum objeto à frente, sem
realizar passos ou qualquer estratégia compensatória. Após três tentativas,
o resultado do teste é representado pela média, da diferença entre a medida
na posição inicial e a final registrada na régua. Deslocamentos menores que
15 cm indicam fragilidade do indivíduo e risco de quedas (FIGUEIREDO;
LIMA; GUERRA, 2007).
O Timed Up and Go (TUG) é um teste que avalia basicamente a perfor-
mance da marcha. Em segundos, ele avalia o tempo gasto por um indivíduo
para levantar de uma cadeira com suporte para os braços ( assento com altura
de 42 cm, suporte para os braços com altura de 22 cm), andar uma distância de
3 m (delimitada por um cone), virar, voltar até a cadeira e sentar novamente.
Para a realização do teste, os indivíduos devem utilizar o calçado que usam
diariamente, proporcionando uma marcha confortável e segura. São conside-
rados independentes nas transferências básicas (tomar banho, subir escadas
ou caminhar sozinho) os indivíduos que levam menos de 20 segundos para
completar o teste. Já aqueles que levam 30 segundos ou mais são considerados
dependentes de ajuda, não podem caminhar sozinhos. O teste ainda analisa
a habilidade do indivíduo de ajustar o centro de gravidade continuamente
sobre a base de suporte durante o movimento (CARVALHO; BOFI, 2009).
Elaborado em 1990 por Reuben e Siu, o Teste da Performance Física
(PPT) avalia, além do equilíbrio, a função motora grossa e fina dos membros
superiores, a coordenação motora e a resistência ao esforço em atividades
da vida diária. Sete, dos nove itens, são relacionados ao equilíbrio estático
e dinâmico (FIGUEIREDO; LIMA; GUERRA, 2007). De acordo com os
16 Avaliação funcional

autores, “[...] os itens são graduados em uma escala ordinal de 0 (incapaz de


fazer) a 4 (o mais rápido). Um escore máximo de 36 pontos é possível para os
nove itens e de 28 para sete itens, sendo a maioria dos itens cronometrados.
É um teste sensível para detectar modificações precoces na função motora’’
(FIGUEIREDO; LIMA; GUERRA, 2007, p. 411).
A Escala de Equilí brio de Berg, proposta por Berg et al. (1989), avalia
o equilíbrio em 14 situações que representam as atividades de vida diária,
como: ficar de pé, levantar-se, andar, inclinar-se à frente, transferir-se, virar-
-se, dentre outras. A pontuação máxima alcançada no teste é de 56 pontos e
cada item possui uma escala ordinal de cinco alternativas que varia de 0 a 4
pontos conforme o grau de dificuldade (FIGUEIRA; LIMA; GUERRA, 2007).
Essa escala é bastante utilizada em pesquisas científicas, principalmente com
idosos, mas também em populações que apresentam alguma incapacidade,
como Parkinsonianos, pacientes acometidos com sequelas de Acidente Vas-
cular Encefálico (AVE), ou no caso de distúrbios vestibulares, por exemplo.
Em uma pesquisa (FERRARESI; PRATA; SCHEICHER, 2015) que ob-
jetivou comparar o equilíbrio e o nível de independência de idosos da comu-
nidade e correlacionar essas variáveis com idade, estado cognitivo e número
de medicamentos, foi verificada uma correlação moderada entre o risco de
queda e a independência funcional; também houve resultado estatisticamente
significante entre a idade avançada e o risco de queda e, além disso, na as-
sociação entre o risco de queda e medicamentos, percebeu-se que idosos que
ingeriam três ou mais medicamentos apresentaram um risco duas vezes maior
de cair. O instrumento para avaliação do risco de quedas foi feita por meio da
Escala de Equilíbrio de Berg.

Acesse o link a seguir e confira, na íntegra, o Protocolo da Escala de Equilíbrio de Berg.

https://qrgo.page.link/Up8Tt

A Avaliação da Marcha e Equilíbrio Orientada pelo Desempenho


(POMA), criada em 1986, por Tinetti William e Mayewski, tem por objetivo
a detecção detalhada de fatores de risco de quedas em indivíduos idosos com
base no número de incapacidades crônicas (LIMA; FARENSENA, 2012). A
Avaliação funcional 17

escala é dividida em duas partes: uma avalia o equilíbrio e a outra, a marcha.


O equilíbrio é medido por meio de uma avaliação com três níveis de respos-
tas qualitativas que consiste na realização de manobras que são realizadas
durante as atividades da vida diária (sentar e ficar em pé, girar em torno do
próprio eixo 360º, alcançar um objeto numa prateleira alta, ficar numa perna
só, pegar um objeto do chão, etc.). O escore total bruto pode ser interpretado
qualitativamente como normal, adaptativo e anormal (equivalendo a 3, 2 e 1
pontos respectivamente). A escala do equilíbrio possui um total de 16 pontos
(FIGUEIRA; LIMA; GUERRA, 2007).
Segundo o Relatório Global sobre Prevenção de Quedas na Velhice da
Organização Mundial da Saúde (2010), dentre as estratégias global adotadas
para prevenção, está o treinamento de equilíbrio e de marcha com o uso
apropriado de artefatos de apoio. De acordo com o relatório, o exercício físico
se mostra bastante eficaz quando são prescritos exercícios de fortalecimento
muscular e equilíbrio, realizados de forma individualizada, com exceção de
exercícios coletivos como o tai chi, que tem sido valorizado pelos seus muitos
benefícios, principalmente na melhora do equilíbrio. Toda essa preocupação
com as quedas advém do fato de que, aproximadamente 28 a 35% das pessoas
com mais de 65 anos sofrem, ao menos, uma queda ao ano, e esse número
aumenta para 32 a 42% com idosos acima de 70 anos. Além disso, 40% das
mortes em idosos estão relacionadas às quedas, sendo que 20% dos idosos
morrem dentro de um ano depois de uma fratura no quadril, por exemplo.
Esses números revelam a importância de um treinamento físico direcionado
à prevenção de quedas em idosos; assim, para se estruturar e organizar in-
tervenções eficazes, a avaliação do equilíbrio se torna essencial, garantindo
detectar as potencialidades ou limitações reais dos idosos.
Nesse contexto, vale ressaltar, ainda, que os objetivos principais das ava-
liações, para os idosos, conforme Mazo (2009), envolvem:

 o diagnóstico da eficácia dos programas oferecido;


 a verificação da evolução da aptidão física e da capacidade funcional
em relação ao processo de envelhecimento;
 a determinação das variáveis que devem ser priorizadas na elabora-
ção dos programas de intervenção (atividades físicas, exercício ou
treinamento);
 a avaliação do processo de ensino-aprendizagem do aluno;
 a detecção dos sintomas e dos fatores de risco das doenças;
 a identificação dos indivíduos que necessitam de supervisão médica
durante os programas de exercícios.
18 Avaliação funcional

Diante do exposto, podemos perceber que o equilíbrio e a flexibilidade


são variáveis importantes para o desempenho físico, da saúde e qualidade
de vida dos indivíduos. Por esse motivo, devem fazer parte dos programas
de treinamento, independentemente dos objetivos a serem alcançados. Nesse
contexto, eleva-se a importância da avaliação funcional para diagnóstico preciso
das limitações reais e/ou potencialidades do indivíduo. Vale ressaltar que não
existe um teste perfeito, mas, sim, aquele com o qual o profissional consiga
perceber a sua aplicabilidade e funcionalidade no processo de avaliação, de
modo a explicar de forma clara e concisa o passo a passo do centro do processo
avaliativo, sem deixar de lado a visão do todo.

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