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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA DOS FEITOS

RELATIVOS ÀS RELAÇÕES DE CONSUMO, CÍVEIS E COMERCIAIS DA COMARCA DE


CAPIM GROSSO-BA

CÍCERO ANDRÉ SILVA DE SOUSA, brasileiro, maior, inscrito no RG


sob o nº 1314451464 SSP/BA, e no CPF sob o n° 019.532.635-00, residente e domiciliado à
Rua Novo Horizonte, nº 163, Bairro Vicente Ferreira, nesta cidade de Capim Grosso-Bahia,
CEP: 44695-000, por seu advogado infra firmado, procuração anexa, com escritório
profissional situado à Rua Esmerando Santiago, nº 204, Centro, Capim Grosso- BA, CEP:
44695-000, vem perante Vossa Excelência, propor a competente

AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS POR FALHA
NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇO E PEDIDO TUTELA ANTECIPADA INAUDITA ALTERA
PARTS

em desfavor DE LGF COMÉRCIO ELETRÔNICO LTDA - GRÃO DE GENTE, pessoa jurídica


de direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº: 26.384.531/0001-19, com endereço na Rod
MG 290, Km 73, s/n – Vargem da Forquilha Jacutinga/MG – CEP: 37.590-000, TEL.: (11)
3522-83-79; pelos fatos e fundamentos que passa a expor.

I – DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA.

Inicialmente, requer o Autor, sejam deferidos os benefícios da gratuidade


de justiça, conforme disposto no art. 4ª da Lei Federal nº 1.060/50, com redação dada pela
Lei nº 7.510/86, e ainda com supedâneo nos artigos 98 e seguintes do Código de Processo
Civil, pois não possui recursos financeiros para arcar com as custas do processo sem prejuízo
do próprio sustento e de sua família.

II - DOS FATOS.
Em 08/02/2022, o Autor e sua esposa que estão à espera de um filho,
realizaram a compra de itens de enxoval de bebê no site da Grão de Gente. Abaixo o resumo
da compra.

Precisando rapidamente destes produtos, pois em breve o seu bebê viria


ao mundo e necessitaria de berço e guarda roupa, o Autor não pensou duas vezes em adquirir
os itens desta oferta. O valor da compra junto ao frete custou ao Autor a quantia de R$
1.382,29, valor alto, mas que pagou feliz, porquanto acreditava que os produtos chegariam
dentro do prazo e assim o seu filho poderia usufruir deles.
Conforme a ultrassonografia feita em 08/03/2022 em anexo, a esposa
do Autor encontrava-se com 32 semanas de gestação, período da gravidez já avançado,
momento em que os pais já preparam tudo pois o bebê brevemente nascerá.
Acontece que, infelizmente, o tempo passou e os produtos não chegaram.
A previsão de entrega foi para 11/03/2022, conforme o rastreamento da mercadoria, os
itens saíram para entrega em 02/03/2022, ou seja, deveria ter sido entregue dentro do
prazo, mas sequer chegou na cidade de destino. Vejamos abaixo:
Passado o prazo para entrega, o Autor bastante aflito, porquanto a sua
esposa já estava com 36 semanas, entrou em contato diversas com vezes com a Ré para saber
o ocorrido com sua compra, mas sem sucesso.
Passados 18 dias do prazo da entrega, sem conseguir contato com a
empresa Ré, o Autor fez uma reclamação no site Reclame aqui e não obteve uma resposta de
quando os produtos que comprou chegaria até sua residência. Recebeu apenas respostas
evasivas
Reclamação do Autor Resposta da empresa
Ao ficar sem resposta da Ré sobre o que seria feito com a entrega dos
produtos, o desespero e sentimento de impotência foram constantes na vida do Autor. Sentiu-
se falho e humilhado, pois imaginava a todo instante “onde dormirá meu filho? ” Pensou até
no que as pessoas falariam em seu bebê não ter um simples quarto.
Assim sendo, com a grana curta, já custeando outros gastos, o Autor não
podia deixar que itens básicos faltassem ao seu filho, mesmo que esta situação seja por culpa
de terceiros. Foi então que, em 05/04/2022, após inúmeras tentativas infrutíferas da Ré, o
Autor realizou a compra dos itens em uma loja local da cidade, pagando o valor de R$
1.420,00, inclusive mais caro que a compra feita no site da Ré.
A falha na prestação de serviço e o desrespeito com o consumidor que
confia na oferta da empresa é desleal e bastante humilhante. O consumidor paga caro para ter
acesso a produtos que não é fornecido.
Com tentativas frustradas e já desgastantes de ter os itens comprados
entregues e com seu bebê prestes a nascer, o autor jamais conseguiu falar com qualquer
atendente, o que o deixa de mãos atadas e com este imenso problema a resolver. Inclusive
recebeu apenas um e-mail da Ré informando que a entrega não foi realizada.
Revoltante experimentar tamanha irresponsabilidade! Se o Autor não
tivesse feito uma compra local, repise-se, sem condições para isto, pois já havia pago os
itens do site da Ré, seu filho corria o risco de nascer e sequer ter um berço para dormir,
triste realidade humilhante enfrentada por o consumidor.
Isto posto, como não conseguiu resolver esse problema amigavelmente,
embora tentado por diversas vezes, não viu outra saída o Autor, senão, buscar junto ao Poder
Judiciário a tutela jurisdicional adequada pleiteando solução a ensejar a devida compensação
pelos diversos transtornos sofridos.

III – DO DIREITO

a) DAS DISPOSIÇÕES EXPRESSAS DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR.

Com relação ao mérito, a pretensão do demandante encontra guarida na


Constituição Federal de 1988, no Código Civil de 2002 e, principalmente, no Código de Defesa
do Consumidor.
Art. 6º. São direitos básicos do consumidor:
IV - a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos
comerciais coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e cláusulas
abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e serviços;
VI – a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais,
individuais, coletivos e difusos;

Já em seu artigo 35, o CDC estabelece:

“Se o fornecedor de produtos ou serviços recusar cumprimento à oferta,


apresentação ou publicidade, o consumidor poderá, alternativamente e à
sua livre escolha:
I- Exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos termos da oferta,
apresentação ou publicidade”.
Trata-se, em verdade, de espécie de princípio pacta sunt servanda
qualificado, eis que tutela uma das partes da relação consumerista. Essa qualificação é, aliás,
forte expressão da distinção compreendida pelo legislador entre os contratos entre
particulares numa relação obrigacional equilibrada, e aquela entre empresa e consumidor –
que é parte hipossuficiente.
Assim, evidente também a escolha legislativa pela intolerância ao
descumprimento do pactuado, especificamente, dentre outras formas de inadimplemento, no
que diz respeito ao prazo de entrega do produto ou realização do serviço:

“Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras


práticas abusivas:
XII – deixar de estipular prazo para o cumprimento de sua obrigação ou
deixar a fixação de seu termo inicial a seu exclusivo critério”.

Ora, Excelência, deixando-se de expirar os vários prazos para entrega,


que já havia prorrogado para datas posteriores, ficou claro que a empresa Ré não sabia ao
certo a data de entrega do produto, nem se essa seria cumprida.
Ou seja, ao não dar certeza a da informação de que o produto chegaria
no dia combinado sem que fosse estabelecido um novo termo, a Ré incorreu na prática
abusiva descrita no art. 39, inciso XII do CDC. Isto demonstra a indiferença da Ré em relação
às obrigações que assume, cujo inadimplemento provoca situações das mais desconfortáveis
para suas vítimas.
Cuida-se, verdadeiramente, de má-fé da empresa acionada, eis que a
reiterada prática de venda sem cumprimento do prazo não é, evidentemente, mero “imprevisto
logístico”. Por esta razão, o Autor teme que eventual tutela desprovida de imposição de multa
diária se faça inócua, eis que a Ré demonstrou extensamente sua obstinação em inadimplir
suas obrigações, sem demonstrar qualquer receio face às consequências.
Assim, Excelência, faz-se necessária a condenação da Ré ao pagamento
de indenização por danos morais, sem prejuízo da multa (art. 84, § 3º, CDC), como forma de
ressarcimento pelo constrangimento a que tem submetido o Autor, e também como meio
pedagógico de persuadi-la a deixar seus métodos eivados de má-fé, incompatíveis com o que
prescreve o legislador brasileiro.

Nesse sentido, convém transcrever o fundamento jurídico que sustenta


tal pretensão autoral:

“Art. 84. Na ação que tenha por objeto o cumprimento da obrigação de


fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela especifica da obrigação ou
determinará providencias que assegurem o resultado prático equivalente
ao do adimplemento.

§ 1º A conversão da obrigação em perdas e danos somente será


admissível se por elas optar o autor ou se impossível a tutela específica
ou a obtenção do resultado prático correspondente.
§ 2º A indenização por perdas e danos se fará sem prejuízo da multa (art.
287, do Código de Processo Civil).
§ 3º Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo justificado
receio de ineficácia do provimento final, é lícito ao juiz conceder a tutela
liminarmente ou após justificação prévia, citado o réu. § 4º O juiz poderá,
na hipótese do § 3º ou na sentença, impor multa diária ao réu,
independentemente de pedido do autor, se for suficiente ou compatível
com a obrigação, fixando prazo razoável para o cumprimento do
preceito.”

b) DA RESPONSABILIDADE CIVIL.

Estabelece o art. 14 do Código de Defesa do Consumidor que "o


fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos
danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços".
Outrossim, os artigos 186 e 927 do Código Civil afirmam,
respectivamente, que "aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência,
violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito" , bem
como "aquele que, por ato ilícito, causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo".
De forma semelhante, a Constituição Federal, norma máxima do direito
brasileiro, expressa, em seu art. 37, § 6º, que "as pessoas jurídicas de direito público e as de
direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes,
nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável
nos casos de dolo ou culpa".
No mesmo sentido, o art. 6, inciso VI, do CDC, expõe que são direitos do
consumidor "a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais,
coletivos e difusos".
Portanto, frente aos ditames legais e aos fatos narrados, é claro o dever
da requerida em indenizar o requerente. E, quanto a este dever legal, assim leciona o saudoso
professor da Universidade de São Paulo, Carlos Alberto Bittar (Curso de Direito Civil. 1ª ed.
Rio de Janeiro: Forense, 1994, p. 561):

“O lesionamento a elementos integrantes da esfera jurídica alheia acarreta


ao agente a necessidade de reparação dos danos provocados. É a
responsabilidade civil, ou obrigação de indenizar, que compele o causador
a arcar com as consequências advindas da ação violadora, ressarcindo os
prejuízos de ordem moral ou patrimonial, decorrente de fato ilícito próprio,
ou de outrem a ele relacionado.”

Sobre o caso, não se pode aceitar que a má prestação do serviço de forma


contínua seja um mero aborrecimento do cotidiano como as empresas do mercado digital
costumam argumentar. Em circunstâncias como a relatada, o transtorno, o incomodo
exagerado, o sentimento de impotência do requerente diante da requerida e do seu agir
abusivo e ilícito extrapola os limites do aceitável como aborrecimento do cotidiano e
caracteriza, sem dúvidas, o dano pessoal, justificando, portanto, a indenização.
Nessa situação, é certo que a requerida, sendo uma empresa que presta
serviços de vendas online, considerado de interesse público, agiu de forma ilícita, pois não se
conduziu conforme os ditames das normas respectivas, dando ensejo ao requerente para
pleitear, judicialmente, incontestável e necessária indenização por danos morais.

c) DA TUTELA ANTECIPADA.

O legislador brasileiro, procurando encontrar uma forma célere do


andamento processual sem que a demora no trâmite venha acarretar prejuízo ao direito do
autor, consagrou nos artigos 300 e seguintes do Código de Processo Civil, a possibilidade de
antecipação dos efeitos da tutela caso preenchidos os requisitos, tais quais, prova inequívoca
da verossimilhança da alegação, fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação e
abuso de direito de defesa.
Se faz justo o atendimento em caráter antecipatório do pedido do Autor,
pois restam preenchidos os requisitos ora mencionados da seguinte forma:
A prova inequívoca se encontra nos documentos acostados indicando o
descumprimento da oferta do serviço que o impossibilitou de conseguir ter os itens até o
nascimento do seu filho, ou seja, o bebê nascerá e não será possível usufruir dos itens
comprados a meses.
Já o fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação é
latente no fato de que o Autor ficará sem os itens para seu filho e mesmo sem condições foi
necessário realizar compra dos mesmos itens em uma loja local, fato que tem lhe causado
imensos danos morais e materiais.
Ante ao exposto, requer de Vossa Excelência, a concessão da tutela
antecipada, intimando a ré para que a fim de amenizar o sofrimento econômico do
autor, reembolse os valores pagos, ainda que de forma simples, no prazo de 5 (cinco)
dias, sob pena de multa diária a ser estipulada por Vossa Excelência.

d) DO DANO MORAL.

O dano moral na defesa do consumidor pode advir de um dano injusto,


qual seja lesão a quaisquer dos aspectos componentes do valor absoluto da dignidade da
pessoa humana, dignidade esta que se encontra fundada em um substrato que é a integridade
psicofísica.
Entende-se como dano moral, toda a dor, vexame, frustração,
sofrimento ou humilhação que, fugindo à normalidade, interfira intensamente no
comportamento psicológico do indivíduo, causando-lhe aflições, angústia e desequilíbrio em
seu bem-estar.
Em nosso direito, certa e pacífica é a tese de que quando alguém viola
um interesse juridicamente protegido de outrem, fica obrigado a reparar o dano daí
decorrente. Basta adentrar na esfera jurídica alheia, para ir ao encontro da responsabilidade
civil. É o que se extrai dos Art’s 927 e 186 do diploma civil.
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito, causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar
direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Da mesma forma, o CDC também prevê o dever de reparação, posto que


ao enunciar os direitos do consumidor em seu art. 6º, traz dentre outros, o direito de:
VI- a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e
difusos
VII- o acesso aos órgãos judiciários e administrativos, com vistas à prevenção ou reparação de
danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos, assegurada a proteção jurídica,
administrativa e técnica aos necessitados.

Vê-se, desde logo, que o legislador já previu a possibilidade de reparação


de danos morais decorrentes do sofrimento, do constrangimento, da situação vexatória e
do desconforto em que se encontram os consumidores.
Em regra, para a configuração do dano moral é necessário provar a
conduta, o dano e o nexo causal. Entretanto, conforme o entendimento do STJ,
excepcionalmente o dano moral é presumido (in re ipsa), ou seja, independe da demonstração
da dor ou do sofrimento quando em decorrência de ofensa injusta à dignidade da pessoa
humana, vejamos:
“Sempre que demonstrada a ocorrência de ofensa injusta à dignidade
da pessoa humana, dispensa-se a comprovação de dor e sofrimento para configuração de
dano moral. Segundo doutrina e jurisprudência do STJ, onde se vislumbra a violação de um
direito fundamental, assim eleito pela CF, também se alcançará, por consequência, uma
inevitável violação da dignidade do ser humano. A compensação nesse caso independe da
demonstração da dor, traduzindo-se, pois, em consequência in re ipsa, intrínseca à própria
conduta que injustamente atinja a dignidade do ser humano. Aliás, cumpre ressaltar que
essas sensações (dor e sofrimento), que costumeiramente estão atreladas à experiência das
vítimas de danos morais, não se traduzem no próprio dano, mas têm nele sua causa direta”.
Neste sentido já se posicionando o Superior Tribunal de Justiça, que
assim decidiu: "A concepção atual da doutrina orienta-se no sentido de que a responsabilização
do agente causador do dano moral opera-se por força do simples fato da violação (damnum in re
ipsa), não havendo que se cogitar da prova do prejuízo". (REsp nº 23.575-DF, Relator Ministro
César Asfor Rocha, DJU 01/09/97). Em total harmonia, a seguinte decisão:

PROCESSO CIVIL - AGRAVO DE INSTRUMENTO - AGRAVO


REGIMENTAL - AÇÃO DE INDENIZAÇÃO - DANOS MORAIS -
INSCRIÇÃO INDEVIDA EM CADASTRO DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO -
COMPROVAÇÃO DO DANO MORAL - DESNECESSIDADE -
DESPROVIMENTO. 1 - Conforme entendimento firmado nesta Corte,
"não há falar em prova de dano moral, mas, sim, na prova do fato
que gerou a dor, o sofrimento, sentimentos íntimos que o ensejam",
para gerar o dever de indenizar. Precedentes (REsp nºs
261.028/RJ, 294.561/RJ, 661.960/PB e 702.872/MS). 2 - Agravo
Regimental desprovido. (STJ - AgRg no Ag: 701915 SP
2005/0138811-1, Relator: Ministro JORGE SCARTEZZINI, Data de
Julgamento: 25/10/2005, T4 - QUARTA TURMA, Data de Publicação:
DJ 21/11/2005 p. 254).

Tribunal de Justiça do Estado da Bahia TJ-BA:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO CIVIL. CONSUMIDOR.


TELEFONIA MÓVEL. DEFEITO NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO.
SUSPENSÃO DA COMERCIALIZAÇÃO E HABILITAÇÃO DE NOVAS
LINHAS. SERVIÇO PRESTADO DE FORMA INADEQUADA. RECURSO
IMPROVIDO. O serviço de telecomunicação é, hodiernamente, essencial à
população, constituindo-se serviço público indispensável e subordinado
ao princípio da continuidade de sua prestação, pelo que se torna inviável
a sua interrupção. A Lei Federal nº 9.472/97 estabelece que "o usuário
de serviços de telecomunicações tem direito de acesso aos serviços de
telecomunicações, com padrões de qualidade e regularidade adequados à
sua natureza, em qualquer ponto do território nacional"(art. 3º, inc. I). As
concessionárias, operadoras do serviço de telefonia móvel ou fixo, como
fornecedoras de serviço público, são obrigadas a prestar um serviço de
excelência ao consumidor, vale dizer, possuem um dever jurídico imposto
pela lei do consumidor; mutatis mutandis, o consumidor possui o direito
subjetivo de obter a qualidade do serviço de telefonia como um serviço
público essencial no mercado de consumo, devendo ser prestado de
forma adequada, eficiente, que busque atender as necessidades dos
consumidores, respeitando a sua dignidade, sob pena de ser infringida a
norma de ordem pública, e ser a operadora responsabilizada pelo dano
causado ao consumidor. Os inúmeros documentos anexados aos autos, a
prima facie, dão conta de que o os consumidores de serviços de telefonia
celular estão sendo lesados ante a impossibilidade de comunicação
adequada através da rede da agravante, tendo prejuízos em suas
atividades diárias, sejam elas profissionais, de estudo, de lazer,
familiares. (TJ-BA - AI: 00001495920158050000, Relator: MÁRIO
AUGUSTO ALBIANI ALVES JÚNIOR, PRIMEIRA CAMARA CÍVEL, Data de
Publicação: 17/06/2019).

CONSUMIDOR. INTERNET. FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO. DANO


MORAL CONFIGURADO. NECESSIDADE DE INTIMAÇÃO PARA
CUMPRIMENTO DA SENTENÇA, NÃO SE OPERANDO DE FORMA
AUTOMÁTICA (ART. 475-J, CPC). SENTENÇA PARCIALMENTE
REFORMADA. Dano moral configurado, em face do desrespeito da
empresa, com relação ao usuário. O autor trouxe aos autos os
diversos números de protocolo que comprovam as inúmeras
tentativas de solucionar o problema através da via administrativa,
o que não foi possível em razão do descaso da ré. Situação que
ultrapassa o mero dissabor do cotidiano, devendo o autor ser
indenizado. (...). (TJ-RS - Recurso Cível: 71004432860 RS, Relator:
Cleber Augusto Tonial, Data de Julgamento: 12/12/2013, Terceira Turma
Recursal Cível, Data de Publicação: Diário da Justiça do dia 16/12/2013).

APELAÇÃO CÍVEL - EMPRESA DE TELEFONIA E DE INTERNET - FALHA


NA PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS - DESCUMPRIMENTO CONTRATUAL E
COBRANÇAS INDEVIDAS - COMPROVAÇÃO - DANOS MORAIS -
CONFIGURADOS - AUMENTO - POSSIBILIDADE - FIXAÇÃO RAZOÁVEL E
PROPORCIONAL - HONORÁRIOS DE ADVOGADO - MAJORAÇÃO -
CABIMENTO - PERCENTUAL MÁXIMO - IMPOSSIBILIDADE - CAUSA SEM
MAIOR COMPLEXIDADE. - Caracterizada a falha na prestação de
serviços de internet que impediu o consumidor adimplente de
utilizar-se do serviço contratado, há que se reconhecer o direito à
indenização por danos morais. - O valor da indenização deve ser
fixado com prudência, segundo os princípios da razoabilidade e
proporcionalidade, mostrando-se apto a reparar, adequadamente,
o dano suportado pelo ofendido, servindo, ainda, como meio de
impedir que o condenado reitere a conduta ilícita. (...). (TJ-MG - AC:
10145100033573001 MG, Relator: Evandro Lopes da Costa Teixeira, Data
de Julgamento: 21/08/2014, Câmaras Cíveis / 17ª CÂMARA CÍVEL, Data
de Publicação: 02/09/2014).
Nessa toada, embasados por todo arcabouço jurídico que se
consubstancia pelo entendimento dos nossos nobres colegiados resta claro e transparente
dano moral sofrido pelo Autor.
A indenização por danos morais deve ser a mais abrangente possível para
ressarcir e dar o exemplo, face ao caráter pedagógico punitivo.
A vítima, aquela que tem a sua dignidade maculada por um
descumprimento de um dever fundamental na relação comercial (qualidade, informação,
transparência e lealdade), visa, de forma legal, compensar esta mácula invocando o poder
Estatal e assim compensar com os valores pecuniários o mal sofrido.
Neste patamar há que se frisar o interesse extra- patrimonial do Autor,
pois diante da quantidade de consumidores que poderão ser atingidos por tais desmandos,
qualquer que seja a compensação pelos danos sofridos pelo Autor, diante do poder econômico
da Ré e com os ganhos auferidos com tais práticas, ainda será insignificante.
Logo, em decorrência dos atos ilícitos e abusivos cometidos pela empresa
Ré, esta deve ser condenada e compelida a efetuar o pagamento de indenização por danos
morais ao Autor no importe de R$ 15.000,00 (quinze mil reais) face aos transtornos e
humilhação experimentados em decorrência dos atos abusivos e desleais cometidos.

IV – DOS PEDIDOS.

Por todo o exposto requer:

a) A concessão da gratuidade de justiça nos termos da lei;


b) O deferimento da tutela antecipada obrigando a Ré intimando a ré
para que a fim de amenizar o sofrimento econômico do autor, reembolse os valores
pagos, ainda que de forma simples, ou seja, R$ 1.382,29 no prazo de 5 (cinco) dias, sob
pena de multa diária a ser estipulada por Vossa Excelência.
c) A citação da Ré para que, querendo, apresente defesa sob pena de
incorrer em revelia e confissão;
d) A confirmação do pedido liminar de devolução dos valores pagos pelos
produtos não entregues;
e) A Inversão do ônus da prova por se tratar de relação de consumo;
f) A Condenação ao pagamento de indenização por danos morais
experimentados pelo autor e sua família, no valor de R$ 15.000,00 (quinze mil reais)
corrigidos monetariamente.
Protesta provar o alegado por todos os meios em direito admitidos,
necessários a demonstrar a veracidade das alegações fáticas aqui aduzidas, em especial as
provas documental e testemunhal.

Em decorrência das inúmeras tentativas de resolver tal impasse que, por


única e exclusiva desídia da empresa Ré, restaram infrutíferas, o Autor não tem interesse em
audiência de conciliação.

Dá-se à causa o valor de R$ 17.764,58 (dezessete mil, setecentos e


sessenta e quatro reais e cinquenta e oito centavos).

Termos em que, pede deferimento.

Capim Grosso- BA, data registrada no sistema.

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