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1 - Princípios Constitucionais do Direito Penal: São normas que, extraídas da Constituição Federal, servem
como base interpretativa para todas as outras normas de Direito Penal do sistema jurídico brasileiro.
Os princípios constitucionais têm força normativa, devendo ser respeitados, sob pena de ser considerada
inconstitucional, a norma contrária a eles.
Princípio da Legalidade = Reserva legal + Anterioridade da lei penal (art. 5º, XXXIX
CF/88 e art. 1º CP): não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal
(nullum crimen nulla poena sine previa lege)
Princípio da Reserva Legal: decorrente do Princípio da Legalidade, esse princípio estabelece que
somente Lei (em sentido estrito), pode definir condutas criminosas e estabelecer sanções penais (penas
e medidas de segurança). MP, Decretos, e demais diplomas legislativos não podem estabelecer
condutas criminosas nem cominar sanções.
Obs 1: Existe forte divergência a respeito da possibilidade de Medida Provisória tratar sobre matéria penal,
havendo duas correntes:
1ª corrente: Não pode, pois, a CF/88 veda a utilização de MP em matéria penal.
2ª corrente: Pode, desde que seja matéria favorável ao réu (descriminalização de condutas, por exemplo).
Prevalece esta corrente no STF.
O princípio da Reserva Legal também implica na vedação à edição de leis vagas, sem conteúdo claro.
Obs2: Normas penais em branco (que dependem de outra norma para que sua aplicação seja possível), não
afrontam o princípio da reserva legal.
Norma penal em branco Homogêneas (em sentido amplo): O órgão responsável pela complementação é o
mesmo que produziu a norma. (homovitelinas e heterovitelinas)
Norma penal em branco Heterogêneas (em sentindo estrito): O órgão responsável pela complementação é
diverso daquele que produziu a norma.
Obs3: O STF veda a analogia (a previsão legal não existe, mas a conduta é semelhante a outra existente,
tipificada como crime) in malam partem, mas admite a interpretação extensiva (a previsão legal existe, mas
está implícita) mesmo que prejudicial ao réu.
Princípio da Anterioridade da Lei Penal : Para que uma conduta seja tipificada como crime, não basta
apenas a existência de Lei que assim a considere, é necessário que esta lei seja anterior ao fato, à
prática da conduta.
Obs1: Esse princípio é sinônimo do princípio da irretroatividade de Lei Penal (art. 5º, XL da CF/88) que
estabelece que a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu.
Obs2: No caso das leis temporárias, a lei continuará a produzir efeitos mesmo após o término de sua
vigência (a proibição do consumo de bebidas alcoólica durante certo horário no dia das eleições). Após àquele
horário, não podemos dizer que ocorreu abolitio criminis dessa conduta, pois a lei não foi revogada e os fatos
praticados durante sua vigência são por ela puníveis.
Princípio da Individualização da Pena (art. 5º, XLVI):
A individualização da pena é feita em três fases distintas: Legislativa (cominação de penas proporcionais à
gravidade dos crimes, e com estabelecimento de penas máximas e mínimas), judicial (é feito com base na
análise pelo magistrado, das circunstâncias do crime, dos antecedentes do réu, etc.) e administrativa (é feita na
execução da pena, considerando as peculiaridades de cada detento no cumprimento da sua pena).
Obs1: O art. 5º, XLVIII traz um claro exemplo de individualização da pena na fase de execução ao estabelecer
que: “a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo
do apenado;”
Princípio da intranscendência da pena (art. 5º, XLV):
Esse princípio impede que a pena ultrapasse a pessoa do infrator.
Obs1: A morte do infrator é causa extintiva da punibilidade, no entanto, isso não impede que os sucessores do
autor venham a responder pelos danos cíveis causados pela conduta, limitado ao valor do patrimônio deixado
pelo falecido.
Obs2: A multa não é obrigação de reparar o dano, é uma espécie de pena. Neste caso, com a morte do infrator,
extingue-se a punibilidade, não podendo ser executada a pena de multa.
Princípio da limitação das penas ou da humanidade (art. 5°, XLVII):
Esse princípio impõe vedações a certos tipos de pena consideradas cruéis e degradantes, como por exemplo:
pena de morte, de caráter perpétuo, trabalhos forçados, banimento, etc.
Obs1: A vedação ao trabalho forçado, impede por exemplo que o preso seja obrigado a trabalhar sem
remuneração. Assim, ao preso que trabalha no estabelecimento prisional é garantida remuneração mensal e
abatimento no tempo de cumprimento da pena.
Atenção! As vedações a certas penas trazidas na Constituição Federal são cláusulas pétreas, pois trata-se de
direitos fundamentais do cidadão, desta forma, apenas com a advento de uma nova Constituição seria possível
falarmos em aplicação destas penas
Princípio da presunção de inocência ou presunção de não culpabilidade (art. 5º,
LVII):
Segundo esse princípio, nenhuma pessoa pode ser considerada culpada antes do trânsito em julgado de sentença
penal condenatória.
Obs 1: em regra, o juiz sempre aplica o princípio do in dubio pro reo, que é corolário do princípio da presunção
de inocência, no entanto, em alguns casos, como por exemplo no recebimento da denúncia e na decisão de
pronúncia nos crimes de competência do tribunal do júri, aplica-se o princípio do in dubio pro societate por não
possuir esses atos processuais, cunho condenatório, apenas permite a continuação do processo, bastando apenas
que o juiz se convença da existência de indícios de autoria e materialidade.
Obs 2: o princípio da presunção de inocência tem 2 dimensões: interna (deve ser tratado como inocente dentro
do processo) e externa (também deve ser tratado como inocente fora do processo).
Obs 3: as prisões cautelares não são consideradas uma ofensa ao princípio da presunção de inocência pois
não se trata de cumprimento de pena e sim de uma garantia processual.
Obs 4: o inquérito policial e processos em curso não podem ser utilizados para aumento da pena base (súmula
444 do STJ) em decorrência da presunção de inocência. No entanto, o STJ e o STF entendem que o art. 118, I
da Lei de Execuções Penais (Lei 7.210/84) não ofende a Constituição, embora autorize a regressão do regime
de cumprimento de pena para o preso que pratique novo crime doloso ou cometa falta grave, durante o
período de cumprimento da pena, mesmo que não tenha havido condenação transitada em julgado para as novas
infrações.
Obs 5: o STJ e o STF entendem que não é necessário o trânsito em julgado para que o beneficiado com a
suspensão condicional do processo (Lei 9.099/95), que cometa novo crime, tenha seu benefício revogado,
tendo em vista o descumprimento de uma das condições do benefício.
Escola Positiva: Nascida sob influência do iluminismo do século XVIII, o positivismo irá tentar
explicas o fenômeno da criminalidade tendo como base de seu estudo a figura do criminoso. O
positivismo jurídico afasta a ideia de que o homem delinque por que quer delinquir. Para ele, existem
causas de ordens biológicas, psicológicas, sociais, etc, que levam uma pessoa a delinquir.
A Escola Positiva pode ser divindade em três etapas:
Fase antropológica: Tendo como principal defensor desta tese o clássico Cesare Lombroso, autor da
obra “O homem delinquente”, afirma que o delinquente se dedica à atividade criminosa porque ele é
uma pessoa predisposta a isso, em razão de fatores internos (biológicos ou psicológicos) ou da
conjunção de fatores internos e externos. Lombroso defendia que o criminoso possui alguns sinais, que
ele chamou de “stigmata”. Alguns indivíduos já nasciam predispostos a delinquir.
Fase sociológica: O maior expoente dessa tese foi Enrico FERRI. Apesar de também defender que o
delinquente era um “anormal” e sujeito de influências externas, Ferri acreditava na ressocialização da
maioria dos criminosos, diferentemente de Lombroso e Garofalo. A pena tem seu fundamento na
finalidade de defesa social, pela intimidação geral através da punição da conduta desviante.
Fase Jurídica: Tendo como maior expoente, senão único, o jurista alemão Rafael Garofalo, essa fase se
preocupou em sintetizar de forma jurídica os princípios do pensamento positivista, da seguinte forma:
Periculosidade como pressuposto da pena;
Prevenção especial como finalidade da pena;
Direito de punir como derivado da finalidade de defesa social.
Obs1: Seguindo um ideal Darwinista de “seleção natural”, Garofalo não acreditava na ressocialização e
defendia a pena de morte.