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Curso de Psicologia

Intervenções de Curta Duração

A influência da Psicanálise na Psicoterapia


Breve

Profª. Me. Auxiliadora Araújo (Suli)


Psicoterapia Breve

ü Lançadas a partir da preocupação de


alguns psicanalistas em encontrar formas
de abreviar o sofrimento de seus pacientes,
as sementes da Psicoterapia Breve
germinaram e se desenvolveram.

h"p://adamobrasil.com.br/2019/07/25/terapia-breve/
(Oliveira, 1999)
Psicoterapia Breve

Ainda durante a vida de Freud alguns


psicanalistas tentaram introduzir modificações
teóricas e técnicas no processo psicanalítico,
visando abreviá-lo, especialmente Ferenczi e Rank.
Psicoterapia Breve

Alexander e French (1946)


ü Retomaram as tentativas de abreviar o processo analítico, e seu trabalho é
considerado por diversos autores como o verdadeiro marco inicial da
psicoterapia breve;

ü Estabelecimento de objetivos e de um planejamento do tratamento;

ü Abreviar o processo terapêutico, para eles, não era primordialmente uma


questão social ou econômica, mas sim técnica: uma forma de frustrar a
dependência e levar o paciente a uma adaptação adulta.
Psicoterapia Breve

Messer & Warren (1995)


ü Agrupam as várias abordagens de acordo com modelos teóricos e técnicos;
ü Defendem a ideia da terapia como uma experiência de aprendizagem a serviço
da adaptação;
ü Autores dividem a PB em três modelos principais:

Estrutural ou do impulso

Relacional

Integra4vo ou eclé4co
Psicoterapia Breve

Modelo Estrutural ou do Impulso

ü Três autores podem ser citados como os principais e mais


conhecidos representantes deste modelo: Malan (1976), Sifneos
(1979) e Davanloo (1980)- Base Freudiana;

ü Além das bases nitidamente freudianas, suas preocupações se


concentram especialmente nos aspectos técnicos.
Psicoterapia Breve

Modelo Estrutural ou do Impulso- T14


ü Malan propõe o uso de um Sifneos desenvolveu a Davanloo propôs uma técnica
diagnóstico que inclui Psicoterapia Breve Provocadora de altamente ativa, de confrontação e
entrevistas e testes Ansiedade, dirigida a pacientes manutenção de foco. Com a
psicológicos. Identificar o criteriosamente selecionados e confrontação constante, que chega
conflito primário, que é com forte motivação para às vezes a ser desafiadora, tende a
reeditado na problemática atual mudança. O terapeuta adota uma provocar sentimentos de hostilidade
do paciente. O trabalho postura bastante ativa, que visa no paciente, a utilização desta
terapêutico, é feito através da levar o paciente a se defrontar com técnica depende da existência de
interpretação ativa e seletiva, seus conflitos. O processo é uma sólida aliança terapêutica. O
e tem tempo e objetivos focalizado e limitado entre 12 e 18 número de sessões não é fixado
delimitados. sessões. antecipadamente, mas é explicitado
que o trabalho será breve.
Psicoterapia Breve

Modelo Estrutural ou do Impulso


Contribuições
ü Discussões da técnica e das mudanças advindas da delimitação do tempo;

ü Os estudos sistemáticos permitiram ampliar significativamente o conhecimento de


aspectos importantes da PB: aplicabilidade e critérios de indicação, extensão e
duração dos resultados;

ü As principais críticas dirigidas a eles advém do fato de que aquilo que eles consideram
uma postura ativa do terapeuta revela muitas vezes uma atitude autoritária.
“É a interpretação da realidade do terapeuta que conta, ao invés de uma visão de realidade compartilhada, que
emerge da interação entre terapeuta e paciente”.
Psicoterapia Breve

Modelo Estrutural ou do Impulso


Contribuições

ü A Psicoterapia Breve foi desenvolvida para preencher a demanda de


ajuda psicoterapêutica que em muito excede a disponibilidade de
terapeutas treinados, e para contrapor a ideia que prevalece de que
psicoterapias prolongadas” eram a única forma de mudar atitudes
e comportamentos humanos”.
Psicoterapia Breve

Modelo Estrutural ou do Impulso


Contribuições

Sifneos - pacientes que se apresentam com


dificuldades interpessoais ou sintomas
psicológicos moderados, tais como
ansiedade, depressão, reação de luto,
fobia entre outros, podem ser bons
candidatos à STAPP (short-term anxiety
provoking psychotherapy)
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Psicoterapia Breve

O Modelo Relacional.
ü Reconhecimento da natureza contextualizada do conhecimento e da
pluralidade dos pontos-de-vista surgiu o que Messer & Warren (1995)
classificam como modelo relacional de PB;

ü Melanie Klein, Fairbairn e Winnicott

“Nesta visão, a unidade básica de estudo não é o individuo como uma entidade separada, cujos
desejos se chocam com a realidade externa, mas um campo interacional dentro do qual o
indivíduo surge e luta para fazer contato e para se articular.”
Psicoterapia Breve

O Modelo Relacional.

ü Menos preocupações técnicas do que no modelo anterior (Modelo Estrutural


ou do Impulso) e menor interesse em limites estritos de tempo e critérios de
seleção;

ü No estabelecimento do foco, dão maior importância à experiência, a relação e


ao “aqui e agora”, o que resulta numa maior diversidade de focos clínicos;

ü Priorizam a relação terapêutica e os padrões de relacionamento interpessoal


que o indivíduo estabelece. Terapeuta observador participante.
Psicoterapia Breve

O Modelo Relacional.

O modelo visa conduzir o paciente à


compreensão dos modos defensivos e
das ansiedades que alteram suas
relações pessoais e consigo próprio.

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Psicoterapia Breve

O Modelo Integrativo ou Eclético. – T13

ü Tem-se observado uma tendência a integrar técnicas e conceitos de diferentes


tradições terapêuticas, com o objetivo de aumentar a eficiência e o espectro
de aplicação das psicoterapias;

ü Prioriza a necessidade de cada paciente;

ü As evidências de que não existe uma abordagem que seja adequada para
todos os casos levaram alguns autores a considerar que se deve adaptar
a psicoterapia ao paciente, e não o contrário.
Psicoterapia Breve

O Modelo Integrativo ou Eclético.

ü A questão do tempo, central nesta abordagem, fez com que ele estabelecesse
um limite estrito de 12 horas de tratamento, divididas de acordo com a
necessidade do paciente.
Psicoterapia Breve

O Modelo Integrativo ou Eclético.

ü A idéia é que os conflitos e ansiedade relacionados com separação e perda,


que representam para ele um tema central, sejam ativados e trabalhados;

ü A atitude do terapeuta é empática.

Críticas- A tentativa de integração, a nível teórico, acabou não resultando


numa técnica mais flexível e de aplicação mais ampla.
Psicoterapia Breve

v No ecletismo técnico (cuidado com a conotação muito negativa) uma


maior flexibilidade, que permite ao terapeuta lançar mão de diferentes
recursos, adaptados às necessidades de cada caso. Esta é uma
postura mais baseada na prática clínica, que dá menor importância à teoria
e prioriza as necessidades de cada paciente;

v Principais representantes: Wolberg (1980) e Bellak (1992) podem ser


consideradas como representantes desta tendência.
Psicoterapia Breve

A terapia que propõe é:

§ adaptada a cada paciente,


§ de acordo com o estágio do processo de mudança em que este se
encontra,
§ e com o tipo e profundidade de problemas que apresenta.

Esta adaptação se refere tanto à estrutura do trabalho (número e frequência de


sessões), quanto às estratégias utilizadas e aos objetivos estabelecidos.
Psicoterapia Breve

ü “O objetivo da PB é esclarecer ao paciente a natureza de seus


conflitos atuais e capacita-lo a resolvê-los da melhor forma
possível” (Barcos 2005 apud Kahtuni, 1996, p. 63).

ü Vê-se que a psicoterapia breve visa trazer uma resolução ou uma


compreensão dos conflitos do indivíduo, um alívio das mazelas
que o acometem ou a estruturação de condições razoáveis para que
possibilite o “funcionamento” social.
Psicoterapia Breve

ü O paradigma da psicoterapia breve


é o da cura ou alívio dos sintomas.

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Psicoterapia Breve

• Marmor (1979) cita os casos de Bruno Walter, o


maestro que após seis sessões de psicoterapia com
Freud, em 1906, considerou-se curado.

Ferreira-Santos, Eduardo. Psicoterapia Breve - Abordagem Sistematizada de Situaçoes de Crise


. Editora Ágora. Edição do Kindle.
Psicoterapia Breve

• compositor Gustav Mahler, em 1908, a quem,


após quatro sessões, Freud já havia sido capaz
de curar elucidando a origem psicodinâmica de
sua impotência seletiva com a esposa.

Ferreira-Santos, Eduardo. Psicoterapia Breve - Abordagem Sistematizada


de Situaçoes de Crise . Editora Ágora. Edição do Kindle.
Psicoterapia Breve

ü Entretanto, embora Freud (1913) tenha alcançado alguns sucessos com


tais abordagens de curta duração, ele não as estruturou como forma
técnica, chegando, por fim, a afirmar que a “psicanálise é sempre um
processo terapêutico que requer longos períodos de tempo”.

Ferreira-Santos, Eduardo. Psicoterapia Breve - Abordagem Sistematizada de Situaçoes de Crise . Editora Ágora. Edição do Kindle.
Sugestões bibliográficas

OLIVEIRA, I. T. Psicoterapia psicodinâmica breve: dos precursores aos modelos atuais Psicologia: Teoria e Prática
1999, 1(2): 9-19

ALMEIDA, R. A. Possibilidades de utilização da Psicoterapia breve em hospital geral. Rev. SBPH vol.13 no.1, Rio
de Janeiro - Julho/dez. - 2010

FERREIRA-SANTOS, E. Psicoterapia Breve. 5.ed. rev. e ampl. - São Paulo: Ágora, 2013.

DANILO FAIG BARCOS, Psicoterapia Breve Psicanalítica. Faculdade de Ciências da Saúde. Monografia, 2005

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