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Instituto Superior de Ciências e Educação à Distância

CENTRO DE RECURSO DE MANICA

1. O estudante:

Nome: Joaquina António Chirangue

Código do Estudante:
Curso: Direito - Licenciatura
51230381

Ano de Frequência: 1º Ano/2023

2. O trabalho

Trabalho de: Ciência Política Código da Disciplina:

Tutor: Nº de Páginas: 13

Registo de Data da Entrega: 31.05.2023


Recepção por:

3. A correcção:

Corrigido por:

Cotação (0 – 20):

4. Feedback do
Tutor
INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA

CENTRO DE RECURSO – MANICA

O Presente trabalho prático da cadeira de: Ciência Política submetido na Plataforma de


Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância ISCED.

Tema: Globalização e Ciência Política

Licenciatura em Direito

Estudante: Joaquina António Chirangue

Código: 51230381

2023
ÍNDICE

1.INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 1

1.1. Objectivos ......................................................................................................................... 2

1.1.1. Geral .......................................................................................................................... 2

1.1.2. Específicos ................................................................................................................. 2

1.2. Metodologia ...................................................................................................................... 2

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................................. 3

2.1. A Noção de Globalização ................................................................................................. 3

2.2. Definições de Globalização .............................................................................................. 4

2.3. As diferentes vertentes da globalização ............................................................................ 4

2.3.1. Globalização económica ............................................................................................ 4

2.3.2. Globalização política ................................................................................................. 6

2.3.3. Globalização cultural ................................................................................................. 7

2.4. Conceito de Ciência Política ............................................................................................. 8

2.5. Concepção moderna de Ciências Políticas ....................................................................... 9

2.6. O Estado Soberano ............................................................................................................ 9

2.7. A Democracia ................................................................................................................. 10

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................. 12

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................... 12


1.INTRODUÇÃO

O termo Globalização é normalmente utilizado a propósito de um conjunto de


transformações socioeconómicas que vêm atravessando as sociedades contemporâneas em todos
os cantos do mundo. Tais transformações constituem um conjunto de novas realidades e
problemas que parecem implicar acrescidas dificuldades e novos desafios para os trabalhadores e
a acção sindical. Considerando que o conhecimento constitui um instrumento fundamental para a
intervenção social.

A Ciência Política surgiu como disciplina e instituição em meados do século XIX,


período em que avançou como “Ciência do Estado” principalmente na Alemanha, Itália e França.
De maneira mais ampla, a Ciência Política pode ser entendida como a disciplina que se volta
para o estudo de qualquer fenómeno ligado às estruturas políticas de maneira sistemática, sempre
apoiado na observação empírica rigorosa e fundamentado em argumentos racionais. Nesse
sentido, a palavra “ciência” é usada como ideia oposta à noção de “opinião”.

Trata-se, portanto, de uma disciplina das Ciências Sociais que lida com o estudo de
sistemas de governo, análises de comportamento político e de actividades políticas em geral. Ela
cuida, principalmente, dos actos e dos atores que participam de actividades políticas,
considerando suas acções e o cenário em que essas acções são tomadas. Dedica-se, também, ao
estudo dos processos de disputa política, isto é, os processos de embate em nome da distribuição
de poderes. Em seus estudos, a Ciência Política recorre a diversas outras áreas do conhecimento
humano. Os campos de estudo da economia, do direito, da sociologia, da história, da
antropologia, da administração pública, das relações internacionais, da psicologia e da filosofia
política fazem parte do arcabouço teórico sobre o qual os esforços da ciência política estão
apoiados.

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1.1.Objectivos
1.1.1. Geral
Compreender a Globalização e Ciências Políticas.
1.1.2. Específicos
Conceiuar a Globalização e Ciências Políticas;
Descrever as diferentes vertentes da globalização;
Explicar Concepção moderna de Ciências Políticas.

1.2.Metodologia
Segundo AMARAL (1999), metodologia é a parte do trabalho onde se descreve de forma
breve e clara, as técnicas e processos empregues na pesquisa, bem como o delineamento
experimental. Este conceito é cimentando por MARCONI & LAKATOS (2003), como sendo um
conjunto de actividades sistemáticas e racionais que, com maior segurança e economia, permitem
alcançar o objectivo conhecimentos válidos e verdadeiros, traçando o caminho para ser seguido,
detectando erros e auxiliando as visões do cientista.

Para a estruturação e elaboração do presente trabalho, realizou-se uma pesquisa descritiva


de abordagem qualitativa, atraves de levantamento bibliografico e consulta na internet em livros,
revistas, artigos, visita as paginas electronicas, analise de textos e trabalhos publicados escrito
em parte ou no seu todo, bem como outras publicações ligado ao tema em analise nesta pesquisa.

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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1.A Noção de Globalização
A noção de globalização surge, pois, a propósito de vários domínios da nossa vida e
encontra expressão em todas as grandes línguas do mundo. Algumas definições acentuam o
carácter multidimensional do processo; outras focalizam-se mais na dimensão económica da
Globalização e, em certos casos, associam o processo de Globalização ao sistema económico
capitalista e à ideologia neoliberal; noutros casos, as dimensões política ou cultural são
particularmente sublinhadas; outras ainda sublinham que se trata de um processo conduzido
pelos homens, enquanto algumas se referem à Globalização enquanto motor de um processo
civilizacional, deixando implícita a sua naturalidade e inevitabilidade.

Embora sejam múltiplas as abordagens e definições de Globalização propostas pela


bibliografia, vale a pena sublinhar alguns aspectos comuns:

 Trata-se de um processo à escala mundial, ou seja, transversal ao conjunto dos Estados-


Nação que compõem o mundo;
 Uma dimensão essencial da globalização é a crescente interligação e interdependência
entre Estados, organizações e indivíduos do mundo inteiro, não só na esfera das relações
económicas, mas também ao nível da interacção social e política. Ou seja,
acontecimentos, decisões e actividades em determinada região do mundo têm significado
e consequências em regiões muito distintas do globo.
 Uma característica da Globalização é a desterritorialização, ou seja, as relações entre os
homens e entre instituições, sejam elas de natureza económica, política ou cultural,
tendem a desvincular-se das contingências do espaço;
 Os desenvolvimentos tecnológicos que facilitam a comunicação entre pessoas e entre
instituições e que facilitam a circulação de pessoas, bens e serviços, constituem um
importante centro nevrálgico da Globalização.

Importa realçar que a diversidade de enfoques apenas reflecte o facto de estarmos perante
um processo complexo e abrangente, sendo possível privilegiar várias das suas diferentes
vertentes.

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2.2.Definições de Globalização

A globalização é um fenómeno complexo de muitas repercussões. Não é, por


conseguinte, surpreendente que o termo “globalização” tenha adquirido numerosas conotações
emocionais (...). No limite ela é considerada como uma força irresistível e benéfica que trará a
prosperidade económica a todos os habitantes do mundo. No outro extremo, vê-se nela a fonte de
todos os males contemporâneos (WOLTON, 2004).

É uma força condutora central por trás das rápidas mudanças sociais, políticas e
económicas que estão a remodelar as sociedades modernas e a ordem mundial, (HELD, 1999).

O conceito de Globalização implica primeiro e acima de tudo um alongamento das


actividades sociais, políticas e económicas através fronteiras, de tal modo que acontecimentos,
decisões e actividades numa região do mundo podem ter significado para indivíduos e
actividades em regiões distintas do globo, (HELD, 1999).

A Globalização pode definir-se como um processo social através do qual diminuem os


constrangimentos geográficos sobre os processos sociais e culturais, e em que os indivíduos se
consciencializam cada vez mais dessa redução, (WATERS, 1999). Podemos definir globalização
como um processo que tem conduzido ao condicionamento crescente das políticas económicas
nacionais pela esfera megaeconómica, ao mesmo tempo que se adensam as relações de
interdependência, dominação e dependência entre os actores internacionais e nacionais, incluindo
os próprios governos nacionais que procuram pôr em prática as suas estratégias no mercado
global, (MURTEIRA, 2003).

2.3.As diferentes vertentes da globalização


2.3.1. Globalização económica

A Globalização aparece quase sempre, e em primeiro lugar, associada a questões


económicas e ao sistema económico dominante - o sistema de mercado capitalista, mas a
globalização, como iremos apresentar de seguida, tem variados contextos.

Desde a última metade do século XX que se assiste a uma supremacia do poder


económico sob o poder político. A globalização “avançou rapidamente com internacionalização
das produções, dos bens, dos mercados, dos capitais, o movimento de desregulamentação

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desencadeado nos EUA e no Reino Unido, as privatizações, a intervenção das empresas
multinacionais e a multiplicação das trocas internacionais. A corrida às exportações e o apelo aos
investimentos estrangeiros como factores de crescimento, originaram uma espécie de
ultraliberalismo doutrinário.” (GONÇALVES, 2003).

Com o final da Segunda Guerra Mundial, o comércio mundial estava em baixa e então
“foram criadas as instituições de Bretton Woods – o Fundo Monetário Internacional e o Banco
Mundial – para tornar possível o comércio internacional num mundo desprovido de movimentos
internacionais de capital.” (SOROS, 2004). Mas afinal quando começou a actual fase do
capitalismo? George Soros propõe duas hipóteses: terá sido quando Margaret Thatcher, no
Reino Unido, e Ronald Reagan nos EUA subiram ao poder na década de 80 com programas
destinados a retirar o Estado da economia e permitir que os mecanismos de mercado fizessem o
seu trabalho com a decadência das teorias keynesianas na economia ou terá culminado com o
colapso do império soviético em 1989? Soros defende 1980, porque “a globalização foi
uma realização dos fundamentalistas de mercado”.

Como refere WOLTON (2004), a globalização é caracterizada por três pilares, sendo que
o primeiro é o pilar político, com a ONU e as Declarações dos Direitos do Homem após a
Segunda Guerra Mundial; o segundo pilar é caracterizado pela globalização económica que “foi
apresentada sobretudo no Norte, como um «ideal» ao mesmo nível da ONU” (WOLTON, 2004),
mas que necessita de uma regulação, apesar de, para este autor, a globalização económica
“continuar a ser uma forte realidade”.

Globalização foi a palavra de ordem na 4ª Conferência de Economia e Gestão sobre o


tema «Debater Davos em Lisboa» em que o exemplo de expansão e crescimento em cenário de
globalização foi dado pelo administrador da Jerónimo Martins, José Soares dos Santos, que
afirmou “Portugal tem de perder o complexo da periferia e aceitar o sentimento de globalização,
da não existência de fronteiras”. Mas quando se fala de globalização económica devemos ter em
conta que esta teve também o seu mérito e produziu os seus benefícios positivos como seja “um
nivelamento ou equiparação parcial das relações Norte-Sul e a melhoria dos padrões de vida de
várias centenas de milhão de pessoas na Ásia, o que significou salvar vários milhões da
pobreza.” (FALK, 2001), estando a proporção global de pobres a diminuir nos últimos anos.

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2.3.2. Globalização política

À medida que cresce a globalização económica entre os Estados, aumenta também a


necessidade de compensar os efeitos negativos do globalismo. “A globalização tem, pois, que ser
governada” (HENRIQUES, 1998) e é neste contexto que se pode referir uma das formas que os
estados têm de enfrentar as dificuldades deste sistema capitalista global - através da união de
interesses regional. E é assim que o primeiro bloco económico regional aparece na Europa, com
a criação em 1957 da Comunidade Económica Europeia (embrião da actual UE). “O
regionalismo contribuiu para que a Europa agregasse capital e mantivesse a paridade tecnológica
com os Estados Unidos e o Japão, permitindo-lhe evitar a perspectiva de marginalização
moderada em relação ao mercado globalizado.” (FALK, 2001).

Segundo Daniel Bell, “o Estado-nação está a tornar-se pequeno demais para os grandes
problemas e grande demais para os pequenos problemas”. E como “nenhum Estado consegue
resolver isoladamente os problemas globais: a degradação ambiental; a vulnerabilidade dos
mercados internacionalizados; as ameaças à segurança colectiva; a violação dos direitos
humanos...” (HENRIQUES, 1998) torna-se urgente encontrar formas de solucionar os novos
desafios colocados pela crescente interdependência dos Estados.

À medida que o mundo se globaliza e crescem as interdependências, o Estado revela-se


“demasiado pequeno” para assegurar eficazmente funções que o transcendem no espaço e no
tempo. “Quando o Estado é grande demais para exercer directamente todas as tarefas que lhe
incubem, a resposta chama-se localização e proximidade ao cidadão,” devolvendo poderes aos
cidadãos, ás regiões, aos municípios, aos privados. Só desta forma o Estado manterá, o que
Mendo Castro Henriques chama, “os princípios de bom governo”, isto é, as reformas na
administração pública, a educação, a saúde e segurança social, a defesa dos direitos de
propriedade.

Mas as insuficiências do Estado verificadas em áreas como: a segurança colectiva, a


economia, os direitos humanos e o ambiente, entre outros, tornam inevitáveis a partilha da
governação à escala internacional (HENRIQUES, 2004). Para isso, existem organizações como
as Nações Unidas (ONU), a Organização Mundial de Comércio (OMC), a UE, o Conselho da
Europa, o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco Mundial, a Organização para a
Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), entre muitos outros novos actores político-

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económicos regionais e globais, que nos fazem acreditar que “há razões para se olhar o mundo
como uma única ordem social.”

Os efeitos da globalização estão a mudar o centro de gravidade do norte para o sul e do


ocidente para oriente, permitindo que dessa forma a China, a Índia e a Rússia apareçam na cena
internacional como as grandes potências no novo século, deixando assim que “90% da população
mundial seja governada por sistema concebido para servir os interesses da Europa e da
América.”

2.3.3. Globalização cultural

Globalização tornou-se um termo bastante comum a partir da década de 90, geralmente


associado às grandes mudanças ocorridas no sistema económico internacional, resultantes do
aprofundamento das relações de interdependência entre os diversos actores internacionais, quer
estes sejam Estados, organizações internacionais, ou grupos de cidadãos. Embora o impacto
económico tenha sido o mais evidente, como se disse anteriormente, os efeitos da globalização
estendem-se a todos os sectores da sociedade, incluindo a cultura. E mais veloz que a
globalização económica, pensámos que é a globalização cultural.

E quando se fala de cultura, pensa-se imediatamente em americanização, isto é, em tudo


que se relacione com a cultura e identidade norte-americanas. É o efeito dos mass media, dos
filmes de Hollywood, das campanhas publicitárias, das multinacionais americanas e das suas
marcas: Levis, Coca-cola, Mc Donalds, Microsoft, CNN. E porque não referir também a própria
língua – o Inglês, considerada a língua universal.

Uma língua, mesmo que falada por um número reduzido de pessoas, contém uma parte
do património da humanidade, uma visão da sociedade, uma identidade que tem de
coabitar com outras identidades e ser preservada. É esta coabitação cultural que é
necessária promover e que Wolton designa por «a outra globalização».

Os países membros da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a


Cultura – UNESCO, reunidos em 20 de Outubro de 2005 em Conferência Geral, adoptaram uma
Convenção sobre a Protecção e a Promoção da Diversidade Cultural. Esta Convenção
procurou autonomizar o sector cultural nas suas diferentes expressões face às regras aprovadas
para o comércio internacional e definidas pela OMC. A Convenção garante às autoridades

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nacionais “o direito soberano de adoptar medidas e políticas para proteger e promover a
diversidade das expressões culturais no seu território”.

2.4.Conceito de Ciência Política

A Ciência Política detém-se no estudo de fenómenos sociais como organizações,


processos políticos e nos sistemas que são gerados dentro das relações de poder. Estes
fenómenos caracterizam o que geralmente chamamos de Política.

Segundo BONAVIDES (2010), a Ciência Política possui algumas dificuldades


terminológicas que precisam ser visualizadas para construirmos mais certezas em torno da sua
constituição e aplicação. Destas dificuldades destacam-se:

 O carácter móvel e variável do vocabulário político;


 As variações semânticas dos termos de que se serve o cientista social de um país
para outro;
 Os casos distintos, por exemplo, os vários sentidos de democracia, que gera um
caos aos esforços de fixação conceitual.
BONAVIDES (2010), faz uma abordagem histórica encontrando em diferentes autores
directrizes variadas para compreendermos o que é ciência. Traçando um percurso de definições
significativas que vão de Aristóteles a Comte, ou seja, definições que se sucederam desde o séc.
III a.C até o séc. XIX, com o positivismo.
Assim, os autores e suas definições são esboçados do seguinte modo:
 Aristóteles (384 a.C. – 322 a.C.) considera ciência a análise que detinha os princípios e
as causas por objecto.
 Santo Tomás de Aquino (1225 – 1274) definiu-a como a assimilação da mente
direccionada ao conhecimento do mundo.
 Wolff (1679 - 1754) compreendeu como aquilo que se liga a princípios certos e
imutáveis, apresentado pelo hábito de demonstrar afirmativas e inferências.
 Kant (1724 – 1804) diz que a ciência é tudo que possa ser objecto de certeza apotídica,
ou seja, necessário e demonstrável. Age sistematizando conhecimentos a partir de
princípios.
 Littré (1801 – 1881) a ciência é a generalização da experiência, e a filosofia, a
generalização da ciência. Separando a ciência da filosofia, a segunda é caracterizada

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como conhecimento unificado dos fenómenos que servem de objecto a toda actividade
cognoscitiva.
 Spencer (1820 – 1903) recorre à simplicidade. Segundo ele, há três variantes do
conhecimento: empírico – não unificado; científico – parcialmente unificado; e filosófico
totalmente unificado.
 Comte (1798 – 1857) as ciências podem ser abstractas e concretas, estas últimas
consideradas como ciências fundamentais.
Através da análise das políticas a Ciência Política apresenta teses que são caracterizadas
como positivas, quando se detém no exercício de análise e normativas, quando alça previsões
acerca de situações determinadas.
2.5.Concepção moderna de Ciências Políticas
FERNANDES (1995), considera que as concepções modernas da ciência política radicam
da admirável obra de Maquiavel – “O Príncipe”. Influenciado pela obra de Aristóteles,
Maquiavel atribui à sua obra um objectivo e um método diferente. Enquanto Aristóteles se
preocupa com o bom governo que assegure o bem-estar dos seus cidadãos, Maquiavel se
preocupa com a eficácia do governo através da obediência dos seus cidadãos.
O “maquiavelismo” tornou-se sinónimo de um determinado tipo de comportamento: o
daquele que “não olha aos meios para atingir os fins”. Para Maquiavel, o único fim político
relevante era a conquista e a manutenção do poder. No respeitante a metodologia de
investigação, Maquiavel introduziu o método objectivo, independente de preocupações morais, e
o método comparativo histórico, cujo papel é muito importante na ciência política.
2.6.O Estado Soberano
Segundo BODIN (1530-1596), a soberania refere-se a «entidade que não conhece
superior na ordem externa nem igual na ordem interna». Evidentemente não se diz nada sobre
os «inferiores», porque se parte duma ideia hierárquica de poder onde o conceito de soberania se
manipula para justificar essa hierarquia e o absolutismo do monarca ao que se lhe atribui a
soberania.
Para ele, soberania é um poder perpétuo e ilimitado, ou melhor, um poder que tem como
únicas limitações a lei divina e a lei natural. A soberania é, para ele, absoluta dentro dos limites
estabelecidos por essas leis.

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A ideia de poder absoluto de Bodin está ligada à sua crença na necessidade de concentrar
o poder totalmente nas mãos do governante; o poder soberano só existe quando o povo se
despoja do seu poder soberano e o transfere inteiramente ao governante. Para esse autor, o poder
conferido ao soberano é o reflexo do poder divino, e, assim, os súditos devem obediência ao seu
soberano.
Bodin entende, ainda, que da obediência devida às leis natural e divina deriva uma
terceira regra, pela qual o príncipe soberano é limitado pelos contratos que celebra, seja com seus
súditos, seja com estrangeiros, e deve respeitar tais acordos.
Muitos atribuem a crise actual da soberania ao fato do fenómeno da globalização estar
fragilizando as fronteiras dos Estados-Nação, como afirma LOBO (1998): "a globalização
económica procura transformar o globo terrestre em um imenso e único mercado, sem
contemplação de fronteiras e diferenças nacionais e locais.
No entanto, se a perda de soberania por conta da globalização é apontada por muitos,
como o principal efeito negativo, neste ponto coadunamos com o entendimento de Rodrigo
Fernandes e outros: Somente uma composição política, legislativa e jurídica, interna e externa,
pode levar à realização do ideal integracionista.
2.7.A Democracia
Segundo COHEN (2003), a democracia política não pode, pois, repousar sobre a
indistinção de todos os homens, mas tão-somente sobre a pertença a um determinado povo. A
igualdade, que pertence à essência da democracia, dirige-se por isto apenas para dentro, e não
para fora. Não apenas a democracia, mas a própria política, só faz sentido se formos capazes de
diferenciar, de tratar desigualmente os desiguais e igualmente os iguais.
A homogeneidade cultural é considerada por Schmitt uma condição fundamental para a
democracia. Na actualidade, o tema do lugar da democracia no plano da discussão normativa
assumiu a forma do diálogo entre comunitaristas e cosmopolitas. Para os primeiros, diante das
transformações impostas pela globalização e pela emergência de sociedades cada vez mais
plurais, é necessário investir em uma espécie de “fuga para dentro”, fortalecendo o sentido de
identidade comum, que sempre esteve de alguma forma, embutido no conceito de cidadania.
Segundo TAYLOR (1998), a deliberação é uma das características principais da
democracia e também a fonte de sua legitimidade. Pois para que o processo de deliberação se
realize satisfatoriamente é necessário que cada indivíduo seja capaz de formar e reformar suas

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opiniões num processo de discussão com seus concidadãos, e para que isso seja possível, os
cidadãos devem se conhecer e confiar um nos outros.
Democracia ao regime em que o poder é compartilhado por todos os cidadãos.
Nesse contexto, o debate sobre o futuro da democracia se polariza entre, de um lado, os
que consideram possível e necessário o aperfeiçoamento dos mecanismos democráticos no
âmbito do Estado-nação para fazer frente a essa ameaça, e de outro lado, os que enxergam como
única solução para a democracia, sua expansão para além do território nacional, englobando
esferas decisórias supranacionais.
De certa forma, esse debate retoma um tema clássico do pensamento político: a questão
do lótus da democracia. Posto de uma forma simples, se trata de investigar se a cidadania e a
democracia são ou não instituições inerentemente vinculadas a um espaço político fechado,
como o Estado nacional.

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3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Vivemos hoje uma nova realidade. Cada vez mais o mundo é um só mundo, sendo que os
acontecimentos do outro lado do globo não nos devem nem podem deixar indiferentes. Tudo está
interrelacionado e interdependente na era da globalização. Muito mais haveria a dizer e a
esclarecer sobre este tema tão vasto e atraente que é a globalização. Desde logo, o primeiro
desafio com que nos deparámos foi com a multiplicidade de perspectivas acerca de uma
definição mais clara sobre este tema. Fica a certeza que em globalização a política não pode estar
dissociada da economia, nem da cultura, muito menos dos aspectos sociais. Por outro lado, a
perspectiva do surgimento de um governo à escala mundial é também bastante aliciante,
colocando-nos novos desafios de relacionamento com outros povos e culturas.

A ciência política é a teoria e prática da política e a descrição e análise dos sistemas políticos
e do comportamento político. A ciência política abrange diversos campos, como a teoria e a
filosofia políticas, os sistemas políticos, ideologia, teoria dos jogos, economia política,
geopolítica, geografia política, análise de políticas públicas, política comparada, relações
internacionais, análise de relações exteriores, política e direito internacionais, estudos de
administração pública e governo, processo legislativo, direito público (como o direito
constitucional) e outros.

Ciência política ou Análise política é o estudo da política dos sistemas políticos, das
organizações e dos processos políticos. Envolve o estudo da estrutura (e das mudanças de
estrutura) e dos processos de governo ou qualquer sistema equivalente de organização humana
que tente assegurar segurança, justiça e direitos civis. Os cientistas políticos podem estudar
instituições como empresas, sindicatos, igrejas, ou outras organizações cujas estruturas e
processos de acção se aproximem de um governo, em complexidade e interconexão.

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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1. BONAVIDES, Paulo (2010). Ciência política. São Paulo: Malheiros,
2. CRAVINHO, João Gomes (2002). Visões do Mundo. As Relações Internacionais e o
Mundo Contemporâneo. Edição Imprensa de Ciências Sociais – Universidade de Lisboa.
3. FALK, Richard (2001). Globalização Predatória – uma crítica. Edição Instituto Piaget.
FERNANDES, José Pedro T. (2004). Teorias das Relações Internacionais – Da
Abordagem Clássica ao Debate Pós – Positivista. Livraria Almedina – Coimbra.
4. HENRIQUES, Mendo Castro (1998). A globalização: mitos e realidades. Disponível
em: https://pwp.netcabo.pt/netmendo/Artigo%20globalização.htm
5. LEONARD, Mark (2005). Século XXI A Europa em Mudança. Editorial Presença.
6. MALTEZ, José Adelino (2002). Curso de Relações Internacionais. Edições Principia.
7. MARTINS, Manuel Gonçalves (2003). Relações e Desafios na Era da Globalização.
Edição Pedro Ferreira.
8. REVEL, Jean-François (2002). Obsessão Antiamercana. Bertrand Editora
9. SINGER, Peter (2004). Um Só Mundo – A ética da globalização. Gradiva
10. SOROS, George (2004). A Bolha da Supremacia Americana: Corrigir o Abuso do Poder
Americano. Temas e Debates.
11. SOUSA, Fernando de (Dir.) (2005). Dicionário de Relações Internacionais.
Edições Afrontamento.

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