Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Índice
1. Introdução............................................................................................................................ 4
1. Introdução
Em Moçambique, apesar das políticas de globalização e actualização do ensino que têm em
conta as necessidades do mercado internacional, a “política de quase todos os países do
mundo”, a realidade da educação tende em manter uma pedagogia tradicional baseada na
exposição dos conhecimentos pelo professor, geralmente, exposição oral. “Na pedagogia
tradicional o professor dirigi o educando para a sua formação intelectual e moral, tendo em
vista, no futuro, assumir a sua posição individual na sociedade, de acordo com os ditames
dessa sociedade.” (Luckesi, 2007:154).
A política educacional pode construir um novo sentido de educação, feito com participação de
todos envolvidos, em colaboração, em comunidade, em que cada um possa autêntico, seguro,
independente e confiante, principalmente na educação de jovens e adultos.
1.1.Objectivo
O presente trabalho tem por objectivo, descrever Conceito e objectos de Políticas de
Educação.
1.2.Metodologia
Para se chegar aos resultados da pesquisa, foi usada uma abordagem qualitativa, um estudo de
campo para além da pesquisa bibliográfica.
5
2. ENQUADRAMENTO CONCEPTUAL
2.1.Política
A palavra política tem origem no vocábulo grego politéia. Esta palavra era utilizada para se
expor todos os assuntos associados a polis (Cidade-estado) e à vida em comunidade. Desta
forma, podemos afirmar que a política está directamente relacionada à vida em sociedade, no
que concerne a fazer com que todos os indivíduos que vivem naquela comunidade expressem
suas particularidades e conflitos sem que este cenário seja transformado em uma desordem
social.
De uma maneira mais simples podemos definir política como “a ciência da governação de um
Estado ou Nação e também uma arte de negociação para compatibilizar interesses”.
Segundo Aristóteles (1252a), a política é a ciência que tem por objectivo a felicidade humana
e divide-se em ética (que se preocupa com a felicidade individual do homem na Cidade-
Estado, ou pólis), e na política propriamente dita (que se preocupa com a felicidade colectiva).
A política situa-se no âmbito das ciências práticas, ou seja, as ciências que buscam
conhecimento como meio para a acção.
2.2.Educação
Segundo Freire (2003) “educação é o processo constante de criação do conhecimento e de
busca da transformação - reinvenção da realidade pela acção - reflexão humana” (p.37).
Paulo Freire (2003,) afirma que “A educação é sempre uma certa teoria do conhecimento
posta em prática [...]”(p.40).
Assim, educação seria uma concepção filosófica e/ou científica acerca do conhecimento
colocada em prática. Alguém que praticasse uma concepção de conhecimento estaria
“fazendo” educação. Educar seria promover a prática de uma teoria sobre o conhecimento.
Portanto, toda acção com propósitos educacionais estaria necessariamente fundamentada em
uma convicção acerca do conhecimento.
6
Numa primeira apreciação, podemos entender que, com essa afirmação, Freire está dizendo
que a educação sempre é um determinado conjunto de ideias relativas ao conhecimento sendo
praticadas.
Segundo o ICCP (1988) se entende por “educação o conjunto de influências que exerce a
sociedade sobre o indivíduo. Isso implica que o ser humano se educa durante toda a
vida”(p.31).
Para uns, Educação é processo, para outros é categoria, ou fenómeno social, ou preparação, ou
conjunto de influências, e muitos conceitos mais.
A educação busca formar um cidadão com autonomia, numa democracia orientada pelos
princípios da razão, das experiencias vivenciadas na escola nos momentos de aprendizagem,
com exercício de reflexão critica, racional e responsável pela liberdade, a pratica educativa
deve ser consciencializadora para construir espaços sociais mais democráticos e justos, onde
todos tenham igualdade de oportunidades de acesso ao conhecimento e a cultura para que os
cidadãos sejam autónomos.
A política educacional pode construir um novo sentido de educação, feito com participação de
todos envolvidos, em colaboração, em comunidade, em que cada um possa autêntico, seguro,
independente e confiante, principalmente na educação de jovens e adultos.
7
Estudante politizado é aquele que actua politicamente dentro e fora da escola. É um estudante
que tem motivação pela qualidade, pela relevância social e teórica do que é ensinado. Passa a
exigir do professor, tem interesse nas relações humanas estabelecidas no interior da escola,
discute a gestão da escola, o currículo, em fim o projecto político-pedagógica escola. (Gadotti,
1998, p.85).
Durante este período, grande parte da sociedade moçambicana não tinha direito à Educação e
à Saúde, sendo na maioria dos casos a Igreja quem concedia esses direitos a um pequeno
número de moçambicanos/as, chamados de “assimiladores”, que gozavam de privilégios e
direitos como frequentar escolas públicas e Universidades. Por estas razões, apenas algumas
pessoas concluíram o Ensino Superior na época da Independência nacional (1975), ou seja, o
colonialismo português promoveu fortemente o atraso do país, especialmente no domínio da
Educação e da Saúde. Como resultado, o desenvolvimento de várias áreas importantes em
Moçambique, foi atrasado.
É na diversidade da educação, esta vocação que ela tem, como acção especificamente humana,
de endereçar-se até sonhos, ideias, utopia e objectivos, que se acha o que venho chamando de
politicidade da educação. A qualidade de ser política inerente à sua natureza. É impossível na
verdade, a neutralidade da educação (Freire, 1999, p.124).
Paulo Freire advoga que a educação de um modo geral não tem uma dimensão política, ela é,
por natureza, politica (Freire, 2001c).
9
A filosofia de educação de Freire contribui para o despertar das nossas reflexões sobre a força
directiva ou politicidade de educação escolar, religiosa, familiar, académica, e outras que se
gestam na sociedade. Educação que tem suas influências sobre o ser humano como um ser
inconcluso, que necessita estar cada vez mais consciente dessa sua inconclusão, ou seja, um
ser em constante busca, invenção, participação, dialogo, formação. Um ser de criação, de
cultura, por isso de transformação. Bem diferente do animal que, também sendo inconcluso,
não tem consciência da tal inconclusão de si no suporte que, no nosso caso, toma a forma de
mundo cultural (Freire, 1979, p.85).
No entanto, esses decretos e actos legislativos não transcendem a função, cabe torná-los
aplicáveis.
Por um lado, a educação formal altamente selectiva está à beira do abismo há muitos anos.
Por outro, nesta fase, especialmente com a iniciativa popular de abertura de escolas, registar-
se o crescimento explosivo de escolas acompanhando a participação em larga escala em
campanhas de alfabetização.
A idade de recebimento do ensino fundamental varia dos seis aos sete anos, mas antes dessa
idade as creches são disponibilizadas apenas por instituições privadas. Já, em conformidade
com os dispostos na legislação aplicável, com excepção do Ensino Superior, os cursos e
planos de educação escolar são de natureza nacional e foram aprovados pelo Ministério da
Educação.
Depois disso, logo após a Independência, Moçambique viveu uma guerra civil de 16 anos até
que a assinatura do Acordo Global de Paz em 1992 encerrou a guerra civil e deu início ao
processo de democratização.
Uma nova "Lei de Revisão do Sistema Nacional de Educação" (MOÇAMBIQUE, 2018) foi
promulgada para substituir a Lei n. 6/92.
Das novidades a partir de 2018, destaca-se que o actual SNE se subdivide em seis
subsistemas: de Educação Pré-Escolar; de Educação Geral; de Educação de Adultos; de
Educação Profissional; de Educação e Formação de Professores; de Ensino Superior.
12
A disciplina de Introdução à Filosofia será leccionada na área das Ciências da Pintura (da 10ª
a 12ª série) e deixará de fazer parte da Literatura e da Biologia. A inovação inclui disciplinas
de História da Arte e disciplinas de Tecnologia de Expressão. Destaca-se que a revisão do
SNE visou alinhá-lo com a Convenção da Comunidade para o Desenvolvimento da África
Austral sobre Educação e Formação, da qual Moçambique é signatário. Portanto, neste caso,
reitera-se que o Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano (MINEDH) vem
formulando e implementando um plano estratégico de médio prazo (cinco anos) para
implementar o seu plano desde 1998. As metas gerais do Plano Estratégico de Educação são
três: expandir o acesso, melhorar a qualidade e desenvolver a capacidade institucional do
sector.
13
Com a assinatura do Acordo de Paz de Moçambique em 1992, cada vez mais crianças têm
recebido educação em todos os níveis e, desde então, o número de estudantes aumentou,
atingindo mais de 1,5 milhões. O MINEDH entende que por trás do sucesso do SNE,
especialmente a reforma do sistema de ensino básico, se deve as constantes e extensas
revisões. O foco é fornecer livros didácticos gratuitos, abolir as mensalidades, adoptar novos
cursos, acelerar a construção de salas de aula e reformar os programas de formação de
professores/as. O plano introduz "escolas de apoio directo", mas reconhece que ainda existem
grandes desafios, como um número considerável de crianças que ainda estão fora da escola, e
o número de crianças que ingressam, mas não concluem as sete séries de educação básica.
Observe também que a proporção professor-estudante ainda é alta.
Em relação à qualidade da aprendizagem, uma preocupação é que muitas crianças ainda não
alcançaram as habilidades de alfabetização reflectidas no currículo. E, ainda, que não
chegaram ao final da primeira etapa do ensino fundamental.
“Na pedagogia tradicional o professor dirigi o educando para a sua formação intelectual e
moral, tendo em vista, no futuro, assumir a sua posição individual na sociedade, de acordo
com os ditames dessa sociedade.” (Luckesi, 2007:154).
3.1.4.1.Passagem Semi-automática
É um processo que consiste na promoção por ciclos de aprendizagem dos alunos que consiste
na transição destes, de um ciclo para outro. Esta pressupõe a criação de condições de
aprendizagem para que todos os alunos atinjam os objectivos mínimos de um determinado
ciclo (INDE/MINED, 2003).
Esta abordagem de ensino e aprendizagem rompe com o modelo tradicional de educação onde
o professor era o centro de ensino e aprendizagem, dando ênfase ao aluno como o centro de
ensino e aprendizagem desde que se crie ambiente de aprendizagem.
dinamismo e interacção entre professor - alunos na sala de aulas, o que faz com que os
professores se limitem em expor os conteúdos e avaliá-los no fim de cada período.
Automaticamente, o aproveitamento pedagógico tende em decrescer ano após ano.
Essa política faz-se perceber com o exemplo da introdução da Passagem Semi - Automática
no 1ᵒ grau do ensino primário, mas, dificilmente se consegue implementar com sucesso
porque ao seguirmos essa teoria conseguir-se-a atingir apenas as metas estatísticas (
quantidade) e um grande fracasso em termos de qualidade e eficiência no processo de ensino e
aprendizagem.
Em cumprimento das orientações saídas do Terceiro Congresso foi criado, dentro do Instituto
Nacional de Desenvolvimento da Educação (INDE), um Departamento de Ensino à Distância
(DED). Este Departamento produziu um documento (Ministério de Educação e Cultura 1980)
que é uma espécie de estudo de viabilidade. O documento ampliou o conceito de ensino por
correspondência e introduziu no país o termo "ensino à distância".
15
O uso de TICs no subsistema educacional foi considerado uma ferramenta básica para o
desenvolvimento do país. Esse fato motivou a criação do Ministério da Ciência e Tecnologia
para formular políticas para esse departamento e desenvolver meios adequados para avaliar e
monitorar o desenvolvimento da ciência e tecnologia (Moran, 2011, p.60).
Segundo a Lei nᵒ 5/2003 do Ensino superior artigo 6 sobre autonomias Científicas, “as
Instituições do Ensino Superior gozam de autonomia científica e pedagógica que lhe confere a
capacidade de definir métodos, escolher o processo de avaliação e introduzir novas
experiências pedagógicas”.
As universidades tem autonomia para ter a sua política educativa, mas por vezes esquecem-se
que se trata de Moçambique, um país em vias de desenvolvimento, que carece de meios
económicos para custear as exigências do ensino superior, que carece de bibliografias nas
bibliotecas e ainda se observa a falta de cultura em relação as TICs. Se tomarmos em
consideração que maior parte dos docentes universitários em licenciatura são licenciados, o
que já é considerado como errado e um dos objectivos do Estado moçambicano é reverter a
situação, apostando na formação do corpo docente. O que se dirá da qualidade do ensino e da
qualidade profissional se diminuírem os anos de formação académica? O Estado, ao fazer o
Plano Curricular deve harmonizar as políticas educativas, tendo em conta as necessidades da
sociedade. Moçambique não tem condições de adaptar-se ao currículo europeu, porque o
nível de formação é diferente. O currículo de um Estado deve se enquadrar ao contexto social
e ao nível económico e não por uma questão de competitividade.
17
Considerações finais
“A educação existe em todo e em qualquer tipo de comunidade humana onde haja uma
rigorosa divisão social do trabalho entre sujeitos, em que a escola e o ensino formal podem até
não existir, mais existe aprendizagem inerente a prática social e da vida” (De Gusmão, 1997,
p.8).
a educação é um veículo pelo qual os seres se orientam para a satisfação dos seus interesses
individuais e colectivos, daí que, enquanto instituição, a educação deve transmitir de forma
maciça e eficaz, cada vez mais saberes e saber-fazer evolutivos adaptados à civilização
cognitiva, pois, são as bases das competências do futuro. Compete ainda a educação encontrar
e assinalar as referências que impedem as pessoas de ficar submergidas nas informações
populares que lhes levem a orientar-se ao desvio dos projectos individuais e colectivos (p.89).
As actuais políticas educativas, seus sucessos e desafios têm uma longa história. As suas
raízes estão na experiencia educativa da colónia e nas escolhas politicas da Frelimo,
(AFRIMAP, 2012).
A prática de ensino, hoje, deixou de ser uma actividade meramente centrada no/a professor/a.
Estudantes, pais/mães e encarregados/as da Educação, bem como a comunidade no geral, são
participes das mudanças e/ou inovações que estão sendo concebidas e/ou implementadas no
processo de ensino e aprendizagem. Professor/a já não é quem define que recursos de
aprendizagem devem ser usados para leccionar as suas aulas. Notam-se, cada vez mais
concepções de políticas educacionais que pautam por uma gestão mais democrática e
participativa.
Diante do exposto, conclui-se que o sistema de ensino é o núcleo das políticas educativas a
partir do qual se definem valores, princípios pedagógicos e metodológicos, as directrizes
curriculares, as normas e leis que asseguram toda actividade do ensino. O contexto
socioeconómico e político influencia significativamente o processo de formulação,
implementação, monitoria e avaliação de políticas educacionais. Sugere-se que no processo de
definição de políticas educacionais, existe necessidade de envolver a participação de
diferentes actores, no sentido de atenuar /acautelar os efeitos nefastos introduzidos pela
cartilha neoliberal.
19
Referências bibliográficas
Cabaço, J. L. (2010). Moçambique: identidade, colonialismo e libertação, São Paulo: Editora
UNESP, 359p.
Campos, E. F. E. Políticas públicas em educação: uma proposta participativa de formação de
professores. Revista ACOALFAplp: Acolhendo a Alfabetização nos Países de Língua
portuguesa, São Paulo, ano 2, n. 3, 2007. Recuperado em file://Downloads/11485
Texto%20do%20artigo-14359-1-10-20120513%20(1).pdf
Delors, J. (2003). “Os Quatros Pilares da Educação” In. Educação Um Tesouro a Descobrir.
2ª Edição. Brasília: Cortez.
Freire, P. A importância do acto de ler. SP, Cortez/Autores associados. (26 ed., 1991)
Freire, Paulo. Alfabetizacao. Leitura do mundo, leitura da palavra. RJ. Paz e Terra. 1990.
Freire, Paulo (2003). Direitos humanos e educação libertadora. In: FREIRE, A. Madalena
A. (Org.). Pedagogia dos sonhos possíveis. São Paulo: Editora Unesp.