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– EU COM OS OUTROS – AS RELAÇÕES INTERPESSOAIS

FORMAÇÃO DE IMPRESSÕES E EFEITO DE PRIMAZIA – ver manual páginas 185 a 187

ATRIBUIÇÃO CAUSAL

Tentar explicar um determinado comportamento corresponde a um processo mental a que os


psicólogos chamam atribuição causal.

A atribuição causal é o processo que consiste em explicar o comportamento dos outros e o


nosso. É uma tendência quase natural: ao observarmos um comportamento tentamos
encontrar ou inferir a sua causa.

Carlos não deu os bons dias ao vizinho? É um antipático ou um distraído.

Nando é egoísta e raramente faz algo pelos outros? É filho único e foi mimado pelos pais.

Diana tem más notas na escola? É preguiçosa ou os pais não conseguem impor a sua
autoridade por serem desleixados.

Assim, a atribuição causal é o processo mediante o qual procuramos explicar determinados


comportamentos (dos outros e nossos) identificando a sua causa. Um dos maiores problemas
do processo de atribuição causal é saber se as causas explicativas de um comportamento são:

- externas (situacionais) isto é, se estão nas circunstâncias e no contexto em que o indivíduo


vive, ou

- internas (disposicionais), isto é, no próprio indivíduo, nos seus motivos, no seu


temperamento e na sua personalidade.

Muitas vezes cometemos erros de atribuição. Porquê? Porque tendemos atribuir um


determinado comportamento a fatores internos – a características pessoais –subestimando ou
desvalorizando fatores externos. É mais frequente do que se possa pensar atribuir as causas de
uma violação, não à brutalidade e insanidade do agressor mas sim ao facto de que a vítima
«provocou» a agressão devido à maneira como se vestia ou como andava.

Expectativas – Um conjunto de ideias mais ou menos gerais e esquemáticas que formamos dos
outros e em que nos baseamos para prever o seu comportamento.

As expectativas dos outros podem motivar-nos ou desmotivar-nos. Ao construirmos a


impressão de que uma pessoa é inteligente formamos também uma expectativa acerca do seu
comportamento ou desempenho. Esperamos que tenha um bom desempenho na resolução de
problemas sejam eles práticos ou teóricos. Por outras palavras, temos a tendência para
atribuir a causa do seu sucesso á sua inteligência. E, por vezes, e não tão poucas vezes quanto
isso, as expectativas acerca de como as pessoas se vão comportar numa dada situação têm um
forte impacto no seu comportamento.
ATITUDES

Em 1935, Allport (1890-1976), na sua obra Atitudes, considerava que o conceito de atitude era
central em psicologia social. As atitudes constituem elementos básicos das relações sociais.

Podemos definir atitude como uma tendência, uma predisposição, para responder a um
objecto, pessoa ou situação, de uma forma positiva ou negativa. A atitude implica um estado
que orienta o indivíduo a reagir de determinado modo a um objeto, que pode ser, uma pessoa,
um grupo social, uma instituição, uma coisa, um valor, um conceito... As atitudes não são
comportamentos, mas sim predisposições para agir com base em certas crenças e
determinados sentimentos. Não se pode confundir atitude com comportamento - a atitude é
um potencial para reagir de determinado modo a um objeto. Por exemplo, se uma pessoa tem
uma atitude negativa relativamente aos pedintes, provavelmente não lhes dará esmola
quando for solicitado, apoiará medidas que visem irradiar os mendigos das ruas, produzirá um
discurso contra a mendicidade, etc. Não constitui uma reação isolada, mas um conjunto de
predisposições, reações que se desencadeiam em determinadas situações.

As atitudes manifestam-se através de expressões verbais ou não verbais, de opiniões, de


comportamentos, como a adesão a um grupo político ou religioso, através da aquisição de
determinados objetos, etc. Por outro lado, se conhecermos a atitude de uma pessoa, por
exemplo, face à religião católica, será possível descrever, compreender e até prever alguns
aspetos do seu comportamento.

COMPONENTES DAS ATITUDES

Numa atitude podemos considerar três componentes: a cognitiva, a afetiva e a


comportamental.

Componente cognitiva – uma atitude inclui um conjunto de crenças sobre um objeto. A crença
é a informação que aceitamos sobre uma situação, um acontecimento, um conceito. É o que
acreditamos como verdadeiro acerca do objeto.

Componente afetiva – ao possuir uma atitude, a pessoa desenvolve sentimentos positivos ou


negativos relativamente ao objeto. Está ligada ao sistema de valores sendo a sua dimensão
emocional.

Componente comportamental – a atitude implica que a pessoa se comporte de determinado


modo. É constituída pelo conjunto de reações de um sujeito relativamente ao objeto da
atitude.

Por exemplo, uma atitude negativa relativamente ao tabaco pode basear-se numa crença de
que há uma relação entre o tabaco e o cancro pulmonar (componente cognitiva). A pessoa que
partilha desta crença não gosta do fumo e experimenta sentimentos desagradáveis em
ambientes onde as pessoas fumam ( componente afetiva ).A esta atitude estão,
frequentemente, associados alguns destes comportamentos: a pessoa não fuma, tenta
convencer os outros a não fumar, participa em campanhas contra o tabaco... (componente
comportamental ).Se a pessoa partilhar da crença de que o tabaco atenua o stress,
provavelmente as componentes afetiva e comportamental serão diferentes. Contudo, a
psicologia social tem destacado o carácter complexo das atitudes. A propósito do exemplo
dado, conheces talvez casos em que, apesar de haver pessoas que associam o tabaco ao
prejuízo da saúde, continuam a fumar, tentando frequentemente compatibilizar esta crença
com o reconhecimento de que o tabaco estimula o trabalho, favorece o convívio, etc. Este é
um caso de dissonância cognitiva. Definir a dissonância cognitiva consiste em dizer que ela é a
vivência de uma incompatibilidade ou dissonância entre as nossas atitudes e o nosso
comportamento. A expressão foi inventada por Leon Festinger em 1957.

Notas importantes sobre Atitudes


1 – As atitudes são relativamente estáveis e duráveis porque, embora possam mudar, é muito
frequente encontrarmos exemplos de pessoas que no plano político ou quanto a temas sociais
(o aborto, a pena de morte, por exemplo) mantêm toda a vida o mesmo ponto de vista.
2 – As atitudes são aprendidas. Não nascemos com opiniões sobre o aborto, a eutanásia ou a
influência da TV. As nossas atitudes são juízos e avaliações apoiados em conhecimentos e
valores da sociedade ou do grupo a que pertencemos e transmitidos pelo processo de
socialização.
3 – As atitudes influenciam o comportamento das pessoas, embora muitas vezes tenhamos
crenças e sentimentos que não traduzimos em atos. Quem tem uma atitude clara e firme
contra a pena de morte poderá recusar, por exemplo, um convite para uma viagem turística a
países ou estados que a legalizaram. Tendemos a explicar comportamentos discriminatórios e
violentos recorrendo às atitudes racistas dos seus autores. Deve notar-se, contudo, que a
componente comportamental de uma atitude consiste simplesmente na predisposição ou
tendência para agir de acordo com o que pensamos e sentimos. Conhecer a atitude de uma
pessoa acerca de algo não torna absolutamente previsível o seu comportamento.
4 – É mais fácil a mudança de atitudes acerca de objetos, pessoas e factos dos quais temos
fraco conhecimento e acerca dos quais há distanciamento afetivo.

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