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Práticas 2
Práticas 2
Direito do
Trabalho 3º ano, 2º semestre
Caros colegas, por forma auxiliar o vosso estudo, reunimos os apontamentos que fomos
recolhendo ao longo das aulas desta Unidade Curricular.
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Rute Magalhães, Érica Pereira, Inês Lima, Gabriela Pinto
Direito do Roriz
Prof. Trabalho
Aulas Práticas e OTs ➭ 1º Ponto escrito
Nota: Na conferência o juiz conselheiro Júlio Gomes levantou a questão: Se devemos adotar
definitivamente o conceito de relação de trabalho e não de contrato de trabalho, porque se
considera muito mais abrangente.
Este princípio tem por base uma ideia de efetiva igualdade de capacidade negocial
entre as partes contratantes ➭ O equilíbrio que os permite negociar, propor, contrapropor
e chegar a um consenso, situação que no mundo laboral não é de todo a realidade.
So que...
No mundo laboral esta questão não pode ser equacionada nestes termos (nos EUA é).
è É a nossa atividade física e/ou intelectual e com isso prover o nosso sustento numa
sociedade.
Na sociedade temos de usar os bens que dispomos (lícitos/legais) para prover ao nosso sustento
e o único que que temos se tivermos as condições psíquicas e físicas para o efeito, é mediante
o nosso trabalho.
A ser assim, nós somos colocados numa situação que a doutrina designa por estado de
necessidade em contratar
Só contratando/dispondo da nossa atividade física e intelectual
no mercado é que podemos prover ao nosso sustento.
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Rute Magalhães, Érica Pereira, Inês Lima, Gabriela Pinto
Há toda uma parte do Direito do Trabalho que quer combater este tipo de situações, mas
emergem porque o trabalhador está num estado de necessidade em contratar e aceita qualquer
coisa, sobretudo nas atividades ditas indiferenciadas (alta fungibilidade na disposição de meios
para executar um determinado facto à Se não é a Maria é a Manuela, ou se não é a Manuela é
a Beatriz e vice-versa).
O trabalhador tem um nº de
horas regra semanal 40h/8h
dia.
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Rute Magalhães, Érica Pereira, Inês Lima, Gabriela Pinto
Em regra, como é que as leis que contêm normas, se apresentam aos seus
destinatários? Imperativamente ou supletivamente?
Supletivamente ➭ Significa que são suscetíveis de ser derrogadas pela vontade dos seus
destinatários e as normas só se aplicam se nada for dito, para colmatar as lacunas negociais.
A maior parte das normas dos contratos diz ‘salvo disposição em contrário’ são supletivas, são
permissivas à Não são injuntivas, nem proibitivas, nem percetivas.
No mundo do direito do trabalho temos um problema p.ex queremos saber quantos dias de
férias é que um trabalhador tem, se pode faltar e quantos dias por motivo de casamento.
Temos de encontrar a solução para o problema, tal qual como no regime geral dos contratos,
vamos às leis laborais cujo corpo normativo mais premente é o Código do Trabalho (texto
sistematizado codificado).
Quantos dias de férias tem o trabalhador? ➭ A duração mínima é de 22 dias úteis! (artigo
238º CT). Caso não houvesse esta referência os dias contavam-se de acordo com os critérios do
código civil.
Ter 25 dias de férias seria ilícito, porque 22 dias úteis são mais dias do que 25 dias contínuos no
calendário ➭ ratoeira
Não confundir ➭ A forma pela qual deve ser exteriorizada a vontade de celebrar o contrato
de trabalho VS dever que impende sobre o empregador de comunicar por escrito ao trabalhador
um conjunto de informações ➭ Se não o fizer sofre uma contraordenação.
A solução do legislador perante o 238º CT: É uma norma imperativa de limite mínimo, pode-
se estabelecer mais, mas não menos.
Nota: Há hipótese de menos de 22 dias úteis de férias, mas apenas nos casos expressamente
previstos na lei que são 4.
No direito do trabalho há uma fonte interna que não existe em mais nenhum ramo de direito
que também concorre e em regra com prevalência para a solução dos problemas laborais.
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Rute Magalhães, Érica Pereira, Inês Lima, Gabriela Pinto
Há uma outra fonte do direito do trabalho que são as convenções coletivas (2º CT) ➭ São textos
normativos/acordos que emergem de um “contrato” celebrado entre, por um lado os
representantes dos trabalhadores (são sempre as associações sindicais) e por outro lado os
empregadores.
Ou seja...
Temos para a mesma relação juridicamente relevante 3 instrumentos jurídicos que concorrem:
22 dias úteis (Código de trabalho), 21 dias úteis (Contrato), 25 dias úteis (Convenção coletiva de
trabalho).
*:・゚✧*:・゚✧ Quando temos mais do que 1 instrumento jurídico temos uma fonte
potencial de conflitos *:・゚✧*:・゚✧
De acordo com o artigo 29º CRP e com os artigos 1º e 2º do Código Penal, um determinado
facto só é suscetível de gerar responsabilidade jurídico-penal se estiver tipificado, nem sequer
sendo possível a analogia incriminadora (apenas discriminadora).
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Rute Magalhães, Érica Pereira, Inês Lima, Gabriela Pinto
Nota: existe uma panóplia de legislação avulsa que prevê factos jurídicos suscetíveis de gerar
responsabilidade criminal.
Existe, inclusive, uma autoridade que trata dessa perseguição que é a ACT:
ç autoridade para as condições do trabalho ➭ autoridade administrativa competente para
a atribuição e aplicação de coimas.
Curiosidade: Também existem factos jurídicos que no direito laboral são suscetíveis de
consubstanciar responsabilidade criminal, e um deles acontece recorrentemente, mas em 30
anos o prof. Roriz só teve um caso.
Atenção ➭ o direito do trabalho é o único ramo do direito que apresenta todos os tipos de
responsabilidade existentes.
Qual o facto jurídico que faz surgir a relação jurídica laboral individual?
❀ É um contrato (facto jurídico voluntário) ➭ responsabilidade contratual
Ou seja...
ç 90% dos artigos do CT diz-nos que a violação dos artigos precedentes gera
responsabilidade contraordenacional ➭ em termos de imputação é ao empregador
(isto consubstancia uma das garantias do trabalhador)
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Rute Magalhães, Érica Pereira, Inês Lima, Gabriela Pinto
O princípio geral das obrigações no que diz respeito ao contrato, que conforma a atuação das
partes antes, durante e depois (com mais evidencia durante) ➭ obrigações contratuais, pré-
contratuais e pós-contratuais à é o princípio da boa-fé
Artigo 126º CT
Nota: sabemos que o princípio da boa-fé rege todas as matérias a nível contratual e, portanto,
muita coisa que esta no CT não precisava de estar escrito, mas a ideia é pedagógica.
Atenção: comparar as duas noções já saiu nos exames / testes (não há em livros – apenas nas
aulas teóricas).
O Código Civil também tem uma noção própria porque é possível resolver as questões laborais
através do recurso ao mesmo, mas está submisso ao princípio da liberdade contratual, enquanto
o Código do Trabalho tem regras imperativas que estabelecem uma proteção mínima ao
trabalhador.
não pagar a retribuição, em termos amplos, envolve não só o incumprimento definitivo, mas também a mora.
Todavia, segundo a doutrina tradicional há uma palavra que deve vir em 1º lugar na classificação
dos contratos ➭ bilaterais VS unilaterais.
Os bilaterais podem ou
não ser sinalagmáticos
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O contrato de trabalho será um contrato bilateral uma vez que gera obrigações para ambas as partes
≠ Unilateral (ex. doação) que só gera obrigações para uma das partes, mesmo que haja
clausulas acessórias que estipulem obrigações para a outra parte ➭ clausula modal
Tratando-se de contratos bilaterais sinalagmáticos, significa que essas obrigações são correspetivas
entre si, isto é, uma só existe porque a outra existe.
Nota: um contrato de trabalho é bilateral porque gera obrigações para ambas as partes, as
principais e outras 238º e ss
3 itens de regime jurídico associados aos contratos bilaterais
à se um contrato é bilateral tem 3 categorias de regime:
❀ Artigo 428º CC exceção do não cumprimento ➭ se uma das partes não cumpre, a outra
pode recusar o cumprimento enquanto a outra não cumprir, exceto se existirem prazos
para o referido cumprimento;
Qual é, no caso de incumprimento da obrigação (sentido amplo que pode envolver a mora ou
incumprimento definitivo) o primeiro e mais ténue comportamento que o trabalhador pode ter?
1º pode esperar (reação passiva); em termos de reação positiva recorremos a uma ação para
exigir o cumprimento com uma indemnização
Em regra, o trabalhador não faz isso porque tem de instaurar a ação, mas vai continuar
a trabalhar e pensa que lhe vão fazer a cama. Todavia, o legislador é muito atento ao que se
passa na realidade social, por isso já se fala da consagração da irrelevância da renúncia dos
créditos laborais (como ouvimos falar na conferência)
O legislador atento à realidade social, determinou que os prazos de prescrição só começam a contar
quando termina o contrato.
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Começa a contar, em regra, o prazo de 1 ano para se exigir os créditos vencidos durante a
relação jurídica contratual.
Mas...
A verdade é que, no caso de incumprimento das obrigações, podem ocorrer várias soluções para
o credor à se se verificarem os pressupostos delas todas, o credor pode optar pela que
entender.
Todavia, há uma vantagem para o trabalhador: a segurança social vai pagar o tempo em que
não trabalha, e depois vai ter direito de regresso perante a entidade empregadora.
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No nº2 está prevista a suspensão imediata ➭ nas situações em que o empregador diz desde
logo que não tem condições para pagar, declarando-o por escrito e aí o trabalhador suspende
imediatamente o contrato.
Atenção ➭ que o empregador está em mora pelo não pagamento de uma retribuição.
A solução final última é dada pelo nº3 e consiste em pôr fim ao contrato ➭ chama-se
resolução do contrato pelo trabalhador com justa causa:
❀ Com culpa ou sem culpa do empregador, se não for paga a retribuição, o trabalhador
pode resolver o contrato. Isto porque a falta de pagamento do empregador pode não
ser culposa, embora após alguns dias se presuma culposa.
Nota: isto tudo é a tutela da parte patrimonial a que o trabalhador tem direito.
Tem tudo que ver com a responsabilidade contratual e eventual responsabilidade civil.
Devemos ir à parte especial do Código Penal, e não vamos encontrar nada 2º passo
Depois vamos ao CT porque há tipificação penal dispersa, não é só no Código Penal. No CT vamos
ao livro da responsabilidade penal e contraordenacional ➭ 546º + 547º: nenhum deles tipifica
crime
3º passo
Artigo 324º CT ➭ refere-se à falta de pagamento pontual (basta 1 dia), é uma norma remissiva
não autónoma para o artigo 313º CT
O nº3 diz-nos que a violação do nº1 é punida com pena de prisão até 3 anos ➭ um
empregador que não pagar a retribuição, nos termos do 313º incorre num facto suscetível de
gerar responsabilidade criminal.
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❀ Não depende de queixa, por isso, não é nem particular nem semipúblico. Então é
público ➭ se a ACT toma conhecimento disto é obrigado a denunciar.
Há muitos problemas a este nível porque a ACT toma conhecimento de vários casos desta
natureza e não denuncia, o que é obrigatório.
Exemplo: 2 senhoras trabalham para mim, uma delas tem um estatuto mais elevado e é
importante. Eu apenas tenho 200.000€ e dou 100,000€ a essa funcionária e os restantes guardo
para mim. Acabei de cometer um crime por várias razões ➭ neste caso, por mais que as duas
senhoras aufiram valores distintos, teria de dividir o montante disponível de igual forma por
ambas.
Ou seja...
ç Tudo o que está no artigo 313º é crime, de denúncia obrigatória para as autoridades,
porque é um crime público.
A Presunção de Laboralidade
Tem essencialmente a ver com o trabalho nas plataformas digitais
É um instrumento jurídico utilizado pelo nosso legislador para combater os falsos recibos
verdes ➭ materialmente, temos muitas situações em que pressupõe todos os requisitos do
contrato de trabalho, mas que formalmente são regulados como contratos de prestação de
serviços.
O que tem de comum é que alguém beneficia da atividade de outrem, claro que na prestação
de serviços pode ser onerosa ou gratuitamente, enquanto no direito de trabalho tem de ser
necessariamente oneroso porque, aliás um dos elementos essenciais do contrato de trabalho é
a retribuição.
Estabelece 2 coisas:
1) a presunção de laboralidade;
2) no código de processo de trabalho estabelece uma ação própria especifica e especial só
para se discutir se uma determinada situação é ou não um contrato de trabalho ➭ ação
para o reconhecimento da existência de um contrato de trabalho
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E agora?
Há dois sítios onde ela pode ir: estado ou advogado ➭ devemos omitir isto na nossa vida prática
J porque no estado o serviço é gratuito, ao contrário do que acontece se recorrer ao advogado.
A título de curiosidade se for ao MP este vai mandá-la para a ACT, porque este não tem
competência. A ACT vai notificar o hospital e tentar averiguar da veracidade dos factos alegados.
Demonstrando-se a veracidade, o ACT vai notificar o hospital para regularizar a situação e
reconhecer o contrato de trabalho.
Não reconhecendo...
ç a ACT manda o processo para o MP que tem legitimidade ativa
para iniciar um processo em tribunal, onde irá ser condenada
a entidade empregadora a reconhecer o contrato de trabalho.
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Quase que existia aqui uma simulação em que o negócio dissimulado é um contrato de trabalho.
A prestação de uma atividade de forma autónoma, mas em condições características de um
contrato de trabalho consubstancia aqui uma espécie de simulação.
Atenção ERRO ➭ claro que a simulação pressupõe o acordo com intenção de enganar
terceiro, mas esquecendo a noção jurídica a ideia é a mesma.
O Estado também é defraudado com isto a nível dos tributos, IRS e contribuições para a
segurança social. Uma ação desta natureza pode desgraçar uma entidade empregadora ➭ a
partir do momento em que se prova que ela tem um Contrato de Trabalho a decisão do tribunal
vai tratar isto como um contrato de trabalho desde o primeiro dia, isto é, a partir do primeiro
dia em que ela iniciou a prestação da sua atividade.
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❀ Primeiro há questões patrimoniais: o tribunal vai apurar a retribuição que lhe pagaram
desde o 1 mês e vai apurar, antes disso, qual é a convenção coletiva de trabalho que se
aplica.
As Convenções Coletivas de Trabalho são nos termos do artigo 2º acordos feitos entre as
associações sindicais e os empregadores ➭ ou seja, elas eram rececionistas no hospital e há uma
convenção para este setor.
Essa senhora era rececionista há 5 anos, se tiver escalonado em função da antiguidade vamos
supor que, no primeiro ano tinha de ganhar 800€, depois no segundo ano 900€ e no terceiro
ano 1000€ e por aí fora.
Se sempre lhe pagaram 700€, o tribunal vai condenar a empresa a pagar a diferença entre o
que lhe pagavam e o que estabelece a convenção coletiva
Ou seja...
❀ Se nunca lhe pagaram subsídio de Natal e férias, a entidade patronal vai ainda ser
condenada a 5 anos de subsídios.
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Registavam as entradas e saídas dela e ela ainda estava lá de sexta a sábado e trabalhava
mais de 40h por semana, e às vezes até ao domingo devido a serviços de fisioterapia ➭ a
entidade empregadora (burra) tinha tudo isto registado.
Além de todas as contraordenações sociais, temos aqui um despedimento sem justa causa
e, como tal, terá direito a uma indemnização e ainda a todos os salários de todos os meses +
subsídios de férias.
Atenção ➭ Tudo isto é tributado, por isso ainda recai sobre a entidade empregadora o
pagamento dos impostos.
Nota: A entidade empregadora também não declarou os rendimentos, até hoje o estado não
quis saber, portanto, já prescreveu.
Alteração Legislativa
O artigo 12º do Código do Trabalho incluiu o trabalho das plataformas digitais, que
também beneficiam da presunção de laboralidade.
Subjetiva Objetiva
(despedimento disciplinar) (livre iniciativa económico-privada)
x
Permite que o empregador por razões
de mercado, concorrência e de
inovação tecnológica da empresa
possa despedir trabalhadores
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Exemplo: Trabalhamos todos para o professor que tem uma fábrica de maquinaria
pesada a lenha. Os trabalhadores do lado 1 encarregam-se da máquina X, enquanto os do lado
2 são especialistas na máquina Y.
O professor quer modernizar e instalar uma nova máquina em que só é necessária uma pessoa
para pressionar um botão, já não sendo precisos os trabalhadores do lado 1.
Problema: caso não lhe fosse possível despedir estes trabalhadores, corria o risco de não ser
competitivo no mercado e, ainda, de colocar em causa todos os trabalhadores do lado 2.
A regra diz-nos que o empregador não pode cessar o contrato unilateralmente sem justa causa
➭ artigo 338º CT
Todavia . . .
❀ Esta regra, não pode obstar a que o empregador modernize a sua empresa e, tal como
em qualquer lugar do mundo, em Portugal modernizar é sinal de dispensar pessoas.
Instalando-se a máquina nova, os postos de trabalho do lado 1 vão-se extinguir
Dependendo do nº de trabalhadores eu posso utilizar a figura do despedimento coletivo ou então o
despedimento por extinção do posto de trabalho.
Muitas das opções legislativas são no mundo laboral um combate aos habilidosos
(advogados / juristas) que criam sempre maneira de dar a volta à lei.
Agora vai contratar a empresa X para vir tratar dos serviços de limpeza, sob a égide de um
contrato de prestação de serviços ➭ livrou-se dos encargos laborais que são pesadíssimos e
contrata em outsourcing uma empresa.
Ainda...
O contrato de trabalho é intuitu personae e o trabalhador tem de ser uma pessoa singular, não
podendo ser uma pessoa coletiva.
Exemplo: a trabalhadora uma sociedade comercial unipessoal por quotas e agora faz um
contrato de prestação de serviços para fazer o que estava na empresa já a fazer. Nunca é possível
ser um contrato de trabalho, porque agora já não é a pessoa singular, mas sim a pessoa
coletiva.
Acontece principalmente nos trabalhos que podem ser feitos em teletrabalho ➭ manda-se
embora constitui uma sociedade, mas no fundo está tudo igual porque a única diferença é que
não é a pessoa singular, mas sim a unipessoal Lda.
Exemplo: se eu contrato alguém por 1 mês, não se trata de um contrato temporário, mas sim
de um contrato a termo, por 1 mês.
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Celebrar contratos a termo resolutivo ou de duração determinada só será possível nas situações
excecionais do artigo 139º e seguintes CT, nomeadamente nos termos do 140º e 141º tem de
haver justificação, motivação, tem de ser uma necessidade temporária da empresa, tem de
ser reduzido a escrito.
Quando se redige este contrato a escrito, tem de existir um conjunto de menções obrigatórias
sob pena de o contrato não valer como contrato a termo, mas sim de duração indeterminada.
Outra realidade que existe no nosso código é o trabalho dito temporário que tem que ver
com uma relação de que ouvimos muito na conferência (14/02/2023) ➭ é uma situação que
envolve uma realidade tripartida, isto é, envolve 3 pessoas:
1. Empresa de trabalho temporário;
2. Uma qualquer pessoa jurídica empresarial (ou não) que pretenda contratar alguém;
3. E ainda, um trabalhador (ou vários).
São empresas que têm trabalhadores e depois vendem mão de obra a terceiros.
Eu tenho uma empresa de restauração, vou ter um serviço de 1 mês numa escola. Em vez
de contratar eu, faço um contrato de prestação de serviços com esta empresa em que lhe pago
um preço para ela me ceder a mão de obra durante um mês.
Atenção ➭ Indiretamente tudo isto é trabalho precário.
Alteração Legislativa:
O nosso legislador quer cada vez mais evitar contratos de trabalho
precários / temporários e, para isso, a última alteração legislativa
restringiu imenso a possibilidade de celebrar contratos de trabalho a prazo
O professor tem vários contratos nestes termos, por uma ideia de custo benefício ➭
se 2 ou 3 pessoas reclamarem, o resto será tudo lucro.
mas atenção: Cada vez mais as pessoas sabem que basta ir ao ACT e ao MP e é tudo
gratuito. Significa que a informação chaga muito mais depressa e com muita mais facilidade aos
seus destinatários.
O combate da precariedade passa também por combater tudo o que forem contratos de trabalho de duração
determinada, às vezes mesmo que seja necessário
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O Dever de Informação
Tensão dialética face ao artigo 18º CRP ➭ no âmbito da cessação do contrato de trabalho não
há igualdade de armas entre o empregador e o trabalhador porque, em qualquer momento o
trabalhador pode unilateralmente, sem justa causa, fazer cessar o contrato de trabalho ➭
através da denúncia do contrato
O trabalhador, para fazer cessar o contrato de trabalho apenas tem de cumprir o pré-aviso
legalmente exigido.
Nota: mesmo que não o faça não vem mal nenhum ao mundo, perde é os direitos salariais.
Maquiavelicamente, uma denúncia sem pré-aviso até pode ser uma denuncia comprada.
Como se compra uma denuncia sem pré-aviso?
Æ Uma senhora trabalha para mim e sem ela eu não consigo completar uma encomenda.
A concorrência dá-lhe 10.000€ para ela denunciar o contrato e ela vai-se embora.
Chama-se a isto de eficácia externa das obrigações.
O empregador não pode cessar o contrato unilateralmente porque lhe apetece sem justa
causa ➭ artigo 338º CT
Claro está que há um momento em que se colmata esta radicalidade ➭ tudo isto é muito radical
para um empregador. Ora, não poder despedir sem justa causa porque, por exemplo, o
trabalhador entra na organização produtiva e não tem aptidão para a função.
Há, todavia, alterações legislativas para restringir isto à há aliás, situações que a lei extingue o
período experimental.
1. O período experimental é reduzido para jovens que já tenham tido contratos a termo
na mesma atividade, mesmo que com outro empregador;
2. Se eu contrato uma pessoa, jovem ou não, ela está comigo 7 meses e vai embora. Depois
preciso dela de novo para as mesmas funções ➭ aí já não vai ter direito a período
experimental.
O período experimental, previsto no artigo 111º CT, serve para aferir o interesse na
manutenção das partes do contrato
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Æ Ora, se eu já aferi do interesse da minha pessoa naquela pessoa trabalhadora, já não faz
sentido existir período experimental.
Ora, eu contrato uma menina por 10 meses, passado 10 meses caduca o contrato de
trabalho. A lei diz que caduca, no entanto eu tenho de lhe pagar uma compensação.
Eu vou ter de lhe pagar para ela ir embora licitamente, assim como tenho de lhe pagar, se ela
casar, 15 dias de faltas justificadas.
Atenção: não é indemnização porque não fiz anda de mal. Trata-se de compensação
Significa que tenho de lhe pagar uma quantia pecuniária ➭ aquilo que se pretende agora é
duplicar o valor dessa quantia.
Critica do professor:
Esta medida visa que, mesmo que eu tenha razões para contratar a termo, vá pensar duas vezes
à assim se tenta combater os contratos a termo
Eu até poderia ponderar contratá-la durante um X tempo, aliviando o fundo de desemprego,
mas agora pagando o dobro já não sei se o faria ➭ com esta medida, ainda que se combata o
recurso aos contratos a termo, também se promove o aumento do desemprego.
Caso prático 1
Suponha que numa convenção coletiva de trabalho foram estabelecidas as seguintes cláusulas:
1. Consideram-se justificadas as faltas dadas durante 20 dias seguidos por altura do
casamento;
2. Os contratos de trabalho a termo resolutivo certo podem ter uma duração máxima até
3 anos;
3. Ficam as entidades empregadoras signatárias da convenção coletiva autorizadas a
proceder ao pagamento das quotizações dos trabalhadores filiados à associação
sindical.
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® Fontes internas:
• CRP;
• Leis;
• Portarias;
• Relevância da CRP e lei laboral onde temos o CT e CPT temos inclusive uma jurisdição
especifica para dirimir as questões laborais);
® Internacionais – são as mesmas de qualquer ramo do direito:
• É importante o DT onde temos uma organização só para o direito do trabalho que é a
OIT que produzem tratados internacionais que depois vinculam o estado português.
Começa desde logo no artigo 1º CT ➭ fontes de regulação do direito do trabalho não são fontes
de direito porque o contrato individual de trabalho não é uma fonte de direito.
Dimensão coletiva ➭ do ponto de vista voluntário é aquela que se projeta nas relações que se
estabelecem entra as associações sindicais (representam os trabalhadores) ➭ uma associação
sindical é uma pessoa jurídica coletiva, tem personalidade jurídica.
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No acordo coletivo ➭ não vão negociar com uma associação de empregadores vão agora
negociar com alguns empregadores.
A nossa associação sindical X que reúne vários empregadores que criaram uma associação
coletiva para os representar negoceia com a associação sindical dos trabalhadores de limpeza
que são a Stadia e a Fecet.
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Mas quando prestávamos serviços de limpeza à TAP não nos regíamos por essa convenção
coletiva porque prestar serviços na TAP é de tal forma uma situação tão especifica que envolve
exigências especificas que o contrato coletivo que tínhamos para a generalidade das situações
não servia, então...
Qual destas três convenções está mais próxima dos interesses dos trabalhadores?
ç Acordo de empresa (alínea c) porque está a ser pensado para aquela entidade
empregadora.
Em regra, quando se pretende negociar isoladamente, a mazela é muito maior. Não é por acaso
que os acordos de empresa só acontecem em áreas de atividade em que se fizer greve a mossa
é grande.
O que acontece se não ajustam o salário de acordo com a convenção coletiva de trabalho? ➭
incumprimento
Se quiser ser diretor só se pode negociar acima do salário mínimo que está associado àquela
categoria profissional se forem 3.000€ são 3.000€ ➭ é o salário mínimo coletivamente
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convencionado e prevalece sob o salário mínimo nacional porque é uma norma imperativa de
limite mínimo.
Na lei em lado algum se refere o subsídio de alimentação como imperativo legal, sendo este
criado pelas convenções coletivas de trabalho.
® O valor mínimo do subsídio de alimentação é criado pelas convenções coletivas de
trabalho é por isso que, há setores de atividade totalmente idênticos com convenções
diferentes, com subsídios de refeição mínimos e salários mínimos diferentes, é o que foi
contratado.
O trabalhador tem direito às diuturnidades
Vemos no CT coisas que se chamam diuturnidades
se for despedido sem justa causa
As diuturnidades são uma criação das convenções coletivas
de trabalho, o trabalhador pode ter ou pode não ter.
Vamos ter também a par de todas as outras fontes de regulação, vamos ter as convenções
coletivas de trabalho.
Temos de consultar o contrato individual de trabalho para ver se se refere às férias, por exemplo
24 dias úteis ➭ tenho de ver a convenção coletiva de trabalho que se aplica ao setor comercial
dele e ver se nessa convenção diz algo sobre as férias, pode dizer por exemplo 25 dias úteis.
A única certeza é que a lei diz 22 dias úteis, é uma norma imperativa de limite mínimo, por isso,
é necessário ver o contrato individual de trabalho e ver qual a convenção coletiva de trabalho
aplicável ao setor.
Se disser mais serão mais dias, o número superior é o que se aplica, se o contrato de trabalho
disser mais do que diz a lei mas disser menos o que diz a convenção coletiva de trabalho, o que
está no contrato de trabalho não vale, vale sempre o número superior de férias.
A lei diz que eu posso faltar justificadamente durante X dias por altura do casamento, e
sem perda de retribuição, ou seja, o empregador tem de me pagar ➭ isto está no artigo
249º/2/a ➭ 15 dias seguidos
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Rute Magalhães, Érica Pereira, Inês Lima, Gabriela Pinto
Sempre que temos várias fontes de regulação a concorrer para dirimir, isto é, para resolver uma
questão, significa que podemos ter aqui um potencial conflito, ou seja, estas fontes de regulação
podem ditar soluções distintas.
® O que importa é que haja um concurso de fontes de regulação e se há um concurso de
fontes de regulação para dirimir uma questão e se dizem todas a mesma coisa tudo bem,
mas se têm soluções distintas necessariamente vamos ter de hierarquizar e determinar
qual prevalece.
Nota: o nosso legislador tem pelo menos um artigo específico para em geral resolver este
problema onde ele hierarquiza as fontes ➭ artigo 3º.
o Se para resolver uma determinada questão concorrer a lei laboral, o contrato individual de
trabalho e uma convenção coletiva de trabalho, se não se conseguir resolver a questão
recorremos ao artigo 3º (disposições gerais).
Temos uma questão laboral para dirimir ➭ a convenção coletiva de trabalho diz que são
consideradas faltas justificadas as dadas por 20 dias na altura do casamento, mas a lei diz 15
dias.
Estamos no regime das faltas, vamos tentar resolver o problema no regime das faltas para ver
qual se aplica.
Se não for possível resolver o problema recorremos ao artigo 3º, temos no fundo de ver se a
norma do 249º/2/a é imperativa, se é supletiva, se é imperativa de limite mínimo, máximo, se é
imperativa absoluta, se é de limite mínimo pode aumentar, se é de limite máximo pode diminuir.
Quid iuris?
São 15 ou 20 dias?
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Artigo 249º/2/d ➭ “facto não imputável nomeadamente” – pode ser muita coisa: conceito
jurídico indeterminado.
Artigo 250º
(imperatividade do regime das faltas)
As disposições relativas aos motivos justificativos de faltas e à sua duração não podem ser
afastadas por instrumento de regulamentação coletiva de trabalho, salvo em relação a situação
prevista na alínea g) do n.º 2 do artigo anterior e desde que em sentido mais favorável ao
trabalhador, ou por contrato de trabalho.
Se eu falto injustificadamente o empregador não tem de me pagar. Os dias de falta não contam
para efeitos de antiguidade.
E se eu faltar justificadamente, posso perder a retribuição?
O nosso legislador nas faltas entendeu firmar uma posição perentória quanto à natureza
jurídica das normas laborais do CT sobre as faltas – artigo 250º
Ou seja...
ç Imperatividade absoluta das normas relativas aos motivos das faltas e à duração das faltas
➭ não são normas de limite mínimo nem de limite máximo, é aquilo e nada mais.
Quanto aos próprios motivos: por exemplo, uma falta que aparece muito como
justificada às vezes nos próprios regulamentos internos das empresas e nos próprios contratos
individuais é ➭ direito a faltar no dia do aniversário (justificadamente)
26
Rute Magalhães, Érica Pereira, Inês Lima, Gabriela Pinto
A lei diz expressamente que não tem de pagar, porque uma das faltas justificadas é a alínea j) ➭
ou seja, se eu quiser ir ver o porto e for autorizada a ir, o empregador se quiser autorizar vai
pensar duas vezes mas, se fosse uma falta justificada teria de pagar.
Ora...
Para permitir ao empregador autorizar, atento ao motivo do trabalhador (que não é nenhum
dos motivos que está no artigo porque os que lá estão são direitos potestativos do trabalhador)
este só tem de comunicar com uma antecedência X e se o empregador pedir a justificação
entregar a justificação.
o Pode ocorrer uma coisa mais importante na vida do trabalhador mas não ser nenhum dos
motivos que justifica a falta e se o empregador for sensível a isso, pode autorizar mas se
fosse uma falta justificada com retribuição ia penar duas vezes.
Assim, qualquer falta autorizada pelo empregador está justificada, mas pode determinar a
perda de retribuição ➭ não está obrigado a pagar
Esta cláusula que está na convenção a aumentar o número de dias que o trabalhador tem
devido ao casamento é nula por violação de norma jurídica imperativa.
A partir daqui começam as diferenças, desde logo no que diz respeito à contrapartida:
27
Rute Magalhães, Érica Pereira, Inês Lima, Gabriela Pinto
que é tratada como prestação de serviços, mas não o é, apenas é tratada assim formalmente,
porque materialmente é um contrato de trabalho.
Estamos a analisar uma determinada realidade, em que alguém presta uma atividade em favor
de outrem. E essa realidade está a ser tratada como um contrato de prestação de serviços, e
alguém vem suscitar essa realidade.
Mas só verificados pelo menos 2 factos, que são conhecidos dessa realidade
material.
® E daí a verificarem-se pelo menos 2 factos conhecidos das alíneas do artigo 12º CT, o nosso
legislador presume que é um contrato de trabalho, e não um contrato de prestação de serviços.
1 - Presume-se a existência de contrato de trabalho quando, na relação entre a pessoa que presta uma
atividade e outra ou outras que dela beneficiam, se verifiquem algumas das seguintes características:
a) A atividade seja realizada em local pertencente ao seu beneficiário ou por ele determinado;
b) Os equipamentos e instrumentos de trabalho utilizados pertençam ao beneficiário da atividade;
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Rute Magalhães, Érica Pereira, Inês Lima, Gabriela Pinto
O nosso legislador desconfia de tudo aquilo que é a contratação individual, aquilo que é a
relação entre empregador e trabalhador, e tudo aquilo que seja negociado. E
por isso, tem regras como as do artigo 3º/nº4 CT ➭ e assim quarta/limita a liberdade individual.
E assim presume sem ser no sentido técnico jurídico, que na execução do contrato de
trabalho, sempre estará o trabalhador numa situação de limitação da sua tomada de
decisões.
Desde logo sendo prestações periódicas, as renumerações prescreviam ao fim de 5 anos ➭ isto
não é compatível. Por não ser compatível, o nosso legislador tem uma norma especial para
prescrição que é a do artigo 337º/n°1 CT.
29
Rute Magalhães, Érica Pereira, Inês Lima, Gabriela Pinto
Porém existem prazos especiais previstos no CT, como p.ex. a impugnação do despedimento
coletivo, despedimento por facto imputável ao trabalhador.
Então fazia-se aldrabices como p.ex. “terminou o contrato de trabalho, pago-lhe o mínimo
de 1000€ líquidos, como compensação e estão incluídos todos os créditos, e o trabalhador aceita
e vai á sua vida”.
Mais tarde começa a fazer contas, e chega á conclusão que só de créditos, mesmo que tivesse
sido despedido por justa causa, deveria ter recebido muito mais.
Porem...
O trabalhador já tinha renunciado ao aceitar o dinheiro, pois considerou que a quantia que o empregador
lhe deu era suficiente.
A alteração do n°3 do artigo 337º, veio estabelecer que, durante este período continua a ser
irrenunciável, exceto se em qualquer acordo se diga, ou se tenha expressões do género ➭
“considera-se na quantia paga tudo integrado”.
A expressão “transação judicial” ➭ vai levantar problemas, porque já há processos que não são
propriamente judiciais, e sim processos meramente administrativos.
A expressão legislativa disto é ➭ “nenhum diploma legal laboral, seja ele qual for, pode ser
projetado para o nosso ordenamento jurídico, sem previamente ser objeto de consulta e de
negociação”.
Tem de ser objeto de consulta fundamentalmente, para se pronunciarem
os parceiros de concertação, que são as associações sindicais e as
associações de empregadores, sob pena de inconstitucionalidade ou
ilegalidade.
30
Rute Magalhães, Érica Pereira, Inês Lima, Gabriela Pinto
❀ Conjugando o artigo 56º/nº2/a) com os artigos 469º ss CT ➭ qualquer que seja o projeto, não
pode produzir os seus efeitos sem a intervenção prévia das associações sindicais e das
associações empregadoras.
Isto porquê?
® Ao ser um direito pluralmente pactuado, o desidrato é obter o máximo de consenso
possível ➭ é um direito consensualmente pactuado.
O objetivo é obter o máximo de consensos para conseguir aquilo que é o desidrato final das
relações laborais, que é a paz social, coisa que não temos atualmente, e por isso está tudo em
greve.
As associações sindicais têm o mecanismo de atuação de luta que é a greve ➭ que é um direito
dos trabalhadores e não dos sindicatos. É um direito do trabalhador, que só pode ser exercido
coletivamente ➭ direito coletivo fundamental.
Quem tem o poder de declarar a greve,
embora seja um direito individual do
trabalhador exercido coletivamente, são as
associações sindicais.
É a associação sindical que tem de iniciar
o procedimento para a greve.
Claro está que, depois no exercício propriamente decretado à greve,
aí é de exercício, mas a decisão é individual (só faço greve se quiser) ➭
se o fizer é uma falta justificada com perda de retribuição.
31
Gabriela Pinto, Rute Magalhães, Érica Pereira, Inês Lima
Direito do
Trabalho 3º ano, 2º semestre
Caros colegas, por forma auxiliar o vosso estudo, reunimos os apontamentos que fomos
recolhendo ao longo das aulas desta Unidade Curricular.
1
Gabriela Pinto, Rute Magalhães, Érica Pereira, Inês Lima
Direito do Trabalho
Prof. Mário Roriz
Se o que for estabelecido na lei, no CT e nas CVCT for diferente, temos de hierarquizar as
fontes de regulação ➭ temos de saber qual se aplica.
Como a matriz é a lei, vamos ter várias opções, pois esta pode ser:
ç Imperativa absoluta ➭ não deixa qualquer margem de negociação a nenhuma das
partes, quer individual (trabalhador/empregador), quer coletivo.
ç Imperativa relativa de limite mínimo ou de limite máximo;
ç Imperativa supletiva ➭ a lei só se aplica se nada for dito.
® Às vezes a lei até autoriza, estabelecer diferente do que aquilo que está na lei laboral ao
contrato individual de trabalho, o que não autoriza às CVCT (isto é raro mas acontece).
2
Gabriela Pinto, Rute Magalhães, Érica Pereira, Inês Lima
Ouvem-se grandes erros na TV: Para fazer greve enquanto professor, não tenho de estar
filiado numa associação sindical. O direito à greve é um direito pessoal, ainda que tenha de ser
exercido coletivamente, pois tem de ser uma associação sindical a decretar a greve.
A lei não prevê nenhuma forma de comunicação para informar que se está a fazer greve, mas
depois há a jurisprudência das cautelas e o que não deixa rastos não se prova, por isso é melhor
deixar rasto.
® Eu filio-me numa associação sindical e depois tenho de pagar uma quota. Aliás, em princípio,
fazendo parte de qualquer associação, temos de garantir uma quota.
Se o pagamento não for realizado constitui crime de retenção ➭ 459º CT, e a segurança
de receberem a tempo e horas é muito melhor do que esperar que o trabalhador pague.
Quid Iuris?
3
Gabriela Pinto, Rute Magalhães, Érica Pereira, Inês Lima
ç Parte geral;
ç Direito individual;
ç Direito coletivo;
ç Crimes e contraordenações
Neste caso estamos no direito coletivo ➭ e vamos diretamente para a parte do código referente
ao direito coletivo, e nestes estamos nas associações sindicais ➭ temos uma subsecção da
quotização sindical.
Esta norma é inócua ➭ nem é válida nem inválida, pois neste artigo existe cumulativamente
autorização do trabalhador, ou seja, eu tenho de lhe pedir concomitantemente que quando
começou a trabalhar para mim, e me disse que era filiada numa associação X, uma autorização
para eu cumprir isto.
Emito uma declaração “autorizo que proceda
conforme a CVCT” aí sim, até indicação em contrário.
Esta cláusula é um bocado inócua, porque o empregador não pode reter sem pedir autorização
ao trabalhador. Se o trabalhador diz que não, faz o que entender.
4
Gabriela Pinto, Rute Magalhães, Érica Pereira, Inês Lima
Enquanto jurista a primeira abordagem que se faz perante este artigo é ler o nº1, nº2 e nº3. Nesta
primeira abordagem o que está nas alíneas não interessa, o que é relevante é conhecer
estruturalmente qual é o raciocínio interpretativo que tenho de fazer.
Exemplo: o prof faltou 1h na sexta-feira. Se a falta se enquadrar numas das alíneas do nº2, a falta
é justificada, se não se enquadrar, não o é.
Esta é a estrutura normativa do artigo a contrario
sensu.
à Esta cláusula é mais favorável para os trabalhadores, e foi negociada pelos empregadores.
Temos de saber se esta cláusula é valida ou invalida.
Esta norma é imperativa absoluta ➭ não há espaço para negociação. A preocupação do nosso
legislador é projetar a dignidade da pessoa humana não só na dimensão laboral, como no
familiar. E obstar a que uma ausência no trabalho complique uma eventual intenção de casar.
Por isso dá-se a possibilidade de faltar potestativamente (o empregador não pode fazer nada),
justificadamente e sem perda de retribuição (pode faltar justificadamente os 15 dias e o
empregador tem de lhe pagar a retribuição relativamente a esses dias).
O artigo 250º ➭ diz expressamente que as faltas justificadas quanto ao motivo e quanto à
duração, são imperativas absolutas, ou seja, nem por acordo entre o trabalhador e o
empregador podem ser derrogadas.
Os contratos a termo resolutivo, são contratos de duração determinada, e por isso só podem
ser celebrados excecionalmente dentro do regime dos artigos 139º e ss CT.
Não se vê isto em mais lado nenhum, a não ser no casamento, que tem
condicionantes tao pesadas às cláusulas acessórias (só no casamento por causa da
aceitação incondicional do regime do casamento).
5
Gabriela Pinto, Rute Magalhães, Érica Pereira, Inês Lima
Um contrato a termo resolutivo é um contrato que produz os seus efeitos e estes cessam
pela verificação de um acontecimento futuro e certo.
Um contrato a termo com uma cláusula destas tem a ver com a duração do limite máximo do
contrato a termo resolutivo certo à estamos no domínio da limitação máxima de um
contrato.
Exemplo: A Inês trabalha para mim e vai-se ausentar durante 4 anos, por um motivo temporário.
Quero contratar outra para a substituir, não posso (embora tenha motivo temporário) pois ainda
tenho um limite máximo que é 3 (é o que diz a CVCT).
Artigo 148.º
Duração de contrato de trabalho a termo
1 - A duração do contrato de trabalho a termo certo não pode ser superior a dois anos.
Isto é o diz na lei, mas na CVCT diz 3 anos. E agora, o que prevalece?
Estamos no regime dos contratos de trabalho a termo resolutivo (estamos a ver se a convenção
pode afastar a lei) e temos duas hipóteses:
à Vamos ver que tipo de norma imperativa será o nº1 do artigo 148º.
Æ Argumento ➭ é mais favorável para empregador 3 anos, mas pode ser mais favorável para
o trabalhador ou não.
Aqui não conseguimos resolver, e assim vamos tentar ver se há solução logo no início do regime.
6
Gabriela Pinto, Rute Magalhães, Érica Pereira, Inês Lima
Artigo 139.º
Regime do termo resolutivo
O regime do contrato de trabalho a termo resolutivo, constante da presente subsecção,
não pode ser afastado por instrumento de regulamentação coletiva de trabalho, com
exceção do n.º 2 do artigo seguinte e do artigo 145.º
Daqui decorre que o artigo 148º é norma imperativa absoluta, e não pode ser afastada nem
pela vontade do empregador, nem do trabalhador e nem pela contratação coletiva.
Esta cláusula é nula por violação de norma legal de caráter imperativo à 294º
7
Gabriela Pinto, Rute Magalhães, Érica Pereira, Inês Lima
No quadro da cessação do CT, se o nosso legislador estabelece a proibição de despedimento
sem justa causa (subjetiva ou objetiva) ➭ se um empregador não pode por decisão unilateral
fazer cessar o contrato de trabalho porque lhe apetece (a não ser que o contrato seja a termo,
mas aí caduca).
Ao invés, o trabalhador além de poder resolver o contrato com justa causa, tem outra
possibilidade que o empregador não tem ➭ pode em qualquer altura denunciar o contrato.
Esta violência, segundo a qual um empregador assume um trabalhador sem o poder despedir ➭
o legislador atenua isto através da fixação no início da execução do contrato, do período
experimental
É um período que corresponde ao início da execução do contrato de trabalho.
Nesse período tem o desidrato / por objetivo as partes aferirem (111º nº1) do
interesse na manutenção do contrato de trabalho. Pode o trabalhador ter um
currículo brilhante, mas não se adaptar.
Mais para o empregador, tem que ver com 114º CT ➭ durante o período experimental, qualquer
das partes pode denunciar o contrato sem pré-aviso, sem justa causa, sem pagar qualquer
indemnização.
Há algumas situações em que é preciso , mas o contrato cessa na
mesma e paga-se apenas a remuneração relativa ao período de pré-aviso em
falta.
Visa este período experimental salvaguardar o empregador (que não pode despedir
sem justa causa) então dá-se a oportunidade de ambas as partes, logo no início da
execução do contrato, aferirem do interesse na manutenção do contrato.
Muitas vezes usam-no para cessar o contrato de trabalho por motivos que não tem nada a
ver com a manutenção do contrato de trabalho.
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Gabriela Pinto, Rute Magalhães, Érica Pereira, Inês Lima
Exemplo: Tenho de contratar o filho do meu amigo, despeço uma pessoa em PE. Descubro
que a minha empregada está grávida, mas ainda não comunicou nada, está em PE e mando-a
embora.
Descobri que o meu trabalhador em PE, assinou a adesão à lista de um partido político
que não é o meu e mando o embora.
No PE qualquer das partes (em regra estamos a olhar para empregador porque o trabalhador
pode fazê-lo mais a frente) pode aferir do interesse objetivo na manutenção.
É um direito subjetivo, mas tem um objetivo ➭ se não for no âmbito desse objetivo,
temos abuso de direito e é um despedimento sem justa causa.
Temos várias regras e situações, mas genericamente no artigo 112º CT e para já só nos interessa
os nº1 e nº2, o nosso legislador divide em 2 grupos:
❀ Contratos a termo (que o legislador não quer porque é trabalho precário) à nos
contratos a termo depende da duração:
A convenção coletiva de trabalho, tem um prazo muito mais curto do que aquele que resulta
da lei ➭ temos 2 fontes que concorrem.
Temos de ver qual prevalece e para isso temos de determinar a
natureza jurídica da norma do CT.
Ora, no artigo 112º/nº5 ➭ a duração do período experimental pode ser reduzida por instrumento
de regulamentação coletiva de trabalho ou por acordo escrito entre partes.
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Gabriela Pinto, Rute Magalhães, Érica Pereira, Inês Lima
A duração do período experimental pode ser diminuída ➭ reduzir no fim de contas vai beneficiar
o trabalhador, porque este com ou sem PE, tem sempre oportunidade de denunciar o contrato,
a única questão é ter ou não pré-aviso. O empregador não poderá fazê-lo.
© O nº5 aponta inequivocamente que os períodos fixados neste artigo podem ser reduzidos,
quer pela CVCT quer pelo contrato individual de trabalho. Esta cláusula na CVCT é
perfeitamente válida.
Temos duas ou três questões que costumam sair nos testes, uma delas prende-se com o artigo
100º CT:
O QUÊ QUE O ARTIGO 100º CT DISCIPLINA?
O artigo 100º CT estabelece uma classificação das empresas para efeitos da aplicação ou
desaplicação, das normas do direito do trabalho.
Aplicação ou desaplicação do direito do trabalho, em função da classificação de empresas que
está intrínseca ao artigo 100º CT.
Classificação essa que ao invés daquilo que é o comum,
é feita em função do número de trabalhadores, e não
da espessam económica da empresa.
Þ Para efeitos de aplicação de coimas, o critério já é um critério económico (artigo 564º CT).
Vamos chamar à colação artigos do código do trabalho onde vamos perceber a aplicação ou
desaplicação do direito do trabalho, em função da classificação das empresas...
Exemplo: o caso de despedimento por facto imputável ao trabalhador, isto é, o tal despedimento
disciplinar
O legislador tem várias sanções disciplinares (artigo 328º CT), sendo que a mais radical é aquela que
faz cessar o contrato de trabalho que é o despedimento sem pagamento de qualquer
indemnização. 10
Gabriela Pinto, Rute Magalhães, Érica Pereira, Inês Lima
Esta sanção por ser tão radical e por colocar em causa a segurança no emprego, o nosso
legislador tem uma parte especifica só para o processo de despedimento por facto imputável ao
trabalhador, com muitas exigências, mormente de cariz formal
Ademais, começa com o artigo 351º CT, onde temos todos os considerandos para apreciar se
um facto é ou não justa causa de despedimento.
Podia ser qualquer outra sanção, a menos grave a seguir ao despedimento como a perda
de dias de férias, ou suspensão do contrato de trabalho com perda de retribuição, mas já não
há nada a fazer porque despediu...
❀ Isto é o princípio da proporcionalidade (é uma infração que merece uma sanção mas
não o despedimento), que é um princípio transversal a todo o poder punitivo.
Temos este procedimento rigoroso, mas depois chegamos ao artigo 358º CT “procedimento em
caso de microempresa”
Aqui está a desaplicação do direito do trabalho ➭ não se aplica o procedimento tão rigoroso
que se aplica às pequenas/médias e grandes empresas, nas microempresas.
Se temos um despedimento, disciplinar ou não, com justa causa, qual é a consequência do
despedimento (promovido pela entidade empregadora)?
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Gabriela Pinto, Rute Magalhães, Érica Pereira, Inês Lima
Quando dermos o despedimento disciplinar, o despedimento coletivo, o despedimento por
extinção de postos de trabalho, o despedimento por inadaptação, que é tudo feito pelo
empregador.
No fundo, o empregador é que comanda tudo, tem é regras
substantivas, materiais e formais que tem de cumprir, e qualquer
falhanço, em princípio o despedimento é ilícito.
É o despedimento
❀ Subjetivo:
• O despedimento por justa causa.
• O despedimento disciplinar por facto imputável ao trabalhador.
❀ Objetivo:
• O despedimento coletivo.
• O despedimento por extinção dos postos de trabalho.
Nota: esta pergunta sai muito nos testes: considerando a classificação de empresas no artigo
100º CT, o direito de trabalho aplica-se ou não se aplica.
Se quiser impugnar tem de recorrer aos tribunais, e pode ganhar ou pode perder.
Para além disso, o empregador não pode fazer nada perante esta opção. A não ser uma exceção
que o nosso legislador abre no artigo 392º CT.
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Gabriela Pinto, Rute Magalhães, Érica Pereira, Inês Lima
O nosso legislador abre duas exceções neste artigo:
Exemplo: o trabalhador, numa microempresa, quer ser reintegrado, pode? ➭ Não pode, porque
o empregador tem o direito a opor-se. É claro que o empregador tem é que pagar mais, mas o
empregador pode se opor à consequência natural da ilicitude do despedimento.
Isto são exemplos de que, em função da natureza das empresas, da classificação que está no
artigo 100º CT, aplica-se ou não se aplica o direito do trabalho.
Há mais artigos, por exemplo, o artigo 217º/2, 228º, 241º, 317º CT: são alguns dos artigos em
que vemos que ➭ em função da natureza da empresa, em regra microempresas, o regime que
está previsto para as demais não se aplicam (ou aplica-se com, em regra, facilitando mais os
poderes do empregador).
A pergunta que saiu no teste era sobre a desconfiança do legislador face ao contrato individual
de trabalho, no fundo, face a qualquer tipo de relacionamento contratual entre o empregador
e no trabalhador.
Nesse desidrato, o nosso legislador resolveu consagrar em muitas situações aquilo que já resulta
do regime geral dos contratos em que há uma disparidade na capacidade ou nas condições
negociais das partes...
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Gabriela Pinto, Rute Magalhães, Érica Pereira, Inês Lima
Exemplo: no direito de consumo, que é a possibilidade de feito um ato jurídico puder dar o dito
por não dito, arrepender-se daquilo que fez, arrepender-se do ato jurídico que fez (unilateral ou
bilateral) e, no fundo, dar o dito por não dito, e repor a situação anterior àquela que existia ao
ato jurídico que praticou.
Em determinadas
Em determinadas matérias
matérias emestá
em que queem
está em causa
causa a segurança
a segurança no emprego,
no emprego, o
o legislador
legislador
o que oé que
que éfaz?
que faz?
Nas matérias mais importantes, que mexem com a estabilidade de emprego, como a cessação
de contrato de trabalho, contratos de trabalho a termo resolutivo, faltas que podem determinar
despedimentos, o nosso legislador no terceiro artigo estabelece a imperatividade do regime.
☆ O empregador não pode despedir sem justa causa, é logo o primeiro artigo “proibição do
despedimento sem justa causa”.
As causas de cessação do contrato de trabalho estão no artigo 340º CT, só são as que estão
tipificadas na lei.
Claro está que não são as que estão tipificadas neste artigo, mas
sim as que estão tipificadas na lei, porque há situações de
cessação do contrato de trabalho que não estão no artigo 340º
CT.
1) Morte;
2) Encerramento da empresa, em certas circunstâncias.
3) Caducidade dos contratos a termo, se forem bem celebrados caducam.
4) Revogação ➭ é a expressão do “pacto sunt servanda” (artigo 406º CC), isto é, os contratos
são para ser cumpridos pontualmente.
Onde é que entra aqui a revogação? ➭ O que surge por acordo, por acordo pode ser destruído,
em regra, ou modificado. Então, a revogação é a extinção por acordo.
14
Gabriela Pinto, Rute Magalhães, Érica Pereira, Inês Lima
5) Despedimento por facto imputável ao trabalhador, que é o tal despedimento disciplinar.
6) Despedimentos objetivos.
7) Formas da iniciativa do trabalhador, como a resolução por justa causa (p. ex. o empregador
não paga a retribuição).
8) A denúncia é o paradigma da desigualdade de armas entre o empregador e o trabalhador,
porquê?
Ao empregador está vedado despedir sem justa causa, o trabalhador
pode denunciar o contrato quando bem entender sem justa causa).
❀ No período experimental, há igualdade de armas porque qualquer uma das partes pode
denunciar o contrato de trabalho, sem justa causa, sem pagar indemnização (artigo 114º CT).
Exemplo: fazemos hoje um acordo de revogação, o trabalhador depois manda uma carta a dizer
que quer pôr fim ao contrato, dá o pré-aviso, ou manda uma carta a dizer que quer resolver
porque o empregador não lhe pagou as retribuições. Todas estas declarações e estes acordos
por parte do trabalhador, num determinado lapso de tempo, uma vez “praticados” pode dar o
dito por não dito.
Outra situação..
Justa causa de resolução ➭ o trabalhador pode resolver o contrato de trabalho também
alegando justa causa, sendo que a situação típica é o não pagamento da retribuição (manda uma
carta a dizer que resolve o contrato porque não foi paga a retribuição de X meses).
Imaginando que se arrepende, aplicamos a revogação da resolução, pode dar o dito pelo não
dito.
Quanto à denúncia
O trabalhador pode denunciar o contrato de trabalho sem invocar qualquer tipo de justa causa
(prerrogativa essa que não assiste ao empregador, a não ser o período experimental).
Se manda a carta a denunciar, temos a revogação da denúncia
Também pode dar o dito por não dito. Isto é que é o direito
ao arrependimento. É no fundo a tutela da parte mais fraca.
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Gabriela Pinto, Rute Magalhães, Érica Pereira, Inês Lima
Naquela apreciação que fizemos do direito do trabalho se aplicar ou se desaplicar em
função da categoria das empresas (pequena, média, grande, microempresa) ...
ç Há situações em que o legislador não se interessa com essa classificação, e tem uma
redação que não tem nada a ver com essa classificação, por exemplo, no artigo 127º/k) CT
que tem haver com o nº de trabalhadores.
Aqui nem é para as pequenas, nem para as médias, nem para as microempresas,
porquê?
Uma microempresa tem de ter esse código de boa conduta?
Imperatividade
© Faltas;
© Cessação de contrato de trabalho;
© Contratos a termo resolutivo;
© Férias (limite mínimo), mas há normas imperativas absolutas nomeadamente as faltas
cujo regime ab initio é imperativo nestas matérias.
Considerando os artigos 328º, 329º e 353º CT diga o que se lhe aprovem / o que entender
sobre este procedimento disciplinar.
Resolução:
❀ O QUE É A NOTA DE CULPA?
É a acusação
O artigo 353º CT diz o que é a nota de culpa: “no caso em que se verifique algum
comportamento suscetível de constituir justa causa de despedimento, o empregador
comunica, por escrito, ao trabalhador que o tenha praticado a intenção de proceder ao seu
despedimento, juntando nota de culpa com a descrição circunstanciada dos factos que lhe são
imputados”.
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Gabriela Pinto, Rute Magalhães, Érica Pereira, Inês Lima
A nota de culpa é a acusação, que deve conter a descrição pormenorizada (quando, quem,
onde, como) dos factos que a entidade empregadora imputa ao trabalhador
De tal forma que se não for uma descrição minimamente pormenorizada é NULA
Se disser/ se estiver escrito na nota de culpa que “O trabalhador insultou o
seu superior hierárquico com palavras ofensivas da sua honra e dignidade”.
Qual é a relevância?
v Nenhuma, porque tem de descrever as palavras que corporizam essa dita ofensa à
honra e dignidade do superior hierárquico.
Isso não é pormenorizado. Não é relevante. No nosso caso prático, como não temos informação
sobre se a nota de culpa foi enviada contendo todas as informações necessárias, devemos
assumir que não há aqui qualquer problema quanto a esse ponto.
O problema central do caso prático é saber se a ação disciplinar é tempestiva ou não, tendo em
consideração o artigo 329º/2 CT
❀ Portanto, essa infração ainda não prescreveu no momento em que se enviou a nota de
culpa.
Todavia, temos de nos perguntar se o superior hierárquico que teve conhecimento da infração,
era o que tinha competência disciplinar, uma vez que é o próprio artigo 329º/1 in fine do CT
que nos diz:
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Gabriela Pinto, Rute Magalhães, Érica Pereira, Inês Lima
No nosso caso prático temos a informação que a infração foi presenciada pelo superior
hierárquico no dia 1 de janeiro de 2022, mas não sabemos se ele tem ou não competência
disciplinar.
Nota: o superior hierárquico não é necessariamente o empregador, pode ser o diretor dos
recursos humanos a quem o empregador delegou o exercício do poder disciplinar.
Portanto, dentro do prazo de prescrição, a partir do momento que o superior hierárquico com
poder disciplinar tem conhecimento da infração, começam a contar os 60 dias
© Se o superior hierárquico não tem poder disciplinar, temos que ver em que momento a
entidade empregadora tomou conhecimento da infração.
As informações do caso prático são a data da infração e a data em que foi comunicada a nota de culpa.
Quando temos um prazo queremos saber como interrompemos o prazo. Os prazos podem ser
suspensos ou interrompidos
O prazo que foi interrompido volta a
contar-se novamente do zero.
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Gabriela Pinto, Rute Magalhães, Érica Pereira, Inês Lima
Muitas vezes nos contratos, utilizam a expressão “termo incerto”, como se fosse um
contrato de duração indeterminada, mas não tem nada haver!
O problema é que se esquecem sempre de por a meio uma palavra, qual é? ➭ Resolutivo
Seja o contrato resolutivo a termo incerto ou a termo certo, seja um ou outro, tem que ser
reduzido a escrito (artigo 141º CT).
A termo certo porque há lá uma data porque posso, p. ex. celebrar por 1 ano, 6 meses, 4
meses, etc.
MAS...
® SÓ POSSO CELEBRAR NO MÁXIMO ATÉ 2 ANOS;
No caso do termo incerto não há nenhuma data (é p. ex. pelo termo que durar a ausência do
trabalhador, pelo tempo que durar o acréscimo excecional da atividade da empresa, etc.)
Alínea d) ➭ “substituição de trabalhador a tempo completo que passe a prestar trabalho a tempo
parcial por período determinado”.
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Gabriela Pinto, Rute Magalhães, Érica Pereira, Inês Lima
Uma pessoa trabalha numa empresa a tempo completo, 8h por dia, 40h por semana, por
qualquer razão chega a acordo com o empregador em que, durante x lapso de tempo vai ter um
contrato a tempo parcial, ou seja, vai só trabalhar 4 h por dia, 20 h por semana.
O empregador fica ali sem trabalhador para as outras 4h por dia e 20h por semana.
❀ Ele pode precisar de colmatar a lacuna, ou não, ele é que sabe, mas se precisar pode recorrer
à contratação de uma trabalhador a termo.
Durante o lapso de tempo que isso durar, pode contratar um trabalhador a termo resolutivo?
É uma necessidade temporária da entidade empregadora?
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Exemplo: A contratou o C para substituir o D por 6 meses, está tudo direito no contrato: contrato
de trabalho a termo resolutivo certo.
Posso contratar um trabalhador por 3 anos para substituir outro? ➭ Não, porque o
máximo são dois anos.
Este contrato é um contrato de trabalho a termo certo, por isso, aplicamos o artigo 344° CT.
Uma lei que tem um ano para vigorar é preciso vir uma nova lei para revogá-la?
Os contratos a termo certo e incerto têm o correspetivo nas leis, as leis temporárias que podem
ser a:
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Quanto ao exemplo anterior: o contrato está a decorrer o seu tempo, o tempo da sua vigência,
e o empregador tem de estar atento e tem de pensar que faltam 20 dias para cessar o contrato,
e tem de pensar se quer fazer caducar ou se não quer fazer caducar o contrato.
Se ele quiser fazer caducar, 15 dias antes manda uma carta a avisar que caduca no dia X. O que
não impede de depois no dia X renovar o contrato por acordo com o trabalhador.
O empregador não pode é deixar passar esses 15 dias.
© O empregador pode receber uma comunicação da trabalhadora ausente a dizer que vai
ficar mais 3, 5, 6 meses ausente, não prevê quando é que regressa ou quando deixar de
regressar.
O empregador recebe uma comunicação nestes modos, e agora vai ter de pensar se
vai fazer cessar o contrato, ou como o motivo que justifica a celebração do contrato
vai se manter, se continua com este trabalhador a termo, e por quanto tempo.
Se nada for dito, se o empregador não enviar essa carta, o prazo renova-se por mais 6 meses, e
ele não pode fazer nada/ ele já não o pode fazer cessar porque já passou o prazo do pré-aviso.
O que significa? ➭ Basicamente diz se no início da celebração do contrato que ele não se vai
renovar, ou seja, já está feita a denúncia ad início.
Esta cláusula não impede, nesta data de se renovar por acordo, mas aí tem de haver acordo,
por a cláusula de não renovação também é colocada por acordo.
O prazo está a correr e, há uma altura em que o empregador não denunciou o contrato, porque
o trabalhador vai continuar ausente, e o empregador precisa do outro trabalhador, precisa que
ele continue na sua empresa (claro que o trabalhador também pode denunciar), ou seja...
☆ A quer que o C continue porque o D vai continuar a fica ausente.
Nada, porque se não fizer “nada”, este contrato renova-se automaticamente (artigo 149° CT).
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O contrato continua a termo só que vai ser dilatado o prazo de duração máximo, em vez de 6
meses, renova-se por mais 6 meses (artigo 149º/2 CT) ➭ renova-se pelo mesmo período da
duração inicial.
Agora vai ter uma duração máxima de 12 meses, caduca, mas tem que, se não houver de cláusula
de não renovação, tem de denunciar (a 15 dias antes, se for o empregador, ou a 8 dias antes, se for
o trabalhador).
Se ele não fizer nada outra vez, o quê que acontece a este contrato? ➭ Renova-se
automaticamente.
Então, depois dos primeiros 6 meses, não se disse nada, renova-se por mais
6 meses. Decorrido o prazo, não se disse nada, renova-se por mais 6 meses.
Ou termina aqui, ou passa a ser um contrato sem termo porque não há mais renovações
possíveis.
Exemplo 1: faço um contrato por 2 anos, quantas vezes é que se renova? Nenhuma, porque o
prazo máximo de duração dos contratos, não pode ultrapassar os dois anos.
Exemplo 2: faço um contrato por 1 ano e um meio, quantas vezes é que se renova? 3 vezes, tem
é que ser por acordo.
Para renovar tem de haver acordo, mas nunca pode as renovações + prazo de
duração inicial, ultrapassar os 2 anos.
Até 2019, o regime dos contratos a termo até lá era supletivo, passou a imperativo.
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A preterição da maior parte dos partidos dos contratos a termo determinam que:
☆ De acordo com o artigo 141º/1/e) CT, conjugado com o nº 3, não basta a indicação em
abstrato da necessidade temporária, é preciso num contrato escrever e sarar os factos
concretos, que permitam integrar a necessidade aduzida/ alegada, desde logo, quem é o
trabalhador, tempo previsível de ausência, categoria profissional, o quê que
concretamente faz na empresa: tem de se descrever todos os factos concretos.
Se formos ao artigo 147º/2/a) CT “aquele cuja renovação tenha sido feita em violação do
disposto no artigo 149.º”, foi a termo válido e eficaz, mas violou-se as regras das renovações.
A partir do momento em que violou, converteu-se a contrato sem termo, e partir daí só
cessa com justa causa, já não vale a pena invocar a caducidade.
Se o contrato se converteu a contrato sem termo, o empregador já não pode enviar a carta ao
funcionário...
Isso é considerado um despedimento ilícito/ despedimento sem justa causa, porque já não é
um contrato a termo. Seja lá em que altura o empregador o mandar embora, vai ser sempre
um despedimento sem justa causa
Resolução:
Configura trabalho precário, porque é temporário, o que significa que esta sujeito
a vários constrangimentos ao princípio da liberdade contratual
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Desde logo, porque que é um contrato a termo resolutivo certo?
❀ Porque pretendem que a cessação do contrato / a resolução / fim do contrato fique
dependente de um acontecimento futuro e certo quanto à sua verificação, e certo
quanto ao momento da sua verificação
Duplamente Certo
A celebração deste tipo de contratos está sujeita a muitos constrangimentos ao Princípio da
Liberdade Contratual o que importa que o legislador crie um regime só para esse tipo de
contratos com constrangimentos de natureza formal e substancial sendo que todo o regime é,
à partida, constituído por normas jurídicas imperativas à artigo 139º ou seja, insuscetíveis de
serem derrogadas pela vontade dos seus destinatários.
Temos de aferir se este contrato, cumpre ou não cumpre os imperativos legais para que seja
validamente celebrado e vingue na ordem jurídica como um Contrato de Trabalho a Termo
Resolutivo
Artigo 141º nº1 ➭ não há liberdade de forma, isto é, a exteriorização das declarações
negociais tem de ser reduzida a escrito (a vontade de contratar) e ademais o escrito deve
conter as menções previstas no artigo 141º CT
Nota: quando temos um caso prático, p.ex a celebração dos contratos de trabalho a termo
resolutivo está sujeita a vários constrangimentos, mas devemos analisar só os itens que a
hipótese suscita. O que não está aqui dito, a identificação das partes p.ex, temos de partir do
1
Vamos sempre partir dos mais importantes para os menos importantes
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pressuposto que está tudo ok. Isto porque a pergunta não é quais os requisitos da celebração
de um CT a termo resolutivo certo.
Relativamente à Motivação...
Nos termos do artigo 140º nº1, conjugado com o nº2, e no caso do nº1 pela referência feita
no contrato parece-nos que se quer referir à alínea f):
❀ Em princípio, só é admissível a celebração de um contrato de trabalho a termo
resolutivo (porque temporário / precário) para a satisfação de necessidades temporárias
da empresa.
Parece que eles querem outorgar um contrato de trabalho a termo com base num acréscimo da
atividade da empresa, mas há deveres a ser cumpridos (pelo menos a entidade empregadora) ➭
esta necessidade tem de ser objetivamente definida, demonstrada e aprovada pelo
empregador nos termos do nº5
à O trabalhador na outorga destes contratos está tranquilo, não tem (entre comas) nenhum
dever.
Todavia...
© É apenas em princípio ➭ pode existir e subsistir validamente um contrato de trabalho
a termo resolutivo que não seja para a satisfação de necessidades temporárias da
empresa
O nº4 é uma das situações, para além do nº1, que determina outras necessidades que não são
necessidades temporárias da empresa, e pretende desde logo incentivar a livre iniciativa
económico-privada e outra são políticas de emprego para facilitar a admissão nos mercados de
trabalho.
❀ não são necessidades temporárias, mas são admissíveis APENAS para contratos de
trabalho a termo resolutivo certo.
Estas situações do nº4 não são admissíveis para os contratos de trabalho a termo
resolutivo incerto ➭ só é admissível contratar a termo resolutivo incerto para fazer face a
necessidades temporárias da empresa.
Este é um dos casos em que é admissível a contratação a termo sem que seja para fazer
face a necessidades temporárias da empresa.
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1ª coisa a fazer:
© Decidir o tipo de contrato, aliás para satisfazer as necessidades de mão de obra em
qualquer empresa, embora empresa seja um conceito redutor ➭ há entidades
empregadoras que não são empresas por exemplo a fundação Minerva, as IPSS, etc.
Então a primeira decisão que temos de tomar para suprir os recursos humanos da entidade
empregadora é que tipo de contrato vamos celebrar
2
A reforma é, formalmente, uma causa de caducidade do Contrato de Trabalho
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Isto por força do nº3 do artigo 140º ➭ só podemos celebrar contratos a termo resolutivo
incerto para a satisfação de necessidades temporárias previstas nas alienas que ali estão e nada
mais.
Que situações é que configuram contratos de trabalho a termo resolutivo e não tem de ser reduzidos a
escrito?
Os contratos de muita curta duração no artigo 142º e mais uma vez a conversão ope lege assim que
verificada a reforma
diz lá expressamente que os contratos que se convertem
no caso de reforma ou velhice em contratos a termo
resolutivo certo não tem de ser reduzidos a escrito
(alínea a)
A Motivação
Agora vamos comentar / aferir a motivação que nós temos para a celebração deste contrato de
trabalho que esta nesta hipótese ➭ é aquilo que está entre aspas:
❀ cumpre ou não cumpre o desidrato legal?
Ora, um aumento de encomendas só por si não é uma necessidade temporária, tem que ver
com a atividade normal da empresa.
Hoje ter mais e amanhã ter menos é o normal expectável da atividade produtiva ➭ daí que tenha
de haver um acréscimo excecional algo que escapa aquilo que é o desenvolvimento daquela
atividade e claro que tem de ser aferido casuisticamente.
Mesmo que seja um acréscimo excecional da atividade da empresa: vamos supor que há um
acréscimo por uma encomenda completamente descontextualizada da atividade da empresa /
daquilo que é a normalidade do mercado de trabalho daquela empresa.
Vamos supor que fizeram 1 milhão de calças de ganga e, entretanto, a empresa que
recebeu as calças mudou o logotipo e quer mandar as calças todas para trás para substituir o
logotipo anterior ➭ isto é um acréscimo excecional da empresa porque não estavam a contar
com isto.
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Problema:
❀ Nesta hipótese, mesmo que seja verdade que há o acréscimo, há um problema:
É errado dizer que Ele faz prova ➭ quando for chamado a tribunal faz prova.
tem de fazer prova A ser imposto algo no contrato, é algo acrescido à prova.
No artigo 141º nº1 alínea e) e o nº3 à fazer prova faz, vai a tribunal e quando lá estiver
faz prova, mas não basta isso, o nosso legislador diz perentoriamente que tem de ser aposto no
contrato3.
Destes artigos resulta que, por mais verdade que seja e por
mais prova que se faça, não basta reproduzir no contrato
uma das alíneas do 140º
não basta dizer que há um acréscimo excecional da
atividade da empresa por acréscimo de encomendas
Tem de se fazer uma descrição / uma enunciação dos factos, no fundo aquilo que ele
mais tarde tem de provar em tribunal, estes factos já têm de estar exarados e escritos no
contrato.
Eu tenho logo de perceber quais os factos concretos que naquela entidade empregadora
objetivamente corporizam / integram a necessidade temporária indicada.
3
É uma questão de forma ➭ por mais prova que se faça, chapéu
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O que esta aqui nesta hipótese nem de longe nem de perto serve para corporizar uma
necessidade temporária, por muito que seja verdade.
Este contrato não cumpre a conjugação destes preceitos legais todos ➭ é precisamente aqui que
a grande parte dos contratos a termo falha:
Þ Na corporização da necessidade temporária – não é só não estarem lá, mas estarem e
não ser suficientes.
Consequências
Não estando verificados estes pressupostos formais, quais as consequências?
Sempre que for preterida qualquer coisa relacionada com os Contratos de Trabalho a termo,
vamos ao artigo 147º CT
In casu...
© Este contrato nunca foi a termo ab initio, porque violou uma norma imperativa
necessária para subsistir como contrato a termo.
O nº1 diz nos que se considera sem termo o Contrato de Trabalho ➭ desde o início nunca foi a
termo, porque tem uma patologia tao grave como uma patologia forma, substancial ou material.
☆ Como por exemplo a alínea c) omissão e insuficiência do motivo justificativo.
Aplicando o regime geral, não se produzem efeitos do contrato de trabalho querido e pretendido
pelas partes, e o trabalhador saía a perder porque cada um ia para seu canto.
Para evitar estas discussões, o legislador veio estabelecer que é um contrato sem termo, mas
mantém-se como contrato de trabalho
Isto é muito pesado para a entidade empregadora porque só pode cessar o contrato de
trabalho com despedimento por justa causa e não por caducidade
É o que faz o 147º/1/c ➭ considera-se o contrato
ab initio sem termo.
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Temos desde já um contrato de duração indeterminada, que não caduca ➭ fora o Período
Experimental, só pode cessar por justa causa.
“No caso previsto no número anterior, o contrato fica sujeito ao regime definido neste Código
para o contrato a termo resolutivo, com as necessárias adaptações e as seguintes especificidades:
a) É dispensada a redução do contrato a escrito;
b) O contrato vigora pelo prazo de seis meses, renovando-se por períodos iguais e sucessivos,
sem sujeição a limites máximos;
c) A caducidade do contrato fica sujeita a aviso prévio de 60 ou 15 dias, consoante a iniciativa
pertença ao empregador ou ao trabalhador;
d) A caducidade não determina o pagamento de qualquer compensação ao trabalhador.”
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Remissões
Alínea a) do artigo 348º/2 ➭ remissão para o artigo 141º/1 do regime geral que ➭ exige
para os contrato de trabalho em geral a redução a escrito;
+ artigo 149º ➭ aqui renova-se sempre, ad eternum – podem ser infinitas renovações de 6
meses, enquanto ninguém denunciar o contrato renova-se automaticamente e sem limite de
renovações.
Exemplo: Contrato um trabalhador para substituir outro por 6 meses (vai estar
ausente por doença) ➭ contrato de trabalho a termo resolutivo certo
Qual é a vida deste contrato? ➭ chegado aos 6 meses caduca, “verificando-se o seu termo”
(artigo 343º/a)
Mas...
® A caducidade não é automática, salvo se existir uma cláusula de não renovação.
Chegando aos 6 meses em princípio caduca mas não automaticamente – artigo 344º
CT
Se for uma lei que vai estar em vigor por 6 meses, ao fim desse tempo ela caduca, não tem nada
que o legislador possa fazer.
Se o empregador quiser que este contrato caduque 6 meses depois (o que seria normal) para
terminar tem de ser denunciado – artigo 344º ➭ Se for o empregador com pré-aviso de 60 dias
se for o trabalhador com 15 dias.
Se o empregador não fizer chegar uma comunicação de 15 dias o contrato não caduca ➭ se
nada fizer o contrato vai-se renovar (artigo 149º).
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Pode renovar-se?
Pode, desde que:
ç Não viole o limite máximo de duração do contrato que é 2 anos;
ç A necessidade temporária se verifique;
Se o mantiver, vai passar a ser um trabalhador sem termo ➭ não viola o período de 2
anos (6+6+6 fica aquém dos 2 anos), pode renovar outra vez?
o Esta seria a segunda vez, estaria tudo bem, só que o tempo de renovações nunca pode ser
superior ao período de renovação inicial, se já se renovou por 6 meses por isso se se
renovasse mais uma vez iria exceder o período inicial de 6 meses.
O contrato de trabalho cessou licitamente? ➭ sim, contratou por 6 meses, renovou por mais 6
meses, 15 dias comunicou que acabou o contrato, o trabalhador sabe que está lá
temporariamente, sabe que o trabalho é precário e, portanto, vai-se embora, tudo correu na
normalidade (pagou todos os subsídios e teve direito a férias)
O que faz o legislador? ➭ tem ainda de pagar uma compensação ao trabalhador de acordo com
o artigo 344º, o que é isto?
É desmotivar os empregadores a contratar a termo porque no fim do contrato ainda
tem de pagar uma compensação pecuniária ≠ indemnização que é para atos ilícitos.
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Gabriela Pinto, Rute Magalhães, Érica Pereira, Inês Lima
Eles querem celebrar um CT a termo resolutivo certo só que embora tenham reduzido a
escrito, os CT a termo resolutivo certo têm de ser motivados
Só que o nosso legislador podia contentar-se com o facto de materialmente existir uma
necessidade temporária e se alguém se questiona, o empregador tinha o ónus da prova, mas o
nosso legislador não se contenta com isso e diz que não basta existir uma necessidade
temporária na empresa.
Vamos supor p.ex que temos um acréscimo excecional da empresa ou um trabalhador que se
ausentou e é preciso substituir, não basta existir materialmente a necessidade temporária,
pois esta necessidade nos termos do artigo 141º/nº1/e) e nº3 tem de estar exarada, descrita no
texto do contrato.
Se a necessidade temporária existe, mas não está escrita no texto
do contrato ➭ então não temos um contrato a termo.
© Não existe necessidade temporária, mas põe-se no contrato logo o que está no contrato é
falso.
© O pior é existir a necessidade temporária, e não estar exarada no contrato ➭ isto é mau para
o empregador pois ele tinha todas as condições para celebrar um contrato a termo e morre na
praia por causa de um critério meramente formal.
Olhando para este contrato isto não é nenhuma necessidade temporária, e ainda que fosse não
está exarado no contrato que encomendas, em que circunstâncias, porque é que é excecional,
etc… logo este CT nunca valeria a termo nos termos do artigo 147º/nº1/c).
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O problema disto na prática é que este contrato vai até ao termo do tempo, o que
vai acontecer em princípio é o empregador mandar uma “cartinha” ao trabalhador a mandá-lo
embora, vai tratar isto como se fosse um contrato a termo resolutivo certo válido, mas este
contrato não é a termo resolutivo certo válido e sim a termo incerto.
Esta decisão seria perfeitamente lícita se fosse um CT a termo resolutivo, mas sendo um
contrato inválido por não preencher um dos requisitos, então a decisão seria ilícita devido ao
despedimento sem justa causa.
® Basta falhar um requisito que já não temos CT a termo porque os pressupostos são quase todos
cumulativos.
® Para já o facto de ser 1 ano significa que querem celebrar um CT a termo resolutivo certo
e não incerto.
E temos de suscitar qual o prazo máximo e o prazo mínimo ➭ estes limites encontram-se no
artigo 148º CT:
Vamos supor que era um acréscimo excecional da empresa que durava por 3 anos. Podia ser?
NÃO ➭ mas 1 ano pode.
Æ Posso ter a certeza que a necessidade temporária vai durar 2 anos, mas posso decidir que
quero contratar por 1 ano e não colmatar a lacuna na minha organização, e depois se quiser
renovo.
Æ Porém, já não posso é ter uma necessidade temporária por 2/3 meses e fazer já um contrato
por 2 anos, porque nos termos do 140º/nº1 o contrato apenas pode ter o tempo
estritamente necessário para satisfazer a necessidade temporária da empresa.
Do ponto de vista do limite temporal, se este contrato fosse válido, poderia ser perfeitamente por 1
ano, porque o limite máximo são 2 anos e o mínimo são 6 meses, portanto estávamos dentro do
limite mínimo e do limite máximo.
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Nem todos os CT a termos resolutivo certo têm de ser reduzidos a escrito, sendo estes os:
☆ Contratos de curtíssima duração;
☆ Contratos que resultam da conversão ope legis, nos termos do 378º CT.
Portanto temos 2 omissões em que a lei refere que tem de estar no contrato e não
estão.
A data do início pode ser diferente da data de celebração do contrato nos termos do
artigo 135º ➭ com a oposição de um termo suspensivo.
Por exemplo, celebro hoje um contrato, mas só começo a trabalhar efetivamente daqui a 1
semana. A data da celebração não coincide com a data do início da execução do contrato.
A produção dos efeitos do contrato, não coincidem com a data da celebração do CT que foi hoje, e
dependem de um acontecimento futuro e certo quanto á sua verificação ➭ logo é um termo suspensivo.
Portanto celebro hoje um CT com ela, e este contrato vai ser válido mas não é eficaz.
Só produz os seus efeitos se eu ganhar o concurso, logo só produz os seus efeitos
dependendo do acontecimento incerto e futuro.
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A data do início da execução do CT não é necessária basta a data da celebração. Se nem sequer
deferir a produção dos efeitos no tempo, então considera-se o início da data da celebração tal
como refere o artigo 141º/nº2, e resolve o problema.
E se não tiver nem da data do início da execução do contrato nem a data da celebração do contrato, o
que acontece?
No caso da falta de menção da sede do empregador, diz o artigo 141º/nº1/a) que é um pressuposto
essencial.
® O artigo 141º tanto exige a data de início da execução do contrato como a sede do
empregador, e temos de ter este raciocínio:
Vamos ver se este artigo resolve o problema, como nada diz neste artigo vamos ver se há
alguma cominação no artigo 147º para a preterição da sede, e vemos que isto é uma
mera irregularidade pois a lei não atribui nenhuma consequência dado que não está
presente em nenhuma das alíneas do 147º/nº1.
O facto de haver período experimental releva para a importância da data do início de execução do
CT.
Pois só com a execução é que podemos aferir do interesse na manutenção ou não do CT.
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Gabriela Pinto, Rute Magalhães, Érica Pereira, Inês Lima
Para que serve o período experimental?
Como diz o artigo 111º CT ➭ serve para as partes aferirem do interesse na manutenção do contrato
corresponde então à duração/execução inicial do contrato.
® No período experimental o artigo 114º diz-nos no nº1 que qualquer uma das partes pode
fazer cessar o contrato sem justa causa, sem pagar qualquer indemnização e sem pré-aviso.
Se isto fosse um CT a termo resolutivo certo, qual seria o tempo do período experimental?
As regras sobre o tempo de duração do período experimental estão no artigo 112º CT.
Agora vamos apreciar a cláusula: o contrato diz que é 15 dias de PE e temos então de saber qual
a natureza das normas ➭ se são imperativas ou supletivas, e neste caso são normas imperativas
de limite máximo, ou seja:
Æ Para aumentar são imperativas;
Æ Para diminuir são supletivas.
O nº7 do artigo 112º CT ➭ pode ser reduzido por instrumento de regulamentação coletiva de
trabalho ou por acordo escrito entre ambas as partes.
Aqui se o período experimental fosse válido ou não fosse, seriam sempre de 15 dias porque é
inferior a qualquer outro período.
4
excluir tudo o que tenha a ver com termo resolutivo incerto
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➭ Artigo 140º nº1
Mas em bom rigor o da ALÍNEA A) até tem duas ➭ lançamento de nova atividade de duração
incerta ou início de funcionamento de empresa, e desempregados de muita longa duração.
artigo 348º que também aí o prof. diz que é uma, mas seguindo a lógica do
nº4 podem ser 2:
Estas são as únicas situações onde aparece a palavra “termo resolutivo certo”.
® Claro está que podíamos chamar aqui os contratos de curtíssima duração, etc. mas estas
são as 4 situações que o professor refere.
No mundo laboral está em regra associado às faltas justificados por morte em que as
pessoas têm um período para lamentar/sofrer ➭ Tem cada vez mais sido dilatado.
No âmbito dos contratos de trabalho a termo resolutivo certo o período de nojo tem que ver
com os contratos de trabalho a termo sucessivos.
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O legislador laboral resolve problemas que se vão colocando na vida prática alterando a lei, e se a
intenção é ➭ o legislador vai sistematicamente
resolvendo as habilidades dos advogados e juristas que, de certa forma, para contornar a lei usam
instrumentos legais para defraudá-la.
O nosso legislador começa a criar normativos para impedir/ condicionar esta possibilidade
de celebração de contratos sucessivos com sanções.
Vamos supor que contratamos um trabalhador por 9 meses. Entretanto caduca o contrato de
trabalho. Entretanto, quero contratar outra vez o mesmo a termo, validamente (tem de se
verificar necessidade temporária).
O nosso legislador diz que a cessação do contrato de trabalho a termo por motivo não imputável
ao trabalhador ➭ ou seja, o trabalhador não se colocou direta ou indiretamente numa
situação de desemprego.
® P.ex cessou porque foi o trabalhador que O DENUNCIOU ➭ aí seria um facto imputável ao
trabalhador.
15 dias antes mandou a carta e cessa o contrato de trabalho por vontade do empregador.
Artigo 143º nº1 ➭ “1 - A cessação de contrato de trabalho a termo, por motivo não
imputável ao trabalhador, impede nova admissão ou afetação de trabalhador através de
contrato de trabalho a termo ou de trabalho temporário cuja execução se concretize no mesmo
posto de trabalho, ou ainda de contrato de prestação de serviços para o mesmo objeto, celebrado
com o mesmo empregador ou sociedade que com este se encontre em relação de domínio ou de
grupo, ou mantenha estruturas organizativas comuns, antes de decorrido um período de
tempo equivalente a um terço da duração do contrato, incluindo renovações.”
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Findo um contrato para eu contratar um novo trabalhador a termo para o mesmo posto de
trabalhador ou para a mesma atividade profissional, no mesmo empregador ou para
empregador que esteja numa relação de grupo ou de domínio ➭ tem de existir um período
de nojo de pelo menos 1/3 da duração do contrato anterior.
Exemplo: Tem de estar interrompido 3 meses se o contrato anterior tiver durado 9 meses
© Salvo as situações do nº2 que não há como defraudar a lei e justificam que haja
contratação sucessiva de trabalhadores.
Temos o nº3 mas temos de ver se alguma norma prevê outra consequência para além da
contraordenação ➭ NÃO TENDO NO ARTIGO...
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Gabriela Pinto, Rute Magalhães, Érica Pereira, Inês Lima
Este trabalhador, como o empregador não cumpriu o período de nojo por mais válido que o
contrato seja (material e formalmente) vem o legislador dizer que se considera sem termo
Esta preferência na admissão é o trabalhador que a tem de invocar nos termos do nº3 e o
empregador terá de provar que cumpriu a interpelação para este ter preferência.
Se não der preferência...
Não tem as consequências do regime geral da preterição do direito de preferência: Ação de
preferência onde o tribunal faz-se substituir ao trabalhador contratado, ou seja, isto iria
significar que contratávamos este C sem dar preferência ao A, e o C ia para o olho da rua e
metíamos A.
A consequência para empregador por violar o direito de preferência e sendo esta atuação
ilícita está sujeita ao pagamento de uma indemnização correspondente a 3 meses de retribuição
base do trabalhador.
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Gabriela Pinto, Rute Magalhães, Érica Pereira, Inês Lima
Se ganhava 1000€ por mês, o empregador tem de pagar 3000€ de indemnização ➭ Seria pior
não lhe ter dado o direito de preferência.
Uma das causas de caducidades é a da alínea a) “Por verificação do termo” ➭ cessam por
caducidade que não é automática.
Artigo 344º nº1 CT ➭ “1 - O contrato de trabalho a termo certo caduca no final do prazo
estipulado, ou da sua renovação, desde que o empregador ou o trabalhador comunique à outra
parte a vontade de o fazer cessar, por escrito, respetivamente, 15 ou oito dias antes de o prazo
expirar.”
É necessária uma denúncia ➭ É por escrito e com pré-aviso de 15 ou 8 dias, consoante seja o
empregador ou o trabalhador.
Não obstante o contrato estar perfeitinho e válido e preencher todos os requisitos formais e
materiais, cessou corretamente, o empregador ou trabalhador denunciaram com pré-aviso e o
trabalhador vai à vida dele.
Correu tudo bem do ponto de vista legal não há nenhuma mácula/ vicissitude que afete o
curso/celebração/execução e cessação do contrato.
O nosso legislador por uma questão de desmotivar a contratação a termo estabelece que se for
5
o empregador a colocar fim ao contrato tem de pagar uma que em caso de
caducidade de contrato de trabalho a termo resolutivo certo são 24 dias de retribuição base e
diuturnidades por cada ano completo de antiguidade
Artigo 344º/2 CT ➭ “2 - Em caso de caducidade de contrato de trabalho a termo certo por
verificação do seu termo, o trabalhador tem direito a compensação correspondente a 24 dias de
retribuição base e diuturnidades por cada ano completo de antiguidade, calculada nos termos
do artigo 366.º, salvo se a caducidade decorrer de declaração do trabalhador nos termos do
número anterior.”
5
Não é uma indemnização porque não é um ato ilícito.
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O que vai acontecer a partir de dia 1 de maio?
❀ Eram 18 dias de retribuição base na lei antiga, e agora passa para 24 dias.
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Direito do
Trabalho
3º ano, 2º semestre
Caros colegas, por forma auxiliar o vosso estudo, reunimos os apontamentos que fomos
recolhendo ao longo das aulas desta Unidade Curricular.
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Direito do Trabalho
Prof. Mário Roriz
Aulas Práticas
Resolucao:
O legislador privilegia a celebração de contratos sem termo, ou seja, de duração indeterminada.
Por morte do trabalhador, por denúncia do trabalhador, mas por iniciativa unilateral do empregador ➭ SÓ
POR JUSTA CAUSA.
Sendo certo que mesmo com justa causa, nos temos de separar dois tipos de justa causa:
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1) (disciplinar) ➭ O trabalhador comete uma infração disciplinar e é despedido,
sem direito a qualquer indemnização e nem sequer tem acesso ao fundo de desemprego
Abel – Motorista
Bruno – Diretor geral
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Que pode ser a pessoa singular ou coletiva que se assume como tal.
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Atento ao PRINCÍPIO DA SEGURANÇA DO EMPREGO a opção contratual típica é aquela que é sem reservas,
sem limitaçoes e sem condicionantes:
O Periodo Experimental é mais elevado para o diretor geral porque é um cargo de confiança, do que para
o motorista ➭ decorrido o período de experimental qualquer um deles só pode ser despedido
por justa causa.
Quando o prof. diz “despedido” ➭ cessar o contrato por decisão unilateral do empregador.
As outras opções contratuais vão ser, em regra, 100% do agrado do empregador, mas representam
situaçoes de precariedade, e como representam situações de precariedade o nosso legislador
condiciona-as relativamente à sua celebração e execução:
Ora, que modelos contratuais sao colocados a disposicao do empregador, mas com
grandes restricoes do ponto de vista da liberdade contratual?
Comissão de serviço ➭ tal qual os contratos de trabalho a termo resolutivo, sendo situações
de contratação precária, vão estar extremamente condicionadas e a primeira condicionante tal qual
nos Contratos de Trabalho a Termo Resolutivo, tem que ver com o conteúdo funcional.
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Posso contratar para qualquer conteúdo funcional uma pessoa em comissão de serviço?
c CLARO QUE NÃO. porque se assim fosse a regra não seriam os contratos de trabalho
com duração indeterminada.
Só posso contratar em Comissao de Serviço (sendo que este regime é temporário) como diz o artigo
161º CT2, nas situações em que ali estão verificadas.
Falha aqui o conteúdo funcional, mas falha também outra coisa que é a FORMA.
Se formos ao artigo 162º/3 CT, o contrato de comissão de serviço tem de ser reduzido a ESCRITO,
mas mesmo que fosse reduzido a escrito e preenchesse todos os requisitos que estão aí
enunciados
Nunca seria um contrato de regime de serviço porque está violado o “bilhete
de entrada” para a comissão de serviço que é o conteúdo funcional.
O que significa que quer por força da violação do artigo 161º CT, quer por força da violação do
artigo 162º/3 CT, a relação contratual que se estabeleceu entre a Pasteleira e o Abel não é uma
relação contratual assente num contrato de comissão de serviço, mas sim uma relação contratual
assente num contrato de duração indeterminada.
É o mesmo que celebrar um Contrato de Trabalho a Termo Resolutivo onde não se verificam os
respetivos pressupostos, por isso, relativamente à 1ª parte da hipótese, este contrato, por
preterição das regras imperativas da comissão de serviço, é um contrato de trabalho de duracao
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Que estabelece o conteúdo funcional da comissão de serviço.
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indeterminada ➭ pelo que decorrido o Periodo Experimental, por vontade do empregador,
unilateralmente, só pode cessar com JUSTA CAUSA.
Pode também cessar por CADUCIDADE, desde logo, por encerramento da empresa, mas aí obriga a
seguir a tramitação do encerramento da empresa e também a pagar uma compensação.
c Há aí uma série de problemas entre o Abel e o superior hierárquico dele que é o Bento.
Este caso prático culminou com uma sançao disciplinar, in casu, uma sanção pecuniária. Ou seja,
anda tudo redor da licitude ou ilicitude do exercício do poder disciplinar.
Sempre que há atuação disciplinar, temos sempre de ver qual foi a sanção disciplinar aplicada:
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Depois há bifurcações no poder de direção porque há quem depois também autonomize o poder
regulamentar.
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© Ninguém pode ser punido sem previamente lhe ser concedido o direito ao contraditório
➭ Artigo 329º/6 CT.
O interfere com os Direitos Liberdades e Garantias ➭ Artigo 18º/2 CRP, onde tem a
necessidade, a adequação, a proporcional, o núcleo irredutível que é a dignidade da pessoa humana.
Artigos fundamentais para este caso prático: Artigos 328º, 329º, 330º, 331º CT.
Æ Para o exercício do poder disciplinar tem de existir uma infracao disciplinar (que são
os factos que são imputados ao trabalhador).
Imaginemos que não sabemos nada de direito, o que diríamos do comportamento do Abel?
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próprio. Como está numa situação laboral e o automóvel não lhe pertence, ainda é um perigo
para a propriedade do titular do direito real de propriedade.
Mas acima de tudo, sendo uma fonte potencial de perigo há regras que conformam o domínio
desta fonte de perigo e a utilização desta fonte de perigo ➭ Regras inerentes ao veiculo.
E os prejuízos que daí podem resultar podem ser de tal forma expressivos do ponto de vista
patrimonial, o nosso legislador parte do pressuposto que 99.9% da população não teria
condições económicas para pagar os danos provocados pelo domínio dessa fonte de perigo,
impõe um Seguro Obrigatorio de Responsabilidade Civil.
O Abel está numa situação em que se pode colocar em perigo para a sua vida e integridade
física, pode colocar em causa a vida e a integridade física de terceiros, e ele é que vai a
conduzir.
Ele nao só tem o direito como tem o dever de desobedecer, pode colocar em causa o
próprio instrumento de trabalho.
Além de que ainda existe todo um conjunto de regras de segurança no trabalho, no fundo o que é que
ele está a fazer?
© Está a reclamar legitimamente contra as condições de trabalho, e por causa disso foi
sancionado.
A única expressão que não pode relevar nesse sentido é ele ter dito que iria propositadamente
parar numa operação stop da GNR para que fosse verificado o estado dos pneus.
: quando ele sai com o veículo naquelas circunstâncias, ele tinha noção do
estado do veículo e por essa razão podia ser alvo de um processo disciplinar e ser
despedido ➭ mas na vida real ninguém se preocupou muito com essa questão.
Ou seja, MATERIALMENTE nem sequer se poderia configurar aqui qualquer ilicito disciplinar.
Mas vamos ter de analisar isto materialmente e formalmente (processo disciplinar) isto é, mesmo
que fosse uma infração disciplinar temos de averiguar se o processo foi ou não bem conduzido.
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trabalhadores afetos ao atendimento. Sucede que, em setembro de 2022, nenhuma das partes
denunciou o contrato. No passado dia 5 de março (de 2023), a entidade empregadora
comunicou a António, por escrito, que o seu contrato cessaria no último dia desse mesmo mês.
António deixou de comparecer no dia em causa.
Quid iuris?
Resolução:
Ponto 1)
Temos de aferir das condições de validade, quer quanto ao fundamento quer quanto à forma.
Tem que ver com a Época Sazonal – primavera verão – alinea e) é uma das
necessidades temporárias previstas no artigo 140º CT.
Y Formalmente também preenche todos os requisitos, foi reduzido a escrito e não se diz
mais nada, significa que preenche todos os requisitos formais e materiais.
Relativamente ao prazo:
Artigo 148º CT ➭ de 1 de abril a 30 de setembro são seis meses, não ultrapassa o limite máximo
que são 2 anos4, nem põe em causa o limite mínimo de 6 meses.
Estão reunidas todas as condições para que este contrato possa subsistir na ordem jurídica como
contrato de trabalho a termo resolutivo certo.
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Nem podia, uma vez que é uma atividade sazonal.
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Ponto 2)
Em setembro 2022 nenhuma das partes denunciou o contrato. No passado dia 5 de março (de
2023), a entidade empregadora comunicou a António, por escrito, que o seu contrato cessaria
no último dia desse mesmo mês.
Ponto 3)
Uma forma de não ser necessário o pré-aviso seria a aposição de uma clausula de nao renovacao
Neste caso, nada foi estipulado, e não tendo sido denunciado o contrato por qualquer das
partes, este renova-se (automaticamente) no final do termo por igual período, se outro não for
acordado pelas partes ➭ artigo 149º nº2
Formalmente aqui não falha nada (prazos; 1ª renovação), mas materialmente não.
© Primeiro um contrato que seja para atividade sazonal, perfeitamente definida, não
poderá renovar-se.
Isto foi um contrato para uma época temporal circunscrita associada a uma atividade
relacionada com os ciclos temporais anuais: pode ser pesca, colheitas, pode ser época
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balnear p.ex os nadadores salvadores, tirando os que tem contratos todo o ano para
as empresas e podem até estar nas piscinas.
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Formalmente está tudo bem, mas se formos ao artigo 149º este estipula que na ausência de
estipulação a que se refere o número anterior e de declaração de qualquer das partes que o faça cessar,
o contrato renova-se no final do termo, por igual período se outro não for acordado pelas partes.
❀ Vamos supor que a época balnear foi renovada por mais um mês, podiam renovar, mas
tinham de fazer um acordo nesse sentido.
Consequencia:
Nota: estes contratos devem sempre estipular clausula de não renovação, de modo que se
prescinda da denuncia com pré-aviso.
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Nota: Quando o trabalhador intentar ação, todos os meses que passam estão a cair os salários.
Vamos supor que a decisão do tribunal vem em março de 2024, isto tem efeitos retroativos a
março quando o empregador “denunciou” e despediu o trabalhador.
Resolução:
Y Temos sempre de identificar a situação subjacente na dinâmica laboral
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O empregador apresentou ao trabalhador uma descrição detalhada dos factos que lhe
são imputáveis, dando-lhe a hipótese de exercer o contraditório.
O trabalhador não disse nada, o processo disciplinar terminou com uma sanção pecuniária5 328º
nº1 alínea c)
➭ Especificações
O que está em causa nesta matéria é uma decisão unilateral da entidade empregadora de fazer
cessar os CT.
® Num CT de duração indeterminada decorrido o PE (se existir), o empregador não pode despedir
sem justa causa.
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Esta sanção tem limites e não pode ultrapassar o previsto no nº3 alínea a) ➭ 30 dias.
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O despedimento com justa causa, pode ser por facto imputável ao trabalhador.
O nosso legislador enunciou algumas figuras que confiram justa causa de despedimento no artigo 351º CT,
mas que depois é integrado por uma panóplia de conceitos jurídicos indeterminados.
Na panóplia de sanções que nós temos o despedimento sem compensação e indemnização é a última
sanção, e existindo várias sanções temos sempre a questão da do artigo 330º
CT.
Há decisões a despedir trabalhadores pelo simples facto de, estando proibidos num café de consumir
produtos no café, tomou um café.
Neste caso não é a expressão pecuniária do bem que está em causa, mas sim a
racio da substancia da relacao juridica que se estabelece entre o
trabalhador e o empregador, cuja base é a confiança.
Despedimento coletivo
São mecanismos que o nosso legislador coloca na disposição da
entidade, cumpridos determinados pressupostos para fazer
face a determinadas situações, daí aquilo que se chama a
Despedimento por extinção dos motivação do despedimento coletivo.
postos de trabalho
Os motivos do despedimento coletivo, estão demonstrados no artigo 359º que expõe uma panóplia
de factos que estão relacionados com a decisão empresarial/decisão de gestão da empresa, desde
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situações de crise empresarial até situações de empresas que estão perfeitamente lançadas no
mercado, mas por razões tecnológicas querem modernizar6.
O nosso legislador não podia ficar indiferente a isso, sob pena de indiretamente afetar a competitividade
de uma empresa no mercado, e se isso acontece também está a afetar postos de trabalho, que se a empresa
não sobrevive, vai ter de fechar.
Mas também existem situações de mercado, p.ex a guerra provoca uma crise nas matérias-primas,
logo não se pode produzir com o ritmo que normalmente se produzia, assim se tenho 100
trabalhadores, só vou precisar de 50, e os restantes trabalhadores que eu não preciso posso fazer a:
o Suspensao dos contratos através do lay off;
o Suspensao dos contratos de trabalho a espera de ver se isto passa;
o Despedimento coletivo;
o Despedimento por extinçao do posto de trabalho;
Assim a substituição de um produto dominante, por outro tipo de produto pode gerar
despedimentos. Se não puder despedir por estas razões objetivas, não é culpa de ninguém, e mais
vale fechar a empresa mas assim o prejuízo ainda é maior.
Os motivos para o despedimento por extinção do posto de trabalho são os mesmos, até remete para
o despedimento coletivo.
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Implica a automatização o que é sinónimo de despedir trabalhadores.
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É preciso desencadear um procedimento, com o direito de audição dos trabalhadores, com decisões
fundamentadas, com prazos a cumprir. E o despedimento coletivo e por extinção do postos de
trabalho, ao contrário do outro, obriga a pagar uma compensação e o trabalhador vai para o fundo
de desemprego.
Então se os motivos são basicamente os mesmos, o empregador tem de optar por um ou por outro.
A opção é formal. Nos termos do artigo 100º vimos que no despedimento por facto imputável ao
trabalhador, há um procedimento muito rigoroso:
© Nota de culpa;
© Prazo de defesa;
© Instrução;
© Decisão final fundamentada.
Exemplo: tenho uma estrutura e vou encerrar uma unidade, isto é, tenho uma empresa têxtil e vou
encerrar uma tinturaria que tem apenas um trabalhador. Portanto eu quero encerrar a tinturaria, e
tem lá um trabalhador, tenho um motivo para o despedimento coletivo ou para o despedimento por
extinção do posto de trabalho.
Artigo 359.º
Noção de despedimento coletivo
1 - Considera-se despedimento coletivo a cessação de contratos de trabalho promovida pelo empregador e operada
simultânea ou sucessivamente no período de três meses, abrangendo, pelo menos, dois ou cinco trabalhadores,
conforme se trate, respetivamente, de microempresa ou de pequena empresa, por um lado, ou de média ou grande
empresa, por outro, sempre que aquela ocorrência se fundamente em encerramento de uma ou várias secções ou
estrutura equivalente ou redução do número de trabalhadores determinada por motivos de mercado, estruturais ou
tecnológicos.
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Quero despedir um trabalhador numa grande empresa, que despedimento
e que vou seguir?
ü No caso de ser uma média/grande empresa temos de despedir 5 trabalhadores ➭ despedimento
por extinção do posto de trabalho
ü No caso de ser uma micro ou pequena empresa pelo menos 2 trabalhadores ➭ despedimento
coletivo
A grande alteração cuja constitucionalidade vai ser discutida, com toda a toda a certeza, mais tarde
o mais cedo, é o , nos termos do artigo 338º-a.
® Porém com a introdução desta nova norma, já não posso fazer isso durante 12 meses.
Porque se ele recorrer ao despedimento coletivo ou ao despedimento por extinção do posto de trabalho,
não é permitido recorrer á aquisição de serviços externos.
Isto é, uma entidade terceira para a satisfação das necessidades, que eram asseguradas
pelos trabalhadores ou pelo trabalhador que foi objeto de despedimento coletivo ou do
despedimento por extinção do posto de trabalho, existindo aqui um período de nojo de 12 meses,
é um termo suspensivo ao recurso do outsourcing.
Estamos aqui a por em causa a manutencao da relacao juridico laboral, por isso qualquer
falha na motivação ou no procedimento é cominada com a ilicitude do despedimento.
Fundamentos gerais da ilicitude do despedimento ➭ alínea a) do artigo 381º.
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Às vezes utilizamos mecanismos lícitos para conseguir fins ilícitos, qualquer despedimento baseado
por motivos políticos, ideológicos, etc.. ainda que com a invocação de motivo diverso, pois se eu
quiser despedir alguém por estas razões não vou poder usar estas razões. Portanto vou usar um
mecanismo que a lei prevê motivado p.ex por razoes económicas, mas o motivo real é por motivos
ideológicos, políticos, etc…
Exemplo: no despedimento por facto imputável ao trabalhador, nunca se sabe como é que vai depois
o tribunal apreciar o motivo, isto é, se ele é ou não por si suficiente impedir a continuidade da prática
da relação laboral.
Depois cada um dos despedimentos tem regras imperativas específicas que têm de ser cumpridas,
por isso o nosso legislador tem a ilicitude para cada um dos despedimentos.
Exemplo:
ü Tinha 10 dias uteis para se defender e só de deu 5 ➭ ilicitude;
ü Tinha de fazer a comunicação dos motivos que tinham de ser descritos com pormenor, se
não fez ➭ ilicitude.
A cada imperativo do direito subjetivo, estes artigos vão associa o incumprimento á ilicitude do
despedimento.
ËNota: norma do outsorcing ➭ por ser uma norma nova o professor pode insistir nesta matéria.
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prevista no contrato. António já prestava serviços para a empresa RAFA há mais de 1 ano como
consultor.
Tendo surgido em Abril de 2016, algumas dúvidas quanto às características do produto que
correspondiam ao desejo do grossista, Carlos, Gerente da RAFA, encarregou António de ir à
Alemanha, acompanhado de
Daniel, Chefe de produção, apurar a situação, prevendo que uma semana fosse suficiente para
o efeito.
Daniel recusou-se a ir alegando que o seu local de trabalho era em Paredes, onde toda sua vida
estava organizada. Gerou-se uma discussão, no auge da qual Daniel insultou o Gerente Carlos,
gritando-lhe que fosse ele à Alemanha. Daniel saiu porta fora e nesse dia, 22 de Abril de 2016,
não compareceu da parte de tarde para trabalhar. De imediato, nesse mesmo dia a gerência de
RAFA enviou uma carta a comunicar a
Daniel que, em razão do seu comportamento, era sancionado com a perda de 4 dias de férias.
Pronuncie-se, sucintamente, mas fundamentadamente, sobre os seguintes pontos:
1) A legalidade do contrato de trabalho de António fazendo o enquadramento jurídico de todas
as questões que entender relevantes.
2) A qualificação e enquadramento jurídico dos comportamentos de Daniel.
3) A atuação da Gerência da RAFA face a Daniel.
4) Suponha que para resolve ruma questão que surgiu com a execução do contrato / encomenda
em causa necessitou a empresa de reforçar temporariamente os quadros de pessoal com mão
de obra não especializada, no total de 3 trabalhadores. Na sequência e, com a necessária
antecedência, deu ordem a 3 trabalhadores da unidade de Santo Tirso para, durante duas
semanas prestarem a sua atividade em Paredes.
Resolucao:
Pergunta nº1
Temos um contrato de trabalho a termo resolutivo certo pelo período de 18 meses porque a
cessação do contrato de trabalho depende de um acontecimento futuro (18 meses), certo quanto
à sua verificação (18 meses) e certo quanto ao momento da sua verificação (18 meses).
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Automaticamente este contrato não se pode renovar porque se nada disser, se as partes não
denunciarem o contrato, chegado aos 18 meses não se renova automaticamente
A única hipótese de este contrato de renovar seria concordarem em renovar por mais um mes e
outro e outro (por acordo), assim nunca iria ultrapassar o prazo máximo de duração de 2 anos ➭
Artigos 148º + 149º CT.
Para este contrato ser válido, do ponto de vista formal e material, tem de cumprir os pressupostos
dos artigos 140º + 141º CT:
Ou seja, tem de estar motivado para a satisfação de uma necessidade temporária da empresa e pelo tempo
estritamente necessário para satisfazer essa necessidade, deve estar associado ao prazo que têm para
cumprir essa encomenda, in casu.
Há uma necessidade temporaria da empresa que necessita a contratação deste trabalhador, que
só é necessário para aquela encomenda, fora isso não precisam dele para nada ➭ por isso
cumpre os pressupostos do artigo 140º CT e também do artigo 141º CT porque foi REDUZIDO A
ESCRITO.
Supondo que não há clausula de não renovação, contratei por 18 meses, tínhamos mesmo de
fazer cessar este contrato?
c Se ninguém denunciasse, este contrato passava a ser um contrato sem termo, não se
renovava.
As partes podem acordar que o contrato de trabalho a termo certo não fica sujeito a renovação
e foi o que fizeram.
Artigo 149º/2 CT: “Na ausência de estipulação a que se refere o número anterior e de declaração de
qualquer das partes que o faça cessar, o contrato renova-se no final do termo, por igual período se outro não
for acordado pelas partes.”
Se não existir uma cláusula de não renovação, a forma de cessação do CT a
termo resolutivo é a caducidade.
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MAS AQUI NÃO É. Porque o legislador diz que é preciso uma declaracao de vontade extintiva,
uma denúncia, das partes que o faça cessar manifestada nesse sentido e com uma determinada
antecedência devido ao artigo 344º CT
“O contrato de trabalho a termo certo caduca no final do prazo estipulado, ou da sua renovação,
desde que o empregador ou o trabalhador comunique à outra parte a vontade de o fazer cessar, por
escrito, respetivamente, 15 ou oito dias antes de o prazo expirar.”
Se não tiver esta clausula de nao renovaçao, isto é um PERIGO para o empregador porque o
contrato não se renova automaticamente, porque a renovar ultrapassava os 2 anos.
© Por isso o empregador tem mesmo de o denunciar com antecedência ➭ se não, converte-se
em contrato sem termo.
Como tem uma clausula de nao renovaçao, afasta-se aqui a declaração por escrito do artigo 344º.
Chega ao último dia do 18º mês e termina o contrato, não pode é o trabalhador continuar a
trabalhar.
ESTA CLÁUSULA DE NÃO RENOVAÇÃO É PERFEITAMENTE VÁLIDA E AFASTA-SE A
NECESSIDADE DE SE FAZER A DENÚNCIA COM PRÉ-AVISO.
Periodo experimental
Artigo 111º ss CT
O periodo experimental corresponde ao tempo inicial de execução do contrato, em que as partes
apreciam o interesse na sua manutenção.
Este período experimental tem, sobretudo, interesse para o EMPREGADOR ➭ porque o empregador
está proibido de unilateralmente, sem justa causa, fazer cessar o contrato de trabalho.
Nem haveria hipótese de aferir se efetivamente havia condições para aquele trabalhador assumir
aquele posto de trabalho.
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Durante esse período experimental (artigo 114º CT) qualquer uma das partes pode cessar o
contrato sem aviso prévio, sem invocação de justa causa e sem direito a indemnização.
Qualquer trabalhador pode denunciar o contrato a QUALQUER MOMENTO, pode fazê-lo com
pré-aviso ou sem, ora, já relativamente o empregador, não ➭ Apenas com justa causa.
© Primeiro temos de ver o que a lei diz e só depois o que as partes dizem, para ver se tal
está em conformidade com a lei.
Artigo 112º/2 CT: Contratos de trabalho a termo ➭ Interessa a alínea a) porque o contrato
tem duração superior a 6 meses. A estipulação por lei é 30 dias.
Artigo 111º/3 CT: Que diz que por acordo entre ambas as partes o período experimental
pode ser excluído ➭ In casu, não foi.
Artigo 112º/4 CT: “O período experimental, de acordo com qualquer dos números anteriores, é
reduzido ou excluído7, consoante a duração de anterior contrato a termo para a mesma atividade, de contrato
de trabalho temporário executado no mesmo posto de trabalho, de contrato de prestação de serviços para o
mesmo objeto, ou ainda de estágio profissional para a mesma atividade, tenha sido inferior ou igual ou
superior à duração daquele, desde que em qualquer dos casos sejam celebrados pelo mesmo empregador.”
Existiu anterior contrato a termo para este trabalhador com a mesma atividade? Não
Existiu para este trabalhador trabalho temporário? Não
Existiu anterior contrato de prestação de serviços? Sim ➭ na hipótese diz que já estava a prestar
serviços na empresa há mais de um ano.
Artigo 112º/7 CT ➭ Todo e qualquer período anterior a existir (porque pode não existir) pode
ser REDUZIDO ou EXCLUÍDO por acordo entre ambas as partes
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Ope Legis, imperativo.
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O período experimental visa aferir das partes o
interesse na manutenção do contrato de trabalho.
c Caso não seja para o mesmo objeto, como no caso sub judice não especifica, temos
sempre o nº7, o período experimental pode ser reduzido por vontade das partes, e é de
10 dias.
Pergunta nº2
Na execução deste contrato de trabalho eles estavam a cumprir uma encomenda para a
Alemanha e, entretanto, gerou-se uma dúvida face à execução e cumprimento da encomenda,
que para ser sanada e ser possível cumprir o contrato de empreitada era necessário ir à
Alemanha para sanar essa vicissitude e cumprir o contrato.
O (artigo 97º CT) da entidade empregadora. Esta deu uma ordem aos
trabalhadores.
Há aqui uma panoplia de normas juridicas que corporizam, em geral, a posição jurídica das
partes, do empregador e do trabalhador
O trabalhador tem um dever nos termos do artigo 128º/1/e CT ➭ Dever de obediência8 + nº2
O Daniel esgrime um argumento para não cumprir a ordem, diz que não vai à Alemanha porque
o seu local de trabalho é em Portugal, será que ele tem razão?
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Cumprir as ordens e instruções do empregador ou do seu superior hierárquico.
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Se tiver, o local de trabalho nos termos do artigo 129º/1/f CT (garantias do trabalhador, artigo que consubstanciam
a garantias mais fortes do trabalhador), é uma das garantias do trabalhador, e o empregador está proibido de
transferir o trabalhador para outro local de trabalho, salvo nos casos previstos na lei (Artigos 193º e ss CT).
O Estado quer para os particulares o que não quer para os seus funcionários J .
Antigamente o local de trabalho era capaz de ser o fator mais determinante num
contrato de trabalho, porque antigamente os contratos de trabalho eram mais
duradouros do que o casamento J .
© Se tivermos uma transferência do local de trabalho, mesmo assim, nos casos previstos
na lei é possível.
© Se não tivermos, o trabalhador tem de obedecer.
Com razão ou sem razão o comportamento subsequente não é admissível, por isso vai
configurar um ilicito disciplinar, uma infraçao disciplinar ➭ é uma falta injustificada.
Para sabermos se temos a transferência do local de trabalho ou não vamos ter de ir aos Artigos
193º ss CT.
Há muitas hipóteses de transferir um trabalhador do local de trabalho, desde que haja uma
MOTIVAÇÃO, não é muito difícil transferir um trabalhador.
Não pode é ser por retaliação ou assédio ou pressionar o trabalhador a demitir-se, tem de haver
um interesse objetivo da empresa na transferência do local de trabalho.
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Como a competitividade já chegou à relação entre os concelhos, p. ex há muitas empresas que
saem do concelho de X para Y porque os impostos são mais baratos (a derrama) e o que é que
acontecem aos trabalhadores?
c Têm de acompanhar as empresas, só poderão fazer alguma coisa se lhes causar um
PREJUÍZO SÉRIO.
Recapitulando...
o O local de trabalho é uma garantia do trabalhador;
o Nos termos do 193º/2 a ordem que a entidade empregadora deu foi no exercício do seu
poder de direção;
o A ordem dada a Daniel e António não configurava uma transferência do local de trabalho
mas uma mera deslocação em serviço ➭ salvo situações excecionais, o trabalhador tinha de
obedecer (artigo 128º)
Ademais...
❀ Praticou atos que são suscetíveis de configurar responsabilidade jurídico criminal,
nomeadamente, insultou o gerente Carlos violando deveres consignados no artigo 126º
e concretizado pelo artigo 128º/a e e).
Injustificada porquê?
Não há nenhum causa no nº2 que o justifique então as faltas são injustificadas por
exclusão de partes, tudo o que não estiver no nº2 é uma falta injustificada pelo nº3
A propósito da situação de Daniel tínhamos de ir ao calendário para ver quando calha o dia 22 de
abril de 2016
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Para quem trabalha de segunda-feira a sexta-feira:
ç Domingo é o descanso obrigatório;
ç Sábado é o descanso complementar.
As faltas injustificadas não é só não ter motivação, é não cumprir o processo formal de comunicação.
As faltas por doença ➭ 99% das faltas por doença com atestado médico são injustificadas.
Exemplo: apresentou o certificado de incapacidade temporária para 30 dias, ontem foi o último
dia, hoje tinha de aparecer para ir trabalhar mas não fui. Mando o certificado de incapacidade
temporária pelo correio, outra falta injustificada pelo artigo 253º.
Ou seja...
❀ Não é preciso juntar nenhum comprovativo, só temos de comunicar e indicar o motivo,
manda-se o comprovativo por questões tributárias, por questões de subsídios de doença.
Artigo 253º/2 ➭ “Caso a antecedência prevista no número anterior não possa ser respeitada,
nomeadamente por a ausência ser imprevisível com a antecedência de cinco dias, a comunicação
ao empregador é feita logo que possível.”
Exemplo: acordei muito doente, não consigo ir trabalhar, posso ligar à entidade empregadora.
Se for ao medico, vou ver se ele me passa um atestado, não digo nada à entidade empregadora,
ele passa-me um atestado, mando-lhe o atestado pelo correio, tenho falta injustificada.
Se não cumprir a antecedência de cinco dias por impossibilidade, mal seja possível tem de
proceder à imediata comunicação. Tem apenas de comunicar o motivo porque o empregador,
nos 15 dias seguintes à comunicação da ausência, é que pode exigir a prova.
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Exemplo: se sair do médico e ainda me faltar uma hora de trabalho, se não conseguir lá
chegar a tempo ou se não estiver em condições para trabalhar ➭ facto não imputável ao
trabalhador (alínea d).
Esta ausência de Daniel é configurada como uma ausência injustificada e trata-se de uma
infração grave.
Æ Neste caso não foi garantido o contraditório, por muita razão que tenha a entidade
empregadora há a preterição de um pressuposto de cariz material ou formal, o que
significa a invalidade do procedimento, se o procedimento é inválido tem efeitos
retroativos, logo claudica, é como se os efeitos nunca se tivessem produzido.
No que diz respeito à sanção disciplinar aplicada ao trabalhador, as sanções disciplinares estão
previstas no 328º/1 nas quais está prevista a hipótese de sancionar o trabalhador com a perda
de dias de férias ➭ al. d)
Quid iuris quanto a apreciar esta decisão (pressupondo que tudo é válido)?
É uma sanção mas no nº3 al. b) ➭ “A perda de dias de férias não pode pôr em causa o gozo de
20 dias úteis”
O trabalhador nem que chovam calhaus tem de gozar 20 dias úteis de
férias, se não tiver pelo menos 20 dias úteis não pode ter esta sanção.
Em regra, de férias, um trabalhador tem 22 dias úteis, se apenas tiver 22 dias úteis, só se pode
aplicar a sanção de perda de 2 dias.
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Consequentemente...
ç A legalidade de uma decisão desta natureza depende dos dias de férias que o
trabalhador em concreto tem.
O que está aqui em causa é um elemento fundamental do Contrato de Trabalho, que é o local
de trabalho ➭ é nos termos do artigo 129º nº1 alínea f) uma garantia do trabalhador.
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Importa saber então, nestas circunstâncias se pode o empregador dar a ordem de transferência e
se os trabalhadores são obrigados a cumprir essa ordem
Para esse efeito, o nosso legislador regula a questão do local de trabalho nos artigos 193º e ss e
confirma no artigo 193º nº1 que o trabalhador deve em princípio prestar a sua atividade no
local contratualmente definido.
No entanto, admite sem prejuízo do artigo anterior, prevê e considerando o principio da livre
iniciativa economico-privada, a hipótese de o empregador por decisão unilateral transferir os
trabalhadores do local de trabalho, temporária ou definitivamente desde que se verifiquem
determinados pressupostos que estão no artigo 194º CT.
O artigo 194º do Código do Trabalho permite ao empregador transferir o trabalhador para outro local de
trabalho, temporária ou definitivamente, e estabelece 2 situações:
Se a ordem da empresa se subsumir na previsão de uma destas alíneas, está motivada e assim
sendo tem, em princípio de ser cumprida, quer o trabalhador queira ou não.
Não pode nunca o local de trabalho ser um obstáculo à livre iniciativa económico privada.
Eu não posso estar condicionado a uma decisão de deslocalização geográfica da minha empresa,
por exemplo, passar a minha empresa de Paredes para Santo Tirso por causa dos trabalhadores.
Nem posso estar condicionado pela necessidade de extinção uma determinada unidade
económica dentro da minha empresa, por exemplo, numa empresa têxtil extinguir a tinturaria,
por causa dos trabalhadores.
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O empregador pode unilateral e livremente tomar essa decisão, embora seja necessário dar um destino aos
contratos de trabalho
Outra opçao:
ü Se neste estabelecimento que eu tenho, que faz parte da empresa, mas é em Paredes,
eu posso transferir os trabalhadores para Paredes e posso manter os respetivos contratos
de trabalho
No caso de transferência definitiva o trabalhador pode resolver o contrato se tiver prejuízo sério,
tendo direito à compensação prevista no artigo 366º CT.
Qual a vantagem?
Agora os trabalhadores vão ter de alegar que têm prejuízo sério ➭ eu posso conseguir despachar
estes trabalhadores a custo 0.
O que é prejuízo sério?
9
Vamos, todavia, ver que não chega o facto de alínea a) prever esta opção.
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Y Atualmente, em regra o prejuízo sério é desde logo, a maior distância entre a casa e o
local de trabalho + custos. O empregador pode anular tudo isto, costeando todas as
despesas inerentes à transferência.
O trabalhador pode invocar que tem de sair mais cedo de casa por virtude de uma maior
deslocação.
Há tribunais que entendem que mudar do Porto para Aveiro não causa
prejuízo sério, uma vez que há transportes (30min de comboio) ➭ esta meia hora na vida dos
trabalhadores é um mero transtorno / incomodo, não é um prejuízo sério10.
❀ Há, portanto, muitas formas de anular qualquer prejuízo sério que o trabalhador possa
vir a invocar.
Agora, meros transtornos ou incómodos, isso não são considerados prejuízos sérios
Chega-se ao cúmulo de, por exemplo, dizerem que ‘tem de acordar muito cedo e não tem
transportes para ir para Paredes’
® o empregador pode dizer: “não há problema nenhum, continua a acordar à mesma
hora, aparece na empresa às 9h da manhã e nos asseguramos transportes e o percurso
de 30min é considerado tempo de trabalho.”
Perante isto, o trabalhador perdeu todos os argumentos. Por isso, ou aceita ou entao que denuncie
o contrato de trabalho e vai-se embora a custo zero
10
Pode ser um prejuízo, mas não é sério.
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Nota: todos os prejuízos patrimoniais podem ser costeados pelo empregador, por exemplo,
pagando o passe para que o trabalhador possa usufruir dos transportes públicos (comboio,
autocarro). Há sempre forma, quando se trata de prejuízo económico, de ultrapassar a questão.
Muitas vezes os trabalhadores o que não querem é sair da terrinha e acabam por,
eles próprios, denunciar o contrato de trabalho e isto vai sair a custo zero para o empregador,
enquanto se o despedisse por extinção do posto de trabalho teria de lhe pagar a compensação
do artigo 366º CT.
Atenção: claro está que se causar prejuízo sério, o trabalhador pode resolver o contrato, mas tem
de ter argumentos que configurem efetivamente prejuízo sério.
O caso prático nada tem a ver com isto J
A empresa RAFA quer dar uma ordem de transferência aos trabalhadores de Santo Tirso para
Paredes. Essa transferência, no caso concreto, é temporária ➭ é possível, se outro motivo de
interesse da empresa que não o da alínea a), o exija.
Está a empresa a tentar colmatar uma lacuna laboral com meios internos, o que lhe fica muito
mais barato do que ter de contratar trabalhadores a termo resolutivo certo, isto porque
continua a pagar o mesmo salário aos trabalhadores (não paga nem mais nem menos) 11
Ora, muito dificilmente algum trabalhador consegue provar o prejuízo sério, é uma transferência
temporária e o empregador vai custear todas as despesas de deslocalização (todos os acréscimos).
Portanto, muito dificilmente vão conseguir os trabalhadores, nestes casos, carrear ou sustentar
factos que envolvam prejuízo sério.
© O que se discute aqui é exatamente a aplicação (ou não) do artigo 194º que dá ao
empregador o direito potestativo de transferir os trabalhadores do local de trabalho, desde que se
verifiquem estes pressupostos que aqui estão.
11
Se tiver de contratar trabalhadores tem de lhes pagar uma retribuição.
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É curioso ver acórdãos sobre esta questão, uma vez que o conceito de prejuízo sério
é concretizado no âmbito do caso concreto.
Exemplo: há situações da vida familiar que podem relevar, nomeadamente um trabalhador que
tenha, todos os dias, de levar a mãe ao hospital uma vez que é doente oncológico.
O que é necessário para que se considere prejuízo sério é que a transferência ‘afete
substancialmente’ a estabilidade daquela organização pessoal e familiar do trabalhador.
O professor Roriz de Santo Tirso chega à universidade mais rápido do que o professor Ricardo
Afonso (mafias <3) que vive em Gaia, dadas as condições de trânsito, ainda que sejam mais km
de Santo Tirso até ao Porto. Portanto, um aumento a nível de km/dia não significa
necessariamente um prejuízo sério.
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Está a violar uma garantia do trabalhador, nos termos previstos no artigo 129º nº1 alínea b) ➭
é por aqui que começa o assédio, porque pegar no trabalhador e encostá-lo a um canto, tirar-
lhe os instrumentos de trabalho, etc.
Assédio ➭ tudo isto são formas de obstar injustificadamente / complicar / impedir a prestação de
trabalho.
Além de, sendo isto feito reiteradamente, consubstanciar assédio é também a violação de uma
garantia do trabalhador, porque o empregador está proibido de obstar injustificadamente a
que o trabalhador preste a sua atividade.
© Até ao ponto que o trabalhador pode até resolver o contrato de trabalho com justa causa
por violação das suas garantias.
Caso emblemático da senhora de Santa Maria da Feira: trabalha nas madeiras e está reiteradamente
a ser vítima de assédio (está sempre a aparecer nas notícias). Da última vez, puseram-na a
transportar paletes de um sítio para o outro e depois para outro. Esta senhora tem justa causa
para resolver o contrato há meses só que nunca resolve ➭ mete ações de indemnização contra
a entidade empregadora e ganha-as todas.
Todas as despesas acrescidas em função desta transferência têm de ser pagas pela entidade
empregadora.
Atencao ➭ há um procedimento para isto também que está no artigo 196º do código do
trabalho.
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A lei diz que o empregador é proibido de transferir o trabalhador de local de trabalho – princípio
da inamobilidade
Porém, por acordo e por previsão em instrumento de regulamentação coletiva de trabalho será,
excecionalmente, possível.
ö Há muitas convenções coletivas de trabalho e muitas delas têm aquilo que se denomina
por cláusulas de mobilidade.
Pode ter redações deste género: “o trabalhador pode ser transferido num raio de 20km” 12
Curiosidade: em tribunal, o professor já teve um caso em que se discutiu se este raio de 20km é
em linha reta até ao local de trabalho ou se é 20km pelas estradas. Não se chegou a lado nenhum
porque acabou por se fazer acordo.
O que fizeram?
® Usaram a clausula, transferiram a trabalhadora do local de trabalho para a Trofa (10/15
km), pagaram o transporte evitando o prejuízo certo, mas sabiam que ela nunca ia
aceitar porque ia sair ali da zona de conforto dela.
Nota: isto acontecia a nível nacional, então a solução foi contratar uma empresa que ficou
encarregue das compras ➭ caíram a pique os prejuízos.
12
Claro está que todos os acréscimos, deslocação, etc. tem de ser tudo pago.
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Dica muito importante para a vida prática: antes de tomarmos qualquer decisão
no mundo laboral, não nos podemos esquecer que a lei não está sozinha e é preciso consultar
sempre as convenções coletivas de trabalho13.
Resolução:
No que diz respeito ao termo
ç Abstratamente considerado, nos termos do artigo 148º/1 + nº2 cumpre um limite máximo
de 2 anos e um limite mínimo de 6 meses.
Neste caso como é a alínea f) até podia ser celebrado por período inferir a 6 meses.
Pela conjugação do disposto na alínea e) nº1 com o nº3 do artigo 141º CT, a identificação do
motivo justificativo aposto no contrato tem de ser feita com a menção concreta dos factos que
integram esse motivo.
A forma como está descrita a motivação aposta no contrato pela total ausência de factos
concretos que integrem o motivo invocado, não cumpre o imperativo legal
supramencionado.
13
Na maior parte das vezes esta prevalece sobre as disposições legais, principalmente quando se trata
de remunerações.
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Posto isto, as consequencias dai decorrentes sao as que estao evidenciadas no artigo 147º nº1
alinea c) ➭ a omissão ou insuficiência das referências ao motivo justificativo, determinam que
o contrato é, ab initio, sem termo.
Consequentemente...
® A relação laboral contratual entre a SINTEX e a Ana, assenta num contrato de trabalho de
duração indeterminada e, como tal, decorrido o período experimental, por decisão
unilateral do empregador, só pode cessar por justa causa, uma vez que são proibidos os
despedimentos sem justa causa.
Caso prático nº6
Entre a empresa SINTEX e Ana, licenciado em Contabilidade e Gestão foi celebrado um contrato
de trabalho, para desempenhar as funções correspondentes à categoria de “Coordenador de
vendas” da empresa, prevista na CCT aplicável ao sector.
a) Tendo Ana, recentemente, cometido uma infração disciplinar, a entidade empregadora
ponderou sancioná-la com a transição para categoria profissional inferior, a de técnico de
vendas, sanção prevista no regulamento interno. Poderá, validamente, fazê-lo?
Resolução:
Categoria profissional
O que é a categoria profissional no contexto da relação jurídico laboral?
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Nos termos do artigo 129º nº1 alinea e) a categoria profissional é uma garantia, é do mais
forte que existe no estatuto de trabalhador, pelo que está proibido ao empregador conforme
aduz esta alínea, mudar o trabalhador para categoria profissional inferior, salvo nos casos
previstos neste código.
Ora... A mudança genericamente considerada para categoria inferior esta prevista desde logo no
artigo 119º: pode ser por acordo, não chega, esse acordo tem de se fundar numa
necessidade premente da empresa ou do trabalhador e se implicar diminuição da retribuição
Ademais, isto é um caso inequívoco de administrativização porque exige a intervenção de uma
implica a autorização ➭ tem de ser sindicado pela ACT.
autoridade administrativa e na forma mais forte que existe que é autorizar (noutras situações
pode bastar o conhecimento, aqui tem de autorizar).
As sanções disciplinares estão identificadas no nº1 do artigo 328º CT no qual não consta a
diminuição de categoria como sanção disciplinar.
Posto isto...
Não pode a entidade empregadora transitar o trabalhador para categoria profissional inferior
como sanção, quer:
3) Porque não é uma sanção prevista na lei;
4) Porque o regulamento interno da empresa não pode prever sanções;
5) Porque estaria sempre em causa a violação de uma garantia do trabalhador.
b) Aprecie a seguinte cláusula que consta do contrato de Ana: “Qualquer uma das sociedades
pode, mediante aviso prévio de 24 horas, modificar as funções do trabalhador. O trabalhador
prescinde da tutela legal relativa ao objeto do contrato. Esta faculdade pode ser usada ao
longo de toda a vigência da relação laboral”.
- Não demos
c) Suponha agora que, pelo facto de Berta, responsável pelo departamento contabilístico, se
encontrar de baixa médica, o empregador pretende que Ana desempenhe as funções da
mesma, previsivelmente por cinco meses. Pronuncie-se sobre a legitimidade desta ordem,
enquadrando-a juridicamente.
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Gabriela Pinto, Rute Magalhães, Érica Pereira, Inês Lima
A Berta, responsável pelo departamento de contabilidade, entra aqui numa situação de ausência
nos termos do artigo 248º CT (ausência ao trabalho) ➭ não comparece para prestar a sua
atividade dentro do seu horário de trabalho.
Justificada
Essa ausência pode ser, nos termos do artigo 248º nº1
Injustificada
Se formos ao artigo 249º nº3 este diz nos que são faltas injustificadas todas as que não se
enquadrarem nas alíneas anteriores.
Consequentemente a ausência da Berta é uma falta justificada, com os efeitos do artigo 255º ➭
determina a perda de retribuição porque há um sistema alternativo que é a segurança social
que paga.
Para colmatar esta ausência, a entidade empregadora pode conformar-se (fica sem a trabalhadora
durante o lapso de tempo correspondente à ausência) ou se necessitar de colmatar essa lacuna tem
2 opções:
1) Ou recorre meios internos
2) Ou a meios externos14
Neste caso a empresa tem lá uma Ana que é licenciada em gestão / contabilidade
e dá-lhe uma ordem no sentido de ela desempenhar as funções correspondentes à categoria
profissional da Berta.
Nos termos do artigo 115º já vimos que a atividade que a Ana tem de desempenhar foi
determinada por acordo entre trabalhador e empregador e por referência para uma categoria
profissional
ü Nos termos do artigo 118º CT, a trabalhadora Ana, em princípio, deve e esta adstrita à
obrigação de desempenhar as funções para a qual foi contratada, sem prejuízo de
funções afins ➭ o que não é o caso porque contabilidade nada tem a ver com
encarregada de vendas.
14
Pode contratar alguém a termo resolutivo, por exemplo.
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Conjugando estes preceitos legais, o que o empregador pretende é que a Ana desempenhe
funções fora do âmbito da atividade contratada. Nada tem que ver com a atividade contratada
as funções que a entidade empregadora pretende exigir à Ana.
❀ Isto tem a ver com uma questão que se designa por mobilidade funcional e que está
prevista no artigo 120º do CT
Se for possível isto que estamos aqui a equacionar, o empregador pode unilateralmente
alterar o objeto do contrato (embora seja temporariamente).
Isto tem que ver com o princípio do Pacta sunt servanda ou da pontualidade previsto no artigo
406º CC ➭ o que surge por acoro por acordo pode ser alterado.
© Há interesse de encarregar a Ana temporariamente em funções que nada tem a ver com
a atividade contratada, desde que tal não implique modificação substancial da posição do
trabalhador.
15
O empregador pode fazê-lo quando o interesse da empresa o exija.
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Isto até eleva o seu estatuto e até a pode permitir progredir na carreira se
mostrar evidencias de que tem competência para exercer estas funções (pode até no futuro exercê-
las definitivamente e ademais tem qualificações).
Tem de ser temporariamente, a ordem tem de ser justificada e claro está que o trabalhador não
adquire a categoria em causa (salvo disposição em contrário).
Porém, se o desempenho das funções que o trabalhador vai praticar, tiverem um estatuto mais
favorável do que aquelas condições que ele tem (nomeadamente a nível remuneratório) ele tem
direito a esse estatuto mais favorável enquanto durar a execução destas tarefas não
compreendidas na atividade contratada.
É muito comum na restauração uma pessoa que tem a categoria profissional de preparadora de
cozinha, estar a praticar atos reiterados da categoria de cozinheira
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❀ Isto em termos remuneratórios implica uma diferença que é substancial estamos a falar
de menos 300 / 400€ por mês.
O trabalhador pode pedir judicialmente, um ano após, que seja qualificado profissionalmente
com efeito à data do início da atividade (com retroativos – recebe a diferença salarial que se repercute
na retribuição mensal)
A verificarem se os pressupostos do artigo 120º vamos supor que ela até tem jeito e fica lá ➭ já
tem de ser reclassificada profissionalmente
Resolução:
A celebração de CT a termo resolutivo, nos termos do artigo 140º tem por desidrato a
satisfaçao de necessidades temporarias da empresa.
São situações que tem que ver ou com a promoção da livre iniciativa económico
privada (empreendedorismo) não obstar à abertura de novos estabelecimentos com
receio de que as coisas corram mal e fiquem com os trabalhadores pendurados e
têm de os indemnizar, e por questões de política de emprego (alínea b).
Nos termos do nº4 da alínea a) (seria o caso), o nosso legislador admite a contratação a termo
resolutivo mas so a termo resolutivo certo.
Nesta hipótese, eles podiam contratar os 5 trabalhadores a termo resolutivo certo, nos termos
da alínea a) do nº4 do artigo 140º, mas nunca a termo resolutivo incerto.
Em suma...
Æ Este caso nada tem que ver com a satisfação de necessidades temporárias, é apenas uma
questão de política económica, de fomentar, de alavancar a livre iniciativa económico-
privada.
As pessoas têm medo de contratar trabalhadores porque se assim não fosse tinham
de os contratar por duração indeterminada, decorrido o período experimental só podiam
despedir com justa causa e pagar ou então abrir insolvência.
Caso nº9
António celebrou com a empresa “Sol Nascente” um contrato de trabalho de duração
indeterminada, para desempenhar as funções de “ajudante de cozinheiro”, no restaurante que
a empresa explora na cidade de Santo Tirso. O contrato foi celebrado em 1 de Fevereiro de 2021.
Decorridos 6 meses de execução do contrato de trabalho, António demonstrou excecionais
qualidades para desempenhar as suas funções, mormente na confeção da ementa de referência
do restaurante baseada em sushi.
Faça o enquadramento jurídico das seguintes situações:
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Gabriela Pinto, Rute Magalhães, Érica Pereira, Inês Lima
Considerando que o cozinheiro do restaurante vai estar ausente pelo período de três semanas,
no mês de Junho de 2021, para realizar uma intervenção cirúrgica, a empresa ordenou a António
que, durante esse período, desempenhasse as funções de cozinheiro. Pode?
Resolução:
O procedimento em regra, nas ausências pro doença, falha sempre. Isto porque, ausência
quando é previsível é comunicada com antecedência mínima de 5 dias.
3º/1 – 478º/1/c)
3º/4 – o Contrato de trabalho individual não pode estabelecer um regime menos favorável.
Se nada resultar da norma em contrário pode estabelecer um regime mais ou menos favorável
exceto nas matérias do nº3, que tem sempre de ser um regime mais favorável (p.ex férias)
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