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Epidemiologia
Epidemiologia
Epidemiologia
Brasília-DF.
Elaboração
Produção
Apresentação.................................................................................................................................. 5
Introdução.................................................................................................................................... 8
Unidade I
ORIGENS E SISTEMAS DE COMPREENSÃO NA EPIDEMIOLOGIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR.................. 9
Capítulo 1
Introdução........................................................................................................................... 9
Unidade iI
SISTEMAS DE COMPREENSÃO NA EPIDEMIOLOGIA DAS DOENÇAS ORIGINADAS OU AGRAVADAS
PELO TRABALHO................................................................................................................................... 13
Capítulo 1
Barreiras entre o pensamento antigo e o novo ou “pós-moderno”.......................... 13
Capítulo 2
A negação da causa como obstáculo à defesa social e jurídica da saúde
do trabalhador.................................................................................................................. 23
Capítulo 3
O trabalho como espaço criativo e sustentador da vida........................................... 29
Unidade iII
ALTERNATIVAS PARA MÉTODOS E MEDIDAS DE PRECAUÇÃO E SELEÇÃO DE PRIORIDADES EM
EPIDEMIOLOGIA APLICADA À SAÚDE DO TRABALHADOR....................................................................... 37
CAPÍTULO 1
Uma agenda para saúde e desenvolvimento.................................................................... 37
Unidade iV
A ESTRUTURA E OS MÉTODOS DE MEDIDA DAS DOENÇAS E AGRAVOS EM SAÚDE DO TRABALHADOR.... 44
Capítulo 1
Métodos epidemiológicos gerais em uso na saúde do trabalhador......................... 44
Capítulo 2
Modelos de investigação epidemiológica para a saúde do trabalhador e ambiente.. 49
Capítulo 3
Causalidade na saúde dos trabalhadores...................................................................... 52
Capítulo 4
Os estudos de coorte – padrão em saúde dos trabalhadores.................................... 55
Capítulo 5
A vigilância epidemiológica no trabalho...................................................................... 62
Capítulo 6
Conceitos básicos sobre medidas no processo saúde-doença................................. 67
Capítulo 7
Limites do método epidemiológico.................................................................................. 74
Referências................................................................................................................................... 77
4
Apresentação
Caro aluno
Conselho Editorial
5
organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa
A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de
Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Praticando
6
Atenção
Saiba mais
Sintetizando
Exercício de fixação
Atividades que buscam reforçar a assimilação e fixação dos períodos que o autor/
conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não
há registro de menção).
Avaliação Final
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Introdução
Esse Caderno de Estudos é o storyboard de um livro que poderá ser um dia publicado em
coautoria. Revê as correntes de pensamento social que influem sobre o desenvolvimento
das ciências da saúde e seus impactos sobre a compreensão do mundo do trabalho e da
saúde do trabalhador. A revisão partiu de textos que fundamentam as ciências sociais e
saúde e seu impacto nas práticas corporativas e na política internacional. Toma posição
baseada na sociologia dos grupos sociais em conflito e nas correntes de simbolismo
subjetividade e poder. Termina por avaliar mudanças na interpretação de resultados
obtidos a partir dos modelos de conhecimento biológico listando prováveis impactos
nas práticas científicas, filosóficas e jurídicas decorrentes das mudanças de paradigma
dominante. Destaca as duas principais mudanças do pensamento científico em saúde do
trabalhador: a exposição e não a dose é o que determina as doenças além das gerações
presentes; e, o ônus da prova de isenção da exposição recai sobre quem promove e se
beneficia da exposição seja ela na produção ou no ambiente.
Objetivos
»» Compreender as correntes de pensamento nas ciências da saúde, bem
como as origens das práticas corporativas de gestão da saúde no mundo
do trabalho.
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ORIGENS E
SISTEMAS DE
COMPREENSÃO NA Unidade I
EPIDEMIOLOGIA
EM SAÚDE DO
TRABALHADOR
Capítulo 1
Introdução
9
UNIDADE I │ORIGENS E SISTEMAS DE COMPREENSÃO NA EPIDEMIOLOGIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR
Os países que mais privatizaram e entregaram seus sistemas de saúde para as corporações
das seguradoras são também aqueles em que os trabalhadores fazem menos greves
por condições de trabalho e por salário. Os EUA são citados como exemplo por Vicenç
Navarro como um país onde o número de greves é muito reduzido pela ameaça que
representa a demissão por greve. O trabalhador perde de uma só vez o emprego, o
salário e o seguro-saúde que mantém sua família e suas condições já abaladas de saúde,
uma vez que a maioria dos seguros custa caro e é paga em grupo pelo empregador
(NAVARRO, 2008).
A interpretação dos fatos científicos é tema da filosofia das ciências que determina
as correntes de investigação com consequências nas divergências sobre diagnósticos,
pensamento causal, intervenção e políticas públicas. “Fatos científicos” considerados
“universais” geram condutas distintas quando se transformam em fatos sociais,
dependendo do momento histórico e dos grupos sociais atuantes (JACOB, 1983).
Fase 2 – Sociologia dos grupos de conflito: avalia a organização social pela produção,
o trabalho e as classes sociais como no estruturalismo e marxismo. (Marx e alguns da
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ORIGENS E SISTEMAS DE COMPREENSÃO NA EPIDEMIOLOGIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR│ UNIDADE I
Fase 3 – Simbolismo e o Poder: analisa para além dos conflitos o entre estratos e
grupos sociais a criação da dinâmica cultural, a língua (linguística e semiótica) e os
valores subjetivos em produção e consumo. Baseiam-se na filosofia, na antropologia,
na psicologia e na economia política pós-moderna. São exemplos: Foucault; Deleuze;
Pierre Bordieu; e Noam Chomsky.
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UNIDADE I │ORIGENS E SISTEMAS DE COMPREENSÃO NA EPIDEMIOLOGIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR
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SISTEMAS DE
COMPREENSÃO NA
EPIDEMIOLOGIA
DAS DOENÇAS Unidade iI
ORIGINADAS OU
AGRAVADAS PELO
TRABALHO
Capítulo 1
Barreiras entre o pensamento antigo e
o novo ou “pós-moderno”
Toxicologia
Paracelsus (Philippus Aureolus Theophrastus Bombastus von Hohenheim), dizia no
século XVI que “a dose faz o veneno”(KLAASSEN; AMDUR et al., 1986). O corolário
dessa premissa é: aquilo que não pode ser dosado é exposição que não existe e impede
o estabelecimento de causalidade.
Pressupostos equivalentes aos dos sistemas que convivem em ajuste funcional perfeito
– os corpos biológicos, a natureza, o sistema produtivo humano na sociedade industrial
e de agricultura intensiva planejada.
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UNIDADE II │SISTEMAS DE COMPREENSÃO NA EPIDEMIOLOGIA DAS DOENÇAS ORIGINADAS OU AGRAVADAS PELO TRABALHO
falso porque a mãe cede óvulos com genética externa ao núcleo das
células e aos cromossomos, especialmente grandes quantidades de
DNA e RNA citoplasmático nas mitocôndrias e retículos endoteliais.
Todos os humanos têm a “mãe-primitiva” comum, provavelmente uma
mulher africana, negra, que cedeu quase todo o patrimônio genético da
humanidade atual. A contribuição genética dos homens (pais) ao gerarem
novos filhos (as) é menor que 50% ao contrário do que se pensava antes,
talvez menos que 30%.
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SISTEMAS DE COMPREENSÃO NA EPIDEMIOLOGIA DAS DOENÇAS ORIGINADAS OU AGRAVADAS PELO TRABALHO│UNIDADE II
5. Disputa nas políticas públicas que seja feito o controle sobre a ação das
corporações transnacionais nas transferências de processos produtivos
de país para país com padrão rebaixado para escapar à regulação técnica,
legal e social e para não aplicar princípios de precaução (SIQUEIRA;
LEVENSTEIN, 2000; KRIEBEL; TICKNER, 2001; SIQUEIRA; CASTRO
et al., 2003).
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UNIDADE II │SISTEMAS DE COMPREENSÃO NA EPIDEMIOLOGIA DAS DOENÇAS ORIGINADAS OU AGRAVADAS PELO TRABALHO
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SISTEMAS DE COMPREENSÃO NA EPIDEMIOLOGIA DAS DOENÇAS ORIGINADAS OU AGRAVADAS PELO TRABALHO│UNIDADE II
Perguntas temáticas:
A ampliação da atenção à saúde dos trabalhadores será concretizada por meio dos
sistemas públicos e universais de saúde. As contribuições empresariais serão sempre
indiretas tal qual são as contribuições individuais dos trabalhadores para caixas únicos
de Previdência e Assistência Social. Existe tendência de construir caixa financeiro para
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UNIDADE II │SISTEMAS DE COMPREENSÃO NA EPIDEMIOLOGIA DAS DOENÇAS ORIGINADAS OU AGRAVADAS PELO TRABALHO
Esperar pela confirmação pode ter vínculo com a latência. O intervalo entre exposição
a um ou vários processos toxicantes de trabalho e determinada morbidade pode levar
décadas em uma única série temporal de trabalhadores expostos. A capacidade de
vigilância em saúde hoje é de no máximo alguns anos devido à alta volatilidade dos
postos e dos processos de trabalho (MENDES, 2013).
A latência não se expressa mais no tempo de vida de uma geração. O primeiro exemplo
foi a talidomida. Hoje se fala em epigenética. As gerações subsequentes são expressões
biológicas latentes da seleção desencadeada pela exposição das gerações parentais.
(DIAMANTI-KANDARAKIS; BOURGUIGNON et al., 2009a)
18
SiStEMAS dE CoMPrEEnSão nA EPidEMiologiA dAS doEnçAS originAdAS ou AgrAVAdAS PElo trABAlHo│unidAdE ii
Apresenta-se a seguir uma lista de iniciativas práticas de boa evidência para profissionais
de saúde do trabalhador e do Direito sobre como se devem construir evidências
que fundamentem ações de prevenção, mitigação, proteção, e reparo da saúde dos
trabalhadores envolvidos:
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unidAdE ii │SiStEMAS dE CoMPrEEnSão nA EPidEMiologiA dAS doEnçAS originAdAS ou AgrAVAdAS PElo trABAlHo
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SISTEMAS DE COMPREENSÃO NA EPIDEMIOLOGIA DAS DOENÇAS ORIGINADAS OU AGRAVADAS PELO TRABALHO│UNIDADE II
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UNIDADE II │SISTEMAS DE COMPREENSÃO NA EPIDEMIOLOGIA DAS DOENÇAS ORIGINADAS OU AGRAVADAS PELO TRABALHO
Se estas práticas estivessem implantadas muito do que se vê em lutas nas lides judiciais
poderia ser evitado. São exemplos de discussão que deveriam ocorrer no meio científico
e não nas lides judiciais:
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Capítulo 2
A negação da causa como obstáculo
à defesa social e jurídica da saúde do
trabalhador
A luta no mundo científico por definir o que é suficiente para considerar uma evidência de
causalidade é diretamente proporcional aos interesses dos grupos envolvidos. Ninguém
discute causalidade diante de um muro desabando e todos correm para se colocar a
salvo além de estabelecer normas de construção para que não aconteça novamente.
Mapear o conflito de interesses é fundamental na análise do viés manifestado em
escritos técnicos e científicos quando se pergunta quem paga; quem recebe; quem
orienta, e quem é beneficiado pelos resultados finais. Não existe ciência neutra e os
representantes da ciência da negação têm aumentado o uso desse princípio para negar
ainda mais. Quando são exigidos quanto a requisitos científicos se dizem “neutros”
(LEVINS, 2003).
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UNIDADE II │SISTEMAS DE COMPREENSÃO NA EPIDEMIOLOGIA DAS DOENÇAS ORIGINADAS OU AGRAVADAS PELO TRABALHO
de 30 anos, ser casada, cuidar da família. Em geral são requisitos para compor a força de
trabalho, ter estudado e ter conseguido especialização suficiente para a capacitação para
o trabalho. Por esse motivo a maioria dos marcadores da vida social é indevidamente
transformada em “causas” para excluir da discussão aquilo que é óbvio – o trabalho.
Muito se discute sobre qual profissão de saúde, das ciências humanas ou das
engenharias seria aquela eleita para avaliar a capacidade de trabalho e julgar quando
alguém está incapacitado para exercer determinada função. O senso comum e as
práticas governamentais estabelecem geralmente a primazia da avaliação feita por
médicos o que vem sendo crescentemente contestado pela evolução dos critérios de
avaliação. O código mais conhecido por expressar agravos de saúde é as décima revisão
da Classificação Internacional de Doenças da Organização Mundial da Saúde conhecida
como CID-10 (WHO - World Health Organization, 1999).
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SISTEMAS DE COMPREENSÃO NA EPIDEMIOLOGIA DAS DOENÇAS ORIGINADAS OU AGRAVADAS PELO TRABALHO│UNIDADE II
A visão do corpo humano como máquina deriva de conceitos iluministas que são
tomados parcialmente, ignorando a importância que o iluminismo dava à expressão
da mente, da inteligência e da sensibilidade. Deriva dessa visão o risco de se avaliar
como propenso e bom para o trabalho alguém que possa ser classificado como saudável
apesar de ser um “perfeito idiota”.
A formação médica é segmentada ao campo das lesões com sede anatômica ao passo
que a capacidade para funcionar socialmente e trabalhar resulta de interações que
as avaliações corporais, exames de segmentos anatômicos, tecidos, células e química
dos fluidos corporais não conseguem totalizar. Médicos tem reduzida formação
sobre funcionamento psíquico, percepção e propriocepção, tempo de recuperação dos
sistemas límbico, núcleos e ritmos hormonais, bem como sobre fisiologia da interação
sócio neural. Algumas especialidades médicas são extremamente segmentadas quanto
ao tipo de conhecimento operacional que mobilizam impedindo o aprimoramento fora
de seu campo. Agravam assim o paradoxo do saber especializado: quanto mais um
especialista estuda seu próprio campo menos sabe sobre o que o circunda. Corre-se o
risco de saber-se tudo sobre anatomia e função de um determinado membro ou órgão e
saber-se muito pouco sobre caminhar em equilíbrio com postura adequada.
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UNIDADE II │SISTEMAS DE COMPREENSÃO NA EPIDEMIOLOGIA DAS DOENÇAS ORIGINADAS OU AGRAVADAS PELO TRABALHO
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SISTEMAS DE COMPREENSÃO NA EPIDEMIOLOGIA DAS DOENÇAS ORIGINADAS OU AGRAVADAS PELO TRABALHO│UNIDADE II
Um exame de imagem feito de um a dois meses depois da lesão iniciada não vai
encontrar alteração na forma, no tamanho, e talvez nem na capacidade de contrair
e relaxar um grupo de músculos. Só irá encontrar dor. E a dor infelizmente não é
sentida por quem examina. O médico escreverá no prontuário: Consegue se vestir
de maneira rápida. Não tem problemas para retirar os sapatos. A mão tem força
para segurar a caneta e o aperto de mão. Consegue resistir a manobras de extensão,
rotação, compressão, abdução e adução (com todos os nomes e siglas estrangeiras que
as disfarçam). Consegue abaixar-se para pegar o papel que jogo ao chão (lombalgia
do simulador).
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UNIDADE II │SISTEMAS DE COMPREENSÃO NA EPIDEMIOLOGIA DAS DOENÇAS ORIGINADAS OU AGRAVADAS PELO TRABALHO
As repetições das lesões inflamatórias com lesões no mesmo segmento corporal podem
levar à destruição completa da função sem alterar a forma e a funcionalidade aparente
do órgão ou do corpo. Nesse caso, médicos não descreverem as lesões existentes com
uma palavra terminada com “ite” que significa inflamação. Descrevem com a terminação
“ose” que significa ‘distúrbio’ sem causa definida (BRAUNWALD; ISSELBACHER et
al., 1987).
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Capítulo 3
O trabalho como espaço criativo e
sustentador da vida
Origens
É necessário examinar a dupla característica do trabalho como fonte de vida e fonte
de ameaças à saúde e à vida individual e coletiva. Um dos sinalizadores sociais dessa
ambivalência é a luta dos trabalhadores pela celebração do dia de 28 de Abril – Dia
Mundial em Memória das Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho.
Esse dia de mobilização social surgiu no Canadá, por iniciativa do movimento sindical,
como ato de denúncia e protesto contra as mortes e doenças causados pelo trabalho,
espalhando-se por diversos países. Esse dia foi escolhido em razão de um acidente que
matou 78 trabalhadores em uma mina no estado da Virgínia, nos Estados Unidos, no
ano de 1969. (CENTRAIS SINDICAIS DO BRASIL, 2011, 2012)
A partir daí se faz necessário identificar as posições que se confrontam quando se analisa
o trabalho como fonte de vida e dignidade.
A ampliação do poder social de regular as forças produtivas para que não destruam a
fonte da vida levam ao socialismo, em suas múltiplas formas e estágios, desde a social
democracia europeia aos estados socialistas asiáticos. A subordinação de tudo ao
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UNIDADE I │ORIGENS E SISTEMAS DE COMPREENSÃO NA EPIDEMIOLOGIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR
A saúde do trabalhador surgiu no Brasil nos anos 1980 com objetivo de promover
a construção de mecanismos de promover, proteger e vigiar a saúde do trabalhador
propõe que os mecanismos de funcionamento e as políticas sejam controlados por
trabalhadores organizados em participação direta em todos os níveis, local, municipal,
estadual e federal. A saúde do trabalhador fica definida como a prática da Saúde
Coletiva subordinada ao controle social dos trabalhadores organizados (PIMENTA;
CAPISTRANO FILHO et al., 1988).
A associação entre países com economias primárias mais fortes e não completamente
financeirizados resultou em clima de crescimento econômico contrário à recessão da
Europa, América do Norte, e sudeste asiático.
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ORIGENS E SISTEMAS DE COMPREENSÃO NA EPIDEMIOLOGIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR│ UNIDADE I
juros, causar desemprego e aumentar a renda dos rentistas e banqueiros. A Troika não
conseguiu ainda impor sua política abaixo do Equador.
O preço pago pelos trabalhadores foi sustentar governos de coalizão onde a maioria
só é possível atendendo interesses de frações da classe que vive de rendas bancárias
e concentração de propriedades. Os partidos políticos de esquerda não são maioria
no Congresso. O sistema eleitoral não permite eleições igualitárias pela existência
de financiamento privado para eleger políticos lobistas. A política dos trabalhadores
arriscou-se à divisão em partidos cada vez mais minoritários e mais frágeis. A emergência
da legalidade para novas centrais sindicais a partir de 2008 também se apresentou como
nova barreira para a unificação de pautas de defesa dos direitos sociais, dentre elas,
resultando em prejuízos para o Sistema Único de Saúde e para a saúde do trabalhador
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UNIDADE II │SISTEMAS DE COMPREENSÃO NA EPIDEMIOLOGIA DAS DOENÇAS ORIGINADAS OU AGRAVADAS PELO TRABALHO
Recuos e avanços
As frações da classe trabalhadora avançaram em suas múltiplas formas de organização
social e algumas aderiram às políticas das classes dominantes. Aceitaram trocar direitos
sociais consagrados por garantias de acesso a bens e serviços privados. Grupos sindicais
se fracionaram e se acusaram reciprocamente de adesão criando palavras de ordem que
confundem e desunem os trabalhadores.
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SISTEMAS DE COMPREENSÃO NA EPIDEMIOLOGIA DAS DOENÇAS ORIGINADAS OU AGRAVADAS PELO TRABALHO│UNIDADE II
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UNIDADE II │SISTEMAS DE COMPREENSÃO NA EPIDEMIOLOGIA DAS DOENÇAS ORIGINADAS OU AGRAVADAS PELO TRABALHO
Sucessos locais:
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SISTEMAS DE COMPREENSÃO NA EPIDEMIOLOGIA DAS DOENÇAS ORIGINADAS OU AGRAVADAS PELO TRABALHO│UNIDADE II
desigualdades, não quer reforma eleitoral e política, não quer reforma tributária para
deixar de taxar o rendimento assalariado. Fala de ética para perseguir técnicos que
revelam doenças de trabalhadores e denunciam condições degradantes de trabalho. A
ética que serve para perseguir os trabalhadores é ética de classe que destaca o segredo
patronal, ética corporativa para proteger capatazes, ética do consumo privado ampliado,
e a ética do controle da força de trabalho pelo acesso ao segredo dos prontuários dos
trabalhadores dentro dos muros das empresas. Essa ética se opõe ao uso da informação
pública pelos gestores.
Esta proposta teórica associa a continuação dos movimentos negacionistas com a defesa
de que também se deve continuar a negar acompanhamento após a exposição e evitar
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UNIDADE II │SISTEMAS DE COMPREENSÃO NA EPIDEMIOLOGIA DAS DOENÇAS ORIGINADAS OU AGRAVADAS PELO TRABALHO
a aplicação do princípio das leis que determinam que o poluidor tenha que pagar pelo
dano causado – princípio do poluidor-pagador.
Isso faz com que a saída de judicializar e criminalizar não seja boa para os técnicos que
defendem hoje as políticas desinformadoras e os privilégios corporativos. O tempo está
correndo e esvazia a ação dos técnicos de ST dos serviços do SUS além de sobrecarregar
a Justiça do Trabalho em todos os seus níveis. É como uma hemorragia gotejante que
enfraquece e não mata. Os governos em coalizão retrocedem e a direita liberal avança
nas privatizações e segmentação do consumo. A privatização está fazendo muita poeira
na estrada.
< http://www.mercosul.gov.br/>.
<http://www.brasil.gov.br/sobre/o-brasil/brasil-no-exterior/brasil-e-america-
do-sul-1/unasul>.
<http://www.sohistoria.com.br/resumos/guerrafria.php>.
<http://www.pac.gov.br/>.
<http://www.ipea.gov.br/desafios/index.php?option=com_content&view=artic
le&id=2911:catid=28&Itemid=23>.
<http://www.observatoriost.com.br>.
<http://www.ccvisat.ufba.br/>.
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ALTERNATIVAS
PARA MÉTODOS
E MEDIDAS DE
PRECAUÇÃO
E SELEÇÃO DE Unidade iII
PRIORIDADES EM
EPIDEMIOLOGIA
APLICADA À SAÚDE
DO TRABALHADOR
CAPÍTULO 1
Uma agenda para saúde e
desenvolvimento
Este capítulo busca analisar a história recente dos direitos sociais em busca de uma
pauta política. Descreve parcialmente a discussão que considerou aspectos globais
da Seguridade Social englobando o SUS e a Previdência Social como direito humano
e constitucional que deve ser conquistado e discutido na 4a Conferência Nacional de
Saúde do Trabalhador do Brasil.
Interessa aos jornais, revistas e televisões dizer que a Previdência Social dá prejuízo
para defender a sua privatização (CUNHA, 2013). As medidas políticas e econômicas
que perdoam dívidas com a Previdência Social comprometem a arrecadação de
contribuições. Até 2013 o saldo de caixa de arrecadação da Previdência Social é positivo
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UNIDADE III │ALTERNATIVAS PARA MÉTODOS E MEDIDAS DE PRECAUÇÃO E SELEÇÃO DE PRIORIDADES EM EPIDEMIOLOGIA APLICADA À SAÚDE DO TRABALHADOR
A maior parte das universidades públicas e privadas não forma profissionais de saúde
para o trabalho no SUS. Atende primeiramente ao mercado privado de clínicas e
hospitais filiados e planos privados de saúde, levando à carência de profissionais de
saúde para o trabalho na assistência primária especialmente nas cidades menores e nas
áreas rurais.
Pelo lado relativo aos profissionais já formados, não existe obrigação de que os
profissionais formados com dinheiro público trabalhem pelo menos dois anos no SUS
e a mídia chama isso de “direito individual” dos profissionais que estudaram com
financiamento público. Falta um Serviço Civil Obrigatório para os profissionais de saúde
recém-formados e existe resistência de órgãos da corporação médica contra a aceitação
de diplomas de medicina de brasileiros e estrangeiros formados no exterior que
desejam trabalhar no Brasil (BRASIL - MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO - MINISTÉRIO
DA SAÚDE, 2011).
38
ALTERNATIVAS PARA MÉTODOS E MEDIDAS DE PRECAUÇÃO E SELEÇÃO DE PRIORIDADES EM EPIDEMIOLOGIA APLICADA À SAÚDE DO TRABALHADOR│ UNIDADE III
Para as lideranças sindicais importa saber com quais políticas converge ou diverge a
defesa do progresso social e do desenvolvimento com trabalho e saúde no campo. As
divergências estão claramente explicitadas.
A atuação recente das entidades médicas só pretende ou aceita reforçar o SUS na defesa
da criação de carreiras de estado para os médicos. Nesse ponto a política corporativa
converge com os interesses das classes trabalhadoras ao reforçar a política pública de
atendimento com equidade para os trabalhadores rurais e urbanos.
Outros interesses políticos poderão convergir com o interesse das classes trabalhadoras
se buscarem reforçar a participação popular nos Conselhos Municipais, Estaduais
e Nacional de Saúde. O reforço à democracia participativa é ponto de convergência
importante para a defesa de uma verdadeira política de saúde para trabalhadores e
trabalhadoras.
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UNIDADE III │ALTERNATIVAS PARA MÉTODOS E MEDIDAS DE PRECAUÇÃO E SELEÇÃO DE PRIORIDADES EM EPIDEMIOLOGIA APLICADA À SAÚDE DO TRABALHADOR
Para esses países a proposta das grandes seguradoras internacionais não é atendimento
público universal e gratuito como a do SUS. Desejam criar uma cunha econômica com
o novo conceito de Cobertura Universal à Saúde, de caráter compulsório, sob controle
de seguradoras privadas, subsidiado com dinheiro público e capaz de extorquir das
pessoas uma “contribuição para moderar o uso dos serviços”. O modelo internacional,
até agora fracassado no país de origem, tem sido chamado de “Obama-care”. Segundo
esse modelo, o governo nacional paga seguradoras e elas decidem quem deve ser
atendido e como. Quem procurar o serviço paga taxa adicional de acesso segundo o
nível de pobreza em que foi classificado.
A luta dos neoliberais contra sistemas nacionais universais é liderada por financeiras
internacionais que têm interesse em transformar a água de beber, a energia elétrica
dos lares, saúde, previdência, educação e até as prisões em produtos de venda
internacional. A venda privada de serviços que deveriam ser direitos dos cidadãos é
parte da grande divergência entre a economia política internacional e o interesse das
classes trabalhadoras. É fundamental constatar o poder determinante dos interesses
de bancos e financeiras internacionais que ou usam forças armadas dos próprios países
ou, quando invadem, usam exércitos mercenários para destruir governos nacionais e
sistemas de direitos sociais.
Depois dos serviços sociais, o capital internacional tem como objetivo controlar todas as
fontes de água doce e de energia. O conceito de energia vai da energia dos alimentos até
a energia contida no petróleo. Para controlar os alimentos a grande arma internacional
são os agrotóxicos e o monopólio das sementes de vegetais transgênicos (SMITH, 2003;
SMITH, 2007; 2009; AUGUSTO; CARNEIRO et al., 2012; CARNEIRO; PIGNATI et
al., 2012; RIGOTO; PORTO et al., 2012). O interesse dos trabalhadores diverge do
interesse das companhias que vendem sementes que só nascem uma vez e das plantas
que exigem agrotóxicos para crescer.
A água doce significa insumo para indústrias e para serviços, incluindo escolas, mercados,
bancos, e redutos turísticos privados “resorts”. Como combustível da vida a água doce
também significa a geração de energia hidroelétrica, ainda que para isso tenha que se
40
ALTERNATIVAS PARA MÉTODOS E MEDIDAS DE PRECAUÇÃO E SELEÇÃO DE PRIORIDADES EM EPIDEMIOLOGIA APLICADA À SAÚDE DO TRABALHADOR│ UNIDADE III
A energia está sendo planejada e disputada no Século XXI para três campos
principais: a nanotecnologia, as comunicações e o armamento. Outros campos de
domínio econômico tendem a se comportar de maneira subsidiária dentro da geração
de energia como petróleo o gás, mineração, usinas nucleares, química “suja”, e
manufaturas obsoletas.
Nenhum desses campos opera sem trabalhadores. Não abrem mão de qualificar e
capacitar quem seja útil e também não abrem mão do descarte ilimitado de trabalhadores
doentes, desgastados, ou subqualificados. O planejamento da mão de obra do século
XXI é para descarte como forma de controle contra rebeliões e contra exigências de
direitos pelos trabalhadores.
Impõe-se pensar em uma forma de passar das condições mais selvagens e predatórias
do capitalismo, que repete no século XXI o que o pirata Francis Drake foi autorizado
pelo rei da Inglaterra a fazer nos mares do sul. É necessário forçar a fronteira móvel
entre essa forma assassina de explorar o trabalho em direção às conquistas de direito à
reprodução social, biológica e política dos trabalhadores. Essa transição justa no Brasil
e em outros países depende de momentos como a 4a Conferência Nacional de Saúde do
Trabalhador e da Trabalhadora.
41
UNIDADE III │ALTERNATIVAS PARA MÉTODOS E MEDIDAS DE PRECAUÇÃO E SELEÇÃO DE PRIORIDADES EM EPIDEMIOLOGIA APLICADA À SAÚDE DO TRABALHADOR
Como ousadia apresentamos alguns tópicos podem ser apontados como favorecedores
da transição justa para os trabalhadores no Brasil.
A defesa do SUS pelos trabalhadores é uma pauta internacional. Coincide com a defesa
do uso das águas sem taxação para agricultores e para uso doméstico familiar. Entra
em conflito com a privatização da água de beber e com a cobrança da água encanada
para os moradores das cidades quando existe esse serviço. Nos países desenvolvidos
como o Canadá a água encanada domiciliar é gratuita e ninguém pensaria em cobrar
pelo fornecimento de água para beber. O que foi ofensa no passado hoje é considerado
natural. As companhias e bancos internacionais defendem que o pobre e o trabalhador
paguem para beber água.
42
ALTERNATIVAS PARA MÉTODOS E MEDIDAS DE PRECAUÇÃO E SELEÇÃO DE PRIORIDADES EM EPIDEMIOLOGIA APLICADA À SAÚDE DO TRABALHADOR│ UNIDADE III
43
A ESTRUTURA E
OS MÉTODOS
DE MEDIDA
DAS DOENÇAS Unidade iV
E AGRAVOS
EM SAÚDE DO
TRABALHADOR
Capítulo 1
Métodos epidemiológicos gerais em
uso na saúde do trabalhador
Contexto histórico
As últimas décadas do século XX assinalam o avanço dos métodos epidemiológicos
na possibilidade de apontar relações entre exposição a riscos no trabalho e desfechos
na forma de doenças, acidentes e mesmo óbitos, percebidos por trabalhadores
e profissionais de saúde. Esse processo tem a sua face científica na discussão sobre
causalidade que corre paralela à discussão sobre a face social dos efeitos da economia
política sobre a saúde dos povos, especialmente dos trabalhadores. Dois princípios
emergem a partir de 1960 na literatura científica em Saúde e Ambiente guinando a
epidemiologia aplicada à saúde do trabalhador: o princípio da precaução e o princípio
da organização social militante, sindical e independente (KRIEBEL;TICKNER, 2001;
SIQUEIRA, 2003; SIQUEIRA; CARVALHO, 2003).
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A ESTRUTURA E OS MÉTODOS DE MEDIDA DAS DOENÇAS E AGRAVOS EM SAÚDE DO TRABALHADOR │ UNIDADE IV
Os ideais de Rudolf Virchow (Rudolf Ludwig Karl Virchow), criador da Medicina Social,
são fronteira clara entre o pensamento médico que deu origem à multicausalidade,
e as diretrizes políticas do chanceler Otto Von Bismarck (Otto Eduard Leopold Von
Bismarck-Schönhausen) que criou a Previdência Social Alemã como maneira de
conter reivindicações operárias iniciadas nas minas de carvão da Silésia (ANDERSON;
SMITH et al., 2005). As minas de carvão eram estratégicas para o Império Austro-
Húngaro e o Imperador Guilherme II precisava conter os movimentos operários que
sempre retomavam as reivindicações da revolução europeia socialista de 1848. Assim
a Previdência Social Alemã nasceu antissocialista e solidária entre gerações de idosos
e jovens para impedir os socialistas e operários de reivindicarem o poder no império
Austro-Húngaro. Virchow foi o médico polonês que teve as ideias revolucionárias que
mobilizaram em contrário o chanceler alemão Von Bismarck a convencer o imperador
no sentido de “conceder” em 1889 direitos previdenciários aos mineiros, e depois aos
trabalhadores alemães em geral (MCNEELY).
45
UNIDADE IV │ A ESTRUTURA E OS MÉTODOS DE MEDIDA DAS DOENÇAS E AGRAVOS EM SAÚDE DO TRABALHADOR
O desenvolvimento dos direitos sociais dos estados de bem-estar social esteve sob ataque
na Europa durante as crises econômicas mundiais de 1917-1919, 1929, 1937-1945, 1980 e
2008 enfrentando movimentos políticos da segunda onda liberal ou neoliberal, em que
bancos e financeiras disputam com as populações os frutos do trabalho buscando reduzir
pensões, aposentadorias, direitos à saúde, educação, e justiça social (BREILH, 1999).
Os países chamados de emergentes em geral são menos atingidos pelas crises econômicas
geradas nas matrizes do mundo financeiro e costumam manter suas economias devido à
produção e exportação de commodities e produtos de manufatura simples cuja demanda
não desaparece quando as crises atingem os chamados países centrais. Entretanto suas
dívidas externas não os livram da intensa crise política que reflete a pressão exercida
pelo mundo financeiro em busca de aumentar suas taxas de lucro estreitadas pela
impossibilidade dos bancos dos países centrais poderem continuar lucrando sem produzir
bens materiais (QUINLAN; MAYHEW et al., 2001; ILO INTERNATIONAL LABOUR
OFFICE e WTO WORLD TRADE ORGANIZATION, 2009).
Essa informação sobre quem são os trabalhadores que contribuem para a Previdência
Social permite a combinação entre dados de emprego individual e das empresas que
declaram seus empregados pela Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia por Tempo
de Serviço (FGTS) e de Informações à Previdência Social (GFIP). Dessa maneira é possível
saber quem trabalhou, onde trabalhou, em empresa de qual categoria econômica, e
se recebeu benefícios previdenciários por doença, invalidez ou morte registrados no
Sistema Único de Informações de Benefícios (SUIBE) do Instituto Nacional de Seguro
Social (INSS). Desta forma, são completados os requisitos epidemiológicos essenciais
para detectar no Brasil casos a serem estudados – benefícios – e o denominador para cada
período, representado pelo número médio de trabalhadores vinculados anualmente nos
diferentes ramos econômicos. Basicamente não existe epidemiologia sem numerador e
46
A ESTRUTURA E OS MÉTODOS DE MEDIDA DAS DOENÇAS E AGRAVOS EM SAÚDE DO TRABALHADOR │ UNIDADE IV
<http://www.mpas.gov.br/arquivos/office/3_110628-175051-157.pdf>.
O Brasil é, a partir do século XXI, um país maduro para analisar suas informações sobre
trabalhadores, benefícios previdenciários por doenças, acidentes e mortes, qualificando
quando o trabalho é ou não a origem dos problemas. É possível saber em qual ramo
econômico se deu a exposição a um presumido agente nocivo e com alguma dificuldade
é possível reconstituir trajetórias individuais que identifiquem consequências de
exposições ocorridas até 1976.
Com esta evolução saímos da análise de dados intraempresas, sempre difíceis de obter,
sempre sonegados e subnotificados, de acordo com a regra secular não codificada em
nenhuma lei, de que a Saúde Pública e o Estado não podem ou não devem interferir na
organização do espaço urbano e rural e nem possa subordinar os processos de produção
às exigências de proteção à saúde.
Permanecem ainda resquícios da antiga legislação que criou os prêmios salariais para
trabalhadores que correm perigos por exposições conhecidas, como os adicionais de
insalubridade. Apesar de que nos anos 1980 os sindicatos realizaram campanhas com
o lema “saúde não se troca por dinheiro”, ainda persistem ganhos transitórios em
recompensa pelas ilusões de que se possa comprar a decisão do trabalhador resistir a
ambientes de trabalho insalubres (REBOUÇAS; ANTONAZ et al., 1989).
47
UNIDADE IV │ A ESTRUTURA E OS MÉTODOS DE MEDIDA DAS DOENÇAS E AGRAVOS EM SAÚDE DO TRABALHADOR
A profissão é a prática de trabalho habitual, para a qual a pessoa tem formação por
treinamento, e é reconhecida publicamente ou regulamentada. A ocupação é o vínculo
contratual ou denominação de trabalho, que pode envolver tarefas características ou
não da profissão eventualmente declarada, e estas tarefas são mais bem descritas pelos
termos - função ou atividade. A função de preparar a argamassa de cimento, areia e pedra
é a atividade própria do servente de pedreiro na construção civil. A função depende do
estágio tecnológico da produção e pode variar dentro de uma mesma ocupação em cada
tempo. A categoria econômica em que trabalha um grupo de empregados de diferentes
ocupações e funções é o agrupamento mais genérico e homogêneo que se pode pretender
nos registros brasileiros atuais (OLIVEIRA, 2010).
48
Capítulo 2
Modelos de investigação
epidemiológica para a saúde do
trabalhador e ambiente
“[...] first, the organism is always found with the disease, in accord with
the lesions and clinical stage observed; second, the organism is not
found with any other disease; third, the organism, isolated from one who
has the disease and cultured through several generations, reproduces
the disease (in a susceptible experimental animal) [...] Even where an
infectious disease cannot be transmitted to animals, the ‘regular’ and
‘exclusive’ presence of the organism proves a causal relationship.”
Após mais de meio século dos postulados de Koch surgiu nova compilação publicada
na Inglaterra por Sir Bradford Hill. Os critérios de Hill (1965), foram publicados com a
interessante observação que não é usualmente tomada por seus seguidores, em alguns
casos atuando como verdadeiros “sequazes”. Dos nove critérios temos as seguintes
categorias genéricas:
2. força da associação;
3. relação dose-resposta;
49
UNIDADE IV │ A ESTRUTURA E OS MÉTODOS DE MEDIDA DAS DOENÇAS E AGRAVOS EM SAÚDE DO TRABALHADOR
1. consistência da associação;
Foram adicionados por epidemiologistas modernos ainda outros requisitos, tal como
em Gordis, 1996, p. 179:
50
A ESTRUTURA E OS MÉTODOS DE MEDIDA DAS DOENÇAS E AGRAVOS EM SAÚDE DO TRABALHADOR │ UNIDADE IV
51
Capítulo 3
Causalidade na saúde dos
trabalhadores
Para os que ainda insistissem em considerar a mensuração dos riscos como única tarefa
da epidemiologia ainda era apresentada a impossibilidade de cobrir o universo de causas
sem o testemunho da clínica, mesmo assim deixando-se sempre resíduos para serem
explicados por fatores de outra ordem que resolvam a disputa sobre determinantes ou
meros fatores de risco. A epidemiologia pode ajudar, mas não pode dar conta de toda a
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A ESTRUTURA E OS MÉTODOS DE MEDIDA DAS DOENÇAS E AGRAVOS EM SAÚDE DO TRABALHADOR │ UNIDADE IV
interface entre o biológico e o social (ALMEIDA FILHO, 1992, p. 54). Fala-se a partir
daí contra o primado do risco imposto como padrão único de vigilância e análise para
fins primariamente de seguro saúde e seguridade social (AYRES, 1997, p. 235).
Isso virá refletir na adoção de modelos e métodos de pesquisa fora dos modelos clássicos:
estudos transversais, estudos caso-controle, coortes e estudos ecológicos (MAUSNER;
KRAMER, 1985; GORDIS, 1996; ROUQUAYROL; ALMEIDA FILHO, 2003). Os
estudos ecológicos multiplicaram sua importância diante dos problemas de medidas
populacionais pós-consumo. Exemplo são as mudanças nutricionais, as doenças
de espectro geográfico distinto em populações semelhantes, as doenças localizadas
em pontos restritos de países e agora as doenças dos trabalhadores do mesmo ramo
econômico sem causas conhecidas ou aparentes.
Uma outra vertente foi desenvolvida com a introdução de hábitos de consumo em massa,
como o flúor na água potável, a merenda escolar, as compensações de desvantagens sociais
por cotas, que promovem a adoção dos métodos quase-experimentais (CAMPBELL;
STANLEY, 1979; KLEINBAUM; KUPPER et al., 1982; MCDONALD, 1995).
53
UNIDADE IV │ A ESTRUTURA E OS MÉTODOS DE MEDIDA DAS DOENÇAS E AGRAVOS EM SAÚDE DO TRABALHADOR
54
Capítulo 4
Os estudos de coorte – padrão em
saúde dos trabalhadores
55
UNIDADE IV │ A ESTRUTURA E OS MÉTODOS DE MEDIDA DAS DOENÇAS E AGRAVOS EM SAÚDE DO TRABALHADOR
A maioria dos estudos prospectivos em trabalhadores teve como alvo moléstias crônicas
ou de lenta evolução, como o câncer. O estabelecimento de nexos causais com o processo
de produção deveu-se ao desenvolvimento de uma metodologia de análise que leva
em conta o tempo de exposição ao(s) fator(es) suspeito(s). Para isso, foi necessário
o desenvolvimento de estudos que além da incidência acumulada, considerassem o
tempo, de forma a contabilizar a atividade daqueles que interromperam o trabalho
por demissão, incapacidade ou óbito. Foram desenvolvidos basicamente dois tipos de
estudos prospectivos:
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A ESTRUTURA E OS MÉTODOS DE MEDIDA DAS DOENÇAS E AGRAVOS EM SAÚDE DO TRABALHADOR │ UNIDADE IV
cinco quinquênios.
Período
Idade em Anos Total de Anos/Pessoa
Calendário
30-34 35-39 40-44 45-49 50-54
1950-54 (1)3 (3)5 8
1955-59 (1)5 5
1960-64 (2)2 (1)5 7
1965-69 (2)3 (1)5 8
1970-74 (1)5 5
Total de pessoas/ano 3 7 8 5 10 33
57
UNIDADE IV │ A ESTRUTURA E OS MÉTODOS DE MEDIDA DAS DOENÇAS E AGRAVOS EM SAÚDE DO TRABALHADOR
A montagem de uma tabela semelhante, que agrupe maior número de pessoas, embora
requeira cuidados para ser construída ano a ano antes de ser resumida, é etapa
indispensável para a contabilização dos denominadores para cálculos de taxas de
incidência.
As incidências podem ser calculadas tanto por faixas etárias como por tempo-calendário.
Tanto a idade muda a suscetibilidade como o tempo implica em diferenças nos métodos
de produção utilizados. A comparação entre as influências dos dois fatores é possível
com a utilização desta técnica.
Medidas de risco
Após a totalização dos anos-pessoa trabalhados em uma população observada, são
calculadas as taxas de incidência. Mostramos na tabela 2 dados hipotéticos para cálculo
das incidências.
Tempo em anos Pessoas-ano trabalhadas mortes por câncer resp. incidência ano-1
> 15 1,0 . 104 61 0,0061
10-14 3,3 . 103 10 0,0030
5-9 4,3 . 103 15 0,0035
1-4 9,1 . 103 24 0,0026
Total 2,6 . 104 110 0,0042
Fonte: Adaptado de Mausner, 1985 (p. 318). Mortalidade em soldadores atribuída à exposição ao arsênico.
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A ESTRUTURA E OS MÉTODOS DE MEDIDA DAS DOENÇAS E AGRAVOS EM SAÚDE DO TRABALHADOR │ UNIDADE IV
O Efeito Absoluto (Ea) – seria a simples diferença de taxas ou de riscos. Dado que I₁
= incidência entre expostos e I₀ = incidência entre os expostos (p.51) (ROTHMAN;
GREENLAND, 1998):
A razão entre o efeito absoluto e o risco basal dos não expostos, é chamada de Efeito
Relativo da Exposição. Mantendo a notação adotada:
59
UNIDADE IV │ A ESTRUTURA E OS MÉTODOS DE MEDIDA DAS DOENÇAS E AGRAVOS EM SAÚDE DO TRABALHADOR
por câncer respiratório e que, apesar de fazer parte do grupo exposto a doença seria
“inevitável”, nesta pessoa.
A comparação do efeito absoluto com a incidência do grupo exposto é definida como Risco
ou Proporção Atribuível da exposição (PAe), e pode ser assim definida (LILIENFELD;
STOLLEY, 1994; ROTHMAN; GREENLAND, 1998):
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A ESTRUTURA E OS MÉTODOS DE MEDIDA DAS DOENÇAS E AGRAVOS EM SAÚDE DO TRABALHADOR │ UNIDADE IV
Na indústria em geral, os riscos para a saúde são distintos para cada função-atividade
e a divisão em seções de trabalho é suficiente para o mapeamento. Persiste, entretanto,
o problema de trabalhadores que mudam de atividade ou de seção, enfrentando riscos
múltiplos e alternantes. O termo risco é empregado aqui com o sentido de probabilidade
de ocorrência de um evento mórbido e corresponde estritamente à incidência acumulada
e também ao risco relativo, que será discutido mais adiante. Estudos de prevalência não
medem risco, por que não levam em conta os doentes ou mortos que não são contados
no local e no momento do inquérito, mas que pertenceram ao grupo (GORDIS, 1996;
MEDRONHO; CARVALHO et al., 2002).
61
Capítulo 5
A vigilância epidemiológica no
trabalho
O epidemiologista e a vigilância
O epidemiologista, em relação à saúde do trabalhador, atua em dois níveis.
Primeiramente, com o levantamento de todas as etapas de produção em que se engaja
um grupo de profissionais e catalogação de seus riscos específicos por exposição ao tipo
de trabalho. A doença ocupacional típica é, conceitualmente, uma ocorrência epidêmica.
A razão para isto é que o número de casos típicos de agravos devidos ao processo de
produção deveria ser zero porque são potencialmente evitáveis.
62
A ESTRUTURA E OS MÉTODOS DE MEDIDA DAS DOENÇAS E AGRAVOS EM SAÚDE DO TRABALHADOR │ UNIDADE IV
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UNIDADE IV │ A ESTRUTURA E OS MÉTODOS DE MEDIDA DAS DOENÇAS E AGRAVOS EM SAÚDE DO TRABALHADOR
A ausência ao trabalho pode ser motivada por más condições de saúde e pela busca de
serviços de saúde, entre outros motivos. Existem ainda vários outros determinantes do
absentismo, mas a legislação existente na maioria dos países só abona falta por motivo
de saúde. Isto impede a análise do absentismo como indicador puro pela contaminação
por outros problemas sociais.
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A ESTRUTURA E OS MÉTODOS DE MEDIDA DAS DOENÇAS E AGRAVOS EM SAÚDE DO TRABALHADOR │ UNIDADE IV
epidemiológica que poderia ser mais adequada à estrutura dos mesmos (HENSING;
ALEXANDERSON et al., 1998).
Estudos ecológicos
A exposição adotada para observação nas avaliações do NTEP é de caráter ecológico,
uma vez que não é possível saber dentro de cada setor da economia, qual é a dose
específica de exposição de cada trabalhador(a). Por isso é que a variável classificatória da
CNAE é denominada de variável síntese. O estudo é de coorte e a exposição é ecológica,
ou de caráter mediano populacional presumidamente equivalente.
Vem daí a grande expressão que foi tomada pelo inverso. Os primeiros estudos
epidemiológicos apontaram a existência de um possível viés, denominado de viés de
informação ou “falácia ecológica”, pela impossibilidade de medir se os doentes são
exatamente os mais expostos. Infelizmente ao longo do tempo a expressão foi invertida.
Ao contrário de dizer-se que estudos ecológicos podem ter um viés que aponta uma
condição protetora como sendo exatamente a agressora passou a ser interpretado de
modo oposto. A possibilidade de existência do viés se transformou na certeza de que
todo estudo ecológico é enviesado. Ao contrário de se falar em falácia ecológica passou-
se a falar em ecologia falaciosa.
65
UNIDADE IV │ A ESTRUTURA E OS MÉTODOS DE MEDIDA DAS DOENÇAS E AGRAVOS EM SAÚDE DO TRABALHADOR
como exposições ecológicas validadas em relações de causa e efeito com doenças como
câncer (risco) e cárie dentária (prevenção) (GORDIS, 1996, cap. 13).
Os estudos ecológicos buscam relações em que corpos sociais inteiros estão mais
expostos a determinadas condições e delas podemos destacar as condições de trabalho
peculiares a cada ramo da economia, segundo classificado na CNAE. O Nexo Técnico
Epidemiológico Previdenciário (NTEP) – decorre exatamente da exposição coletiva e
do desvelamento da associação entre trabalho e exposição em massa para cada tipo
de ramo da economia (BRASIL - CONGRESSO NACIONAL, 2003). Não se baseia em
exposições individualizadas impossíveis de medir em um país de dimensões continentais
(OLIVEIRA, 2010).
66
Capítulo 6
Conceitos básicos sobre medidas no
processo saúde-doença
Os indicadores em geral são taxas, coeficientes ou índices. Uma taxa, análoga à noção
de velocidade, é um quociente com uma frequência no numerador e uma medida de
tempo no denominador. A unidade de tempo deve ser sempre expressa: meses, anos,
dias, ou horas para permitir a comparabilidade de números em diferentes medidas.
É comum utilizar-se horas como unidade padrão para medir a frequência de lesões
decorrentes do trabalho.
Um coeficiente é uma proporção que mede risco. Nela o numerador está contido no
denominador sendo dele um subconjunto. Uma proporção pode variar de zero a um.
Por exemplo, os dias perdidos por lesões ocupacionais são uma parcela dos dias de
trabalho de um grupo de operários.
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UNIDADE IV │ A ESTRUTURA E OS MÉTODOS DE MEDIDA DAS DOENÇAS E AGRAVOS EM SAÚDE DO TRABALHADOR
Esta definição estrita dos termos taxa, coeficiente e índice é um evento relativamente
recente na epidemiologia. A maioria dos textos escritos até o presente, ainda exige
flexibilidade na interpretação destas palavras. Neste texto, realiza-se um esforço de
adesão ao sentido mais preciso.
A distinção entre o que seria um período de tempo e um ponto no tempo exige tolerância.
Um “ponto no tempo” pode “durar” um ano, a exemplo do que acontece quando se
deseja contar todos os casos de uma doença existentes em um estado ou país.
(A) (B)
Casos Novos novos + antigos
Incidência = Prevalência =
População População
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A ESTRUTURA E OS MÉTODOS DE MEDIDA DAS DOENÇAS E AGRAVOS EM SAÚDE DO TRABALHADOR │ UNIDADE IV
A Taxa de Incidência (A1) poderia ser definida como o número de casos novos de doença
iniciados na população, divididos pela soma dos períodos de tempo de observação para
todos os indivíduos na população sob risco. Esquematicamente:
(A1)
N Casos Novos
o
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UNIDADE IV │ A ESTRUTURA E OS MÉTODOS DE MEDIDA DAS DOENÇAS E AGRAVOS EM SAÚDE DO TRABALHADOR
A taxa de incidência de lesões poderia ser expressa em anos. Como cada trabalhador
contribuiu com a média de 3 meses para o estudo, coube, a cada um, 0,25 ano. Foram
anotadas 10.000 pessoas acumulando 0,25 x 10.000 = 2.500 anos de observação.
Esquematicamente teríamos:
ou seja,
0,04 ano-1
0,0033..mês-1
0,00011.dia-1
0,000.020.833 hora-1 (considerando-se 3 meses a 20 dias úteis e 8 horas por dia por
trabalhador num total de 480 horas em média)
x = 20,833... lesões
70
A ESTRUTURA E OS MÉTODOS DE MEDIDA DAS DOENÇAS E AGRAVOS EM SAÚDE DO TRABALHADOR │ UNIDADE IV
20,833 casos
Incidência = = 20,833 Milhão hora -1
Milhão horas trabalhadas
ou
IAc = Ti . t
Esta função é útil, uma vez que a incidência acumulada é mais fácil de medir, e também
porque a taxa de incidência pode ser estimada para ser utilizada em outras comparações.
ou
P = It .D se It < 0,1
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UNIDADE IV │ A ESTRUTURA E OS MÉTODOS DE MEDIDA DAS DOENÇAS E AGRAVOS EM SAÚDE DO TRABALHADOR
O quadro 3 pode servir de exemplo sobre a análise dos estudos de coorte com técnicas
usualmente empregadas para estudos caso-controle. A grandeza (a/c) é denominada
“odds” de exposição entre os casos e (b/d) é denominada “odds” de exposição para os não
casos. A palavra “odds” não tem tradução para o português, mas pode ser interpretada
grosseiramente como chance, não como probabilidade. Uma probabilidade verdadeira
seria (a/a+c) e não (a/c).
72
A ESTRUTURA E OS MÉTODOS DE MEDIDA DAS DOENÇAS E AGRAVOS EM SAÚDE DO TRABALHADOR │ UNIDADE IV
40 . 67
OR = = 8,27
36 . 9
A aplicação desta técnica de análise típica dos estudos de caso-controle em coortes tem
suscitado a discussão sobre o aumento da eficiência, que diz respeito à relação ótima
entre o número de casos estudados, a população fonte e o poder de teste derivado dos
estimadores de risco obtidos em coortes. Além da eficiência, a diminuição dos vários
tipos de vieses ou erros sistemáticos de medida, implica no aumento da validade interna
(KELSEY; WHITTEMORE et al., 1996; ROTHMAN; GREENLAND, 1998).
73
Capítulo 7
Limites do método epidemiológico
Tendências recentes
Um esforço mais recente é a utilização de metodologia combinando análises
quantitativas de risco com análises qualitativas que constroem o cenário sob o qual os
dados quantitativos devem ser analisados (KRIEBEL, 2001).
Os modelos simples servem para a luta social. Os modelos complexos servem para
as ações de intervenção. Façam-se análises de sensitividade para saber como os
resultados mudam uma vez que mudem as premissas adotadas pelo método utilizado;
e principalmente, use-se a precaução e não a reação para interpretar os princípios de
causalidade. (KRIEBEL, 2001)
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A ESTRUTURA E OS MÉTODOS DE MEDIDA DAS DOENÇAS E AGRAVOS EM SAÚDE DO TRABALHADOR │ UNIDADE IV
»» O que fazer com dados que aparentam relações não razoáveis entre
exposição e desfecho?
Objetivos e metas
Essa lista tem como fundamento: vigiar exposições novas e intensivas com base no
princípio da precaução. Seus objetivos são mitigar e substituir exposições agressivas e
reparar danos.
Sua meta válida e ainda não atingida pelos atuais serviços públicos de saúde do
trabalhador bem como pelas políticas públicas de justiça, saneamento e ambiente seria
monitorar transferência ou relocação de processos econômicos agressivos no território
bem como manter alerta para processos de adoecimento coletivo já conhecidos,
informando os serviços e a sociedade civil.
75
UNIDADE IV │ A ESTRUTURA E OS MÉTODOS DE MEDIDA DAS DOENÇAS E AGRAVOS EM SAÚDE DO TRABALHADOR
4. mineração e barragens;
76
Referências
______. Diário Oficial da União: FAP_ NTEP_ Lei Federal no 10.666 de 08/5/2003
Dispõe sobre a concessão da aposentadoria especial ao cooperado de cooperativa de
trabalho ou de produção e dá outras providências (Artigo 10: frequência, gravidade,
77
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11, n. 2, pp. 217-20, 2005.
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Chichester - Brisbaine - Toronto - Singapore: John Wiley e Sons, 1981.
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