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Universidade Nílton Lins

Faculdade de Medicina
Clínica Cirúrgica I

Apendicectomia
Prof. Josué Albuquerque Rodrigues
Prof. Júlio Francisco Arce Flôres

Manaus
2016
Introdução
Apendicectomia
Conceito

Intervenção cirúrgica destinada à remoção


do apêndice vermiforme (ou apêndice ileocecal)
Anatomia
Apendicectomia
Anatomia
Apendicectomia
Anatomia

Fonte: Atlas de Anatomia Humana Netter


Apendicectomia
Anatomia

Fonte: Atlas de Anatomia Humana Netter


Apendicectomia
Anatomia

• Comprimento: 2 a 20 cm; média de 9 cm, em adultos;


• Localização: convergência das tênias, na face inferior do ceco;
• Irrigação arterial: artéria apendicular, ramo da artéria ileocólica;
• Drenagem linfática: linfonodos ileocólicos anteriores.
Apendicectomia
Anatomia
Apendicectomia
Anatomia

Fonte: www.adam.com
Apendicectomia
Variantes Anatômicas

• Retrocecal: 65,3%;
• Pélvico: 31,6%;
• Sub-cecal: 2,3%;
• Na goteira parietocólica D: 0,4%;
• Em posição póstero-ileal: 0,4%;
• Em posição sub-hepática: raro.
Apendicectomia
Variantes Anatômicas
Apendicite
Apendicectomia
Histórico

•1886, Reginald Filtz: identificação do apêndice como causa primária de


inflamação na FID, com a recomendação de tratamento cirúrgico precoce;

•1889, Chester McBurney: descrição da dor migratória característica, além de


sua localização em FID;

•1894, Chester McBurney: descrição da incisão que divide o músculo da FID


para a retirada do apêndice;

•Década de 1940: diminuição da mortalidade de apendicite, pelo uso de


antimicrobianos de amplo espectro;

•1983, Kurt Semm: descrição da apendicectomia por técnica


videolaparoscópica.
Apendicectomia
Etiologia

•Obstrução (fecalitos, parasitos, matéria vegetal ou sementes);


•Hiperplasia linfóide;
•Neoplasia;
•Mucocele.

Fonte: www.flickr.com
Apendicectomia
Neoplasias

• Tumores primários do apêndice são raros;


• Carcinóides apendiculares são tumores neuroendócrinos;
• Ocorrem geralmente em pacientes na quarta década de idade;
• Apendicectomia curativa para tu de ponta do apêndice, de até 1 cm;
• Hemicolectomia D para tu de base ou mesoapêndice ou > 1 cm.
Apendicectomia
Neoplasias

• Tumores não-carcinóides do apêndice são raros;


• Quadro clínico de apendicite aguda, no paciente idoso;
• Maior tempo de evolução dos sintomas;
• Adenocarcinoma mucinoso é o tipo histológico mais comum;
• Taxa de sobrevida em 5 anos de aproximadamente 50%;
• Hemicolectomia D para tumores não-carcinóides > 1 cm.
Apendicectomia
Mucocele

• É o resultado da obstrução do orifício apendicular, com distensão do


apêndice por acúmulo intraluminal de material mucóide;

• A mucosa do apêndice pode conter epitélio benigno (associado a


retenção de cisto, hiperplasia mucosa ou atipia de baixo grau) ou
maligno (adenocarcinoma mucinoso).
Apendicectomia
Fisiopatologia

Obstrução da luz (principal causa)  supercrescimento bacteriano  secreção


continuada de muco  distensão intraluminal  sensação de dor visceral 
diminuição da drenagem venosa e linfática  isquemia mucosa  processo
inflamatório localizado  McBurney +  inflamação do peritôneo adjacente 
Blumberg +  gangrena  perfuração  peritonite  sepse  óbito

Fonte: www.flickr.com
Apendicectomia
Anamnese

• Dor inicial em região epigástrica, com migração para FID;


• Hiporexia ou anorexia;
• Náuseas e/ ou vômitos;
• Febre;
• Íleo adinâmico.
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Exame Físico

• Febre elevada (~ 38 oC);


• Diminuição de ruídos hidroaéreos;
• Sensibilidade focal, com retraimento voluntário;
• Sinal de McBurney;
• Sinal de Blumberg;
• Sinal de Rovsing;
• Sinal do ileopsoas;
• Sinal do obturador;
• Irritação peritoneal (apêndice perfurado).
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Exame Físico
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Exames Complementares

• Leucograma
• Leucocitose, com desvio à esquerda;
• Leucocitose de 20.000/ mL: apendicite complicada;

• Radiografia Simples de Abdome (diagnóstico diferencial)


• Alça sentinela;
• Nível hidroaéreo;
• Distensão do delgado;
• Apagamento do psoas direito.
Apendicectomia
Exames Complementares
Apendicectomia
Exames Complementares

• Ultrassonografia
• Apêndice com diâmetro ântero-posterior ≥ 7 mm;
• Estrutura luminar não-compressível;
• Paredes espessadas;

• Tomografia Computadorizada
• Apêndice distendido, com mais de 7 mm;
• Espessamento circunferencial da parede;
• Coleções intra-cavitárias.
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Exames Complementares

Fonte: www.sabiston.com
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Exames Complementares

Fonte: www.sabiston.com
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Exames Complementares

Fonte: www.sabiston.com
Apendicectomia
Exames Complementares

Fonte: www.sabiston.com
Apendicectomia
Diagnóstico Diferencial

• Neonatos: estenose pilórica;


• Crianças em idade pré escolar: intussuscepção, Meckel, GECA;
• Crianças em idade escolar: linfadenite mesentérica, DII.
Apendicectomia
Diagnóstico Diferencial

• Adultos: urolitíase, pielonefrite, diverticulite, colecistite, colite de Crohn;


• Mulheres em idade fértil: DIP, gravidez ectópica, doença túbulo-ovariana;
• Idosos: obstrução intestinal, diverticulite, neoplasias, úlceras perfuradas.
Apendicectomia
Algoritmo Diagnóstico

Fonte: www.sabiston.com
Apendicectomia
Apendicectomia
Técnica Aberta

1. Incisão
• McBurney;
• Rocky-Davis;
• Mediana infra-umbilical;
• Paramediana D infra-umbilical;
• Pfannenstiel;

2. Abertura da cavidade peritoneal;


3. Exposição do mesoapêndice;
4. Ligadura da artéria apendicular;
Apendicectomia
Técnica Aberta

5. Ligadura da base apendicular;


6. Sutura em bolsa do ceco;
7. Seção e exérese do apêndice;
8. Invaginação do côto apendicular;
9. Limpeza e revisão da cavidade;
10.Fechamento por planos.
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Técnica Videolaparoscópica

A1 - Localização dos portais para introdução dos trocartes;


A2 - Divisão do mesoapêndice com a utilização do bisturi harmônico;
Apendicectomia
Técnica Videolaparoscópica

B - Colocação de endoloop absorvível na base do apêndice;


C - Divisão do apêndice entre endoloops;
Apendicectomia
Técnica Videolaparoscópica

D - Colocação do apêndice em endobag para retirada pelo portal umbilical.


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Prognóstico

• Morbimortalidade
• Taxa de mortalidade ˂ 1%;
• Taxa de morbidade da apendicite perfurada é maior;

• Complicações
• Infecção da ferida operatória;
• Abscesso intra-abdominal;
• Obstrução do intestino delgado;
• Fístulas apendicocutâneas ou apendicovesicais.
Bibliografia
• TOWNSEND, C. M.; BEAUCHAMP, R. D.;
EVERS, B. M.; MATTOX, K. L. Sabiston Tratado
de Cirurgia: As Bases Biológicas da Prática
Cirúrgica Moderna. 18ª ed. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2009, p. 1252-1263.
Conclusão
• “Quando o cirurgião suspeita de apendicite, deve ser
apendicite. Quando o cirurgião não suspeita de
apendicite, pode ser apendicite”

(do autor)

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