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O MUNDO GLOBALIZADO E O

RISCO DE DOENÇA DE
TRANSMISSÃO HÍDRICA E
ALIMENTAR

Maria Bernadete de Paula Eduardo


DDTHA/CVE/CCD/SES-SP

Permitida a reprodução destes slides desde que citada a


fonte e que não seja para fins comerciais.
O MUNDO GLOBALIZADO E O RISCO DE DOENÇA
DE TRANSMISSÃO HÍDRICA E ALIMENTAR
• O fenômeno da migração das populações é fato
conhecido e antigo associado à disseminação de
doenças:
– o homem portando doenças e contaminando as
coleções hídricas,
– trazendo sua culinária e outros hábitos alimentares e
modos de vida, disseminando os microorganismos.

• Que diferenças há entre o passado e o presente?


– Uma importante constatação: as migrações constituem atualmente
fenômeno de dimensão mundial, que afeta a todos os países: todos
são países de origem, de trânsito ou de destino de migrantes.

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Dias para dar População
uma volta ao
mundo

População em bilhões
Intensa mobilização das populações:
Dias

Viajantes internacionais
Migrantes legais e ilegais
Refugiados
Trabalhadores de empresas
Vítimas do tráfico

Ano
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GLOBALIZAÇÃO DO COMÉRCIO DE
ALIMENTOS
• Importação/Exportação: Exemplo (negativo) e atual da
– Frutas e verduras (crus ou centralização da produção e
processados), cereais, carnes, distribuição em larga escala do
pratos pré-fabricados, enlatados,
sucos, leite e derivados, doces, produto e do risco à saúde é o leite
etc. produzido na China, misturado com
água e com melamina,
– Matrizes para criação de animais substância química utilizada com
para o consumo alimentar (aves, propósitos de fraude: dá maior
gado bovino, suíno, etc.)
consistência aos líquidos e engana
os testes de detecção de proteínas.
– Insumos para a criação de animais
de consumo alimentar O produto causa cálculos renais e
(farinhas/rações, hormônios e são inúmeras crianças com danos
antimicrobianos, etc.) renais, e pelo menos 10 óbitos
ocorridos. Mais de 24 países estão
– Fábricas ou Lojas mobilizados para impedir a
multi/internacionais (centralização importação do produto e para
dos processos de preparação,
produção e distribuição em larga apreender toneladas de bebidas
escala) lácteas, chocolates, balas, entre
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outros produtos com esse veneno.
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HÁBITOS ALIMENTARES
• Diferentes tipos de processamento industrial ou
preparo de determinados alimentos se universalizam
A globalização também se faz por meio dos
• Cultura dooalimento
alimentos: hambúrguer, por
cru ou “in exemplo,
natura” “.... é um
considerado
objeto
como simples, mas culturalmente e politicamente
mais saudável
(...) tão complexo e poderoso como aparelhos
eletrônicos que, como os telefones celulares, estão
• Comer fora de casa (restaurantes e outros serviços de
modificando o mundo" (Richard Wilk/Indiana
alimentação)
University).

• Culinárias “exóticas” se espalham


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GRUPOS POPULACIONAIS DE RISCO

• Institucionalização das pessoas: creches,


orfanatos, casas de idosos, etc.

• Procedimentos médicos invasivos e uso de


antimicrobianos produzindo linhagens bacterianas
resistentes às drogas

• Aumento da população imunodeprimida, de


idosos e maior sobrevida às doenças crônicas

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EMERGENTES E REEMERGENTES

• Surgimento de novos patógenos, alguns


ocupando o nicho deixado por outros

• Velhos patógenos com novos comportamentos

• Aumento da resistência aos antibióticos

• Regulamentações sanitárias insuficientes –


novas soluções devem ser procuradas
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EMERGENTES E REEMERGENTES

Agentes Via de contaminação Clínica

Salmonella Enteritidis Aves e ovos (crus ou mal Diarréia, febre, vômitos,


(disseminada pelo mundo a cozidos) com septicemia e óbito
partir dos anos 80) nos casos graves
Escherichia coli O157:H7 Carne bovina (cru ou mal Diarréia sanguinolenta,
cozida) e leite (não dor abdominal, SHU e
pasteurizado) óbito nos casos graves
Campylobacter jejuni Aves, leite cru e água Diarréia, febre e SGB
nos casos mais graves
Cryptosporidium Água e sucos não Diarréia prolongada e
pasteurizados reincidente
Cyclospora cayetanensis Água, frutas e verduras Diarréia prolongada e
rasteiras reincidente
Dyphillobothrium latum Salmão cru Diarréia, dor abdominal
e eliminação de tênia

Prion vDCJ Carne contaminada com Demência progressiva


EEB destes slides desde que citada(degeneração
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neurológica
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O CAMINHO DE ALGUNS PATÓGENOS NO ESP

• Salmonella Enteritidis – matrizes de aves importadas da Europa e


Estados Unidos

• E. coli O157:H7 – carne importada? Importação de matrizes


reprodutoras do exterior? Ração importada?

• Cyclospora cayetanensis – chegou a General Salgado, região de São


José do Rio Preto, em 1999/2000, provavelmente pela mobilização de
pessoas vindas de Bolívia, Peru e Colômbia ou pela importação de
alguns produtos agrícolas desses países, disseminando-se por toda a
cidade por problemas na água de abastecimento público e sistema de
esgoto.

• A difilobotríase, registrada em múmias do Peru e Chile, datadas de


4.000 e 5.000 anos atrás, chegou a São Paulo, pela importação de
salmão, por caminhão ou avião, do Chile, em toneladas, para o preparo
de sushi/sashimi, a partir de 2003/2004.

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VELHAS DOENÇAS ERRADICADAS OU
CONTROLADAS NO ESP
Poliomielite: Cúmero de casos e cobertura vacinal, ESP, 1974-2007

• Erradicação da Poliomielite: último caso


Cobertura vacinal (%)
700 160

140

de poliovírus selvagem – 1988


600

120
500

Cobertura Vacinal (%)


Número de Casos
100

– Vigilância das Paralisias Flácidas


400
80
300

Agudas para identificação precoce de


60

200
40

possível reintrodução de casos, frente à não


100 20

0 0

erradicação da doença em vários países da

76

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Ano

África, Ásia e Oriente Médio, integrada ao Casos Cob. Vacinal

programa de vacinação anti-pólio. Febre Tifóide - Casos e Coeficientes por 100 mil hab.,

– Monitoramento da Síndrome Pós- ESP, 1974 a 2007

Poliomielite: contabilização do agravo que 300 1,4

acomete os sobreviventes da Poliomielite, 250 1,2

Coeficientes por 100 mil


Número de Casos
cerca de 20 a 40 anos. Objetivo: maior 200
1

habitantes
conhecimento da doença e subsídio ao
0,8
150
0,6
desenvolvimento de programa de atenção 100
0,4
médica ao portadores da síndrome. 50 0,2

0 0

1976
1978
1980

1984
1986
1988
1990
1992

1996
1998
2000

2004
1974

1982

1994

2002

2006
• Controle da Febre Tifóide: coeficientes ANO

menores que 0,1 casos por 100 mil habitantes. Casos Coeficientes

NÚMERO DE CASOS DE CÓLERA (AUTÓCTONES E IMPORTADOS) NO


ESTADO DE SÃO PAULO, 1991-2007

• Controle da Cólera: Não se instalou no ESP,


Número de Casos
100

apesar de grandes epidemias em outros estados 80

do Brasil – último caso registrado em 1999,


60
40

importado da Bahia. 20

Permitida a reprodução destes slides desde que 0citada a


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fonte e que não seja para fins comerciais. 19 19 19 19 19
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DOENÇAS TRANSMITIDAS POR ÁGUA E ALIMENTOS:
A FILOSOFIA DA PREVENÇÃO

• Não há vacinas para a maioria dos patógenos

• A educação de consumidores, de manipuladores e produtores é


extremamente importante mas não suficiente

• A contaminação pode ocorrer desde a plantação/criação até a mesa do


consumidor

• Compreender os mecanismos de contaminação é importante para


alertar o consumidor e prevenir doenças

• Investigar surtos e realizar estudos e pesquisas nos ensinam a prevenir


novos surtos e casos e especialmente estabelecer estratégias mais
amplas de prevenção

• Políticas de segurança de alimentos e novos processos de produção


Permitida a reprodução destes slides desde que citada a
(re-engenharia fonte
de alimentos) mostram-se
e que não seja para fins comerciais. cada vez mais necessários
OS SISTEMAS DE VIGILÂNCIA PARA ENFRENTAR
EMERGENTES/REEMERGENTES
50 1400
•Novos sistemas de vigilância e 45 43 1247
1200
estruturas foram implantados a partir 40
1000
de 1999 para identificação precoce de
35
31

Número de Surtos

Número de Casos
30 28
800
casos e surtos de DTA (1999-2008): 25
25785
629 20
739 772 741

567 53417 536 600


20 17
14
15 400
•Vigilância de Surtos de DTA: 2.421 10
9
6
200
surtos com 73.454 casos notificados, 5
87
0 0
incluindo-se botulismo (0,3%), hepatite A 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
(12,3%) e surtos de diarréia (87,3%), Fonte: DDTHA/CVE Ano

destacando-se entre os surtos com Surtos Casos

etiologia identificada os bacterianos Kb

(62%), especialmente a Salmonella 1 2 3 4 5 6 7


1135

668,9 8 9 10
Enteritidis (mais de 40%), devido ao 452,7

hábito de ingestão de ovos crus


398,4

336,5

(maionese, “ovo quente”, doces, etc.).


310,1

244,4
216,9

138,9
104,5
78,2

•Vigilância Ativa com base em 54,7


33,3

laboratório de patógenos emergentes e


28,8
20,5

a Rede de Vigilância da Salmonella (CVE


e IAL integrados àPermitidaredea reprodução
OMS destes e slides desde que citada a
Fonte: IAL
CDC/Atlanta)
Bandas 1,5,10 = Padrão S. Braenderup H9812 ;
fonte e que não seja para fins comerciais. Bandas 2,3,4 = Votuporanga; Bandas 6,7,8,9 = Catanduva
OUTROS SISTEMAS DE VIGILÂNCIA PARA
ENFRENTAR EMERGENTES/REEMERGENTES

– Vigilância do Botulismo e a criação do Centro de


Referência do Botulismo

– Vigilância da Doença de Creutzfeldt-Jakob e outras


doença priônicas

– Vigilância Sindrômica da Doença Diarréica Aguda


• Vigilância do Rotavírus (incluindo-se o monitoramento
pós-vacina)

– VigilânciaPermitida
da Síndrome Hemolítico-Urêmica
a reprodução destes slides desde que citada a
fonte e que não seja para fins comerciais.
RESULTADOS DO TRABALHO

– Identificação de fatores de risco na cadeia de produção


alimentar contribuindo para implantação de novos
regulamentos sanitários
– Modificações de práticas de manipulação de alimentos
– Mudança de hábitos alimentares e práticas de higiene
– Mudanças em sistemas públicos de abastecimento de
água e rede de esgoto
– Introdução da vacina para rotavírus
– Novos programas, ações de saúde e novos
conhecimentos
– Introdução de novas técnicas de identificação
laboratorial
– Segurança da água e alimentos
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COLEÇÃO: VIGILÂNCIA DA DTA

http://www.cve.saude.sp.gov.br

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