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Teoria da

Aprendizagem Social
ou
Aprendizagem
Observacional

Profa. Dra. Juliana Graciani


Introdução a Teoria da Aprendizagem Social ou Observacional

ALBERT BANDURA – A CONDIÇÃO HUMANA ALBERT BANDURA – APRENDIZAGEM


| APRENDIZAGEM SOCIAL SOCIAL | TEORIA SOCIAL COGNITIVA

https://www.youtube.com/watch?v=Fp-VYiI93Lc https://www.youtube.com/watch?v=VsmG4v8FM
dw

Inclui a experiência do João Bobo


História Albert Bandura

“ Todos os fenômenos que ocorrem por meio de experiência


direta também podem ocorrer de forma vicariante – com
a observação de outras pessoas e das consequências
para elas.”
- Albert Bandura

1952 1954 1973 1980 2006


1925
Ph.D. Pesquisador Presidiu a Prêmio APALife Achievement medal
Iowa Stanford APA contribuição científica
University University de destaque
História: Albert Bandura

Ѱ É um psicólogo canadense da escola BEHAVIORISTA.

Ѱ Questionou a forma de behaviorismo de SKINNER.

Ѱ Valorizou os PROCESSOS COGNITIVOS

Ѱ Propôs a teoria da APRENDIZAGEM OBSERVACIONAL (ou


aprendizagem social)

Ѱ Conceitos envolvidos em sua teoria:

1. Reforço vicariante
2. Modelagem
3. Processos cognitivos
4. Auto reforço
5. Auto eficácia
TEORIA SOCIAL COGNITIVA
Bandura (2005) defende que a aprendizagem observacional tem como pressuposto que o
meio e a ação social das pessoal interfere diretamente no desenvolvimento dos seus
mecanismos cognitivos complexos.

Cognitivo:
refere-se a
capacidade de
adquirir e
absorver
conhecimentos.
INFLUÊNCIA AMBIENTAL
• "Para a maioria, o ambiente é apenas uma potencialidade, com possibilidades e
impedimentos, além de aspectos reforçadores e punitivos.

• Finalmente, existe o ambiente que é criado. Ele não existe como uma potencialidade,
esperando para ser selecionado e ativado. Pelo contrário, as pessoas criam a natureza
de suas condições para servir a seus propósitos.

• Diferentes graus de flexibilidade ambiental exigem níveis crescentes de agência


pessoal, variando da agência cognitiva interpretada à agência de seleção e ativação e
à agência criadora.

• As crenças das pessoas em sua eficácia pessoal e coletiva desempenham um papel


influente na maneira como organizam, criam e lidam com as circunstâncias da vida,
afetando os caminhos que tomam e o que se tornam". p. 24.
TEORIA SOCIAL COGNITIVA

• Para Bandura e Walters (1963, p. 20) os seres humanos desenvolveram uma capacidade
avançada de aprendizagem observacional, que é essencial para o seu desenvolvimento
pessoal e funcionamento, independentemente da cultura em que as pessoas vivem.

• De fato, em muitas culturas, a palavra que significa “ensinar” é a mesma usada para
“mostrar” (Reichard, 1938).

• A modelação é uma capacidade humana universalizada. Mas aquilo que é modelado, a


maneira em que as suas influências são estruturadas socialmente e os propósitos que
elas têm variam em diferentes meios culturais.

• Somos seres sociais, que se constituem por aprendizagens individuais, coletivas e


delegadas (mediadas pelas políticas públicas). (Bandura, 2005, p. 33).
TEORIA SOCIAL COGNITIVA
APRENDIZAGEM OBSERVACIONAL

Ѱ Aprendizagem observacional: Aprendizagem de novas respostas por meio da observação de


outras pessoas.

Exemplo:

1. Ofereci ao meu chefe, a gentileza de pegar uma xícara de café.

2. Meu chefe gostou e me agradeceu com um


abraço.

3. Meu colega de trabalho viu e fez o mesmo no dia


seguinte.
APRENDIZAGEM OBSERVACIONAL

Ѱ REFORÇO VICARIANTE: Aprendizado ou fortalecimento de uma resposta por meio da observação


das consequências desses comportamentos.

RESPOSTA CONSEQUÊNCIA REFORÇO


Pegar o café Abraço (reforço) VICARIANTE
Ver o colega ser
abraçado
APRENDIZAGEM OBSERVACIONAL

É neste momento que ocorre a AQUISIÇÃO da RESPOSTA de oferecer um café para o chefe no repertório
comportamental do colega. Ele recebeu o REFORÇO VICÁRIO e posteriormente DECIDIU que fará o
mesmo no dia seguinte.

Os PROCESSOS COGNITIVOS são importantes, pois o colega não imitou automaticamente a resposta de
oferecer o café, mas sim tomou uma DECISÃO deliberada e consciente de agir da mesma forma ao receber o
reforço vicariante.

RESPOSTA CONSEQUÊNCIA REFORÇO


Pegar o café Abraço (reforço) VICARIANTE
Ver o colega ser
abraçado
MODELAGEM OU MODELAÇÃO DO COMPORTAMENTO
MODELAGEM: Diferente da modelagem do Behaviorismo, para Bandura, modelagem significa a
MODIFICAÇÃO do comportamento a partir da OBSERVAÇÃO do comportamento de outra pessoa.
O estudo clássico de Bandura sobre a modelagem do comportamento envolve um boneco João Bobo.

O grupo experimental (crianças que observaram o modelo) apresentou o dobro de


agressividade em relação ao grupo de controle (crianças que não observaram o
modelo).
1 2 3
MODELO: Adulto Criança observa RESULTADO: Criança
agressivo com o boneco o comportamento também é agressiva com
do modelo o boneco
MODELAGEM OU MODELAÇÃO DO COMPORTAMENTO
MODELAGEM OU MODELAÇÃO DO COMPORTAMENTO

Três fatores influenciam no processo de Modelagem:

FATOR 1: FATOR 2: FATOR 3:

Características Características Consequências


dos dos associadas aos
Modelos Observadores Comportamentos
MODELAGEM DO COMPORTAMENTO: FATOR 1
Fator 1 – Características dos Modelos:

Semelhança: É mais provável que as pessoas sejam


influenciadas por modelos
semelhantes a elas mesmas do que por modelos
claramente diferentes.

Idade e sexo: Pessoas do mesmo sexo e de faixa O tipo de comportamento que o modelo
etária similar são modelos mais está praticando também influencia.
facilmente imitados.
Quanto maior a complexidade, maior o
Status e prestígio. Quanto maiores são, tempo necessário para que ele passe a ser
mais chances existem de o modelo ser imitado.
altamente influenciador. Comportamentos mais simples, são
quase que prontamente imitados.
MODELAGEM DO COMPORTAMENTO: FATOR 2

Fator 2 – Características dos Observadores:

Auto estima: Pessoas com auto confiança e auto estima baixas são mais
propensas a
imitar modelos.

Reforço: Pessoas que foram diretamente reforçadas por imitar


comportamentos são mais facilmente influenciadas por modelos.

Exemplo: Uma criança premiada por comportar-se como o irmão mais


velho, é mais susceptível a influência de modelos.
MODELAGEM DO COMPORTAMENTO: FATOR 3

Fator 3 – Consequências Associadas aos


Comportamentos:

Consequência: Ver um modelo ser reforçado (Reforço Vicário)


aumenta a probabilidade de tal comportamento ser imitado.
Da mesma forma, ver um modelo ser punido, diminui a
probabilidade do comportamento ser imitado.
PROCESSOS COGNITIVOS

Bandura (2005) observou que a natureza da aprendi zagem de


observação (modelagem) é governada por quatro processos
cognitivos:

1. Processos de Atenção

2. Processos de Retenção

3. Processos de Produção

4. Processos de Incentivo e Motivação


PROCESSOS COGNITIVOS: ATENÇÃO

Alta probab.
1. Processos de Atenção

Não é possível a aprendizagem de observação

(+)
sem que o individuo esteja atento ao modelo. A
simples exposição não garante que ele estará

Atenção
atento as pistas e estímulos relevantes. Baixa probab.

A probabilidade de imitação aumenta conforme o

(-)
nível de atenção empreendida pelo observador.

As características dos modelos


(idade, sexo, semelhança), (-) (+)
influenciam no grau de atenção Probabilidade de imitação
que será empregada.
PROCESSOS COGNITIVOS: RETENÇÃO

2. Processos de Retenção

Os indivíduos precisam lembrar-se dos aspectos significativos dos


comportamentos
para poderem imitá-los. Este processo se dá por:

Observar  Codificar  Representar simbolicamente

As duas formas de armazenamento são visuais e verbais.

Visuais: Armazenam-se imagens sobre o comportamento.


Verbais: Armazenam-se instruções sobre o comportamento.
PROCESSOS COGNITIVOS: PRODUÇÃO

3. Processos de Produção

Para comportamentos mais complexos, mesmo que


o indivíduo tenha observado, prestado atenção,
codificado e representado visualmente e
verbalmente o comportamento, não exista a
garantia de sucesso na primeira tentativa de
reprodução.

A prática calibra e consolida o que foi observado e


registrado e o conduz ao
desemprenho correto do comportamento.
PROCESSOS COGNITIVOS: INCENTIVOS E MOTIVAÇÃO

4. Processos de Incentivo e Motivação

Mesmo que alguém tenha observado e memorizado um comportamento, não irá


executá-lo sem que haja motivação.

As principais fontes de motivação para a execução de um comportamento são:

- Antecipação de suas consequências gratificantes (reforçadoras).


- Antecipação do afastamento das consequências punitivas.

O reforço é experimentado de maneira vicariante durante a observação, mas


temos a expectativa de experimentá-lo de maneira direta ao emitir o comportamento
que foi observado.
AUTO REFORÇO
AUTO REFORÇO: Administração de recompensas ou punições a si mesmo por satisfazer, superar ou
frustrar as próprias expectativas ou padrões.
Podem ser:

Tangíveis
Recompensa
Nota boa na prova Novo par de tênis / Ida ao cinema
Punição
Nota ruim na prova Não viajar no fim de semana para ficar
estudando
Intangíveis
Bom desempenho Recompensa
Orgulho / Satisfação
no trabalho

Mal desempenho Punição


Vergonha / Culpa / Depressão
no trabalho
AUTO REFORÇO

AUTO REFORÇO: Administração de recompensas ou punições a si mesmo por


satisfazer, superar ou frustrar as próprias expectativas ou padrões.

Adquirimos nosso primeiro conjunto de padrões internos a partir de modelos como


nossos pais e professores.
Uma vez que adotamos determinado estilo de comportamento, iniciamos um processo
que dura a vida toda de comparar nosso comportamento com o deles.
AUTO EFICÁCIA
AUTO EFICÁCIA: Conceito central em Bandura, que significa o nosso sentimento de adequação, eficácia e
competência para lidarmos com a vida.

Alguns exemplos de como as pessoas comportam-se em relação a auto eficácia:

Pessoas com baixa auto eficácia Pessoas com alta auto eficácia

Sentem-se incapazes de lidar com os problemas da Sentem que podem lidar com as situações
vida satisfatoriamente
Não confiam em sua capacidade Confiam em sua capacidade

Desistem rapidamente Perseveram em suas tarefas

Veem dificuldades como ameaças Veem dificuldades como desafios


Diferença entre Eficácia, Eficiência e Efetividade
O conceito de EFICÁCIA diz respeito à capacidade de fazer o que deve ser feito, cumprir meta
alcançar objetivos, ter foco, concentrar energia na realização de algo, obedecer prazos e entregar
resultados.

A EFICIÊNCIA está relacionada à maneira como a atividade é realizada, enquanto a eficácia


tem relação com as tomadas de decisão e o resultado alcançado, independentemente dos custos
e do tempo que isso acarreta.

O termo EFETIVIDADE consiste em fazer o que tem que ser feito, atingindo os objetivos
traçados e utilizando os recursos da melhor forma possível.
Fonte: IBC. Como Entender E Aplicar O Conceito De Eficiência, Eficácia E Efetividade Na Minha Empresa.
Disponível em:
https://www.ibccoaching.com.br/portal/como-entender-e-aplicar-o-conceito-de-eficiencia-eficacia-e-efetividade-na-minha-empresa/#:~:text=De%20acordo%20com
%20o%20dicion%C3%A1rio,com%20efic%C3%A1cia%2C%20mesmo%20sem%20efici%C3%AAncia
.
AUTO EFICÁCIA

Fontes de informação sobre auto eficácia:

1. Aquisição de desempenho

2. Experiências vicariantes

3. Persuasão verbal

4. Estimulação fisiológica e emocional


AUTO EFICÁCIA
1. AQUISIÇÃO DE DESEMPENHO:
Experiências prévias de sucesso oferecem indicações sobre o nível de competência.

Realizações aumentam a capacidade e fortalecem sentimentos de auto eficácia.

Fracassos prévios, particularmente repetidos na infância, diminuem a auto eficácia.


AUTO EFICÁCIA

2. EXPERIÊNCIAS VICARIANTES:

Ver outras pessoas apresentarem um bom desempenho, fortalecem a auto eficácia,


principalmente se o modelo em questão for semelhante ao observador.

“Se ela consegue saltar, eu também consigo!”.


AUTO EFICÁCIA

3. PERSUASÃO VERBAL:

Lembrar as pessoas que elas possuem a capacidade de alcançar o que querem


aumenta a auto eficácia.

Esta modalidade é muito utilizada por pais,


professores, treinadores esportivos.

É importante que a persuasão verbal seja realista.


Não seria um bom conselho incentivar um indivíduo de
muito baixa estatura a jogar basquete profissionalmente,
quando outras potencialidades poderiam ser melhor
aproveitadas.
AUTO EFICÁCIA

4. ESTIMULAÇÃO FISIOLÓGICA E EMOCIONAL

Normalmente o grau de medo, ansiedade e estresse, afeta diretamente a forma como o


indivíduo avalia sua capacidade de administrar a situação em que se encontra. Tais situações
reduzem a auto eficácia.
Quanto mais calmo o individuo está, melhor administra as situações e percebe-se fazendo isto
bem. Tal contexto, aumenta a auto eficácia.
AUTO EFICÁCIA
Bandura (2005) conclui que certas condições aumentam a auto eficácia:

1. Expor as pessoas a experiências bem sucedidas, estabelecendo


objetivos alcançáveis
2. Expor as pessoas a modelos adequados e bem sucedidos 
Experiências vicariantes
3. Oferecer persuasão verbal
4. Estimular a fisiologia: Prática de exercícios físicos, dieta apropriada,
redução de estresse
AUTOREGULAÇÃO
O autodesenvolvimento ajuda as pessoas a moldarem as circunstâncias de suas vidas. Em
nossa investigação da natureza do autocontrole, nossos estudos de laboratório exploraram
os mecanismos da auto-regulação.

Para exercerem influência sobre si mesmos, os indivíduos devem MONITORAR o seu


comportamento, julgá-lo em relação a algum padrão pessoal de mérito e reagir a ele, auto-
avaliando-se.

Demonstramos que a motivação e as realizações humanas não são governadas apenas por
incentivos materiais, mas por incentivos sociais e auto-avaliativos, ligados a padrões
pessoais.

As pessoas se motivam e orientam por meio do controle proativo, estabelecendo metas


desafiadoras e padrões de desempenho difíceis para si mesmas, que criavam discrepâncias
negativas a serem dominadas.
RESUMO: TEORIA DE ALBERT BANDURA

Ѱ Pontos Principais:

Ѱ A teoria da aprendizagem social enfoca o comportamento manifesto.

Ѱ Difere do behaviorismo radical principalmente pela adoção aos processos internos (cognitivos)

Ѱ Considera o ser humano determinante de suas ações e comportamentos

Ѱ Estuda como as pessoas aprendem a partir de modelos e observação dos comportamentos.

Ѱ Estuda como as pessoas se comportam frente as situações, considerando processos de:

• Auto reforço
• Auto eficácia
• Auto regulação
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

BANDURA, Albert. A evolução da teoria social cognitiva. Publicado originalmente em: Bandura, A. The
evolution of social cognitive theory. In: Smith, K.G.; Hitt, M.A. Great minds in management. Oxford
University Press, 2005. p. 9-35.

SCHULTZ, Duane P. & SCHULTZ, Sydney Ellen. Teorias da Personalidade. 9ª edição. Cengage Learning
2011.

SCHULTZ, Duane P. & SCHULTZ, Sydney Ellen. História da Psicologia Moderna. 9ª edição.
Cengage Learning 2011.

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