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Albert Bandura

Bandura é considerado teórico da aprendizagem social, pois se interessou pela


aprendizagem decorrente do contato entre duas pessoas. Para ele, psicólogo
behaviorista contemporâneo, a pessoa aprende muito por imitação. Durante
interações sociais, o indivíduo pode modificar seu comportamento, como resultado
da observação de como as outras pessoas do grupo reagem. Embora reconheça a
importância do condicionamento de Skinner, Bandura insisti em dizer que nem
toda aprendizagem ocorre como resultado do reforçamento direto de respostas. A
oposição de Bandura é decorrente das experiências feitas por ele, as quais
provaram que para a ocorrência de uma ação não é necessário oferecer uma
recompensa. Bandura faz várias criticas as pesquisas individualizadas e com
animais. Como é característico do ser humano a socialização, são raros os casos de
isolamento social. Por isso, segundo ele, as pesquisas devem ser feitas com grupos.
E não se deve utilizar animais nas experiências, uma vez que a aplicação será nos
humanos e estes possuem sentimentos, são racionais, diferentemente dos animais.
Seus princípios de aprendizagem social também podem ser aplicados na
modificação de comportamentos agressivos. Estes são adquiridos através do
exemplo, da experiência direta e da interação com fatores estruturais. Bandura
ainda demonstra algumas maneiras de se reduzir a agressão. Também tem sido
muito utilizadas suas terapias comportamentais em várias situações.

Biografia

Albert Bandura nasceu em 04/12/1925 na cidadezinha de Mundare ao norte de


Alberta, no Canadá. Estudou em uma escola do ensino fundamental e ensino médio
de poucos recursos. Depois trabalhou durante um verão preenchendo buracos sobre
o Alaska Higway em Yukou. Formou-se em bacharel em psicologia pela
Universidade da Colúmbia Inglesa em 1949, e recebeu o título de doutor pela
Universidade do Estado de Iowa, em 1952, onde foi influenciado pela tradição do
behaviorismo e pela teoria da aprendizagem. Começou a ensinar a Universidade de
Stanford em 1953, e com a ajuda de um dos seus primeiros alunos formados,
Richard Walters, escreveu seu primeiro livro "Adolescent Aggression", em 1959.
Entretanto, Walters morreu jovem em um acidente de carro. A partir dos anos 60,
ele propôs uma versão do comportamentalismo inicialmente definida como
abordagem sócio comportamentalista, mas depois denominada teoria cognitiva
social (Bandura, 1986). O professor Bandura foi presidente da associação
Americana de Psicologia em 1974 e recebeu desta o prêmio por Ilustres
Contribuições Científicas em 1980. Ele entrou para a Universidade de Stanford em
1953, onde trabalha até os dias de hoje.

Principais Interesses

Bandura fez treinamento em psicologia clínica e ao longo dos anos, tem


demonstrado inovações na área da aprendizagem, observando problemas
motivacionais sutis, relacionados à agressão e, ultimamente, tem olhado para a
agressão definida em termos de moralidade e de códigos morais. Também
formulou uma versão do comportamentalismo denominada teoria cognitiva social.

A teoria cognitiva social

Apesar da teoria cognitiva social de Bandura ser uma forma de


comportamentalismo menos extrema do que a de Skinner, a abordagem permanece
ainda comportamentalista. Bandura procura concentrar-se na observação do
comportamento dos indivíduos em interação. E ressalta o papel do reforço na
aquisição e modificação dos comportamentos. Para Bandura, as respostas
comportamentais não são automaticamente "produzidas" por estímulos externos
como a de um robô ou uma máquina, mas sim, as reações a estímulos são auto-
ativadas. Quando um reforço exterior altera o comportamento, ele o faz porque o
indivíduo tem percepção consciente do que está sendo reforçado e antecipa o
mesmo reforço por comportar-se da mesma maneira. Mesmo concordando com
Skinner que o comportamento humano pode modificar-se ao reforço, Bandura
acredita, porém, que a imitação é um princípio de aprendizagem em si próprio e
que a aprendizagem pode-se fazer por reforçamento, seja ao próprio indivíduo, seja
a um modelo. Essa capacidade para aprender pelo exemplo supõe a aptidão de
antecipar e avaliar conseqüências apenas observadas em outras pessoas e ainda não
vivenciadas. Portanto não há uma ligação entre um estímulo e uma resposta, ou
entre comportamento e reforço, como havia no caso do sistema de Skinner.
Entretanto, há um mecanismo mediador, interposto entre os dois; esse mecanismo
são os processos cognitivos da pessoa. E, a modelagem ou a aprendizagem
observacional envolve, em grande parte esses processos cognitivos.

Aprendizagem por observação ou modelagem

Bandura usa o termo modelagem, enquanto que Miller usou o termo imitação e
Freud, identificação. Ele distingue estes termos ao esclarecer que imitação
significa a duplicação exata do que o modelo faz, e a identificação geralmente
envolve-se numa incorporação indiscriminada dos modelos de comportamento.
Utiliza o termo modelagem porque os efeitos psicológicos da exposição aos
modelos são muito mais amplos do que o simples mimetismo da resposta, contido
no termo imitação; e as características definidoras da identificação são
empiricamente questionáveis. Uma das grandes contribuições de Bandura ao ponto
de vista do behaviorismo consiste na ênfase da aprendizagem por modelos. Não é
essencial executar-se a resposta e esta ser reforçada para que ocorra aprendizagem.
Muitos padrões de comportamento são aprendidos através da observação de
modelos, mesmo se não é identificado nem mesmo uma atuação de reforçamento
vicário (reforço ao modelo, tendo um efeito sobre o comportamento do
observador). Há três efeitos que os modelos podem produzir:

1. Aquisição de novos comportamentos.

2. Aumento ou diminuição de inibições do comportamento observado

3. Facilitação social, ou seja, aparecimento de comportamentos que não são novos


no repertório do observador, mas que não podem ser atribuídos a fatores de
inibição ou desinibição por se tratar de comportamentos socialmente aceitos.

Num estudo que se tornou famoso, Bandura observou o resultado ao submeter


crianças a uma determinada situação, utilizando o adulto como modelo. Ele
separou um grupo de crianças - Os Alunos do "João Bobo". Escolheu uma mulher
para ser filmada batendo num grande boneco de plástico inflável, tipo "João
Bobo". A moça o socou, gritando "boboca", o chutou, o golpeou com um
martelinho e gritou muitas frases agressivas. Bandura mostrou este filme às
crianças do jardim da infância que, como ele esperava, adoraram. Quando foram
brincar, muitos observadores as esperavam com o lápis, prancheta na mão e, para
as crianças, um "João Bobo" novo e alguns martelinhos. Os observadores
registraram que muitas delas fizeram exatamente o que viram a moça do filme
fazer. O que surpreende é o fato de que as crianças mudaram seu comportamento
sem que tivessem sido recompensadas por suas aproximações ao novo
comportamento, e isto não se encaixa ao padrão de aprendizagem do behaviorismo.
Bandura chamou o fenômeno de Aprendizagem por Observação ou Modelagem, e
sua teoria é comumente chamada Teoria da Aprendizagem Social. Quando o
estudo foi criticado sob a alegação de que o boneco "João Bobo" foi criado mesmo
para apanhar, Bandura filmou a moça acertando uma pessoa vestida de palhaço.
Depois de assistirem ao filme, as crianças foram até a sala do palhaço vivo e não
tiveram dúvidas: bateram nele! Dessas variações, Bandura pôde observar alguns
passos envolvidos no processo de modelagem:

1. Atenção: para prender qualquer coisa é preciso prestar atenção. Do mesmo


modo, quando a atenção é tirada não se obtém uma boa aprendizagem, mesmo a
aprendizagem por observação. Estar sonolento, embriagado, drogado, nervoso,
também atrapalha a aprendizagem. As características do modelo também
determinam o grau de atenção. Quanto mais colorido, dramático, mais ele será
atrativo, e se o modelo for semelhante ao observador, mais ele lhe prestará atenção.
Estas conclusões levaram Bandura a uma análise dos efeitos da televisão sobre as
crianças.

2. Retenção: é preciso absorver o que se aprendeu prestando atenção. É aí que


entram a imagem e a linguagem: é possível armazenar mentalmente o formato ou
descrição verbal do modelo e depois relembra-lo e reproduzi-lo sobre seu próprio
comportamento.

3. Reprodução: para incorporar o modelo observado em seu comportamento é


preciso ter condições de repeti-lo. Observar uma ginasta profissional não basta
para que uma pessoa comum saia imitando-a, mas se a pessoa tem um certo
treinamento, ao observar o atleta olímpico pode levá-la a se aperfeiçoar. Nossa
habilidade para imitar aprimoramentos por meio da prática do comportamento
envolvido também é importante, assim como conseguir imaginar como será nossa
performance e buscar por ela. Muitos atletas fazem isso.

4. Motivação: deve se ter uma razão para imitar o comportamento. Bandura


enumerou algumas motivações:

a. Reforço anterior: behaviorismo tradicional.

b. Reforço prometido: (incentivos) que podemos imaginar.


c. Reforço vicarial: vendo e recordando o modelo sendo reforçado. Estes itens são
tradicionalmente considerados causas de aprendizagem. Bandura diz que eles não
só proporcionam aprendizagem, como também demonstram o que é aprendido. Por
isso, caracteriza estes itens como motivos. Há também, as motivações negativas
que levam a pessoa a não imitar um comportamento:

d. Castigo anterior

e. Castigo prometido (ameaça)

f.Castigo vicarial Como grande behaviorista tradicional, Bandura afirma que o


castigo, em qualquer forma, não funciona tão bem quanto uma recompensa, e ainda
corre-se o risco de ser alvo de uma vingança.

A auto-eficácia

A auto-eficácia é descrita como um julgamento sobre a própria capacidade de


conseguir um determinado desempenho ou resultado, uma sensação de adequação
e eficiência em tratar dos problemas da vida. Através de suas obras, Bandura
mostrou que pessoas de auto-eficácia elevada acreditam que são capazes de lidar
com todas as situações de sua vida. Como elas esperam superar obstáculos, buscam
desafios e mantêm um alto nível de confiança em sua capacidade para ter êxito.
Entretanto, as pessoas de baixa auto-eficácia sentem-se incapazes de realizar algo.
Muitas vezes desistem de tentar resolver os problemas quando seus esforços
iniciais fracassam. Quanto ao desenvolvimento da auto-eficácia, Bandura
considera que ambientes que proporcionam oportunidades para experiência,
facilitam a aquisição do senso de auto-eficácia; a família como fonte de
aprendizagem de auto-eficácia; a escola como ambiente básico para a manutenção
e validação social desta; e tanto na adolescência como na vida adulta, há nossos
desafios à percepção de auto-eficácia e na meia idade há as redefinições de metas e
projetos e de readaptação do senso desta. Para as pessoas que possuem auto-
eficácia baixa, Bandura recomenda três passos:

1. Trabalhando a auto-observação - conhecer-se e ter certeza de ter uma visão


exata de seu comportamento.

2. Trabalhando os padrões - certificar-se de que os padrões que a pessoa


estabeleceu não sejam inatingíveis. Não se destinar ao fracasso. Padrões muitos
baixos também não têm sentido.

3. Trabalhando a auto-resposta – não se castigar. Celebrar as vitórias e não se


perder sobre os fracassos. Portanto, quanto maior a auto-eficácia maior o esforço e
a persistência. E nas situações de escolha, a auto-eficácia influi na decisão de fazer
ou não alguma coisa. Quanto a produção do comportamento, afeta a motivação,
mas não cria novas habilidades.

Agressão

Primeiramente, Bandura começou estudando a agressão em crianças. Juntamente


com Dick Walters, fizeram um estudo de campo sobre antecedentes familiares na
agressão, e descobriram que os melhores precursores eram o estilo de vida que as
famílias exemplificavam e reforçavam. O comportamento que os pais mostravam e
as atitudes que eles exibiam quanto a expressão da agressão, tanto em casa como
fora dela, emergiram como determinantes de importância. Começou, então, a
desenvolver estudos de laboratório e também paradigmas de modelagem, para
examinar sistematicamente os efeitos da exposição a modelos agressivos sobre o
comportamento das crianças. Os estudos experimentais em que foram utilizadas
metodologias rigorosas, demonstraram que, a curto prazo, a exposição a modelos
agressivos na televisão conduz a comportamentos agressivos nas crianças
expectadoras, o que confirma a posição teórica de Bandura a respeito do fator
modelo na aquisição e manutenção de comportamentos. Ou seja, o comportamento
agressivo se adquiri através do exemplo, através da experiência direta e também da
interação com fatores estruturais. As pessoas são instigadas à agressão por
influências modeladoras, vendo outros agredirem. E através de experiências
adversativas – insultos pessoais, ataques físicos, oposição ao comportamento
dirigido a uma meta, reduções adversas na qualidade da vida.

A agressão é mantida por vários fatores. É mantida por conseqüências externas –


recompensas materiais, recompensas sociais e status. Ela é também reforçada
quando as pessoas aliviam o tratamento primitivo através de recursos defensivos.
O desempenho da agressão é afetado pelas recompensas ou punições observadas –
reforço substitutivo. Uma das melhores maneiras de reduzir a agressão é através do
fortalecimento de outras respostas que tenham valor funcional. Por exemplo,
verifica-se que pessoas que recorrem à agressão física para resolver seus conflitos
interpessoais geralmente têm baixa habilidade verbal (daí uma ocorrência maior de
agressão física na classe social baixa). Se aprenderem a resolver verbalmente este
tipo de conflito, o comportamento de agressão decresce. Outra maneira de
modificar o comportamento agressivo é através da apresentação de modelos que
exibam respostas socialmente aceitas (por exemplo, cooperação). No livro sobre
agressão, Bandura destaca quatro formas diferentes para tentar reduzir a
modelagem comercial da violência na televisão. Uma delas refere-se ao controle
pelo Congresso. É através da proibição daquilo que não tem valor que as mudanças
de comportamento são bem estabelecidas. A segunda abordagem é o autocontrole
da produção. Como o gênero ação-aventura é econômico, os programas violentos
tornaram-se predominantes na televisão. Outra abordagem é o desenvolvimento de
um sistema para monitorar o nível de violência e por último, o desenvolvimento de
uma programação alternativa, fora dos meios comerciais, através da qual
influenciaria a televisão comercial.

Terapia

A forma de terapia comportamental de Bandura é famosa e tem sido utilizada em


diversos estudos experimentais. Ela tem se mostrado eficaz na eliminação de
fobias com relação a cobras, espaços fechados, espaços abertos e lugares altos, e
no seu tratamento de distúrbios obsessivo-compulsivos, disfunções sexuais e
algumas formas de ansiedade. Também se mostrou útil no aumento da auto-
eficácia, sendo aplicada amplamente em situações da sala de aula e na indústria.

Terapia do Auto-Controle

Os fundamentos da Auto-eficácia são incorporados às técnicas de terapia chamada


Terapia do Auto-Controle. Ela tem apresentado sucesso na solução de problemas
de hábitos como fumar, comer muito ou problemas com estudo.

1. A Auto-Observação requer que a pessoa controle de perto seu comportamento,


tanto antes quanto depois de iniciar as mudanças. Isto pode envolver coisas tão
simples como contar quantos cigarros a pessoa fuma por dia, e até comportamentos
mais complexos. Com essas observações diárias, tem se uma idéia da dimensão do
hábito e conhecerá o que está relacionado ao hábito: fuma-se mais após as
refeições, com café, com certos amigos, em certos lugares...?

2. Começa-se a alterar o meio em que a pessoa vive: livrar-se dos cinzeiros, trocar
o café pelo chá, afastar-se do companheiro fumante. Analisa-se qual movimento e
lugar é apropriado para incentivar um bom comportamento: quando e onde a
pessoa acha que estuda melhor, por exemplo.
3. A pessoa deve recompensar-se quando seguir seu plano, e arranjar um possível
castigo caso não consiga desenvolve-lo. Estes contratos devem ser redigidos e
testemunhados (terapeuta, por exemplo), e os detalhes devem ser bem
especificados.

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