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CURSO: DIREITO

DISCIPLINA: TEORIA GERAL DOS CONTRATOS E ESPÉCIES


PROFESSOR: DANIELLA MIRANDA
TEMA: FORMAÇÃO, ELEMENTOS E OUTRAS DISPOSIÇÕES
SOBRE OS CONTRATOS
VÍDEOAULA 3.1: FORMAÇÃO DOS CONTRATOS (I)
FORMAÇÃO, ELEMENTOS E OUTRAS DISPOSIÇÕES SOBRE OS CONTRATOS

3.1 A FORMAÇÃO DO CONTRATO PELO CÓDIGO CIVIL

O contrato nasce da conjunção de duas ou mais vontades coincidentes, sem prejuízo de


outros elementos, o que consubstancia aquilo que se denomina autonomia privada. Sem
o mútuo consenso, sem a alteridade, não há contrato.
É possível identificar quatro fases na formação do contrato civil:
a)Fase de negociações preliminares ou de puntuação.
b)Fase de proposta, policitação ou oblação.
c)Fase de contrato preliminar.
d)Fase de contrato definitivo ou de conclusão do contrato.
Disponível em https://www.suno.com.br/artigos/teoria-contratos/
Acesso em 20 fev 2022

As fases serão comentadas a partir das regras constantes no Código Civil de 2002, tendo
como pano de fundo a melhor doutrina e a tendência jurisprudencial. A divisão de
acordo com as fases é didática e metodológica, para uma melhor compreensão do tema.
FORMAÇÃO, ELEMENTOS E OUTRAS DISPOSIÇÕES SOBRE OS CONTRATOS

FASE DE NEGOCIAÇÕES PRELIMINARES OU DE PONTUAÇÃO

• Essa é a fase em que ocorrem debates prévios, entendimentos, tratativas ou


conversações sobre o contrato preliminar ou definitivo. Cumpre assinalar que a
expressão puntuação foi difundida, na doutrina clássica, por Darcy Bessone, estando
relacionada a acordos parciais na fase pré-contratual (ANDRADE, Darcy Bessone de
Vieira. Aspectos..., 1949, p. 57). A origem está no francês pourparlers e no italiano
puntuazione (antecontrato, declaração).

• Essa fase não está prevista no Código Civil de 2002, sendo anterior à formalização da
proposta, podendo ser também denominada fase de proposta não formalizada, estando
presente, por exemplo, quando houver uma carta de intenções assinada pelas partes,
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em que elas apenas manifestam a sua vontade de celebrar um contrato no futuro.
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• Justamente por não estar regulamentado no Código Civil, não se pode dizer que o
debate prévio vincula as partes, como ocorre com a proposta ou policitação (art. 427
do CC).
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FASE DE NEGOCIAÇÕES PRELIMINARES OU DE PONTUAÇÃO

• Não haveria responsabilidade civil contratual nessa fase do negócio, conforme ensina Maria
Helena Diniz:

“As negociações preliminares nada mais são do que conversações prévias, sondagens e estudos
sobre os interesses de cada contratante, tendo em vista o contrato futuro, sem que haja qualquer
vinculação entre os participantes. Deveras, esta fase pré-contratual não cria direitos nem
obrigações, mas tem por objeto o preparo do consentimento das partes para a conclusão do negócio
jurídico contratual, não estabelecendo qualquer laço convencional. (...) Logo, não se poderá imputar
responsabilidade civil àquele que houver interrompido essas negociações, pois, se não há proposta
concreta, nada existe, se nada existe de positivo, o contrato ainda não entrou em processo
formativo, nem se iniciou. (...) Na verdade, há uma responsabilidade pré-contratual, que dá certa
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relevância jurídica aos acordos preparatórios, fundada no princípio de que os interessados na
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que dispõe que todo aquele que, por ação ou omissão, culposa ou dolosa, causar prejuízo a outrem
fica obrigado a reparar o dano” (DINIZ, Maria Helena. Curso..., 2002, p. 46)
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FASE DE NEGOCIAÇÕES PRELIMINARES OU DE PONTUAÇÃO

• Nesse sentido, vale transcrever as palavras de Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo


Pamplona Filho, para quem:

“todavia, ao se dar início a um procedimento negocitório, é preciso observar sempre se, a


depender das circunstâncias do caso concreto, já não se formou uma legítima expectativa de
contratar. Dizer, portanto, que não há direito subjetivo de não contratar não significa dizer que os
danos daí decorrentes não devam ser indenizados, haja vista que, como vimos, independentemente
da imperfeição da norma positivada, o princípio da boa-fé objetiva também é aplicável a esta fase
pré-contratual, notadamente os deveres acessórios de lealdade e confiança recíprocas” (Novo
curso..., 2005, p. 96).

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FASE DE NEGOCIAÇÕES PRELIMINARES OU DE PONTUAÇÃO

• A ilustrar, sem prejuízo de outros acórdãos existentes, na jurisprudência podem ser


encontrados vários julgados que debatem a imputação da responsabilidade civil à parte,
pela quebra da boa-fé na fase de negociações preliminares ou puntuação. Assim, vejamos:

“Compra e venda de terreno. Negociações preliminares. 1. É possível em tese a responsabilidade


civil em decorrência de quebra das negociações preliminares. 2. Necessidade de comprovação dos
pressupostos da responsabilidade civil. Ausente a comprovação de eventuais danos não se pode
cogitar. Negaram provimento ao recurso” (TJRS, Recurso Cível 28089-57.2011.8.21.9000, 2.ª
Turma Recursal Cível, Rel. Des. Eduardo Kraemer, j. 29.06.2012, DJERS 03.07.2012).

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FASE DE NEGOCIAÇÕES PRELIMINARES OU DE PONTUAÇÃO

• “Responsabilidade pré-contratual. Despesas realizadas pela autora, de forma antecipada, com


o objetivo de viabilizar negócio futuro com o réu. Não celebração do contrato, após uma séria
[sic] de diligências e pagamentos feitos pela autora. Comportamento concludente do réu que
gerou expectativa da autora de finalização do contrato e estimulou a realização de despesas para
a regularização do imóvel. Composição de interesses negativos, consistentes nos danos que
sofreu a autora com a frustração do negócio na fase de puntuação. Sentença de procedência.
Recurso improvido” (TJSP, Apelação 0134186-53.2006.8.26.0000, Acórdão 5408504, 4.ª
Câmara de Direito Privado, Jacareí, Rel. Des. Francisco Loureiro, j. 15.09.2011, DJESP
30.09.2011).

• “Obrigação de reparar danos. Contrato verbal para evento religioso. Ausência de


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comparecimento do palestrante. Se as provas dos autos são suficientes para comprovar as
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havendo descumprimento por parte de uma delas, é devida a indenização pelos prejuízos
causados” (TJMG, Apelação 2256933-70.2007.8.13.0105, 18.ª Câmara Cível, Governador
Valadares, Rel. Des. Mota e Silva, j. 20.04.2010, DJEMG 07.05.2010).
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FASE DE PROPOSTA, POLICITAÇÃO OU OBLAÇÃO

• A fase de proposta, denominada fase de oferta formalizada, policitação ou oblação, constitui a


manifestação da vontade de contratar, por uma das partes, que solicita a concordância da outra. Trata-se
de uma declaração unilateral de vontade receptícia, ou seja, que só produz efeitos ao ser recebida
pela outra parte. Conforme o art. 427 do Código Civil, a proposta vincula o proponente, gerando o
dever de celebrar o contrato definitivo sob pena de responsabilização pelas perdas e danos que o caso
concreto demonstrar.
• Sobre a manifestação da vontade na proposta e na aceitação, o Código Civil exige que esteja revestida
pelas seguintes características:

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3.2 FASE DE PROPOSTA, POLICITAÇÃO OU OBLAÇÃO

• Tal regra comporta exceções, sendo certo que o Código Civil também adota a
TEORIA DA AGNIÇÃO, na subteoria da recepção, pela qual o contrato é formado
quando a proposta é aceita e recebida pelo proponente (art. 434, incs. I, II e III c/c art.
433 do CC). Essa teoria deve ser aplicada nos seguintes casos:
a) se antes da aceitação ou com ela chegar ao proponente a retratação do aceitante;
b)se o proponente se houver comprometido a esperar resposta, hipótese em que as partes
convencionaram a aplicação da subteoria da recepção; ou
c)se a resposta não chegar no prazo convencionado (outra hipótese em que houve
convenção entre as partes de aplicação da subteoria da recepção).
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• Por tais comandos legais, é correto afirmar que o Código Civil de 2002 20 fev 2022

adotou tanto a teoria da expedição quanto a da recepção, sendo a primeira


regra e a segunda exceção, de acordo com a própria organização da matéria
na legislação privada em vigor.
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VÍDEOAULA 3.2: FORMAÇÃO DOS CONTRATOS (II)
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3.3 FASE DE CONTRATO PRELIMINAR

• O contrato preliminar, pré-contrato ou pactum de contrahendo encontra-se


tratado na atual codificação privada, como novidade, entre os arts. 462 a 466.
Contudo, vale esclarecer que a fase de contrato preliminar não é obrigatória
entre as partes, sendo dispensável. Na prática, muitas vezes, o contrato
preliminar é celebrado em compra e venda de imóvel para dar mais segurança
às partes.

• Prevê o primeiro dispositivo relativo ao tema que o contrato preliminar, exceto


quanto à forma, terá os mesmos requisitos essenciais do contrato definitivo
(art. 462 do CC). Em suma, o contrato preliminar exige os mesmos requisitos
de validade do negócio jurídico ou contrato previstos no art. 104 do CC, com
exceção da forma prescrita ou não defesa em lei.
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3.3 FASE DE CONTRATO PRELIMINAR

• O compromisso unilateral de contrato ou contrato de opção, hipótese em que as


duas partes assinam o instrumento, mas somente uma das partes assume um dever,
uma obrigação de fazer o contrato definitivo. Assim, existe para o outro contratante
apenas uma opção de celebrar o contrato definitivo.
• Essa forma de contrato preliminar está prevista no art. 466 do atual Código Civil,
pelo qual: “se a promessa de contrato for unilateral, o credor, sob pena de ficar a
mesma sem efeito, deverá manifestar-se no prazo nela previsto, ou, inexistindo este,
no que lhe for razoavelmente assinado pelo devedor”.
• O compromisso bilateral de contrato, as duas partes assinam o instrumento e, ao
mesmo tempo, assumem a obrigação de celebrar o contrato definitivo. Para gerar
os efeitos constantes no atual Código Civil, no contrato preliminar não poderá constar
cláusula de arrependimento, conforme prevê o art. 463 da codificação. Assim como
ocorre com o compromisso unilateral de contrato, o compromisso bilateral pode ter
como objeto bens móveis ou imóveis.
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3.3 FASE DE CONTRATO PRELIMINAR

• E quando o contrato preliminar tem como conteúdo a compra e venda de bens


imóveis? Aqui, interessante verificar os efeitos quando esse compromisso é ou não
registrado na matrícula do imóvel.
R.: Se o contrato não for registrado, haverá compromisso bilateral de contrato, gerando
uma obrigação de fazer e efeitos obrigacionais inter partes; se houver o registro, haverá
direito real de aquisição do promitente comprador, gerando obrigação de dar e efeitos
reais erga omnes.
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3.3 FASE DE CONTRATO PRELIMINAR - Cláusula pro amico eligendo

• Em seus arts. 467 a 471, apresenta como novidade a tipificação do contrato com
pessoa a declarar – cláusula pro amico eligendo –, com grande aplicação aos pré-
contratos, principalmente quando envolverem compra e venda de imóveis.

• Por tal figura jurídica, no momento da conclusão do contrato, pode uma das partes
reservar-se a faculdade de indicar outra pessoa que deve adquirir os direitos e assumir
as obrigações decorrentes do negócio.
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3.3 FASE DE CONTRATO PRELIMINAR - Cláusula pro amico eligendo

• Para que tenha efeitos, a indicação deve ser comunicada à outra parte no prazo de cinco dias
da conclusão do negócio definitivo, se não houver outro prazo estipulado no pacto (art. 468 do
CC), o que está em sintonia com o dever de informar, anexo à boa-fé objetiva. A pessoa
nomeada assumirá todos os direitos e obrigações relacionados ao contrato a partir do momento
em que este foi celebrado (art. 469). Nesse contexto, pode aquele que celebrou contrato
preliminar de compra e venda indicar terceira pessoa que adquirirá o imóvel, retirando lucro de
tal transação.

• Não terá eficácia a cláusula pro amico eligendo nos casos previstos no art. 470 do Código Civil,
ou seja:
a)se não houver a indicação da pessoa, ou se esta se negar a aceitar a indicação; ou
b)se a pessoa nomeada for insolvente, fato desconhecido anteriormente, situação em que o
contrato produzirá efeitos entre os contratantes originais (art. 471 do CC).
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3.4 FASE DE CONTRATO DEFINITIVO

• A última fase de formação do contrato é a fase do CONTRATO DEFINITIVO, quando ocorre


o choque ou encontro de vontades originário da liberdade contratual ou autonomia privada. A
partir de então, o contrato estará aperfeiçoado, gerando todas as suas consequências como, por
exemplo, aquelas advindas da responsabilidade civil contratual.

• A responsabilidade civil contratual está estabelecida nos arts. 389 a 391 da atual codificação
material, dispositivos que tratam do inadimplemento obrigacional. De toda a sorte, anote-se que
a tendência doutrinária é de unificação da responsabilidade civil, superando-se essa divisão
anterior, o que pode ser percebido pelo tratamento constante do Código de Defesa do
Consumidor. Também não se pode esquecer que a BOA-FÉ OBJETIVA, com todos os seus
deveres anexos ou laterais, também deve ser aplicada a essa fase, bem como à fase pós-
contratual.
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Podem ser identificadas quatro fases na formação do contrato:


A)FASE DE NEGOCIAÇÕES PRELIMINARES OU DE PUNTUAÇÃO – Nessa fase ocorrem os debates
prévios visando à formação do contrato definitivo no futuro. Sigo o entendimento pelo qual há que se falar em
responsabilidade pré-contratual nessa fase, nos casos de desrespeito à boa-fé objetiva.

B)FASE DE PROPOSTA, POLICITAÇÃO OU OBLAÇÃO (ARTS. 427 A 435 DO CC) – Fase de proposta
formalizada, que vincula as partes contratantes. São partes dessa fase contratual:
• Proponente, policitante ou solicitante – aquele que faz a proposta.
• Oblato, policitado ou solicitado – aquele que recebe a proposta. Se este aceitá-la, o contrato estará
aperfeiçoado (o oblato torna-se aceitante).

ATENÇÃO: Duas são as formas básicas de contrato, quanto à sua formação.


• Contrato entre presentes (inter praesentes) – facilidade de comunicação. Formado quando o oblato aceitar a
proposta (“choque ou encontro de vontades”).
• Contrato entre ausentes (inter absentes) – não há essa facilidade de comunicação.
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Em regra, o contrato é formado quando o oblato expede a resposta positiva ao proponente


(teoria da agnição, na subteoria da expedição).
Entretanto, em alguns casos previstos em lei o contrato entre ausentes estará formado a partir
do momento em que o proponente receber a resposta positiva do oblato (teoria da agnição, na
subteoria da recepção).

C) FASE DE CONTRATO PRELIMINAR (arts. 462 a 466 do CC)


Agora tratada especificamente pelo Código Civil, essa fase não é obrigatória, mas dispensável
entre as partes. O contrato preliminar, exceto quanto à forma, terá os mesmos elementos do
contrato definitivo (art. 462 do CC).
Essa fase também gera efeitos jurídicos, vinculando as partes quanto à obrigação de celebrar o
contrato definitivo, podendo assumir duas modalidades:
• Compromisso unilateral de contrato ou contrato de opção – as duas partes assinam o
instrumento, apenas uma delas assume o compromisso de celebrar o contrato definitivo.
• Compromisso bilateral de contrato – as duas partes assinam o instrumento, ambas assumem
o compromisso de celebrar o contrato definitivo.
D) FASE DE CONTRATO DEFINITIVO – Aperfeiçoado o contrato pelo “choque ou
encontro de vontades”, haverá responsabilidade civil contratual plena. (arts. 389 a 391 do CC).
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VÍDEOAULA 3.3: ELEMENTOS DO CONTRATO
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3.3 A FORMAÇÃO DO CONTRATO VIA ELETRÔNICA

• Por certo que, atualmente, poucas pessoas ainda fazem propostas contratuais por carta (o que se
denominava contrato epistolar), principalmente diante dos atuais meios de comunicação digital.

• O assunto internet é relativamente novo no âmbito jurídico, trazendo aspectos polêmicos e desafiadores. O
tema provoca calorosos debates, pois não se trata somente de debater os princípios protetivos da intimidade
humana, havendo a necessidade de concepção de um novo conceito de privacidade, além do aspecto
corpóreo, eis que se está lidando com o aspecto virtual-imaterial.

• A via digital repercute diretamente na órbita civil, influenciando os contratos, o direito de propriedade, a
responsabilidade civil e até o Direito de Família. Na realidade da sociedade da informação, podem ser
apontadas como características do Direito Digital ou Eletrônico: a celeridade, o dinamismo, a
autorregulamentação, a existência de poucas leis, uma base legal na prática costumeira, o uso da analogia e a
busca da solução por meio da arbitragem (PINHEIRO, Patrícia Peck. Direito..., 2008, p. 35).
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3.3 A FORMAÇÃO DO CONTRATO VIA ELETRÔNICA

• Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho criticam o fato de o Código Civil de 2002 não trazer
regras quanto à formação do contrato pela via eletrônica, o que é totalmente inconcebível em pleno século
XXI. São suas palavras, sempre atuais:

“Afigura-se-nos totalmente inconcebível que, em pleno século XXI, época em que vivemos uma
verdadeira revolução tecnológica, iniciada especialmente após o reforço bélico do século passado, um
código que pretenda regular as relações privadas em geral, unificando as obrigações civis e comerciais,
simplesmente haja ignorado as relações jurídicas travadas por meio da rede mundial de computadores.
Importantes questões atinentes à celebração do contrato à distância, ao resguardo da privacidade do
internauta, ao respeito à sua imagem, à criptografia, às movimentações financeiras, aos home banking, à
validade dos documentos eletrônicos, à emissão desenfreada de mensagens publicitárias indesejadas
(SPAMs), tudo isso mereceria imediato tratamento do legislador” (GAGLIANO, Pablo Stolze;
PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso..., 2003, p. 100).
TEORIA DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS APLICADA AOS CONTRATOS

• 3.3.1 ELEMENTOS DO CONTRATO

• A teoria geral dos negócios jurídicos aplica-se aos contratos que se inserem
integralmente nessa categoria. Como temos em nosso Código uma Parte Geral, é nela
que devemos fixar o primeiro plano de estudo da teoria geral dos contratos. Daí
extrairemos seus elementos.

• Pelo conceito vernacular, ELEMENTO é tudo que entra na composição de alguma


coisa, cada parte de um todo. Tem-se agora, a distinção de elementos essenciais,
naturais e acidentais dos negócios e, consequentemente, dos contratos.

• No art. 104, são encontrados os elementos essenciais do negócio jurídico: agente


capaz, objeto lícito e forma prescrita ou não proibida pela lei. No contrato, esses
elementos podem ser vistos pelo prisma genérico dos negócios jurídicos: são nulos os
contratos a que faltar qualquer dos elementos essenciais genéricos.
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• 3.3.1 ELEMENTOS DO CONTRATO

• Cada contrato, porém, pode requerer outros elementos essenciais, específicos de sua natureza: assim,
para a compra e venda são elementos essenciais específicos a coisa, o preço e o consentimento. É
essencial para o contrato de depósito a entrega da coisa ao depositário e assim por diante.

• São elementos naturais os decorrentes da própria razão de ser, da essência ou natureza do negócio,
sem que haja necessidade de menção expressa na contratação. São, por exemplo, elementos naturais
da compra e venda a garantia que presta o devedor pelos vícios redibitórios (art. 441) e pelos riscos
da evicção (art. 447).

• Os elementos acidentais dos contratos são os que se acrescem aos negócios para modificar alguma
ou algumas de suas características naturais. No Código, estão presentes a condição, o termo e o
encargo. No entanto, fique assente que, quando uma condição, termo ou encargo é aposto num
negócio jurídico, passa a ser elemento integrante da avença. O elemento é tratado como acidental
apenas porque às partes é dado inseri-lo ou não no contrato. Uma vez estipulados, devem ser
obedecidos: PACTA SUNT SERVANDA.
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• 3.3.2 VONTADE NO PLANO CONTRATUAL

• Na teoria geral dos negócios jurídicos, foi assinalado o papel da VONTADE. Muito antes de ser
exclusivamente um elemento do negócio jurídico, é questão antecedente, é um pressuposto do
próprio negócio, que ora interferirá em sua validade, ora em sua eficácia, quando não na própria
existência, se a vontade não houver sequer existido. Um contrato no qual a vontade não se
manifestou gera, quando muito, mera aparência de negócio, porque terá havido, quiçá, simples
aparência de vontade.

• A vontade assume um papel de exame DÚPLICE, porque há necessidade de ao menos duas


vontades para perfazer um contrato. Essa noção tem de ser vista em harmonização com o que a
doutrina italiana chama de centro de interesses.

• Portanto, o que estabelece o número das partes no contrato é o número dos centros de interesse (não
o número das pessoas). Desse modo, uma pluralidade de pessoas pode constituir-se numa única
parte.
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• 3.3.2 VONTADE NO PLANO CONTRATUAL

• A vontade negocial constitui-se de um elemento interno e de um elemento externo. A


vontade externa, ou declaração de vontade propriamente dita, constitui-se naquele elemento
material, palpável, do declarante.

• A vontade interna é aquele elemento psíquico, que deve ser exteriorizado para ganhar efeitos
jurídicos. Nem sempre coincide o elemento interno com o elemento externo da vontade.

VONTADE EXTERNA x VONTADE INTERNA

• Quando a vontade é posta em um acordo com outra vontade para obter efeitos jurídicos,
estamos diante do CONSENTIMENTO, forma de manifestação de vontade contratual.
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3.3.3 CONSENTIMENTO

• A vontade contratual, pois, não se apresenta dirigida a esmo, mas vem colimar um fim concreto, em
relação a um objeto, um bem economicamente avaliável. Destarte, a vontade contratual deve ser
sempre orientada para um fim.

• A partir da existência do consentimento são examinados os outros elementos do negócio jurídico


contratual: o objeto, comum a todos os contratos, como aqueles exigidos em determinadas relações;
a forma prescrita em lei; a entrega da coisa integrante da natureza do contrato. etc.

• A vontade é a mola propulsora dos atos e negócios jurídicos. Essa vontade deve ser manifestada de
forma idônea para que o ato tenha vida normal na atividade jurídica e no universo negocial. Se essa
vontade não corresponda ao desejo do agente, o negócio jurídico tornar-se-á suscetível de nulidade
ou anulação.

Desse modo, ocorrerão os vícios de consentimento sempre que a vontade real


do agente não for observada ou manifestada, acarretando em falhas na formação
do negócio jurídico.
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SOBRE OS CONTRATOS
VÍDEOAULA 3.4: A PARTE NOS CONTRATOS
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3.4.1 VONTADE NO PLANO CONTRATUAL/CONCEITO DE PARTE

• Na teoria geral dos negócios jurídicos, foi assinalado o papel da VONTADE. Muito antes de
ser exclusivamente um elemento do negócio jurídico, é questão antecedente, é um pressuposto
do próprio negócio, que ora interferirá em sua validade, ora em sua eficácia, quando não na
própria existência, se a vontade não houver sequer existido. Um contrato no qual a vontade
não se manifestou gera, quando muito, mera aparência de negócio, porque terá havido, quiçá,
simples aparência de vontade.

PLURALIDADE DE SUJEITOS PARTE NO CONTRATO

• Bessone (1987:116), a pluralidade de sujeitos unifica-se para formar uma parte no contrato.
Assim, havendo uma parte contratual, necessariamente haverá outra, a figura do cocontratante
ou contraparte. Daí podemos verificar que a parte contratual tanto pode ser uma única pessoa,
como um conjunto de pessoas, ou uma coletividade. Mais do que centros de interesses, no
contrato há, na realidade, centros convergentes de vontades.
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3.4.3 VONTADE NO PLANO CONTRATUAL

• Modernamente, a regra geral é ser necessário tão só o consentimento para aperfeiçoar o


contrato. O consenso é o encontro de duas ou mais vontades. Explica a vontade contratual,
portanto. Numa acepção mais restrita, o consentimento é a adesão que uma parte dá à outra
perante uma oferta.
• De várias formas exterioriza-se a vontade.
• A vontade é EXPRESSA quando vem materializada por palavras, escritas ou orais. É também
expressa a vontade manifestada por mímica, gestos. Geralmente, nos contratos utilizamos a
palavra.
EXEMPLO: Há situações de costume, no entanto, que admitem a vontade gestual, como o sinal
de um lance que se faz num leilão. Quando a forma é livre, podem as partes escolher a forma
oral, ou escrita; particular ou pública.

VONTADE EXPRESSA x VONTADE TÁCITA


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3.4.3 VONTADE NO PLANO CONTRATUAL/CONCEITO DE PARTE

VONTADE EXPRESSA x VONTADE TÁCITA

• A vontade tácita também pode ocorrer nos contratos, quando surgem do comportamento atos e
fatos dos contratantes. A forma tácita é modalidade indireta de manifestação.

• Sempre que não houver determinação de forma pela lei (art. 107), a manifestação de vontade
pode ser expressa ou tácita, com pessoas presentes ou ausentes, por intermédio de mandatário
ou não. A própria vontade das partes pode exigir, para certos negócios, a manifestação
expressa.

• Há frequentes relações negociais que se ultimam sem maior formalidade, até mesmo sem que
se perceba, ou se dê importância à manifestação da vontade.
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3.4.3 VONTADE NO PLANO CONTRATUAL/CONCEITO DE PARTE

CÓDIGO DE 2002
CÓDIGO DE 1916

• O Código de 2002, uma vez assentes na doutrina esses


aspectos, prefere se referir às cláusulas abertas de boa-fé e
probidade, várias vezes por nós mencionadas.
Nosso Código Civil de 1916 não trazia
disposição para regrar o consentimento. O • A manifestação tácita decorre de atos inequívocos,
induvidosos da intenção de contratar, tornando-se
art. 1.079 apenas dizia: “A manifestação da desnecessária a manifestação expressa.
vontade, nos contratos, pode ser tácita, • Sob outro aspecto, concluímos que a manifestação da
quando a lei não exigir que seja expressa.” vontade negocial pode ser produzida por uma declaração ou
comportamento declarativo, ou por intermédio de um
comportamento não declarativo (Iturraspe, 1988:87). É
DECLARATIVA a manifestação expressa (fonética, gráfica
ou mímica). É NÃO DECLARATIVA a vontade tácita.
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3.4.2 CONCEITO DE PARTE E SUA SUCESSÃO NOS CONTRATOS


• A parte compromete-se por si ou por representante. Por isso, nem sempre quem assina um
contrato, ou por outra forma o conclui, é parte no negócio. Como o desaparecimento do
titular da relação de direito nem sempre faz extinguir essa mesma relação, existem formas de
sucessão na posição de contratante. Como com a morte o patrimônio do de cujus se transmite
aos herdeiros, nesse patrimônio os débitos e créditos estão incluídos.

• Quanto à sucessão particular nos contratos, é importante fixar a noção de terceiro para o
negócio. Assim, deve ser considerado terceiro todo aquele não participante. Há, destarte,
terceiros que ingressam na relação contratual, em substituição ao contratante primitivo.

EXEMPLO: No contrato de locação, também, quando a coisa é alienada, o inquilino deve


continuar a pagar o aluguel ao novo proprietário, embora não tenha contratado com ele. Nesse
caso, há uma sub-rogação no contrato, havendo uma substituição de parte.

ASSIM, NÃO SE MOSTRA INFLEXÍVEL A REGRA DA RELATIVIDADE DOS CONTRATOS!


TEORIA DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS APLICADA AOS CONTRATOS

VONTADE DIRETA x VONTADE INDIRETA

A manifestação de vontade direta e indireta.

• A DIRETA tem por finalidade dar conhecimento da declaração ao interessado,


podendo expressar-se por palavras, gestos ou sinais.

• A manifestação INDIRETA é perceptível por atos que, não tendo a finalidade


precípua de demonstrar a vontade contratual, denotam a vontade de contratar.

CASO CONCRETO: Se alguém recebe mercadorias para exame e depois as


continua recebendo regularmente, comercializando-as, essa atitude faz por
concluir pela existência de um contrato de fornecimento. A correspondência entre
as manifestações expressa e direta, por um lado, e tácita e indireta, por outro, não é
total, uma vez que a manifestação indireta, por vezes, apresenta-se sob a forma
expressa. (VENOSA, 2021, p. 170)
TEORIA DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS APLICADA AOS CONTRATOS

• O dito popular quem cala consente não é jurídico. A discussão doutrinária e as


consequências que podem advir em casos concretos impõem o exame do silêncio na
vontade contratual.

• SILÊNCIO x MANIFESTAÇÃO TÁCITA - O silêncio é um fato ambíguo e, por si


só, não representa uma manifestação de vontade: quem cala não nega, mas também
não afirma. Ele não se confunde com a manifestação tácita, que deixa perceptível o
consentimento pelos atos e fatos externos de comportamento do agente.

• Concluímos que o silêncio somente estará apto a materializar um consentimento


contratual quando vier acompanhado de outras circunstâncias ou condições,

SILÊNCIO x MANIFESTAÇÃO TÁCITA


TEORIA DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS APLICADA AOS CONTRATOS

3.4.3 SILÊNCIO COMO MANIFESTAÇÃO DE VONTADE

• “o silêncio de um contratante só pode induzir a manifestação, aquiescência de


contratar, se naquelas determinadas circunstâncias, inclusive pelos usos e costumes do
lugar, se pode intuir uma manifestação de vontade” (Venosa, Direito civil: parte geral,
seção 20.2.2).

• Em qualquer situação em que pretenda examinar o silêncio como manifestação de


vontade, o intérprete deve levar em conta o princípio da boa-fé, orientador da conduta
dos participantes.

• Darcy Bessone (1987:193) menciona as seguintes hipóteses de silêncio qualificado, e


por conseguinte gerador da vontade contratual:

(a) preexistência de convenção das partes, estabelecendo que o silêncio, em face de


dada proposta, equivalerá à aceitação;
(b) relações anteriores entre as partes, frequentes e sucessivas, permitindo inferir-se
a vontade abstencionista;
(c) provocação da proposta por quem silencie;
(d) ser a oferta do interesse exclusivo de quem não se manifesta
CURSO: DIREITO
DISCIPLINA: TEORIA GERAL DOS CONTRATOS E ESPÉCIES
PROFESSOR: DANIELLA MIRANDA
TEMA: FORMAÇÃO, ELEMENTOS E OUTRAS DISPOSIÇÕES
SOBRE OS CONTRATOS
VÍDEOAULA 3.5: CAPACIDADE DOS CONTRATANTES
CURSO: DIREITO
DISCIPLINA: TEORIA GERAL DOS CONTRATOS E ESPÉCIES
PROFESSOR: DANIELLA MIRANDA
TEMA: FORMAÇÃO, ELEMENTOS E OUTRAS DISPOSIÇÕES
SOBRE OS CONTRATOS
VÍDEOAULA 3.6: DA ESTIPULAÇÃO EM FAVOR DE TERCEIRO

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