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As fases serão comentadas a partir das regras constantes no Código Civil de 2002, tendo
como pano de fundo a melhor doutrina e a tendência jurisprudencial. A divisão de
acordo com as fases é didática e metodológica, para uma melhor compreensão do tema.
FORMAÇÃO, ELEMENTOS E OUTRAS DISPOSIÇÕES SOBRE OS CONTRATOS
• Essa fase não está prevista no Código Civil de 2002, sendo anterior à formalização da
proposta, podendo ser também denominada fase de proposta não formalizada, estando
presente, por exemplo, quando houver uma carta de intenções assinada pelas partes,
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em que elas apenas manifestam a sua vontade de celebrar um contrato no futuro.
Acesso em 20 fev 2022
• Justamente por não estar regulamentado no Código Civil, não se pode dizer que o
debate prévio vincula as partes, como ocorre com a proposta ou policitação (art. 427
do CC).
FORMAÇÃO, ELEMENTOS E OUTRAS DISPOSIÇÕES SOBRE OS CONTRATOS
• Não haveria responsabilidade civil contratual nessa fase do negócio, conforme ensina Maria
Helena Diniz:
“As negociações preliminares nada mais são do que conversações prévias, sondagens e estudos
sobre os interesses de cada contratante, tendo em vista o contrato futuro, sem que haja qualquer
vinculação entre os participantes. Deveras, esta fase pré-contratual não cria direitos nem
obrigações, mas tem por objeto o preparo do consentimento das partes para a conclusão do negócio
jurídico contratual, não estabelecendo qualquer laço convencional. (...) Logo, não se poderá imputar
responsabilidade civil àquele que houver interrompido essas negociações, pois, se não há proposta
concreta, nada existe, se nada existe de positivo, o contrato ainda não entrou em processo
formativo, nem se iniciou. (...) Na verdade, há uma responsabilidade pré-contratual, que dá certa
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relevância jurídica aos acordos preparatórios, fundada no princípio de que os interessados na
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que dispõe que todo aquele que, por ação ou omissão, culposa ou dolosa, causar prejuízo a outrem
fica obrigado a reparar o dano” (DINIZ, Maria Helena. Curso..., 2002, p. 46)
FORMAÇÃO, ELEMENTOS E OUTRAS DISPOSIÇÕES SOBRE OS CONTRATOS
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FORMAÇÃO, ELEMENTOS E OUTRAS DISPOSIÇÕES SOBRE OS CONTRATOS
• Tal regra comporta exceções, sendo certo que o Código Civil também adota a
TEORIA DA AGNIÇÃO, na subteoria da recepção, pela qual o contrato é formado
quando a proposta é aceita e recebida pelo proponente (art. 434, incs. I, II e III c/c art.
433 do CC). Essa teoria deve ser aplicada nos seguintes casos:
a) se antes da aceitação ou com ela chegar ao proponente a retratação do aceitante;
b)se o proponente se houver comprometido a esperar resposta, hipótese em que as partes
convencionaram a aplicação da subteoria da recepção; ou
c)se a resposta não chegar no prazo convencionado (outra hipótese em que houve
convenção entre as partes de aplicação da subteoria da recepção).
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• Por tais comandos legais, é correto afirmar que o Código Civil de 2002 20 fev 2022
• Em seus arts. 467 a 471, apresenta como novidade a tipificação do contrato com
pessoa a declarar – cláusula pro amico eligendo –, com grande aplicação aos pré-
contratos, principalmente quando envolverem compra e venda de imóveis.
• Por tal figura jurídica, no momento da conclusão do contrato, pode uma das partes
reservar-se a faculdade de indicar outra pessoa que deve adquirir os direitos e assumir
as obrigações decorrentes do negócio.
FORMAÇÃO, ELEMENTOS E OUTRAS DISPOSIÇÕES SOBRE OS CONTRATOS
• Para que tenha efeitos, a indicação deve ser comunicada à outra parte no prazo de cinco dias
da conclusão do negócio definitivo, se não houver outro prazo estipulado no pacto (art. 468 do
CC), o que está em sintonia com o dever de informar, anexo à boa-fé objetiva. A pessoa
nomeada assumirá todos os direitos e obrigações relacionados ao contrato a partir do momento
em que este foi celebrado (art. 469). Nesse contexto, pode aquele que celebrou contrato
preliminar de compra e venda indicar terceira pessoa que adquirirá o imóvel, retirando lucro de
tal transação.
• Não terá eficácia a cláusula pro amico eligendo nos casos previstos no art. 470 do Código Civil,
ou seja:
a)se não houver a indicação da pessoa, ou se esta se negar a aceitar a indicação; ou
b)se a pessoa nomeada for insolvente, fato desconhecido anteriormente, situação em que o
contrato produzirá efeitos entre os contratantes originais (art. 471 do CC).
FORMAÇÃO, ELEMENTOS E OUTRAS DISPOSIÇÕES SOBRE OS CONTRATOS
• A responsabilidade civil contratual está estabelecida nos arts. 389 a 391 da atual codificação
material, dispositivos que tratam do inadimplemento obrigacional. De toda a sorte, anote-se que
a tendência doutrinária é de unificação da responsabilidade civil, superando-se essa divisão
anterior, o que pode ser percebido pelo tratamento constante do Código de Defesa do
Consumidor. Também não se pode esquecer que a BOA-FÉ OBJETIVA, com todos os seus
deveres anexos ou laterais, também deve ser aplicada a essa fase, bem como à fase pós-
contratual.
FORMAÇÃO, ELEMENTOS E OUTRAS DISPOSIÇÕES SOBRE OS CONTRATOS
B)FASE DE PROPOSTA, POLICITAÇÃO OU OBLAÇÃO (ARTS. 427 A 435 DO CC) – Fase de proposta
formalizada, que vincula as partes contratantes. São partes dessa fase contratual:
• Proponente, policitante ou solicitante – aquele que faz a proposta.
• Oblato, policitado ou solicitado – aquele que recebe a proposta. Se este aceitá-la, o contrato estará
aperfeiçoado (o oblato torna-se aceitante).
• Por certo que, atualmente, poucas pessoas ainda fazem propostas contratuais por carta (o que se
denominava contrato epistolar), principalmente diante dos atuais meios de comunicação digital.
• O assunto internet é relativamente novo no âmbito jurídico, trazendo aspectos polêmicos e desafiadores. O
tema provoca calorosos debates, pois não se trata somente de debater os princípios protetivos da intimidade
humana, havendo a necessidade de concepção de um novo conceito de privacidade, além do aspecto
corpóreo, eis que se está lidando com o aspecto virtual-imaterial.
• A via digital repercute diretamente na órbita civil, influenciando os contratos, o direito de propriedade, a
responsabilidade civil e até o Direito de Família. Na realidade da sociedade da informação, podem ser
apontadas como características do Direito Digital ou Eletrônico: a celeridade, o dinamismo, a
autorregulamentação, a existência de poucas leis, uma base legal na prática costumeira, o uso da analogia e a
busca da solução por meio da arbitragem (PINHEIRO, Patrícia Peck. Direito..., 2008, p. 35).
FORMAÇÃO, ELEMENTOS E OUTRAS DISPOSIÇÕES SOBRE OS CONTRATOS
• Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho criticam o fato de o Código Civil de 2002 não trazer
regras quanto à formação do contrato pela via eletrônica, o que é totalmente inconcebível em pleno século
XXI. São suas palavras, sempre atuais:
“Afigura-se-nos totalmente inconcebível que, em pleno século XXI, época em que vivemos uma
verdadeira revolução tecnológica, iniciada especialmente após o reforço bélico do século passado, um
código que pretenda regular as relações privadas em geral, unificando as obrigações civis e comerciais,
simplesmente haja ignorado as relações jurídicas travadas por meio da rede mundial de computadores.
Importantes questões atinentes à celebração do contrato à distância, ao resguardo da privacidade do
internauta, ao respeito à sua imagem, à criptografia, às movimentações financeiras, aos home banking, à
validade dos documentos eletrônicos, à emissão desenfreada de mensagens publicitárias indesejadas
(SPAMs), tudo isso mereceria imediato tratamento do legislador” (GAGLIANO, Pablo Stolze;
PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso..., 2003, p. 100).
TEORIA DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS APLICADA AOS CONTRATOS
• A teoria geral dos negócios jurídicos aplica-se aos contratos que se inserem
integralmente nessa categoria. Como temos em nosso Código uma Parte Geral, é nela
que devemos fixar o primeiro plano de estudo da teoria geral dos contratos. Daí
extrairemos seus elementos.
• Cada contrato, porém, pode requerer outros elementos essenciais, específicos de sua natureza: assim,
para a compra e venda são elementos essenciais específicos a coisa, o preço e o consentimento. É
essencial para o contrato de depósito a entrega da coisa ao depositário e assim por diante.
• São elementos naturais os decorrentes da própria razão de ser, da essência ou natureza do negócio,
sem que haja necessidade de menção expressa na contratação. São, por exemplo, elementos naturais
da compra e venda a garantia que presta o devedor pelos vícios redibitórios (art. 441) e pelos riscos
da evicção (art. 447).
• Os elementos acidentais dos contratos são os que se acrescem aos negócios para modificar alguma
ou algumas de suas características naturais. No Código, estão presentes a condição, o termo e o
encargo. No entanto, fique assente que, quando uma condição, termo ou encargo é aposto num
negócio jurídico, passa a ser elemento integrante da avença. O elemento é tratado como acidental
apenas porque às partes é dado inseri-lo ou não no contrato. Uma vez estipulados, devem ser
obedecidos: PACTA SUNT SERVANDA.
TEORIA DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS APLICADA AOS CONTRATOS
• Na teoria geral dos negócios jurídicos, foi assinalado o papel da VONTADE. Muito antes de ser
exclusivamente um elemento do negócio jurídico, é questão antecedente, é um pressuposto do
próprio negócio, que ora interferirá em sua validade, ora em sua eficácia, quando não na própria
existência, se a vontade não houver sequer existido. Um contrato no qual a vontade não se
manifestou gera, quando muito, mera aparência de negócio, porque terá havido, quiçá, simples
aparência de vontade.
• Portanto, o que estabelece o número das partes no contrato é o número dos centros de interesse (não
o número das pessoas). Desse modo, uma pluralidade de pessoas pode constituir-se numa única
parte.
TEORIA DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS APLICADA AOS CONTRATOS
• A vontade interna é aquele elemento psíquico, que deve ser exteriorizado para ganhar efeitos
jurídicos. Nem sempre coincide o elemento interno com o elemento externo da vontade.
• Quando a vontade é posta em um acordo com outra vontade para obter efeitos jurídicos,
estamos diante do CONSENTIMENTO, forma de manifestação de vontade contratual.
TEORIA DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS APLICADA AOS CONTRATOS
3.3.3 CONSENTIMENTO
• A vontade contratual, pois, não se apresenta dirigida a esmo, mas vem colimar um fim concreto, em
relação a um objeto, um bem economicamente avaliável. Destarte, a vontade contratual deve ser
sempre orientada para um fim.
• A vontade é a mola propulsora dos atos e negócios jurídicos. Essa vontade deve ser manifestada de
forma idônea para que o ato tenha vida normal na atividade jurídica e no universo negocial. Se essa
vontade não corresponda ao desejo do agente, o negócio jurídico tornar-se-á suscetível de nulidade
ou anulação.
• Na teoria geral dos negócios jurídicos, foi assinalado o papel da VONTADE. Muito antes de
ser exclusivamente um elemento do negócio jurídico, é questão antecedente, é um pressuposto
do próprio negócio, que ora interferirá em sua validade, ora em sua eficácia, quando não na
própria existência, se a vontade não houver sequer existido. Um contrato no qual a vontade
não se manifestou gera, quando muito, mera aparência de negócio, porque terá havido, quiçá,
simples aparência de vontade.
• Bessone (1987:116), a pluralidade de sujeitos unifica-se para formar uma parte no contrato.
Assim, havendo uma parte contratual, necessariamente haverá outra, a figura do cocontratante
ou contraparte. Daí podemos verificar que a parte contratual tanto pode ser uma única pessoa,
como um conjunto de pessoas, ou uma coletividade. Mais do que centros de interesses, no
contrato há, na realidade, centros convergentes de vontades.
TEORIA DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS APLICADA AOS CONTRATOS
• A vontade tácita também pode ocorrer nos contratos, quando surgem do comportamento atos e
fatos dos contratantes. A forma tácita é modalidade indireta de manifestação.
• Sempre que não houver determinação de forma pela lei (art. 107), a manifestação de vontade
pode ser expressa ou tácita, com pessoas presentes ou ausentes, por intermédio de mandatário
ou não. A própria vontade das partes pode exigir, para certos negócios, a manifestação
expressa.
• Há frequentes relações negociais que se ultimam sem maior formalidade, até mesmo sem que
se perceba, ou se dê importância à manifestação da vontade.
TEORIA DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS APLICADA AOS CONTRATOS
CÓDIGO DE 2002
CÓDIGO DE 1916
• Quanto à sucessão particular nos contratos, é importante fixar a noção de terceiro para o
negócio. Assim, deve ser considerado terceiro todo aquele não participante. Há, destarte,
terceiros que ingressam na relação contratual, em substituição ao contratante primitivo.