Você está na página 1de 48

INTERPRETAÇÃO DE

EXAMES LABORATORIAIS
Prof. Marcus Villarinho
Enfermeiro
Mestrando em Educação, Gestão e Difusão em Biociências – IBQM - UFRJ
Especialista em:
• Hematologia, Anemias e linfadenopatias
• Doenças endócrinas e metabólicas
• Laboratório de Bioquímica de Insetos (UFRJ)

Instagram
@profmarcusvillarinho
Email: marcusanatomia@gmail.com
AVALIAÇÃO BIOQUÍMICA
Pode ser utilizado níveis do nutriente ou de seus
metabólitos em materiais pré-selecionados de urina,
sangue (plasma, soro, sangue total), biópsia de
tecidos (fígado, ossos, cabelos, unhas).
Variações fisiológicas (idade, sexo, jejum, atividade
física, etc.) e fisiopatológica.

3
Testes Laboratoriais

São baseados principalmente nas análises


do SANGUE e da URINA.
Sangue
 Diferença entre plasma e soro  não faz
diferença na maioria dos testes de avaliação
nutricional

4
ELEMENTOS
NUTRICIONA
IS

HEMOGRAM
A
COMPLETO

5
Testes Laboratoriais
• Importância dos exames laboratoriais: diagnóstico e
monitoração do tratamento.

• Critérios no preparo do paciente: jejum (8 a 12h/


colesterol e glicose), restrição (álcool/TG) ou ingestão de
determinados alimentos.

• Critérios na coleta do material

• Metodologias

• Interpretação cautelosa
• Estabelecimento das faixas de normalidade.
• Valores falso positivo e falso negativo.
Requisição de exame

• O impresso deverá estar totalmente preenchido com letra


legível:
– ♦ Data
– ♦ Nome do usuário
– ♦ Idade: muitos valores de referência variam conforme a
idade;
– ♦ Sexo: muitos valores de referência variam conforme o
sexo;
– ♦ Indicação clínica;
– ♦ Medicamentos em uso;
– ♦ Data da última menstruação (DUM), quando for o caso;
– ♦ Assinatura e carimbo do solicitante;
Papel timbrado
Com Logomarca
Data e local

Assinatura
do profissional e conselho

8
Exames Laboratoriais/Bioquímicos
. Hemograma (serie branca e vermelha)
• Lipidograma (colesterol, apoproteínas a e b)
• Hepatograma (enzimas, bilirrubina e albumina)
• Função renal (sódio e potássio, ureia e ácido úrico)
• Glicose (hemoglobina glicada ou glicolisada ou Hba1/
frutosamina)
• Proteínas de fase aguda
• Carências nutricionais (viatminas e minerais)
HEMOGRAMA
Hemograma
• Avaliação Quantitativa (contagem) e Qualitativa
(tipos) dos elementos do sangue.

• Alterações fisiológicas podem ocorrer, por


exercícios físicos e refeições gordurosas.
• Pode ser subdividido em 3 partes conforme
o enfoque na série:
• Vermelha (eritrograma)
• Branca (leucograma)
• Plaquetária (plaquetograma).
SÉRIE
VERMELHA

12
O2-
FE++
HEMOGLOBINA

CO
2-
4 SITIOS DE FERRO ++
ERITROGRAMA.


1) Hemoglobina: (Hb) é uma metaloproteína que contém ferro presente
nos glóbulos vermelhos (eritrócitos) e que permite o transporte de
oxigênio pelo sistema circulatório.
2) Hematócrito (Ht): é a porcentagem ocupada pelos glóbulos vermelhos
ou hemácias no volume total de sangue.
• O aumento do volume plasmático (pseudoanemia) pode ser encontrado
na gravidez, insuficiência renal, baço aumentado, uso excessivo de
líquidos endovenosos.
• A diminuição do volume plasmático (pseudo eritrocitose) no uso de
diuréticos, na desidratação, na obesidade, no estresse e em queimaduras.

• 3) Anemia significa redução da massa eritrocitária e policitemia a


expansão desta.
• 4) Eritrocitose: significa aumento da contagem de eritrócitos.
ANEMIA
Eritrograma
• VCM - (Volume corpuscular médio) 80-98 fl (femtolitros)

Determinação direta nos contadores. Caracteriza o tipo de


anemia
• Macrocítica > 98 fl (B12 e acido fólico)
• Microcítica < 80 fl (deficiência FE++)
• Normocítica 80-98 fl (perda de sangue)

HCM - (hemoglobina corpuscular média) 27 a 32 pg
(picogramas).

• Elevado encontrado em casos de macrocitose


• Reduzido em casos de hipocromia.
ERITROGRAMA
• 1) Macrocitose: facilmente notada se o VCM > 110;
alcoolismo é causa (carência B12) + comum.
• Atenção especial na gravidez (Def B12 e ácido fólico) e idosos
(acloridria).

• Hipersegmentação de neutrófilos (déficit de ac. fólico ou vitamina


B12) /Anemia megaloblastica).

• É causada por hiper-regeneração da medula, ou síntese


alterada do DNA.
• 2) Microcitose e Hipocromia: deficiência na síntese de
hemoglobina (deficiência de ferro, Talassemia ).

• 3) Anisocitose: presença de macro e microcitose ao


mesmo tempo, sem predominância.
• Seu significado é incerto (Anemia Falciforme, Talassemia).
Índices das Células Vermelhas do Sangue

• HCM: Hemoglobina Corpuscular Média = é a medida do


peso médio da hemoglobina dentro da hemaceas.
– Valores normais: 27 a 32 pg (picogramas)

– Valores   anemias hemolíticas ou carências após


consumo de Fe++
– Valores   anemias aplásicas (ausência de precursores
de glóbulos vermelhos - reticulócitos) mesmo c/ valores
de Fe++ normais.
18
Hemograma

• O termo anisocitose indica o grau de variação do tamanho dos


eritrócitos/hemácias observado ao microscópio.
• Essa expressão, é observada no hemograma Avaliada através
de dois parâmetros:
• RDW-CV (Amplitude de Distribuição dos Eritrócitos medido como Coeficiente de
Variação);
• RDW-SD (o mesmo sendo medido como Desvio Padrão);
• São calculados a partir do volume corpuscular médio (VCM),
que representa a média do tamanho dos eritrócitos.
ERITROGRAMA
• 4) População Dupla: presença concomitante de eritrócitos normais
e anormais, como em anemias hipocrômicas tratadas por
transfusão, ou nas primeiras semanas de tratamento com ferro.

• 5) Policromasia (excesso de Eritrócitos Jovens).

• 6) Reticulocitose: aumento da eritropoiese, como resposta


normal à anemia e hipoxemia; estimulada pela eritropoietina .
Anemia
 Deficiência no tamanho e número de eritrócitos (hemácias)

OU
 na quantidade de hemoglobina que eles contém.

HEMACIAS SAUDAVEIS

ANEMIA FALCIFORME HIPOCROMIA

21
Avaliação

Talassemia Falciforme
Megaloblastica
Classificação
TAMANHO/ CONCENTRAÇÃODE
VOLUME (VCM) HEMOGLOBINA (CHCM)
(fL) (g/ dL)

MICROcítica MACROcítica
VCM < 80 VCM > 98

NORMOcítica HIPOcrômica NORMOcrômica


VCM = 80 - 98 CHCM < 32 CHCM entre 32 - 35
TIPOS DE ANEMIA
• 1 )AGUDA: Acidente, perda de volume sanguíneo.
• 2) CRONICA: carências nutricionais ou secundaria
• 3) ANEMIA SIDEROBLÁSTICA: mielodisplasia.
• 4) TALASSEMIA E FALCIFORME: Genéticas.
• 5) Anemia das doenças crônicas: acompanha infecções, colagenoses,
dermatites, câncer, convalescença de cirurgias e traumas extensos e doenças
inflamatórias (elevada demanda).
• 6) INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA: eritropoiese.
• 7) HIPOTIREOIDISMO: Dosar T3 e T4 (Efeito colateral da patologia, reduz
eritropoietina).
• 8) MALÁRIA : Plasmodium invade as hemácias.
• 9) AUTOIMUNE: lesão medular ou hemólise.
• 10) ALCOOLISMO: Megaloblástica por déficit de Ac. Fólico e B12 (não ocorre em
bebedores de cerveja).
• 11) HEPATOPATIAS: a obstrução biliar e lesão do hepatócito provocam excesso
de colesterol no plasma e na membrana dos eritrócitos, originando leptocitos ou
Anemias

• 1-Anemia pós-Hemorrágicas: o hemograma é normal,


sendo representativo da perda somente 24 a 48 horas; após
7 dias há sinais de regeneração (policromasia,
reticulocitose).
• 2 - Anemias por síntese deficiente da Hemoglobina:
• 2.1 Ferropriva: a redução da Hb é maior do que os outros
parâmetros.
• O VCM e o HCM estão bastante reduzidos (microcitose e
hipocromia). Procurar analisar o hemograma completo:
eosinofilia sugere verminose. Causas mais frequentes na
infância: dieta carente.
• Em adultos, perda hemorrágica crônica.
CAUSAS DAS ANEMIAS

 Deficiência de nutriente
- Ferro Anemias
- B12 Nutricionais
- ácido fólico
- Zinco

 Outras Anemias
- hemorragias NÃO
- anormalidades genéticas Nutricionais
- doenças crônicas
- intoxicação por drogas 26
ANEMIAS NUTRICIONAIS
 Anemia Ferropriva

Microcítica e Hipocrômica

Normal anemia ferropriva

27
Causas da Deficiência de
Ferro
• ingestão inadequada:
Dieta pobre (vegetarianos que não consomem ferro-heme, melhor absorvido).

• absorção inadequada:

– diarreia
– acloridria (o meio ácido é importante para transformar o ferro na sua forma
absorvível, ferrosa)
– doença intestinal
– gastrectomia parcial ou total (menor produção de ácido)
– interferência medicamentosa

28
Causas da Deficiência de

Ferro
utilização inadequada pelo organismo

• aumento da necessidade: para expansão do volume


sanguíneo (infância, adolescência, gravidez e lactação).

• maior excreção: menstruação excessiva,


hemorragias, úlceras hemorrágicas, hemorroidas
sangrentas, varizes esofagianas, enterite, colite,
ancilostomíase e câncer.

• defeito na liberação das reservas: inflamação


crônica e doença crônica (hepáticos). 29
40%

36%
SÉRIE BRANCA
Estado nutricional e
Resposta imunológica
• Série branca

- Contagem de LEUCÓCITOS

• A contagem de leucócitos é parte de uma contagem completa de


sangue.
• indica a quantidade de leucócitos em um microlitro (milímetro
cúbico - mm3) de sangue total.

33
Leucometria
• Neutrófilos (segmentados)
• Basófilos
• Eosinófilos
• Linfócitos
• Monócitos
Serie Branca
• Existem 03 classes de leucócitos:

1.1 Granulócitos (Neutrófilos, Basófilos, Eosinófilos)


1.2 Linfócitos (T e B)
1.3 Monócitos (macrófagos)
Leucócitos

Granulócitos Agranulócitos

Neutrófilos Eosinófilos Basófilos Linfócitos Monócitos


Circulantes
Mielócitos

Meta mielócitos Resposta imune


adquirida
Bastões
Resposta imune
Segmentados inata e imediata

36
Leucometria
• Leucocitose ou Leucopenia reacionais, fazem-
se às expensas (↓ ou ↑) de um determinado tipo
celular.
• A fórmula relativa normal:
• 2/3 neutrófilos
• 1/3 linfócitos
• Demais células em pequeno número, são muito
parecidas em todos os adultos.
• Na infância, até 6-8 anos, há predominância de
linfócitos, depois equivalência até a puberdade.
• Nos 2 primeiros anos de vida as contagens de
leucócitos e linfócitos são extremamente
Estado nutricional e Resposta
imunológica

• Leucopenia (): insuficiência da medula óssea após


quimioterapia antineoplásica, radioterapia, infecções graves,
deficiências alimentares e doenças autoimunes.

• Leucocitose (): estrese (liberação de cortisol), infecções


(meningite, apendicite ou amigdalite), pós-operatórios, processos
inflamatórios ou neoplásicos, uso de corticosteroides,
septicemia, leucemias, etc (valores problemáticos são acima de 30.000
células por mm³).

38
Leucometria

Neutrófilos

Linfócitos ↑ Neutrófilos↑ Infecção aguda


infecção viral bacteriana ↑ monócitos
Leucometria

• NEUTROFILIA ↑: infecção bacteriana?


• Aumento acima do limite superior do valor
de referência (VR), vai de 1.600 - 7.000/ml.
• NEUTROPENIA: ↓
• < 1.600/m l em brancos
• < 1.200/m l em negros
Leucometria
• A raça negra tem valores menores que a branca.
• As pessoas normais têm valores constantes.
• A contagem da manhã é 5 - 10% menor que à tarde.
• A melhor hora para a coleta e a mais reprodutível é no fim
da manhã.
• As refeições gordurosas diminuem a contagem na maioria
das vezes, porem pode aumentar.
• O exercício físico aumenta.
• Fumo e obesidade aumentam a contagem (fumo, média de
1000 acima; fumante e obeso 2000 acima) assim como café em
excesso.
• O álcool em excesso causa leucopenia (↓).
• A menstruação não afeta a Leucometria.
• LINFOPENIA: < 1.000/m l. (↓)
• Estresse de qualquer origem ativa o eixo hipófise/adrenal (eosinopenia (↓) também
ocorre).
• Causas: radioterapia extensa, quimioterapia, doença de Hodgkin tipo "depleção
linfocitária", LES (tardiamente), AIDS (tardiamente, com inversão CD4/CD8), idosos e uso
de corticóide.

• EOSINOFILIA: > 700/m l (↑)


• 1) Parasitoses: constantes e proporcional à infestação, por ancilostoma, estrongilóides,
áscaris, filária, esquistosoma e toxocara, podendo chegar até 30.000 ou 70.000/m l.
• 2) Doenças alérgicas e da pele: asma (800 - 2.000/m l), rinite alérgica, eczema,
urticária, edema alérgico, remédios, etc.
• 3) Radioterapia: > 2.000/m l.
• 4) Colagenoses: poliarterite nodosa, dermatomiosite.

• EOSINOPENIA (↓) : ativação do eixo hipófise/adrenal - estresse: abdômen agudo,


doenças infecciosas, uso de corticóide ou ACTH (Teste de Thorn).
Alterações

• BASOFILIA ↑: encontrando acima de 3%. Idosos podem ter 2 a


4%. Encontrado no uso de heparina EV e na LMC (> 4.000/m l
causam prurido cutâneo) além de outras síndromes
mieloproliferativas.
• MONOCITOSE: > 1.000 /ml.
• Acompanha a neutrofilia em processos inflamatórios, porém é mais
tardia e persiste na convalescença.
• Doenças: Endocardite Bacteriana Sub Aguda (EBSA), Tuberculose,
Brucelose, Malária, Leishmaniose, pós-aplasia, Leucemias
Monocíticas agudas e crônicas, e Leucemia Mielomonocítica
crônica (LMMoC), nas granulopenias crônica e cíclica.
• MONOCITOPENIA (↓) : < 200/ml.
• Na Anemia Aplástica, Agranulocitose e Tricoleucemia.
• No controle da quimioterapia a "contagem de fagócitos"(neutrófilos
+ monócitos) está sendo utilizada como indicador para redução ou
adiantamento das doses.
PLAQUETAS

44
Plaquetas
• As plaquetas ou trombócitos representam fragmentos de
megacariócitos e participam do processo de coagulação
sanguínea.

• Os megacariócitos desintegram-se, formando plaquetas,


enquanto ainda estão na medula óssea, que depois são liberadas
no sangue.

45
Coagulação sanguínea
• Mecanismos da hemostasia (impedimento de perda sanguínea):

(1) espasmo vascular: imediatamente após a ruptura ou o corte de um


vaso sanguíneo ocorre vasoconstrição (contração) do vaso sanguíneo
lesado.

(2) formação de tampão plaquetário: acúmulo de plaquetas para


formar um tampão plaquetário no vaso lesado (adesividade das
plaquetas no local da lesão e aderência das plaquetas entre si).

(3) coagulação sanguínea – cascata de coagulação (figuras a seguir).

(4) regeneração: crescimento de tecidos fibrosos no coágulo


sanguíneo para obturar o orifício do vaso. A síntese de alguns fatores
de coagulação ocorre no fígado e é dependente de vitamina
46
K, cuja
deficiência pode provocar hemorragias.
Contagem de plaquetas
• As plaquetas promovem a coagulação, ou seja, a formação
de um coágulo hemostático em locais de comprometimento
vascular.

• É o mais importante teste de rastreamento da função


plaquetária.

• Valores de normalidade: variam entre 100.000 a


450.000/mm³.

47
Contagem de plaquetas
• Valores acima (trombocitose): pode resultar de hemorragias,
desordens infecciosas; câncer; anemia por deficiência de ferro;
cirurgia recente, gravidez ou esplenectomia e desordens
inflamatórias.

• Valores abaixo (trombocitopenia): pode resultar de uma doença


infiltrativa de medula óssea, como, por exemplo, carcinoma ou
leucemia; trombopoiese infecciosa proveniente de deficiência de
ácido fólico ou vitamina B12; acúmulo de plaquetas em um baço
aumentado; destruição aumentada de plaquetas devido à drogas ou
desordens imunes; coagulação intravascular disseminada ou lesões
mecânicas às plaquetas.
48

Você também pode gostar