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APS – MEDICINA INTERNA III

CARDIOLOGIA
ZONA ELETRICAMENTE
INATIVA
8° SEMESTRE
CURSO DE MEDICINA
UNIFACS, 2024
CASO CLÍNICO
• IDENTIFICAÇÃO:
A.S.D., mulher, 52 anos de idade, viúva, cristã e negra;
• QUEIXA PRINCIPAL
Dispneia aos mínimos esforços há aproximadamente 24h;
CASO CLÍNICO
• HMA
Há 23 dias apresentou dor precordial intensa e prolongada, que surgiu
quando estava em repouso. Ao atendimento médico, foi diagnosticada com infarto
do miocárdio. Recebeu tratamento ao uso de trombolíticos e recebeu alta hospitalar
após poucos dias.
Evoluiu com dor precordial noturna e dispneia, que se intensificou até ser
desencadeada pelo decúbito dorsal/horizontal. Surgiram inapetência e perda de
15kg. Fazia uso de 0,5mg de digoxina e 40mg de furosemida.
CASO CLÍNICO
• ANTECEDENTES PESSOAIS
Paciente era fumante de 10 anos maço, portadora de HAS há oito anos. Relatava referência a tratamento
anti-hipertensivo, mas não soube informar o grau de aderência ao tratamento.
• ANTECEDENTES FAMILIARES
• Mãe falecida de IAM;
• EXAME FÍSICO
Paciente com bom estado geral, descorada ++/4+, dispneica, sem conseguir se deitar no leito para o exame
clínico.
O pulso regular; FC 100bpm; Pressão arterial: 135x105mmHg.
Ausculta respiratória: revelou estertores crepitantes em bases de ambos hemitórax.
Ausculta cardíaca: revelou bulhas rítmicas, ausência de 3ª e 4ª bulhas e sopro sistólico ++/4+ em área mitral.
Dor à palpação de hipocôndrio direito e o fígado foi palpado, com dor, a 3cm da reborda costal direita.
Edema +++/4+ em membros inferiores.
CASO CLÍNICO
• EXAMES COMPLEMENTARES

Fonte: Scielo, 1997


CASO CLÍNICO • EXAMES COMPLEMENTARES

• AUTOPSIA:
O coração pesou 500g. Havia aumento da área cardíaca, com predominância do VE, notando-se
espessamento fibroso do epicárdio com aderências focais ao saco pericárdico. Aos cortes, foi evidenciado extenso
infarto cicatrizado do miocárdio que comprometia as paredes anterior e septal do VE, bastante afiladas,
principalmente na região apical do coração, com intensa dilatação da cavidade ventricular
CASO CLÍNICO • EXAMES COMPLEMENTARES

A superfície endocárdica desta região apresentava-se difusamente espessa e opacificada, notando-se trombo
mural em organização, firmemente aderido à parede anterior do VE.
Na região apical do SIV estavam presentes dois orifícios de comunicação interventricular (CIV), cada um
medindo, respectivamente, 12 e 5mm no maior diâmetro.

Fonte: Scielo, 1997


CASO CLÍNICO • EXAMES COMPLEMENTARES

Havia pequeno trombo em organização na aurícula direita. A dissecção das artérias coronárias demonstrou
obstrução de mais de 70% da luz dos principais ramos devido a aterosclerose. Em toda a extensão do terço distal do
ramo interventricular anterior da artéria coronária esquerda havia trombose antiga recanalizada, com oclusão total da
luz arterial. Placas ateroscleróticas, muitas calcificadas, estavam presentes também na parede da aorta e das artérias
renais e cerebrais.

Fonte: Scielo, 1997


DEFINIÇÃO
Áreas que representam a presença de tecido sem atividade elétrica no coração. Vários
mecanismos podem estar envolvidos nesse tipo de consequência: fibrose miocárdica, doenças
infiltrativas, granulomas. A alteração mais clássica de áreas eletricamente inativas é a presença de onda
“Q” patológica em duas ou mais derivações (respeitando uma determinada parede).

Fonte: Jaleko ArtMed, 2021


NO ECG:

Essa zona eletricamente inativa pode ser identificada em um eletrocardiograma (ECG) como uma área
sem atividade elétrica ou com alterações significativas nos padrões elétricos normais do coração.

Em geral, a fase positiva do QRS (onda R) se encontra reduzida na parede afetada e a onda negativa inicial
(onda Q) é mais proeminente. Sendo assim, teremos uma configuração de QrS ou Qr (a depender da derivação), ao
invés de qRS ou qR. Nos casos mais graves (ex.: após necrose transmural do miocárdio), o eletrocardiograma pode se
demonstrar sem qualquer atividade elétrica na região afetada, tendo como característica o complexo QRS
transformado em apenas QS.
Fonte: Portal Medicina Ribeirão,
2023
EPIDEMIOLOGIA
• Em pessoas com menos de 45 anos: A incidência é relativamente baixa,
geralmente representando menos de 5% dos casos de infarto do miocárdio.

• Em pessoas entre 45 e 65 anos: A incidência aumenta consideravelmente,


representando cerca de 30% a 40% dos casos de infarto do miocárdio.

• Em pessoas com mais de 65 anos: A incidência é ainda maior,


representando aproximadamente 60% a 70% dos casos de infarto do
miocárdio.
CAUSAS
• Infarto do miocárdio;
• Miocardiopatias;
• Miocardite;
• Doenças granulomatosas (ex.: sarcoidose);
• Doenças infiltrativas (ex.: amiloidose, hemocromatose);
• Tumores cardíacos;
• Esclerodermia;

• Distrofias musculares
TRATAMENTO
O tratamento da zona eletricamente inativa está
centrado em abordar a causa subjacente, que frequentemente
é um ataque cardíaco ou outra forma de doença
cardíaca isquêmica.

EX: paciente desenvolveu área eletricamente inativa


secundária a IAM, deve-se tratar o IAM para minimizar os
danos da patologia em questão.
CURIOSIDADE
A onda Q patológica nem sempre é sinônimo de área eletricamente inativa (AEI).

Podemos encontrar alguns dados sugestivos de AEI em outras


situações como:

• BRE: onda r com crescimento lento de V1 a V3, com QS;

• Pré excitação ventricular;

• Bloqueio fascicular anterior esquerdo;

• DPOC;

• TEP;

• Pneumotórax (principalmente à esquerda)


REFERÊNCIAS

• Jaleko ArtMed 2021


https://blog.jaleko.com.br/eletrocardiograma-areas-eletricamente-inativas/

• Scielo 1997
https://www.scielo.br/j/abc/a/G4hDtjmjGz6Pgx36BqHZjZJ/?lang=pt
https://www.scielo.br/j/abc/a/FhxV98nFLWL38yZhHYwxp6F/?lang=pt

• ECG Essencial: Eletrocardiograma na prática diária - 7° ed - ArtMED - MALCOLM S.


THALER.

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