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Aula 3

Fontes do Direito
Administrativo

Prof. Manoel Peixinho


Introdução
 Esta aula será destinada à apresentaçã o das fontes do Direito Administrativo,

estas responsáveis diretas pela criaçã o, elaboraçã o e aperfeiçoamento de toda

ciência administrativista, produzindo, aprimorando e até justificando, suas Leis,

normas internas e decisõ es judiciais.

Para tanto, serã o abordados os seguintes tó picos:

1. A Constituiçã o

2. As Leis

3. A Jurisprudência

4. A doutrina

5. Os costumes
Considerações Iniciais

Em se tratando do Direto Administrativo é importante ressaltar,


dentre outras, quatro principais espécies de fontes jurídicas: a lei,
como fonte primá ria e doutrina, jurisprudência e costumes, como
fontes secundá rias.
A Constituição
Constituiçã o como fonte primá ria: respalda-se no princípio do devido processo legal,
que abarca um conjunto de princípios constitucionais pelo qual o processo
administrativo deve obedecer. A Constituiçã o Federal é a principal fonte do Direito
Administrativo, na qual se encontram todos os fundamentos e princípios jurídicos que
irã o servir de base para a criaçã o das outras normas jurídicas (art. 1º , 2º e 3ºe art. 5º
da CF).

O art. 37 da CF é o nú cleo duro principioló gico do Direito Administrativo.


As Leis
A importâ ncia das fontes do direito administrativo decorre do princípio da
legalidade, o qual o Legislador brasileiro consagrou expressamente na
Constituiçã o Federal (art. 5º, II e 37, caput da CF).

Todavia nã o somente a Constituiçã o Federal constitui uma fonte jurídica


para o Direito Administrativo. As Leis, os regulamentos, as instruçõ es
normativas, as resoluçõ es e até mesmos as portarias expedidas pela
Administraçã o Pú blica, também, figuram como fontes jurídicas para o
Direito Administrativo.

Exemplos: Lei nº 8.112/90 que dispõ e acerca do regime

jurídico dos servidores civis da Uniã o e a Lei nº 8.666/93

que dispõ e acerca das licitaçõ es e contratos pú blicos.


Lei Nacional x Lei Federal
Na repartiçã o de competências na Constituiçã o Brasileira há competências legislativas e administrativas
privativas da Uniã o, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios e competências comuns aos entes
federativos. Dessa forma entende-se por:

Lei Nacional: normas centrais, gerais, aplicáveis a todo o territó rio nacional, ou seja, a todos os entes da
federaçã o - Uniã o, Estados, Distrito Federal e Municípios. É , portanto, a atribuiçã o legislativa da Uniã o como
ente que congrega todas as pessoas políticas, estabelecendo normas a eles comuns. Ex.: Lei de
Responsabilidade Fiscal (LC nº 101/2000).

Lei Federal: normas parciais, vá lidas apenas para a pessoa jurídica de direito pú blico que a instituiu. Referem-
se à regulamentaçã o de situaçõ es que envolvem exclusivamente a Uniã o, como pessoa pú blica equiparada à s
demais. Ex.: Lei dos Servidores Públicos da União (Lei nº 8112/90).

Existem, ainda, leis federal e nacional concomitantemente.

Ex.: Lei de Licitações e Contratos Públicos (Lei nº Lei 14.133/21) e a Lei das PPPs (Lei nº 11.079/04).
A Jurisprudência

Quando uma decisã o judicial é proferida de forma reiterada, pode-se considerar que foi

formada uma jurisprudência naquele sentido, ou seja, jurisprudência, nada mais é que uma

reuniã o de vá rias decisõ es judiciais, acerca determinada matéria. Uma jurisprudência se

cristaliza, ou seja, se pacifica, quando determinada matéria é julgada sempre no mesmo

sentido.

A jurisprudência é uma importante fonte

do Direito, em se tratando de Direito

Administrativo. As decisõ es proferidas

pelo Superior Tribunal de Justiça em

questõ es relacionadas ao Direito

Administrativo é um bom exemplo de

jurisprudência do Direito Administrativo.


Sú mula Vinculante
Com o advento da sú mula vinculante, o direito administrativo também passou a ser vinculado à s
decisõ es do Supremo Tribunal Federal. Um clá ssico exemplo da força vinculató ria do STF na
Administraçã o Pú blica é a Sú mula Vinculante nº 13, editada em 21/08/2008, que veda a prá tica do
Nepotismo na Administraçã o Pú blica direta e indireta, in verbis:

“A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade,

até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa

jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em

comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na administração pública direta e

indireta em qualquer dos poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,

compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a Constituição Federal”.


Jurisprudência Administrativa
A jurisprudência administrativa sã o as decisõ es reiteradas e pacificadas no â mbito

administrativo.

Cada ó rgã o julgador que compõ e a Administraçã o Pú blica cria a sua pró pria jurisprudência

que orienta os julgados administrativos. Citem-se, por exemplo, a jurisprudência do

Conselho Nacional de Justiça, do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais do Ministério

da Fazenda e do Tribunal de Contas da Uniã o.

A jurisprudência administrativa tem um papel relevante na pacificaçã o de matérias

reiteradas e repetitivas, o que enseja maior celeridade nos processos administrativos.


Orientações Normativas e Jurisprudenciais da
Advocacia Geral da União
A Lei Complementar nº 73/93, que institui a Lei Orgâ nica da Advocacia-Geral da Uniã o,
estabelece os pareceres e as sú mulas sã o diretrizes fundamentais que orientam as
matérias de interesse da AGU, dos seus servidores e de outras pessoas que possam ser
afetadas pelas diversas instâ ncias administrativas, conforme dispõ em os artigos 39 a 44
da referida lei.
Dessa forma, as orientaçõ es normativas e as jurisprudências da Advocacia Geral da
Uniã o sã o mecanismos que possibilitam uma sistematizaçã o do entendimento da AGU
para os diversos ó rgã os que compõ e a Administraçã o Pú blica.
Ex. Sú mula nº 1 da AGU. 27/06/1997. “A decisã o judicial que conceder reajustes
referentes à URP de abril e maio de 1988 na proporçã o de 7/30 (sete trinta avos) de
16,19%, incidentes sobre a remuneraçã o do mês de abril e, no mesmo percentual, sobre
a do mês de maio, nã o cumulativos, nã o será impugnada por recurso."
A Doutrina

Doutrina é a interpretação dada pelos operadores do Direito acerca

de determinada questão jurídica. Desta forma, não se engane, a

doutrina, não se presta somente a interpretar a Lei, mas também a

todascerta
Existe as divergência
outras questõ
jurídica,esquanto
relacionadas
ao fato da ao Direito, tais como sua
doutrina representar uma fonte do Direito. Para alguns
origem, seus princípios, objetivos e sua evolução.
autores, entender que doutrina representa uma fonte do

Direito significa em afronta direta ao princípio da

Legalidade. Todavia, para a maior parte dos autores, a

doutrina constitui uma fonte do Direito, nã o havendo

qualquer empecilho neste sentido. Inclusive, nã o se pode

olvidar que a doutrina é constantemente utilizada

quando da realizaçã o dos julgamentos pelos Tribunais.


Os costumes
Os costumes, também, representam importante fonte do direito. Surgem através
de comportamentos, atos ou condutas praticados reiteradamente que com o
passar do tempo começam a integrar o cotidiano das pessoas.

Em se tratando do direito Administrativo especificamente, é importante


ressaltar a “prá tica administrativa” como importante fonte do Direito
Administrativo ante a ausência de norma legal específica.
Desta forma, como o passar do tempo, a
“soluçã o” dada pelo administrador
pú blico e sua aplicaçã o reiterada, poderá
se tornar “praxe” em toda Administraçã o
Pú blica, sendo assim, aplicada na
resoluçã o de todas as questõ es
semelhantes.
Conclusões

 Conclui-se, portanto, que o Direito Administrativo possui 4 (quatro) fontes principais: as leis, a doutrina,

a jurisprudência e os costumes.

 É importante ressaltar que as leis sã o a fonte primá ria e as demais configuram fontes secundá rias as

quais sã o utilizadas diante da omissã o legal.

 Além da Constituiçã o Federal, constituem fontes legais do Direito Administrativo as leis, os

regulamentos, instruçõ es normativas, resoluçõ es e portarias,

 Há divergência entre os pró prios doutrinadoras quanto a utilizaçã o da doutrina como fonte do Direito

Administrativo, prevalecendo a posiçã o pela sua constituiçã o como fonte.

 O Administrador Pú blico, diante da omissã o da legislaçã o e da jurisprudência poderá implementar, em

acordo com os princípios administrativos, prá ticas que, tomadas de forma reiterada, poderã o se tornar

praxe para toda a Administraçã o.


Referências
Para explorar o tema de forma mais profunda, apresentamos
abaixo a bibliografia utilizada na elaboraçã o da aula, bem como
demais links para acesso a outros conteú dos relativos ao tema:

DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. Sã o Paulo: Atlas, p. 84

MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. Sã o Paulo: Malheiros, p. 47-48.

WALINE, Jean. Droit administratif. Paris: Dalloz, p. 251-254

MARRARA, Thiago. As fontes do direito administrativo e o princípio da legalidade. Revista


Digital de Direito Administrativo, v.1, n.1, p. 23-51.

http://advogadospublicos.blogspot.com/2009/09/artigo-lei-nacional-x-lei-federal.html

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