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RESUMO

IMPROVISAÇÃO E
APRENDIZAGEM NAS
ORGANIZAÇÕES:

Reflexões a partir da
metáfora da improvisação
no teatro e na música

Leonardo Flach
JANE EYRE S. OLIVEIRA
Claudia Simone Antonello
2020
INTRODUÇÃO

Objetivo
Identificar e propor, a partir da
perspectiva sociocultural da
aprendizagem e da metáfora da
improvisação no teatro e na música,
alguns pressupostos que auxiliem os
estudos e a compreensão do papel da
improvisação nos processos de
aprendizagem nas organizações.
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INTRODUÇÃO

Improvisação:
Compreensão da ação, à medida que esta vai
tomando lugar, e capacidade de executar um
movimento de antecipação ou reação sem o
benefício de reflexão prévia.
Envolve também trabalhar com aquilo que já
foi criado, formando e transformando ideias,
colocando características únicas em cada uma
das novas criações.
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INTRODUÇÃO

Música: composição em tempo real que inicia com


variações de um modelo já escrito.
Compreensão de problemas de análise e mudança
organizacional.

Teatro: teatro improvisado.


Ampliação da capacidade de interpretação do
ambiente; aumento da astúcia estratégica; cultivo do
espírito de liderança; fortalecimento das equipes de
trabalho; desenvolvimento de habilidade individuais;
análise da cultura organizacional.
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A improvisação deve A utilização da improvisação
nas organizações pode ampliar
passar por um processo a capacidade da organização
de aprendizagem que em lidar com as mudanças,
torná-la mais flexível e elástica,
exige treino, disciplina, com maior capacidade de
conhecimento e elaborar ações imediatas, em
detrimento de planejamentos e
experiência. antecipações

(Hatch e Weick, 1998).


1.IMPROVISAÇÃO NAS ORGANIZAÇÕES

• Processo espontâneo (não planejado, extemporânea)


e criativo (procura desenvolver algo novo e útil para a
situação), com o intuito de atender um objetivo por
intermédio de um novo caminho.

• Já foi considerada como disfunção da organização.

• Não representa uma cura mágica para as empresas


que possuem carência de inovação e adaptação.
A socialização do indivíduo e a cultura em que está
imerso consistem em fatores fundamentais
para este fenômeno. 6
2. APRENDIZAGEM ORGANIZACIONAL NA PERSPECTIVA SOCIOCULTURAL

• Os momentos de aprendizagem não são óbvios e não


podem ser restringidos às atividades formalmente
voltadas à aprendizagem.
• Sugere a busca dos momentos e das situações que,
já inscritos na cultura e nas formas privilegiadas de
ação, sejam propícios à aprendizagem (mediação
pelos artefatos da cultura da organização).

• Comunidades de prática: grupos informais que


fomentam a aprendizagem.

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O CONTEXTO HISTÓRICO,
POLÍTICO E SOCIAL
INFLUENCIAM DIRETAMENTE
AS RELAÇÕES DE
APRENDIZAGEM.
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4. ASPECTOS QUE PERMEIAM OS PROCESSOS DE IMPROVISAÇÃO E A
ARTICULAÇÃO ENTRE APRENDIZAGEM INDIVIDUAL E COLETIVA

• As organizações, como um conjunto de indivíduos, são resultado da soma


das aprendizagens (Argyris; Schön, 1978).
• Modelo para explicar a passagem da aprendizagem individual para a
aprendizagem coletiva e organizacional (Crossan, Lane e White,1999).
• Os processos de aprendizagem nas organizações ocorrem principalmente
em dois sentidos:
Feedforward: transferência da aprendizagem de indivíduos para
coletivo, podendo ser, posteriormente, institucionalizada.
Feedback: relaciona-se com a utilização do que foi aprendido, bem como
com os impactos dessa aprendizagem nos indivíduos e grupos.
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5. O PAPEL DA IMPROVISAÇÃO NOS PROCESSOA DEAPRENDIZAGEM
ORGANIZACIONAL

5.1 A influência do tempo no processo de improvisação

• O tempo é considerado um recurso e um fator de produção.


• É considerado uma vantagem competitiva, então, as pessoas ganhariam
velocidade caso realizassem improvisos mais espontâneos, sem a
necessidade de constantes planejamentos.
• O tempo determina não somente a necessidade de improvisação como
também a duração da improvisação.
• A improvisação é predominantemente baseada no tempo presente.
Passado (experiências) Futuro(muito pouco).
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5. O PAPEL DA IMPROVISAÇÃO NOS PROCESSOA DEAPRENDIZAGEM
ORGANIZACIONAL

5.2 A bricolagem improvisação

• Bricolagem: invenção de recursos a partir dos materiais disponíveis, para


resolução de problemas imprevistos. Local e contextual.
• Utilizando os recursos disponíveis, o administrador os redefine como
recursos úteis, redefinindo também suas ideias, de acordo com os
materiais disponíveis no momento.
• Processo de aprendizagem individual: fazer ligações entre o passado e o
futuro. Experiência pessoal.
• Processo de aprendizagem coletivo: provocadas quando as situações
aumentam e requerem inovação. 11
5. O PAPEL DA IMPROVISAÇÃO NOS PROCESSOA DEAPRENDIZAGEM
ORGANIZACIONAL

5.3 A improvisação a partir das estruturas mínimas

• Estruturas mínimas são aquelas que definem os limites para os


comportamentos das pessoas, mas que também fornecem maior
liberdade para a execução do improviso.
• Música: lógica da harmonia e dos acordes.
• Dificuldade: identificar os equivalentes organizacionais da estrutura
mínima.
• A estrutura mínima pode facilitar a bricolagem porque criam um espaço
para a exploração improvisada dentro dos limites estabelecidos.
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5. O PAPEL DA IMPROVISAÇÃO NOS PROCESSOA DEAPRENDIZAGEM
ORGANIZACIONAL

5.4 As pausas e o silêncio no processo de improvisação

• 3 minutos e 33 segundos (John Cage).


• Pausa não é perda de tempo e sim condição essencial para o ato de
construir, compor, criar.
• Deve valorizar este tempo livre e os momentos de pausa, entre um
improviso e outro, para refletir sobre elementos armazenados na
memória, sobre ações e práticas.
• Surgimento de novos insights.

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5. O PAPEL DA IMPROVISAÇÃO NOS PROCESSOA DEAPRENDIZAGEM
ORGANIZACIONAL

5.5 A improvisação individual ou coletiva

• Individual: solo improvisado de um dos músicos


• Coletivo: improvisação do grupo requer harmonia entre eles.
• A intuição é uma constante no processo de improvisação, que reflete no
feeling e no timing de quem improvisa.
• À medida que a improvisação varia, combina e recombina um conjunto de
elementos, os membros passam a perceber a coerência e os rumos da
improvisação, conferindo a esta um significado. Aqui surge a
aprendizagem do grupo, pois torna-se momentos a serem lembrados
como experiências significativas. 14
5. O PAPEL DA IMPROVISAÇÃO NOS PROCESSOA DEAPRENDIZAGEM
ORGANIZACIONAL

5.6 A improvisação baseada em clichês e em repetição ou


variação de temas

• Somente a memorização dos clichês não bastam. É preciso desenvolver


uma percepção, para saber quais devem ser utilizados conforme as
circunstâncias e quando.
• Nas organizações, estas repetições de temas e clichês estão diretamente
ligadas ás rotinas que, por sua vez, encontram-se na memória
organizacional.

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5. O PAPEL DA IMPROVISAÇÃO NOS PROCESSOA DEAPRENDIZAGEM
ORGANIZACIONAL

5.7 O erro como parte da improvisação

• O erro faz parte do improviso.


• Quando os erros ocorrem, os artistas improvisadores não procuram achar
logo as causas nem identificar os responsáveis, mas trata-los de forma
impessoal e considera-los inerentes ao processo.
• Organizações que estimulam os processos de aprendizagem e
improvisação podem ser descritas como aquelas que valorizam a estética
da imperfeição, ou sejam, atribuem valor positivo para experiências de
aprendizagem, sejam elas inicialmente bem ou mal sucedidas.
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5. O PAPEL DA IMPROVISAÇÃO NOS PROCESSOA DEAPRENDIZAGEM
ORGANIZACIONAL

5.8 A negociação e os diálogos contínuos na improvisação em


conjunto

• Prática não existe em abstrato, pois depende de pessoas envolvidas em


ações cujo significado é negociado entre elas (Wenger, 1998).
• A negociação ocorre pelo fato de a aprendizagem ser mediada por
diferenças de perspectivas entre pessoas para a construção de uma
realidade social.

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5. O PAPEL DA IMPROVISAÇÃO NOS PROCESSOA DEAPRENDIZAGEM
ORGANIZACIONAL

5.9 A performance no ato de improvisação

• Performance: momento de finalização de uma experiência, sem a qual


esta não seria completa.
• A performance da improvisação pode ser perpassada por um processo de
aprendizagem e, desta forma, desenvolvida ao transcorrer do tempo.
• Musico iniciante no processo de improviso tem dificuldade, mesmo cheio
de técnicas.
• A improvisação nas organizações ocorre por influência de diversos fatores,
mas considera-se que, nesta forma de aprendizagem, seja essencial a
experiência a partir da socialização e do compartilhamento. 18
CONSIDERAÇÕES FINAIS

• A improvisação pode permear um processo de aprendizagem assim como


o processo de aprendizagem pode exigir do indivíduo a improvisação.
• Um dos estímulos mais significativos para a emergência da improvisação
decorre da insatisfação com a concepção de estrutura que tem
prevalecido de forma duradoura.
• Os gestores são pressionados a alcançar resultados, a responder às
mudanças do ambiente e lhes são exigidas capacidades de inovação e de
adaptação suficientes para acompanhar os níveis de mudança no
ambiente.

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REFERÊNCIA

FLACH, Leonardo; ANTONELLO, Claudia Simone. Improvisação e


aprendizagem nas organizações: reflexões a partir da metáfora no teatro e
na música. In: ANTONELLO, Claudia Simone; GODOY, Arilda Schmidt et al.
Aprendizagem Organizacional no Brasil [recurso eletrônico]. Porto Alegre:
Bookman, 2011.

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