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Aluno: Arôldo Batista

Matricula: 20161000963
Turma: 10º BN

CASO 08 Após regular certame licitatório, vencido pelo consórcio “Mundo Melhor”,
o Estado X celebrou contrato de obra pública, tendo por objeto a construção de uma
rodovia estadual com 75 km de extensão. Dois anos depois, com mais de 70% da obra
já executada, o relatório da comissão de fiscalização do contrato apontou suposto
atraso no cronograma da obra. Diante disso, o Governador do Estado X enviou
correspondência aos representantes do consórcio, concedendo prazo de cinco dias
úteis para apresentar defesa quanto aos fatos imputados, sob pena de aplicação de
penalidade, conforme previsão constante da Lei nº 8.666/1993. Antes da fluência do
prazo, entretanto, o Governador enviou nova correspondência aos representantes do
consórcio, informando que há lei estadual que autoriza a aplicação das penalidades
de advertência e de multa previamente à notificação do contratado, e que, por essa
razão, naquele momento, o Governador aplicava as duas penalidades. Além disso, o
Governador determinou a suspensão de todos os pagamentos devidos ao consórcio
(pelos serviços já realizados e pelos a realizar) até a regularização do cronograma.
Nos 60 (sessenta) dias seguintes, o consórcio tentou resolver a questão na via
administrativa, mas não teve sucesso. Diante disso, os representantes procuram você
para, na condição de advogado, ajuizar a medida cabível à proteção dos direitos do
consórcio, informando: 1. que nunca houve atraso, o que se demonstra pelo
cronograma e pelo diário de obras, que registram a normal evolução do contrato; 2.
que o consórcio depende da regularização dos pagamentos, até o término das obras,
pelos serviços que vierem a ser executados; e 3. que não podem abrir mão do
recebimento das parcelas pretéritas devidas pelo trabalho executado nos últimos 60
(sessenta) dias e nem dos pagamentos pelos serviços a realizar, pois essenciais à
manutenção das empresas consorciadas. Na qualidade de advogado(a), ajuíze a
medida cabível à proteção integral dos interesses do consórcio.
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA _ VARA DA
FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DO ESTADO X

CONSÓRCIO MUNDO MELHOR, pessoa jurídica de direito público, CNPJ,


com sede na Rua xxx, Bairro, Estado, CEP, endereço eletrônico, vem por seu
advogado, infrafirmado, com procuração anexa e endereço profissional na Rua,
Bairro, Estado, CEP, onde serão encaminhadas as intimações do feito, propor:

AÇÃO ORDINÁRIA COM PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA

em face DO ESTADO X, pessoa jurídica de direito público interno, CNPJ, com


sede na Rua, Bairro, Estado, CEP, endereço eletrônico, pelos fatos e fundamentos que
a seguir:

I DO CABIMENTO

É cabível a propositura da presente ação, com fulcro no Artigo 282 c/c 273 do
Código de Processo Civil, por se tratar de violação aos direitos do autor.
II DOS FATOS

O Estado X celebrou contrato de obra pública com o Consórcio Mundo Melhor,


após regular certame licitatório e vencido pelo contratado, tendo por objeto a
construção de uma rodovia estadual com 75 km de extensão. Dois anos depois da
contratação, com mais de 70% da obra já executada, a comissão de fiscalização emitiu
relatório do contrato apontando suposto atraso no cronograma das obras.

Em razão disso, o Governador do Estado X enviou correspondência aos


representantes do consórcio, concedendo prazo de 5 dias úteis para apresentação
defesa quanto aos fatos imputados, sob pena de aplicação de penalidade, conforme
previsão constante da Lei 8.666/93.

Antes da influência do prazo, entretanto, o Governador enviou nova


correspondência aos representantes do consórcio, informando sobre a existência de
Lei Estadual que autoriza a aplicação das penalidades de advertência e de multa
previamente à notificação contratado, e que, por essa razão, naquele momento, seria
aplicada as penalidades, bem como seria determinada a suspensão de todos os
pagamentos devidos ao contratado, pelos serviços já realizados e pelo a realizar, até a
regularização do cronograma.

Contra essas medidas, nos 60 dias seguintes, o contratado procurou ao órgão


público e tentou resolver a questão na via administrativa, alegando que: 1- nunca
houve atraso, o que se demonstra pelo cronograma e pelo diário de obras, que
registram a normal evolução do contrato; 2- o consórcio depende da regularização
dos pagamentos, até o término das obras, pelos serviços que vierem a ser executados;
e 3- não poderia abrir mão do recebimento das parcelas pretéritas devidas pelo
trabalho executado nos últimos 60 dias e nem dos pagamentos pelos serviços a
realizar, pois estes seriam essenciais à manutenção das empresas consorciadas.

Mas infelizmente, não obteve sucesso pelo que recorre ao judiciário para tanto.

III DA ANTECIPAÇÃO DE TUTELA


Primeiramente, o Artigo 273 do Código de Processo Civil estabelece como
requisitos para a concessão de tutela antecipada a verossimilhança das alegações e o
fundado receio de dano irreparável.

O fundado receio de dano irreparável decorre do fato de que o consórcio não


vem recebendo pelos serviços já executados, o que pode levar ao esgotamento da
capacidade financeira das empresas consorciadas, bem como torna inviável o
prosseguimento das obras contratada.

A verossimilhança das alegações se baseia na violação ao princípio do


contraditório e da ampla defesa, essenciais a aplicação de penalidades, previstos no
Artigo 5º, LIV e LV da Constituição Federal e pela invalidade da regra prevista na Lei
Estadual, por violar norma geral prevista no Artigo 87, caput e §2º, ambos da Lei
8.666/93.

Logo, tendo em vista estarem presentes os requisitos para antecipação de tutela,


deve ser suspenso o ato que determinou a aplicação de sanções ao autor, por estar em
desconformidade com a Lei.

IV DO MÉRITO

Primeiramente, o Artigo 5º, LIV e LV da Constituição Federal determina a


obrigatoriedade da observância do princípio do contraditório e da ampla defesa
quando da aplicação de sanções ao particular pelo poder público.

No mesmo sentido, o Artigo 87, caput e §2º da Lei 8.666/93 estabelece que a
administração pública deverá oportunizar ao particular a apresentação de defesa
prévia, no prazo de 5 dias das sanções a ele aplicadas.

Na situação apresentada, o poder público aplicou as penalidades de advertência,


multa e determinou a suspensão de todos os pagamentos devidos ao autor, pelos
serviços já realizados e pelos a realizar, sem lhe oportunizar a defesa prévia e sem a
instauração do devido processo legal.

Outrossim, a regra prevista na Lei Estadual, pela qual se baseou o poder público
para aplicação das penalidades, sem a concessão de defesa prévia, é inválida por
violar regra geral prevista na Constituição e na Lei Geral de Licitações e Contratos,
acima citadas.

Ademais, nunca houve atraso na obra, razão pela qual o motivo que levou a
aplicação da penalidade é falso.

Logo, nulo é o ato que determinou a aplicação de penalidades ao autor, nos


termos do Artigo 2º, § único, “d” da Lei 4.717/65, aplicação da teoria dos motivos
determinantes.

Por fim, o consórcio faz jus ao pagamento das parcelas em atrasos, devidas pelos
serviços já executado, sob pena de enriquecimento sem causa da administração
pública.

A título argumentativo, salienta-se que este entendimento também é


compartilhado pela jurisprudência brasileira:

ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO


ESPECIAL. ANISTIADO POLÍTICO. CABOS DA
AERONÁUTICA. REVISÃO DE PORTARIA DE ANISTIA,
CONCEDIDA COM FUNDAMENTO NA PORTARIA
1.104/GM3/64. PROCESSO ADMINISTRATIVO.
DECADÊNCIA ADMINISTRATIVA ACOLHIDA, PELO
TRIBUNAL DE ORIGEM. ART. 54 DA LEI 9.784/99.
ALEGADA OFENSA AO ART. 535 DO CPC/73. SÚMULA
284/STF. APRECIAÇÃO DE ALEGADA VIOLAÇÃO A
DISPOSITIVOS CONSTITUCIONAIS. INVIABILIDADE, NA
VIA DE RECURSO ESPECIAL. ENTENDIMENTO FIRMADO
PELO STF, SOB O RITO DE REPERCUSSÃO GERAL, NO RE
817.338/DF (TEMA 839/STF). REALINHAMENTO DO
POSICIONAMENTO DO STJ. RECURSO ESPECIAL
PARCIALMENTE CONHECIDO, E, NESSA EXTENSÃO,
PROVIDO.

V DOS PEDIDOS

Diante do exposto, requer-se:

a) A citação do réu na pessoa do Procurador Geral do Estado para, querendo,


contestar o feito.
b) A concessão da tutela antecipada para garantir a regularidade dos pagamentos do
consórcio.

c) A procedência dos pedidos, com a confirmação da tutela antecipada; a anulação


das sanções administrativas aplicadas ao autor e a determinação do pagamento das
parcelas atrasadas.

d) A produção de todos os meios de provas admitidos em direito e necessário a


solução da controvérsia, inclusive a juntada dos documentos anexos.

e) A condenação do réu ao pagamento das custas processuais e dos honorários


advocatícios.

VI DO VALOR DA CAUSA

Dá-se o valor da causa a quantia de R$ XXX.

Termos em que,

Pede Deferimento.

Local / Data

Advogado Oab

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