Brincadeiras na
Educação Infantil
Entenda a importância do brincar
para o desenvolvimento das
crianças e confira estratégias
para favorecer essas experiências
Índice
1. Educação Infantil de qualidade
depende de formação continuada
em brincadeiras .................................... 4
2. Brincar de fazer arte: como ampliar
o lúdico e a criação ........................... 26
3. Faz de conta: conhecimento que se
constrói brincando ............................. 42
4. Brincar de construir:
aprendizado em várias fases
do desenvolvimento .......................... 59
3
1. Educação Infantil de
qualidade depende de
formação continuada
em brincadeiras
Entenda o papel do professor,
o que não pode faltar na pauta
Imagem: Gettyimages
A importância do brincar
na Educação Infantil
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Qual o papel e a atuação
do professor no incentivo
ao brincar?
Ampliação de repertório:
Planeje uma formação com base
artística, utilizando diferentes
linguagens, como cinema,
poesia e teatro, para ampliar as
referências dos educadores. 19
Tempo e espaço na Educação
Infantil: Perguntas norteadoras
ajudam os participantes a refletir,
tais como ‘O que é essa organização
do espaço escolar?’ ou ‘Qual a
diferença entre o nosso tempo
e o tempo das crianças?’
Revisão de planejamento: O
coordenador deve apoiar os 21
professores a sempre rever o
planejamento e não se frustrar
se objetivo da brincadeira não for
atingido; qualquer atividade pode ser
feita novamente e, a cada repetição,
novas experiências surgirão.
Materiais de
apoio à prática
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2. Caderno Brincar – Volume 2,
editado por Nova Escola, retrata o
projeto de formação sobre práticas
de brincadeiras inclusivas realizado
pela Mais Diferenças junto a
professores e gestores de Escolas
Municipais de Educação Infantil
(EMEIs) em São Paulo, uma iniciativa
da Fundação Grupo Volkswagen.
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4. Questões para pensar o brincar
nas creches e escolas de Educação
Infantil no Podcast em movimento
- O brincar: "ponte de esperança"
e de vida – com comentário da
professora Maria Walburga dos
Santos (Universidade Federal
de São Carlos – UFSCAR).
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Imagem: André Asahida
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2. Brincar de fazer
arte: como ampliar
o lúdico e a criação
Professoras experientes falam sobre
a intersecção entre as brincadeiras
Imagem: Gettyimages
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“Tudo isso contribui para acionar
aprendizagens por meio das múltiplas
linguagens, ampliar vocabulário
e repertório e expandir questões
corporais”, acrescenta a professora de
Educação Infantil Lidiane Loiola, hoje
coordenadora da EMEI Julio Alves
Pereira, em Jaraguá, zona oeste de
São Paulo. Com formação em Artes
Visuais, a educadora foi uma das
vencedoras do Prêmio Educador Nota
10 em 2013, com o projeto Paisagem
sonora e exploração musical, em
que levou sua turma de 5 e 6 anos a
explorar sons de forma lúdica, tomar
consciência da paisagem ao redor e
ampliar seu repertório cultural. Para
Lidiane, há infinitas possibilidades
de se fazer isso. “Quando se
trabalha com uma ciranda, por
exemplo, é um repertório; uma
dança circular é outro, e ele se 29
expande ao acrescentarmos obras
de arte com imagens de cirandas
ou canções diferentes”, explica.
Outra vivência marcante foi o dia em
que ela levou a turma para uma visita
ao Museu Lasar Segall, em São Paulo,
dedicado à vida e a obra do pintor
lituano (1891-1957) radicado no Brasil.
“Na época, estávamos trabalhando
com cadernos de desenho, como
o Lasar Segall tinha. Então, a
atividade foi sobre fazer desenhos
do cotidiano”, lembra. A professora
deu um caderno para cada um e eles
podiam desenhar livremente. Ainda
no museu, os pequenos aprenderam
sobre a história do artista admirando
uma apresentação de fantoches.
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Para sensibilização
artística
Confira sugestões de atividades
que podem ser realizadas tanto no
espaço da escola quanto em casa
2.
Arte com elementos da natureza
Com elementos naturais
coletados nos espaços da
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escola ou da casa (folhas,
galhos, flores e sementes),
as crianças podem brincar
de desenhar, organizando
espacialmente os elementos
naturais no chão. No fim
da atividade, peça para
que recolham e guardem
os materiais para serem
usados em outro dia. A
coleção pode crescer e, a
cada dia, ficar mais rica.
3. Brincadeiras sensoriais
A ideia é pegar saquinhos
transparentes (resistentes)
e colocar dentro um pouco
de arroz, água e anilina.
Sugira que, como o saquinho
fechado, a criança passe a
mão para misturar bem a
anilina com o arroz. Esse 38
procedimento de tatear é
muito prazeroso. Depois,
com o arroz tingido e seco é
possível fazer lindas colagens.
4.
Brincadeira de luz e sombra
Proponha que a criança
direcione uma fonte de luz
(lanterna ou abajur) para a
parede e brinque de fazer
sombra com as mãos ou o
corpo. Ao cobrir a lanterna com
papel celofane colorido, a luz
ganha cor e outra pesquisa
se inicia. Criativamente,
outros materiais podem ser
acrescentados na brincadeira,
como um lençol pendurado para
criar um teatro de sombras.
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Imagem:André Asahida
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3. Faz de conta:
conhecimento que
se constrói brincando
Com imaginação e ação, as crianças
Imagem: Gettyimages
O professor-mediador do
faz de conta
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O brincar de faz
de conta e a BNCC
de Educação Infantil
A BNCC estabelece seis direitos de
aprendizagem para bebês e crianças
de 0 a 5 anos (Conviver, Brincar,
Participar, Explorar, Expressar e
Conhecer-se) – e eles podem ser
diretamente relacionados ao brincar
de faz de conta. A professora Elaine
Lindolfo detalha essa correlação:
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própria personalidade e da habilidade
de comunicação e interação
Participar: aparece bastante no faz
de conta, já que a criança se envolve
com as brincadeiras e se torna
protagonista do processo em si
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e perguntar: ‘quanto custa?’
Conhecer-se: um dos principais dos
principais direitos consolidados pelo
faz de conta – o de se (re)conhecer,
de valorizar e respeitar o outro e de
se desenvolver enquanto ser social.
O mundo da leitura
e o faz de conta
57
Imagem: André Asahida
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4. Brincar de
construir:
aprendizado em
várias fases do
desenvolvimento
Oferecer materiais diversos
Imagem: Gettyimages
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Para uma criança, um buraco no pátio
pode ser o início de uma brincadeira.
Na Escola Municipal de Educação
Infantil Globo do Sol, na zona leste
de São Paulo (SP), um vão na mureta
se tornou uma panela e, em torno
dele, criou-se uma cozinha. Caixas
viraram armários e mesa para sentar,
um graveto serve como colher, a
terra misturada com água já resulta
na massa de bolo, e folhas secas
e sementes são a decoração.
• Construção de brinquedos
(pipas, bonecas ou um
carrinho de garrafa pet)
• Criação do espaço e elementos 64
para um faz de conta (por
exemplo, construir uma
cozinha ou uma casinha para
criar um jogo simbólico)
• Montagem de cabanas, túneis,
cavernas ou de uma rede
• Brincadeiras de empilhar
usando blocos, caixas, potes
e almofadas de espuma
• Construções dentro da caixa de
areia usando baldes e água
• Uso de cordas e elásticos
para criar circuitos
• Montar pistas e circuitos usando
tubos de papel toalha e higiênico
de diferentes tamanhos
• Criar instrumentos musicais usando
materiais não-estruturados
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A sutil e crucial escolha
dos materiais
Dentro das experiências oferecidas
para as crianças é importante ter
diversidade de materiais. No entanto,
as professoras são unânimes:
os brinquedos estruturados não
engajam tanto as crianças. "Eles
já vêm prontos para brincar. Eu
gosto de trabalhar com caixas,
argolas, tampinhas, potes [isto
é, materiais não-estruturados],
pois elas podem experimentar, o
que dá para construir, o que cabe
e o que não", explica Denise.
Brincando de construir
cabanas, cavernas
e túneis
A professora Marta dispõe de um
conjunto de tecidos de diferentes
texturas e cores. À primeira vista
pode parecer que o único caminho
são as cabanas, mas é um material
muito versátil. "Ele vira cabelo,
vestido e até rede para se balançar",
conta a educadora. Essas estruturas
podem ser preparadas pelas
professoras para alguma proposta
ou ser construídas pelas próprias
crianças – segundo Denise, a partir
de 1 ano as crianças já conseguem
montar. Quando necessário, pedem
ajuda do professor para algo que não 70
conseguem sozinhos. Mas elas vão
dando instruções sobre onde amarrar
e como fazer. "Eles vão sugerindo e
nem sempre dá certo. Às vezes não
fica esticado ou fica baixo o teto e
eles precisam entender por que não
funcionou, onde precisa amarrar para
ajustar", explica a educadora Marta.
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A Teoria das
Peças Soltas
e o desenvolvimento
criativo
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5 planos de atividade
para usar com as
crianças
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Livre escolha e construção
(crianças bem pequenas)
A proposta desta atividade é que
os pequenos utilizem materiais
de largo alcance para criar
brinquedos e cenários para suas
brincadeiras. Devem ser ofertadas
mais de uma possibilidade de
criação para que escolham aquela
que mais chama atenção.
Experimentos de equilíbrio
com materiais de largo alcance
(crianças pequenas)
Nesta atividade, as crianças
colocam a gravidade à prova. Elas
utilizam materiais não estruturados
para erguer construções, sejam
elas pirâmides ou altas torres.
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Construção de circuito com as
famílias (crianças bem pequenas)
Convide as famílias a participarem
de uma construção de circuitos
com diversos obstáculos e
desafios utilizando materiais
simples. Por já envolver os pais e
responsáveis, essa proposta pode
facilmente ser adaptada para ser
realizada durante o isolamento.
Texto
Victor Santos, Camila
Cecílio e Paula Salas
Diagramação
Tiago Araujo
Ilustrações
André Asahida
N ov a e s c o l a • 2 0 2 1 80