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DIREITO AMBIENTAL1
1 - Meio Ambiente. Teoria Geral do Direito ambiental. Conceito. Natureza. Fontes e Princípios. Ética
Ambiental. Meio Ambiente na Constituição Federal. Fundamento constitucional. Ecologia ou Antropologia.
Estado Constitucional Ecológico. A Ética e o ambiente natural, cultural e artificial. A ética ambiental e o
Estatuto da Cidade. Jurisprudência das Câmaras Reservadas ao Meio Ambiente do Tribunal de Justiça
2 - Política ambiental constitucional. Deveres ambientais. Deveres ecológicos e regulamentação da
atividade econômica na Constituição Federal.
3 - Direito Ambiental Constitucional. Competência legislativa em matéria ambiental. Competências
legislativas exclusivas e concorrentes. Competência material na defesa do meio ambiente.

MEIO AMBIENTE

O meio ambiente é bem de uso comum do povo e pertence a toda a humanidade. Dessa forma, é conside-
rado pela doutrina como um direito de terceira geração, isto é, direito difuso, que pertence a todas as pessoas de
forma indiscriminada.

A proteção ao meio ambiente e o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado estão previstos no
artigo 225 da CF, além de estarem previstos em muitas normas infraconstitucionais.

O conceito de meio ambiente é definido pelo art.3º da Lei 6.938/1981, lei que dispõe sobre a Política Nacional
do meio ambiente.

Art. 3º - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por:

I - meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que
permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas;

Além disso, o meio ambiente divide-se em:

NATURAL é composto pelos recursos naturais - água, solo, ar atmosférico, fauna e flora.
é o patrimônio cultural nacional, incluindo as relações culturais, turísticas, arqueológicas,
CULTURAL
paisagísticas e naturais (artigos 215 e 216 da CF).
 é formado pelos espaços urbanos, incluindo as edificações que são os espaços urbanos
ARTIFICIAL fechados, como por exemplo, um prédio residencial e os equipamentos públicos urbanos
abertos, como uma via pública, uma praça, dentre outros.
DO TRABALHO é o local onde homens e mulheres desenvolvem suas atividades laborais.

1  Conforme previsão do edital, o material foi atualizado considerando toda a legislação em vigor na data de sua publicação.

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PRINCÍPIOS DO DIREITO AMBIENTAL

São diversos os princípios que regem a proteção ao meio ambiente, tanto no cenário nacional quanto inter-
nacional.

Parte da certeza, da convicção científica. É o risco concreto, conhecido, certo.


PREVENÇÃO Trabalha com a certeza do dano, de modo a minorá-lo ou evitá-lo. Definido na
Convenção de Estocolmo sobre o Meio Ambiente.
Trabalha com situações controversas, riscos incertos e potenciais. São atividades que
normalmente decorrem de inovação tecnológica. A dúvida sempre deve militar em
PRECAUÇÃO favor do meio-ambiente. In dubio pro natura. Possibilita a inversão do ônus da prova,
ou seja, o empreendedor que deve provar que a sua atividade não gera danos ao
meio ambiente. Princípio definido na RIO 92.
Relacionar os aspectos ambiental, econômico e social, buscando um ponto de
equilíbrio entre a utilização dos recursos naturais, o crescimento econômico e a
DESENVOLVIMENTO
equidade social. Dessa forma, busca-se o crescimento da economia observando a
SUSTENTÁVEL
preservação ambiental, olhando também para as gerações futuras que devem gozar
dos bens ambientais.
Aquele que utilizar o recurso ambiental deve suportar seus custos, sem que essa
cobrança resulte na imposição de taxas abusivas, de maneira que nem o Poder
Público nem terceiros sofram com tais custos. O objetivo do princípio do poluidor-
pagador é forçar a iniciativa privada a internalizar os custos ambientais gerados pela
produção e pelo consumo na forma de degradação e de escasseamento dos recursos
POLUIDOR PAGADOR ambientais.
Poluidor direto: É aquele responsável diretamente pelo dano ambiental.
Poluidor indireto: É aquele que se beneficia da atividade poluente, consumindo
um determinado produto que é oriundo de uma atividade considerada poluente, ou
quem cria os elementos necessários para que a poluição ocorra, permitindo que o
bem a ser consumido seja lesivo ao meio ambiente.
Todos aqueles que se utilizam dos bens da natureza, devem pagar por eles, havendo
USUÁRIO PAGADOR
degradação ou não, já que os bens naturais possuem economicidade.
Positivado no ordenamento jurídico brasileiro no âmbito da Política Nacional de
PROTETOR
Resíduos Sólidos, o princípio do protetor-recebedor premia quem protege o meio-
RECEBEDOR
ambiente.
As gerações presentes possuem o direito de utilizar os recursos ambientais, mas de
SOLIDARIEDADE
maneira sustentável, racional, de forma a não privar as gerações futuras do mesmo
INTERGERACIONAL
direito. Decorre do princípio do desenvolvimento sustentável.
Assegura ao cidadão o direito à informação e à participação na elaboração das
GESTÃO
políticas públicas ambientais, de modo que devem ser assegurados os mecanismos
COMUNITÁRIA OU
judiciais, legislativos e administrativos que o efetivam. Dessa forma, a população deve
PARTICIPAÇÃO
ser inserida em questões ambientais.

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Toda informação em matéria ambiental é de interesse coletivo, e no caso de


INFORMAÇÃO/
inexistência caberá ao Estado produzi-la, tamanha é sua importância para a
PUBLICIDADE
construção do Estado de Direito Ambiental.
Dever estatal de editar e efetivar normas jurídicas que instituam padrões máximos
LIMITE / CONTROLE de poluição, a fim de mantê-la dentro de bons níveis para não afetar o equilíbrio
ambiental e a saúde pública.
Prescreve a conservação, proteção e restauração da saúde e da integridade do meio
VEDAÇÃO AO ambiente. Prevê que as normas ambientais não devem ser flexibilizadas, sob pena de
RETROCESSO comprometer as conquistas até então alcançadas pela legislação ambiental. Assim,
ECOLÓGICO tal princípio aponta que as leis ambientais deverão assumir caráter cada vez mais
protetivo.

UBIQUIDADE/
VARIÁVEL O meio ambiente deve ser considerado em toda decisão política.
AMBIENTAL

#TRÊSLEISIMPORTANTES - A Lei nº 11.428/2006 (art. 6º, parágrafo único), que regula o Bioma Mata Atlântica, a
lei da Política Nacional sobre Mudanças do Clima (art. 3º) e a lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos (art. 6º)
trazem uma série de princípios positivados em seu texto:

DISPOSITIVO LEGAL PRINCÍPIOS EXPRESSOS


Na proteção e na utilização do Bioma Mata Atlântica, serão observados os princípios:

→ Função socioambiental da propriedade,


→ Equidade intergeracional,
Art. 6º, parágrafo → Prevenção,
único, da Lei nº → Precaução,
11.428/2006 → Usuário-pagador
→ Transparência das informações e atos,
(Bioma Mata
→ Gestão democrática,
Atlântica)
→ Celeridade procedimental,
→ Gratuidade dos serviços administrativos prestados ao pequeno produtor rural e
às populações tradicionais
→ Respeito ao direito de propriedade.
A PNMC e as ações dela decorrentes, executadas sob a responsabilidade dos entes
políticos e dos órgãos da administração pública, observarão os princípios:
Art. 3º, caput, da Lei
nº 12.187/2009 → Precaução,
→ Prevenção,
(Política Nacional
→ Participação cidadã
sobre Mudança do
→ Desenvolvimento sustentável
Clima)
→ Responsabilidades comuns, porém diferenciadas, este último no âmbito
internacional*

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São princípios da Política Nacional de Resíduos Sólidos: 

→ A prevenção e a precaução; 
→ O poluidor-pagador e o protetor-recebedor; 
→ A visão sistêmica, na gestão dos resíduos sólidos, que considere as variáveis
ambiental, social, cultural, econômica, tecnológica e de saúde pública; 
→ O desenvolvimento sustentável; 
→ A ecoeficiência, mediante a compatibilização entre o fornecimento, a preços
Art. 6º da Lei nº competitivos, de bens e serviços qualificados que satisfaçam as necessidades
12.305/2010 humanas e tragam qualidade de vida e a redução do impacto ambiental e do
consumo de recursos naturais a um nível, no mínimo, equivalente à capacidade
(Política Nacional de de sustentação estimada do planeta; 
Resíduos Sólidos) → A cooperação entre as diferentes esferas do poder público, o setor empresarial e
demais segmentos da sociedade; 
→ A responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos; 
→ O reconhecimento do resíduo sólido reutilizável e reciclável como um bem
econômico e de valor social, gerador de trabalho e renda e promotor de
cidadania; 
→ O respeito às diversidades locais e regionais; 
→ O direito da sociedade à informação e ao controle social; 
→ A razoabilidade e a proporcionalidade. 

DIREITO AMBIENTAL CONSTITUCIONAL – ART. 225 DA CF

O art. 225 da CF é, sem dúvida, o mais importante do texto constitucional em matéria de meio ambiente.
Cada vírgula dele deve estar na sua cabeça porque o índice de cobrança em provas é altíssimo.

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à
sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as
presentes e futuras gerações.

99Traz o Meio Ambiente como um direito constitucional fundamental indisponível. Além disso, estabelece um
Mínimo Existencial Ecológico e o Princípio do Desenvolvimento Sustentável.
99A natureza jurídica do Meio Ambiente é bem de uso comum do povo.
99Meio ambiente ecologicamente equilibrado possui a dimensão objetiva (diretrizes ambientais aos pode-
res constituídos e toda a coletividade – eficácia dirigente, irradiante e horizontal do direito fundamental ao
Meio Ambiente Ecologicamente Equilibrado) e a dimensão subjetiva (direito prestacional positivo e nega-
tivo, em que todos são concomitantemente credores e devedores).
99Constitui-se em patrimônio público a ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso
coletivo.

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99Esta norma cria para o Poder Público um dever constitucional, geral e positivo, representado por verdadei-
ras obrigações de fazer, isto é: defender e preservar o meio ambiente.
99O cidadão deixa de ser mero titular (passivo) de um direito e passa também a ter o dever de defesa e
preservação.
99Os titulares do bem jurídico “meio ambiente” abrangem ainda os que não existem e os que poderão existir
– gerações futuras.
99Sadia qualidade de vida: elo indissociável com o direito fundamental à saúde e à vida.

§ 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:


I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas;

99Processos ecológicos essenciais são aqueles que garantem o funcionamento dos ecossistemas e contribuem
para a salubridade e higidez do meio ambiente.
99Esse dispositivo busca, através de ações conjugadas de todas as esferas e modalidades do Poder Público,
garantir o que se encontra em boas condições e de recuperar o que foi degradado.
99Manejo ecológico: lidar com as espécies, conservá-las, e, se possível, recuperá-las. Prover o manejo dos
ecossistemas quer dizer cuidar do equilíbrio das relações entre a comunidade biótica e seu habitat.

II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pes-
quisa e manipulação de material genético;

99Convenção da Biodiversidade: é um tratado da Organização das Nações Unidas e um dos mais importantes
instrumentos internacionais relacionados ao meio ambiente. Trata da variedade de seres que compõe a vida
na Terra, a variabilidade de organismos vivos de todas as origens, compreendendo, dentre outros, os ecos-
sistemas terrestres, marinhos, e outros ecossistemas aquáticos e os complexos ecológicos de que fazem
parte; compreendendo, ainda a diversidade dentro de espécies, entre espécies e ecossistemas.
99Preservar a biodiversidade significa reconhecer, inventariar, e manter o leque dessas diferenças de organis-
mos vivos. Hoje existe uma grande preocupação no diz respeito ao patrimônio genético.
99Foi no Fórum sobre Biodiversidade, realizado em Washington, em 1986, que a questão foi posta como uma
grande preocupação de nosso tempo, alertando para o desaparecimento acelerado das espécies, e colo-
cando o assunto na agenda internacional.

III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente
protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que com-
prometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção;

99A definição de “espaços territoriais especialmente protegidos” figura no rol dos Instrumentos da PNMA,
por força de determinação da Lei 7.804/89, que deu nova redação ao art. 9º, VI, da Lei nº 6.938/81. Assim,

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esses espaços são um dos instrumentos jurídicos para implementação do direito constitucional ao ambiente
hígido e equilibrado, em particular, no que se refere à estrutura e funções do ecossistema.
99Existem quatro categorias fundamentais de espaços territoriais especialmente protegidos: as áreas de
proteção especial, as áreas de preservação permanente, as reservas legais e as unidades de conservação.

IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degrada-
ção do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade;

99Destina-se à prevenção de danos. Foi inspirado em modelo americano e introduzido em nosso ordenamen-
to pela Lei 6.938/81, que dispõe sobre as diretrizes básicas para zoneamento industrial nas áreas críticas de
poluição.
99Seu objetivo é evitar que um projeto (obra ou atividade), justificável sob o ponto de vista econômico, rev-
ele-se posteriormente nefasto ou catastrófico para o meio ambiente.
99Valoriza-se a vocação essencialmente preventiva do direito ambiental. Foi justamente para prever o dano,
antes de sua manifestação, que se criou o EIA. Daí a necessidade de que seja elaborado no momento certo:
antes do início da execução, ou mesmo antes de atos preparatórios do projeto.
99A publicidade exigida pela norma constitucional possibilita a participação popular nas discussões e aferições
do conteúdo dos estudos, contribuindo para seu aprimoramento.

V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco
para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente; 

99A interferência do Poder Público nas atividades econômicas de domínio privado é permitida para impedir a
prática danosa à saúde da população ao meio ambiente.
99Com efeito, não somente as substancias, mas também as técnicas e métodos são considerados como fa-
tores de danos reais ou potenciais ao meio ambiente. De modo implícito, são privilegiadas as chamadas
tecnologias limpas.

VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação
do meio ambiente;

VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica,
provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade. 

99 O rol de incisos desse §1º constitui deveres específicos ao Poder Público.


§ 2º - Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com
solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei.

99Após consagrado interesse público existente sobre o aproveitamento dos minerais, impôs ao minerador

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a responsabilidade de recuperar o meio ambiente degradado, segundo soluções técnicas exigidas pelo
órgão público. A Lei nº 6.938/81, art. 2º, VIII, já se referia à recuperação de áreas degradadas como um dos
princípios programáticos informadores da PNMA.
99O que o legislador quis foi que a recuperação do dano ecológico produzido pela mineração se faça de
acordo com uma decisão técnica.
§ 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou
jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.

99Ao poluidor aplicam-se medidas de caráter reparatório e punitivo.


99A danosidade ambiental, potencial ou efetiva, pode gerar uma tríplice reação do ordenamento jurídico, ou
seja, um único ato pode detonar a imposição de sanções administrativas, penais e civis.
99Em âmbito civil, a responsabilidade ambiental é objetiva, ou seja, o dever de reparar exsurge com a simples
presença do nexo causal entre a lesão e uma determinada atividade.
99Em âmbito penal, a responsabilidade é subjetiva.
99Na esfera administrativa, o art. 70 da Lei 9.606/98, considerou ilícito administrativo toda atividade contrária
a quaisquer regras jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção, e recuperação do meio ambiente. Daí diz-
er-se que o fundamento da infração administrativa é tão somente a ilicitude da conduta, considerada como
qualquer violação ao ordenamento jurídico, independentemente da configuração de culpa em sentido lato,
senão naqueles casos em que a lei expressamente exigir.
99Vale referir também que a responsabilidade civil, segundo a teoria do risco integral, não admite as hipó-
teses de excludentes do nexo de causalidade (força maior, caso fortuito, e fato de terceiro), visto que só
a existência da atividade vinculada ao dano, faz nascer a obrigação reparatória. Contudo, administrati-
vamente, porém, o risco não é integral, constituindo as hipóteses de força maior, caso fortuito e fato de
terceiro, excludentes de responsabilidade administrativa, exceto naqueles casos em que haja concausa, isto
é, ocorrência de um resultado em função da combinação do evento excludente com um comportamento
omissivo ou comissivo do agente. Isto porque a conduta do infrator terá concorrido para a realização do
ilícito administrativo.
99Os parágrafos 2º e 3º trazem deveres específicos ao Poder Público e à coletividade, consistentes na
obrigação de recuperar a área degradada pela mineração, bem como pela imposição de responsabilidade
civil, administrativa e criminal pelos danos, tanto para as pessoas físicas quanto para as jurídicas.

#AJUDAMARCINHO
A aplicação de penalidades administrativas não obedece à lógica da responsabilidade objetiva da esfera cível
(para reparação dos danos causados), mas deve obedecer à sistemática da teoria da culpabilidade, ou seja, a
conduta deve ser cometida pelo alegado transgressor, com demonstração de seu elemento subjetivo, e com
demonstração do nexo causal entre a conduta e o dano. Assim, a responsabilidade civil ambiental é objetiva;
porém, tratando-se de responsabilidade administrativa ambiental, a responsabilidade é subjetiva. STJ. 1ª

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Seção. EREsp 1318051/RJ, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 08/05/2019 (Info 650).
Tríplice responsabilização ambiental
O art. 225, § 3º, da CF/88 prevê a tríplice responsabilização ambiental, estando, portanto, o causador de danos
ambientais sujeito à responsabilização administrativa, cível e penal, de modo independente e simultâneo:
Art. 225 (...)
§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou
jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.
 
A responsabilidade civil por dano ambiental é OBJETIVA.
Por outro lado, as responsabilidades penal e administrativa são de natureza SUBJETIVA.
 
Responsabilidade civil x responsabilidade administrativa
A responsabilidade por danos ambientais na esfera cível é objetiva. Isso significa, por exemplo, que, se o Minis-
tério Público propuser uma ação contra determinado poluidor, ele não precisará provar a culpa ou dolo do réu.
Por outro lado, para a aplicação de penalidades administrativas, não se obedece a essa mesma lógica.
A responsabilidade administrativa ambiental apresenta caráter subjetivo, exigindo dolo ou culpa para sua con-
figuração.
Assim, adota-se a sistemática da teoria da culpabilidade, ou seja, deverá ser comprovado o elemento subjetivo
do agressor, além da demonstração do nexo causal entre a conduta e o dano.
A diferença entre os dois âmbitos de punição e suas consequências fica bem estampada da leitura do art. 14,
caput e § 1º, da Lei nº 6.938/81.
No § 1º do art. 14 está prevista a responsabilidade na esfera cível. Lá ele fala que esta é independente da exis-
tência de culpa:
Art. 14 (...)
§ 1º Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor obrigado, independentemente da
existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua
atividade. O Ministério Público da União e dos Estados terá legitimidade para propor ação de responsabilidade
civil e criminal, por danos causados ao meio ambiente.
 
Já o caput do art. 14, que trata sobre a responsabilidade administrativa, não dispensa a existência de culpa. Logo,
interpreta-se que ele exige dolo ou culpa:
Art. 14. Sem prejuízo das penalidades definidas pela legislação federal, estadual e municipal, o não cumprimento
das medidas necessárias à preservação ou correção dos inconvenientes e danos causados pela degradação da

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qualidade ambiental sujeitará os transgressores:


I - à multa simples ou diária, nos valores correspondentes, no mínimo, a 10 (dez) e, no máximo, a 1.000 (mil)
Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional - ORTNs, agravada em casos de reincidência específica, conforme
dispuser o regulamento, vedada a sua cobrança pela União se já tiver sido aplicada pelo Estado, Distrito Federal,
Territórios ou pelos Municípios;
II - à perda ou restrição de incentivos e benefícios fiscais concedidos pelo Poder Público;
III - à perda ou suspensão de participação em linhas de financiamento em estabelecimentos oficiais de crédito;
IV - à suspensão de sua atividade.
 
A aplicação e a execução das penas (responsabilidade administrativa) limitam-se aos transgressores (somente
podem ser aplicadas a quem efetivamente praticou a infração).
Por outro lado, a reparação ambiental, de cunho civil, pode atingir todos os poluidores, a quem a própria legisla-
ção define como “a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta ou indiretamente,
por atividade causadora de degradação ambiental” (art. 3º, V, da Lei nº 6.938/81).
Assim, o uso do vocábulo “transgressores” no caput do art. 14, comparado à utilização da palavra “poluidor” no
§ 1º do mesmo dispositivo, deixa a entender aquilo que já se podia inferir da vigência do princípio da intrans-
cendência das penas: a responsabilidade civil por dano ambiental é subjetivamente mais abrangente do que as
responsabilidades administrativa e penal, não admitindo estas últimas que terceiros respondam a título objetivo
por ofensas ambientais praticadas por outrem.
 
Em suma:
A responsabilidade administrativa ambiental é de natureza subjetiva
A aplicação de penalidades administrativas não obedece à lógica da responsabilidade objetiva da esfera cível
(para reparação dos danos causados), mas deve obedecer à sistemática da teoria da culpabilidade, ou seja, a
conduta deve ser cometida pelo alegado transgressor, com demonstração de seu elemento subjetivo, e com
demonstração do nexo causal entre a conduta e o dano.
Assim, a responsabilidade CIVIL ambiental é objetiva; porém, tratando-se de responsabilidade administrativa
ambiental, a responsabilidade é SUBJETIVA.
STJ. 1ª Seção. EREsp 1318051/RJ, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 08/05/2019 (Info 650).
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. A responsabilidade administrativa ambiental é de natureza subjetiva.
Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/
detalhes/90fd26a243f6d14c4b3df082cdc8da66>. Acesso em: 12/10/2019
 

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RESPONSABILIDADE POR DANOS AMBIENTAIS

Responsabilidade Responsabilidade
Responsabilidade ADMINISTRATIVA
CIVIL PENAL

Objetiva Subjetiva Subjetiva

É vedada a responsabilidade penal


§ 1º do art. 14 da Lei 6.938/81. Caput do art. 14 da Lei 6.938/81.
objetiva.

§ 4º - A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona
Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a
preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais.

99Reconhecimento desses biomas como patrimônio nacional, com tutela especial, NÃO os convertendo em
BENS PÚBLICOS (STF).
99A utilização econômica é possível, inclusive, quanto ao uso dos recursos naturais, na forma da lei, dentro de
condições que assegurem a preservação do meio ambiente.

§ 5º - São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ações discriminatórias, necessárias à
proteção dos ecossistemas naturais.

99As terras devolutas ou arrecadadas pelo Estado por ações discriminatórias, desde que necessárias à proteção
de ecossistemas naturais, são consideradas indisponíveis.
99No atual quadro constitucional, as terras devolutas foram mantidas como bens públicos, em razão da ori-
gem de seu domínio. Segundo prevê a CF88, pertencem à União aquelas indispensáveis à defesa das fron-
teiras, das fortificações e construções militares, das vias federais de comunicação e à preservação ambiental
definidas em lei. As que sobejam, pertencem aos Estados Federados.
99A indisponibilidade independe da ação discriminatória. A indisponibilidade não pressupõe a arrecadação,
com julgamento final da ação de discriminação. É determinada em razão da origem de seu domínio e da
finalidade a que se destina. Com efeito, as terras devolutas que concorrem para a proteção de determinado
ecossistema são indisponíveis, por força de mandamento constitucional, mesmo que ainda não incorpo-
radas ao patrimônio público da União, em virtude de ação discriminatória. A União, como detentora do
domínio, só pode dispor dessas terras devolutas na estrita conformidade da intentio legis, ou seja, com o
cuidado de preservar os ecossistemas que abrangem ou dos quais elas façam parte.
§ 6º - As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização definida em lei federal, sem o que não
poderão ser instaladas.

99Somente após a edição de norma que regulamente a localização de usina nuclear é que o empreendi-
mento, observado o prévio licenciamento ambiental, e outras exigências de nossa legislação, poderá ser
efetivamente instalado.

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99No que diz respeito à forma, só a lei, no sentido estrito, ou seja, lei federal, que poderá dispor sobre a
matéria, pois a Constituição também elegeu o controle político, efetuado pelo Congresso Nacional, como
forma de gestão das atividades nucleares.

#OLHAOGANCHO.
Como visto, há um capítulo somente para o meio ambiente: Art. 225, seus parágrafos e incisos. Referido dispo-
sitivo compreende, segundo José Afonso da Silva, três conjuntos de normas:
(I) O primeiro aparece no caput, onde se inscreve a norma matriz, reveladora do direito de todos ao meio am-
biente ecologicamente equilibrado;
(II) O segundo encontra-se no §1º, com seus incisos, que versa sobre os instrumentos de garantia e efetividade
do direito anunciado no caput do artigo;
(III) O terceiro compreende um conjunto de determinações particulares, em relação a objetos e setores, referidos
nos §§ 2º a 6º, que, por tratarem de áreas e situações de elevado conteúdo ecológico, merecem desde logo
proteção constitucional.

§ 7º Para fins do disposto na parte final do inciso VII do § 1º deste artigo, não se consideram cruéis as práticas despor-
tivas que utilizem animais, desde que sejam manifestações culturais, conforme o § 1º do art. 215 desta Constituição
Federal, registradas como bem de natureza imaterial integrante do patrimônio cultural brasileiro, devendo ser regu-
lamentadas por lei específica que assegure o bem-estar dos animais envolvidos. (Incluído pela Emenda Constitucional
nº 96, de 2017)

Em 2016, o STF declarou inconstitucional lei estadual que regulamenta a atividade da “vaquejada”. Segundo
decidiu o STF, os animais envolvidos nesta prática sofrem tratamento cruel, razão pela qual esta atividade contra-
ria o art. 225, § 1º, VII, da CF/88. A crueldade provocada pela “vaquejada” faz com que, mesmo sendo esta uma
atividade cultural, não possa ser permitida. A obrigação de o Estado garantir a todos o pleno exercício de direitos
culturais, incentivando a valorização e a difusão das manifestações, não prescinde da observância do disposto no
inciso VII do § 1º do art. 225 da CF/88, que veda práticas que submetam os animais à crueldade. (Plenário. ADI
4983/CE, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 06/10/2016, Informativo 842).

Em resposta à essa declaração, o Congresso Nacional, em 2016, editou a Lei nº 13.364/2016 e, em 2017, pro-
mulgou a EC nº 96/2017 que, expressamente, disse não se considerarem cruéis as práticas desportivas que utilizas-
sem animais, desde que fosse manifestações culturais. (Para mais informações, passe o olho no Ponto Espinhoso 3,
que tem por tema “O Meio Ambiente na Constituição).

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COMPETÊNCIA EM MATÉRIA AMBIENTAL

A competência ambiental está prevista na Constituição Federal. O art. 24 da CF prevê a competência le-
gislativa CONCORRENTE para os Estados e a União legislarem sobre direito ambiental. Os municípios também
possuem essa competência, porém apenas se estiver presente o interesse local ou se for feita de forma suplementar
(art. 30, I e II, da CF).

Já em relação à fiscalização e ao licenciamento, a competência é COMUM, ou seja, todos os entes de-


vem atuar, mas, para não gerar conflito, cada um atua segundo a preponderância do interesse, isto é, a União,
quando há interesse nacional; os Estados e o DF, no caso de interesse regional; e os Municípios, quando há interesse
local. Aqui é importante lembrar que todos os entes podem fiscalizar conjuntamente os empreendimentos que
geram impacto ambiental, mas apenas um deles é o competente para o licenciamento. #APOSTACICLOS

Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios:

III - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural, os monumentos, as paisa-
gens naturais notáveis e os sítios arqueológicos;

IV - impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de obras de arte e de outros bens de valor histórico, artístico
ou cultural;

VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas;

VII - preservar as florestas, a fauna e a flora;

IX - promover programas de construção de moradias e a melhoria das condições habitacionais e de saneamento


básico;

A LC nº140/2011 prevê duas formas complementares de atuação do ente público:

1. Atuação SUPLETIVA: ação do ente da Federação que se substitui ao ente federativo originariamente
detentor das atribuições. As hipóteses são trazidas pela própria lei:

Art. 15. Os entes federativos devem atuar em caráter supletivo nas ações administrativas de licenciamento e na
autorização ambiental, nas seguintes hipóteses:

I - inexistindo órgão ambiental capacitado ou


a União deve desempenhar as ações administrativas
conselho de meio ambiente no Estado ou no Distrito
estaduais ou distritais até a sua criação;
Federal,
II - inexistindo órgão ambiental capacitado ou o Estado deve desempenhar as ações administrativas
conselho de meio ambiente no Município, municipais até a sua criação; e
III - inexistindo órgão ambiental capacitado ou a União deve desempenhar as ações administrativas
conselho de meio ambiente no Estado e no Município, até a sua criação em um daqueles entes federativos.

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2. Atuação SUBSIDIÁRIA: ação do ente da Federação que busca auxiliar no desempenho das atribuições
decorrentes das competências comuns, quando solicitado pelo ente federativo originariamente detentor das
atribuições. Da mesma forma, a lei aponta quando será subsidiária:

Art. 16. A ação administrativa subsidiária dos entes federativos dar-se-á por meio de apoio técnico, científico, ad-
ministrativo ou financeiro, sem prejuízo de outras formas de cooperação.

#NÃOESQUEÇA que algumas matérias, como recursos hídricos e recursos minerais, são de competência
legislativa privativa da União.

#OLHAATEBELA:

Exclusiva (União) art. 21 INDELEGÁVEL


ADMINISTRATIVA
OU MATERIAL Comum (todos os É pertinente a todos
art. 23
entes) os entes.
Delegável aos
Privativa (União) art.22 Estados por meio
COMPETÊNCIA de LC.
LEGISLATIVA OU União determina
FORMAL normas gerais
Concorrente (U, E,
art.24 e os Estados
DF)
suplementam estas
disposições.

#DEOLHONAJURIS: É possível que o Estado-membro, por meio de decreto e portaria, determine que os
usuários dos serviços de água tenham em suas casas, obrigatoriamente, uma conexão com a rede pública de
água. O decreto e a portaria estaduais também poderão proibir o abastecimento de água para as casas por meio
de poço artesiano, ressalvada a hipótese de inexistência de rede pública de saneamento básico. STJ (Info 524).

REGRA: RESIDUAL ou REMANESCENTE

EXCEÇÃO (COMPETÊNCIA EXPRESSA):


Art. 25 Estadual • Gás canalizado.
COMPETÊNCIAS • Instituir as Regiões Metropolitanas,
aglomerações urbanas e
microrregiões por meio de LC.
Art. 30 Municipal Local e suplementar.
Art. 32 DF Competências estaduais e municipais.

Em tese, o Estado-membro detém competência para legislar sobre controle de resíduos de embarcações, oleo-
dutos e instalações costeiras. Isso porque o objeto dessa lei é a tutela ao meio ambiente, sendo essa matéria de
competência concorrente, nos termos do art. 24, VI e VIII, da CF/88. STF. Plenário. ADI 2030/SC, Rel. Min. Gilmar
Mendes, julgado em 9/8/2017 (Info 872).

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#AJUDAMARCINHO. #SURRADEJURIS. Sobre o tema “competência” em matéria ambiental, vamos relembrar


as principais teses julgadas?
❶ É inconstitucional lei estadual que preveja que o pescador semiprofissional ou esportivo, para o exercício da
atividade, deverá se cadastrar e se habilitar na Federação de Pescadores do Estado. (STF. Plenário. ADI 3829/RS,
Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 11/4/2019, Informativo 937)
É inconstitucional a norma estadual que afirme que a taxa de cadastro e o fornecimento da habilitação para
exercer a atividade de pescador semiprofissional ou esportivo será definida em Assembleia Geral da Federação
de Pescadores do Estado.
Tais disposições invadem a competência da União para editar as normas gerais sobre pesca e há lei federal que
regulamenta, de modo unificado, todo o procedimento de habilitação de pesca com requisitos nacionais.
Além disso, a lei não poderia ter delegado a uma entidade de direito privado (Federação dos Pescadores) o
poder de definir o valor da taxa a ser cobrada
Para o STF, como consta na ementa do julgado, “Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar con-
correntemente sobre pesca (CF/88, art. VI). À União cabe legislar sobre normas gerais, de observância cogente aos
demais entes da federação (CF/88, art. 24, § 1º).”
❷ É constitucional a lei de proteção animal que, a fim de resguardar a liberdade religiosa, permite o sacrifício
ritual de animais em cultos de religiões de matriz africana. (STF. Plenário. RE 494601/RS, rel. orig. Min. Marco
Aurélio, red. p/ o ac. Min. Edson Fachin, julgado em 28/3/2019, Informativo 935).
❸ Viola a Constituição Federal, por violar a competência da União, lei municipal que proíbe o trânsito de veí-
culos, motorizados ou não, transportando cargas vivas nas áreas urbanas e de expansão urbana do Município.
Ao inviabilizar o transporte de gado vivo na área urbana e de expansão urbana de seu território, o município
transgrediu a competência da União, que já estabeleceu, à exaustão, diretrizes para a política agropecuária, o
que inclui o transporte de animais vivos e sua fiscalização.
Além disso, sob a justificativa de criar mecanismo legislativo de proteção aos animais, o legislador municipal
impôs restrição desproporcional, que fica evidente quando se verifica que a legislação federal já prevê uma série
de instrumentos para garantir, de um lado, a qualidade dos produtos destinados ao consumo pela população e,
de outro, a existência digna e a ausência de sofrimento dos animais, tanto no transporte quanto no seu abate.
(STF. Plenário. ADPF 514 e ADPF 516 MC-REF/SP, Rel. Min. Edson Fachin, julgados em 11/10/2018, Informativo 919)
❹ É inconstitucional, por violar o princípio da separação dos poderes, lei estadual que exige autorização prévia
do Poder Legislativo estadual para que sejam firmados instrumentos de cooperação pelos órgãos componentes
do Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA.
Também é inconstitucional lei estadual que afirme que Fundação estadual de proteção do meio ambiente só
poderá transferir responsabilidades ou atribuições para outros órgãos componentes do SISNAMA se houver
aprovação prévia da Assembleia Legislativa. (STF. Plenário. ADI 4348/RR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado
em 10/10/2018, Informativo 919).
❺ As medidas provisórias não podem veicular norma que altere espaços territoriais especialmente protegidos,

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sob pena de ofensa ao art. 225, inc. III, da Constituição da República. (STF. Plenário. ADI 4717/DF, Rel. Min. Cár-
men Lúcia, julgado em 5/4/2018, Informativo 896).
Segundo assentou o STF, é possível a edição de medidas provisórias tratando sobre matéria ambiental, mas sem-
pre veiculando normas favoráveis ao meio ambiente. Normas que importem diminuição da proteção ao meio
ambiente equilibrado só podem ser editadas por meio de lei formal, com amplo debate parlamentar e partici-
pação da sociedade civil e dos órgão e instituições de proteção ambiental, como forma de assegurar o direito
de todos ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. Dessa forma, é inconstitucional a edição de MP que
importe em diminuição da proteção ao meio ambiente equilibrado, especialmente em se tratando de diminuição
ou supressão de unidades de conservação, com consequências potencialmente danosas e graves ao ecossiste-
ma protegido. A proteção ao meio ambiente é um limite material implícito à edição de medida provisória, ainda
que não conste expressamente do elenco das limitações previstas no art. 62, § 1º, da CF/88.
❻ O Município tem competência para legislar sobre meio ambiente e controle da poluição, quando se tratar
de interesse local. Assim, é constitucional lei municipal, regulamentada por decreto, que preveja a aplicação
de multas para os proprietários de veículos automotores que emitem fumaça acima de padrões considerados
aceitáveis. (STF. Plenário.RE 194704/MG, rel. orig. Min. Carlos Velloso, red. p/ o ac. Min. Edson Fachin, julgado em
29/6/2017, Informativo 870).
❼ Sobre a competência legislativa dos municípios em matéria ambiental, é repercussão geral: O município é
competente para legislar sobre o meio ambiente com a União e o Estado, no limite do seu interesse local e desde
que tal regramento seja harmônico com a disciplina estabelecida pelos demais entes federados (art. 24, VI, c/c
30, I e II, da Constituição Federal). (Plenário, RE 586224, julgado em 09/03/2015).
❽ Aplicação do princípio da precaução, em tese de repercussão geral do STF: No atual estágio do conheci-
mento científico, que indica ser incerta a existência de efeitos nocivos da exposição ocupacional e da população
em geral a campos elétricos, magnéticos e eletromagnéticos gerados por sistemas de energia elétrica, não exis-
tem impedimentos, por ora, a que sejam adotados os parâmetros propostos pela organização mundial de saúde,
conforme estabelece a Lei nº 11.934/2009. (Plenário, RE 627189, julgado em 08/06/2016).

4 - Bens Ambientais. Águas, cavidades naturais subterrâneas. Energia. Espaços territoriais protegidos
e seus componentes: Fauna, Flora, Florestas, Ilhas, Paisagem, Mar Territorial, Praias fluviais, Praias
marítimas. Recursos naturais da plataforma continental. Recursos da zona econômica exclusiva. Sítios
arqueológicos e pré-históricos. Terrenos de marinha e seus acrescidos. Terrenos marginais.

BENS AMBIENTAIS

Quanto aos bens ambientais, imprescindível saber quais são os bens da União (art. 20 da CF) e aqueles do
Estado:

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BENS DA UNIÃO (ART. 20, CF) BENS DOS ESTADOS (ART. 26, CF)
→ Os que atualmente lhe pertencem e os que lhe
vierem a ser atribuídos;
→ As terras devolutas indispensáveis à defesa das
fronteiras, das fortificações e construções militares,
das vias federais de comunicação e à preservação
ambiental, definidas em lei;
→ Os lagos, rios e quaisquer correntes de água
em terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de
um Estado, sirvam de limites com outros países, ou se
→ As águas superficiais ou subterrâneas, fluentes,
estendam a território estrangeiro ou dele provenham,
emergentes e em depósito, ressalvadas, neste caso, na
bem como os terrenos marginais e as praias fluviais;
forma da lei, as decorrentes de obras da União;
→ As ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes
→ As áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que
com outros países; as praias marítimas; as ilhas oceânicas
estiverem no seu domínio, excluídas aquelas sob
e as costeiras, excluídas, destas, as que contenham a
domínio da União, Municípios ou terceiros;
sede de Municípios, exceto aquelas áreas afetadas ao
→ As ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à
serviço público e a unidade ambiental federal, e as
União;
referidas no art. 26, II;  (Redação dada pela Emenda
→ As terras devolutas não compreendidas entre
Constitucional nº 46, de 2005)
→ Os recursos naturais da plataforma continental as da União.
e da zona econômica exclusiva;
→ O mar territorial;
→ Os terrenos de marinha e seus acrescidos;
→ Os potenciais de energia hidráulica;
→ Os recursos minerais, inclusive os do subsolo;
→ As cavidades naturais subterrâneas e os sítios
arqueológicos e pré-históricos;
→ As terras tradicionalmente ocupadas pelos
índios.

#FAIXADEFRONTEIRA. É a faixa de até 150 quilômetros de largura, ao longo das fronteiras terrestres. Não é
bem da União e sua ocupação e utilização serão reguladas em lei.

#NÃOCONFUNDA! Não são bens da União, dos Estados, do DF ou dos Municípios: ❶ Floresta Amazônica
brasileira, ❷ Mata Atlântica, ❸ Serra do Mar, ❹ Pantanal Mato-Grossense e ❺ Zona Costeira.
Eles são PATRIMÔNIO NACIONAL, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que asse-
gurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais.

#SELIGANOCONCEITO. TERRENOS DE MARINHA.


Os terrenos de marinha são terras da União no litoral, situados entre a linha imaginária da média das marés re-
gistrada no ano de 1831 e 33 metros para o interior do continente. É uma faixa costeira considerada estratégica
pelo governo. Também são consideradas nessa condição as margens de rios e lagoas que sofrem influência das
marés.

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Apesar do nome, terrenos de marinha nada têm a ver com a força armada Marinha. São determinados por es-
tudos técnicos, com base em plantas, mapas e documentos históricos.
Art. 1º do Decreto-Lei nº 3438/1941. São terrenos de marinha, em uma profundidade de 33 metros, medidos para
a parte de terra, do ponto em que se passava a linha do preamar médio de 1831: a) os situados no continente,
na costa marítima e nas margens dos rios e lagoas, até onde se faça sentir a influência das marés; b) os que
contornam as ilhas situadas em zona onde se faça sentir a influência das marés.

Lembre-se do art. 225 da CF, segundo o qual o meio ambiente ecologicamente equilibrado é um BEM DE
USO COMUM DO POVO e essencial à sadia qualidade de vida. É importante frisar que essa nomenclatura não se
refere a bem público, mas sim à ideia de interesse transindividual.

ESPAÇOS TERRITORIAIS PROTEGIDOS

A Lei 9.985/2000 dispõe sobre as Unidades de Conservação, trazendo espaços territorialmente protegidos.
As unidades de conservação objetivam preservar o meio ambiente e são criadas com estudos e consultas públi-
cas prévias. Elas são criadas por lei ou por decreto, mas só é possível a sua extinção por meio de lei. As unidades
de proteção se dividem em:

ÎÎProteção Integral: quando é possível o uso indireto dos recursos, visando sempre à preservação.

ÎÎUso sustentável: quando é possível o uso direto e indireto dos recursos naturais, visando sempre à con-
servação do meio ambiente.

Unidades de Proteção Integral Unidades de Uso Sustentável


 Estação Ecológica  Área de Proteção Ambiental; (APA).
 Reserva Biológica  Área de Relevante Interesse Ecológico; (AIRE).
 Parque Nacional;  Floresta Nacional; (FN).
 Monumento Natural;  Reserva Extrativista; (RE).
 Refúgio de Vida Silvestre.  Reserva de Fauna; (RF).
 Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS)
 Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN).

ZONA DE AMORTECIMENTO é o entorno de uma unidade de conservação. A área de proteção ambien-


tal (APA) e a reserva particular (RPPN) são as únicas que não possuem zona de amortecimento.

PLANO DE MANEJO é a lei da unidade de proteção, na qual consta todo o planejamento da unidade.

Na lei de Unidades de Conservação há previsão de uma compensação ambiental pelo uso de áreas pro-

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tegidas. No caso do empreendimento gerar danos ao meio ambiente o empreendedor deve arcar com o custo de
uma compensação ambiental financeira. Esses valores serão encaminhados para uma unidade de conservação
integral. O quantum previsto em lei é inconstitucional, conforme o STF, e, então, o órgão responsável pela fisca-
lização e licenciamento deve determinar uma compensação financeira que seja proporcional ao impacto
ambiental.

UNIDADES DE PROTEÇÃO INTEGRAL:

• A Estação Ecológica tem como objetivo a preservação da natureza e a realização de


pesquisas científicas.

• Posse e domínio públicos, sendo que as áreas particulares incluídas em seus limites
ESTAÇÃO
serão desapropriadas.
ECOLÓGICA.
• É proibida a visitação pública, exceto quando com objetivo educacional, de acordo
com o que dispuser o Plano de Manejo da unidade ou regulamento específico.

• A pesquisa científica depende de autorização prévia do órgão responsável.

• Tem como objetivo a preservação integral da biota e demais atributos naturais


existentes em seus limites, sem interferência humana direta ou modificações
ambientais, excetuando-se as medidas de recuperação de seus ecossistemas
alterados e as ações de manejo necessárias para recuperar e preservar o equilíbrio
natural, a diversidade biológica e os processos ecológicos naturais.
RESERVA
• Posse e domínio públicos, sendo que as áreas particulares incluídas em seus limites
BIOLÓGICA. serão desapropriadas.

• É proibida a visitação pública, exceto aquela com objetivo educacional.

• A pesquisa científica depende de autorização prévia do órgão responsável


pela administração da unidade e está sujeita às condições e restrições por este
estabelecidas.

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• Tem como objetivo básico a preservação de ecossistemas naturais de grande


relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a realização de pesquisas
científicas e o desenvolvimento de atividades de educação e interpretação ambiental,
de recreação em contato com a natureza e de turismo ecológico.

• É de posse e domínio públicos, sendo que as áreas particulares incluídas em seus


PARQUE limites serão desapropriadas.

NACIONAL. • A visitação pública está sujeita às normas e restrições estabelecidas no Plano de


Manejo da unidade.

• A pesquisa científica depende de autorização prévia do órgão responsável pela


administração da unidade.

• As unidades dessa categoria, quando criadas pelo Estado ou Município, serão


denominadas, respectivamente, Parque Estadual e Parque Natural Municipal.

• Tem como objetivo básico preservar sítios naturais raros, singulares ou de grande
beleza cênica.

• O Monumento Natural pode ser constituído por áreas particulares, desde que seja
possível compatibilizar os objetivos da unidade com a utilização da terra e dos
MONUMENTO recursos naturais do local pelos proprietários.
NATURAL. • Havendo incompatibilidade entre os objetivos da área e as atividades privadas
ou não havendo aquiescência do proprietário às condições propostas pelo órgão
responsável pela administração da unidade para a coexistência do Monumento
Natural com o uso da propriedade, a área deve ser desapropriada, de acordo com
o que dispõe a lei.

• Tem como objetivo proteger ambientes naturais onde se asseguram condições para
a existência ou reprodução de espécies ou comunidades da flora local e da fauna
REFÚGIO DE residente ou migratória.

VIDA SILVESTRE. • Pode ser constituído por áreas particulares, desde que seja possível compatibilizar
os objetivos da unidade com a utilização da terra e dos recursos naturais do local
pelos proprietários.

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UNIDADES DE USO SUSTENTÁVEL:

• É uma área em geral extensa, com certo grau de ocupação humana, dotada de
atributos abióticos, bióticos, estéticos ou culturais especialmente importantes para
a qualidade de vida e o bem-estar das populações humanas, e tem como objetivos
ÁREA DE PROTEÇÃO básicos proteger a diversidade biológica, disciplinar o processo de ocupação e
AMBIENTAL assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos naturais.

(APA) • A APA é constituída por terras públicas ou privadas.

• Respeitados os limites constitucionais, podem ser estabelecidas normas e restrições


para a utilização de uma propriedade privada localizada em uma Área de Proteção
Ambiental.

ÁREA DE RELEVANTE • É uma área em geral de pequena extensão, com pouca ou nenhuma ocupação
INTERESSE humana, com características naturais extraordinárias ou que abriga exemplares raros
ECOLÓGICO da biota regional, e tem como objetivo manter os ecossistemas naturais de importância
regional ou local e regular o uso admissível dessas áreas, de modo a compatibilizá-lo
(ARIE). com os objetivos de conservação da natureza.

• É uma área com cobertura florestal de espécies predominantemente nativas e tem


como objetivo básico o uso múltiplo sustentável dos recursos florestais e a pesquisa
científica, com ênfase em métodos para exploração sustentável de florestas nativas.

• É admitida a permanência de populações tradicionais que a habitam quando de sua


criação, em conformidade com o disposto em regulamento e no Plano de Manejo da
FLORESTA NACIONAL
unidade.
(FN).
• A visitação pública é permitida, condicionada às normas estabelecidas para o manejo
da unidade pelo órgão responsável por sua administração.

• A pesquisa é permitida e incentivada, sujeitando-se à prévia autorização do órgão


responsável pela administração da unidade, às condições e restrições por este
estabelecidas e àquelas previstas em regulamento.

• É uma área utilizada por populações extrativistas tradicionais, cuja subsistência


baseia-se no extrativismo e, complementarmente, na agricultura de subsistência e
na criação de animais de pequeno porte, e tem como objetivos básicos proteger
os meios de vida e a cultura dessas populações, e assegurar o uso sustentável dos
recursos naturais da unidade.
RESERVA • É de domínio público, com uso concedido às populações extrativistas tradicionais.
EXTRATIVISTA
• É proibida a exploração de recursos minerais e a caça amadorística ou profissional.
(RESEX)
• A exploração comercial de recursos madeireiros só será admitida em bases sustentáveis
e em situações especiais e complementares às demais atividades desenvolvidas na
Reserva Extrativista, conforme o disposto em regulamento e no Plano de Manejo da
unidade.

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• É uma área natural com populações animais de espécies nativas, terrestres ou aquáticas,
residentes ou migratórias, adequadas para estudos técnico-científicos sobre o manejo
econômico sustentável de recursos faunísticos.
RESERVA
• A visitação pública pode ser permitida, desde que compatível com o manejo da
DA FAUNA unidade e de acordo com as normas estabelecidas pelo órgão responsável por sua
administração.

• É proibida a exploração de recursos minerais e a caça amadorística ou profissional.


• É uma área natural que abriga populações tradicionais, cuja existência baseia-se
em sistemas sustentáveis de exploração dos recursos naturais, desenvolvidos ao
longo de gerações e adaptados às condições ecológicas locais e que desempenham
um papel fundamental na proteção da natureza e na manutenção da diversidade
biológica.

• Tem como objetivo básico preservar a natureza e, ao mesmo tempo, assegurar as


RESERVA DE condições e os meios necessários para a reprodução e a melhoria dos modos e da
DESENVOLVIMENTO qualidade de vida e exploração dos recursos naturais das populações tradicionais,
SUSTENTÁVEL bem como valorizar, conservar e aperfeiçoar o conhecimento e as técnicas de manejo
do ambiente, desenvolvido por estas populações.

• É de domínio público, sendo que as áreas particulares incluídas em seus limites devem
ser, quando necessário, desapropriadas, de acordo com o que dispõe a lei.

• O uso das áreas ocupadas pelas populações tradicionais será regulado de acordo
com o disposto no art. 23 da Lei 9.985/2000 e em regulamentação específica.
RESERVA
PARTICULAR DO • É uma área privada, gravada com perpetuidade, com o objetivo de conservar a
PATRIMÔNIO diversidade biológica.
NATURAL

#FICAADICA
DOMÍNIO E POSSE
PRIVADO PÚBLICO E PRIVADO PÚBLICO
Estação Ecológica
Monumento Natural

Reserva Biológica (RB)


Refúgio da vida silvestre

Reserva particular do patrimônio Área de proteção ambiental Parque Nacional (PARNA)


sustentável. Área de relevante interesse
Floresta Nacional
ecológico.
Reserva Extrativista
Reserva de Fauna
Reserva de Desenvolvimento

Sustentável

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#NÃOCONFUNDIR: Todas as “reservas”, com exceção da RPPN, são de domínio público. Todas as “áreas” po-
dem ser de domínio público ou privado.
É inconstitucional a redução ou a supressão de espaços territoriais especialmente protegidos, como é o caso das
unidades de conservação, por meio de medida provisória. Isso viola o art. 225, § 1º, III, da CF/88. Assim, a redu-
ção ou supressão de unidade de conservação somente é permitida mediante lei em sentido formal. A
medida provisória possui força de lei, mas o art. 225, § 1º, III, da CF/88 exige lei em sentido estrito. A proteção
ao meio ambiente é um limite material implícito à edição de medida provisória, ainda que não conste
expressamente do elenco das limitações previstas no art. 62, § 1º, da CF/88. STF. Plenário.ADI 4717/DF, Rel.
Min. Cármen Lúcia, julgado em 5/4/2018 (Info 896).

CÓDIGO FLORESTAL

ÎÎÁrea de Preservação Permanente - APP: área protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a fun-
ção ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade,
facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas;

ÎÎReserva Legal: área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural, delimitada nos termos do
art. 12, com a função de assegurar o uso econômico de modo sustentável dos recursos naturais do imóvel
rural, auxiliar a conservação e a reabilitação dos processos ecológicos e promover a conservação da biodi-
versidade, bem como o abrigo e a proteção de fauna silvestre e da flora nativa;

ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANTENTE RESERVA LEGAL


ZONA RURAL
ZONA URBANA
ÁREA PÚBLICA OU PRIVADA ZONA RURAL.

FLORESTAS 80%
AMAZÔNIA LEGAL CERRADO 35%
RESERVA LEGAL
CAMPOS GERAIS 20%
DEMAIS REGIÕES DO PAÍS 20%

A obrigação de reparar a degradação ambiental é “propter rem”, isto é, adere ao título de domínio ou posse
independente do fato de ter sido ou não o proprietário o autor da degradação.

Art. 7º, §2º. A obrigação prevista no §1º tem natureza real e é transmitida ao sucessor no caso de transferência de
domínio ou posse do imóvel rural.

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#DEOLHONAJURIS: Para que a sentença declaratória de usucapião de imóvel rural sem matrícula seja regis-
trada no Cartório de Registro de Imóveis, é necessário o prévio registro da reserva legal no Cadastro Ambiental
Rural (CAR). STJ (Info 561).

- A INTERVENÇÃO OU A SUPRESSÃO DE VEGETAÇÃO NATIVA EM APP SOMENTE OCORRERÁ NAS HIPÓ-


TESES PREVISTAS NO CÓDIGO FLORESTAL DE:

• UTILIDADE PÚBLICA

• INTERESSE SOCIAL

• BAIXO IMPACTO AMBIENTAL

O STF analisou a constitucionalidade do Código Florestal (Lei nº 12.651/2012) e decidiu: 1) declarar a inconsti-
tucionalidade das expressões “gestão de resíduos” e “instalações necessárias à realização de competições esport-
ivas estaduais, nacionais ou internacionais”, contidas no art. 3º, VIII, b, da Lei nº 12.651/2012; 2) dar interpretação
conforme a Constituição ao art. 3º, VIII e IX, da Lei, de modo a se condicionar a intervenção excepcional
em APP, por interesse social ou utilidade pública, à inexistência de alternativa técnica e/ou locacional à
atividade proposta; 3) deve-se dar interpretação conforme a Constituição ao art. 3º, XVII e ao art. 4º, IV, para
fixar a interpretação de que os entornos das nascentes e dos olhos d´água intermitentes configuram área
de preservação permanente; 4) declarar a inconstitucionalidade das expressões “demarcadas” e “tituladas”,
contidas no art. 3º, parágrafo único; 5) deve-se dar interpretação conforme a Constituição ao art. 48, § 2º, para
permitir compensação apenas entre áreas com identidade ecológica; 6) deve-se dar interpretação con-
forme a Constituição ao art. 59, §§ 4º e 5º, de modo a afastar, no decurso da execução dos termos de comprom-
issos subscritos nos programas de regularização ambiental, o risco de decadência ou prescrição, seja dos ilícitos
ambientais praticados antes de 22.7.2008, seja das sanções deles decorrentes, aplicando-se extensivamente o
disposto no § 1º do art. 60 da Lei 12.651/2012, segundo o qual “a prescrição ficará interrompida durante o
período de suspensão da pretensão punitiva”. Todos os demais dispositivos da Lei foram considerados con-
stitucionais. STF. Plenário. ADC 42/DF, ADI 4901/DF, ADI 4902/DF, ADI 4903/DF e ADI 4937/DF, Rel. Min. Luiz Fux,
julgados em 28/2/2018 (Info 892).

#ATUALIZAÇÃOLEGISLATIVA – A Lei nº 13.887/2019 alterou o Código Florestal. Vale a leitura:

Art. 29. É criado o Cadastro Ambiental Rural - CAR, no âmbito do Sistema Nacional de Informação sobre Meio
Ambiente - SINIMA, registro público eletrônico de âmbito nacional, obrigatório para todos os imóveis rurais, com a
finalidade de integrar as informações ambientais das propriedades e posses rurais, compondo base de dados para
controle, monitoramento, planejamento ambiental e econômico e combate ao desmatamento.
§ 1º A inscrição do imóvel rural no CAR deverá ser feita, preferencialmente, no órgão ambiental municipal ou
estadual, que, nos termos do regulamento, exigirá do proprietário ou possuidor rural: (Redação dada pela
Lei nº 12.727, de 2012).

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RETA FINAL TJ/MS
NFPSS

I - identificação do proprietário ou possuidor rural;


II - comprovação da propriedade ou posse;
III - identificação do imóvel por meio de planta e memorial descritivo, contendo a indicação das coordenadas
geográficas com pelo menos um ponto de amarração do perímetro do imóvel, informando a localização dos re-
manescentes de vegetação nativa, das Áreas de Preservação Permanente, das Áreas de Uso Restrito, das áreas
consolidadas e, caso existente, também da localização da Reserva Legal.
§ 2º O cadastramento não será considerado título para fins de reconhecimento do direito de propriedade ou posse,
tampouco elimina a necessidade de cumprimento do disposto no art. 2º da Lei nº 10.267, de 28 de agosto de 2001.
§ 3º A inscrição no CAR é obrigatória e por prazo indeterminado para todas as propriedades e posses rurais.
(Redação dada pela Lei nº 13.887,de 2019)
§ 4º Os proprietários e possuidores dos imóveis rurais que os inscreverem no CAR até o dia 31 de dezembro de
2020 terão direito à adesão ao Programa de Regularização Ambiental (PRA), de que trata o art. 59 desta Lei.
(Incluído pela Lei nº 13.887,de 2019)
[…]
Art. 59. A União, os Estados e o Distrito Federal deverão implantar Programas de Regularização Ambiental (PRAs)
de posses e propriedades rurais, com o objetivo de adequá-las aos termos deste Capítulo. (Redação dada
pela Lei 13.887, de 2019) (Vide ADC Nº 42) (Vide ADIN Nº 4.902)
§ 1º Na regulamentação dos PRAs, a União estabelecerá normas de caráter geral, e os Estados e o Distrito Federal
ficarão incumbidos do seu detalhamento por meio da edição de normas de caráter específico, em razão de suas
peculiaridades territoriais, climáticas, históricas, culturais, econômicas e sociais, conforme preceitua o art. 24 da
Constituição Federal.. (Redação dada pela Lei 13.887, de 2019)
§ 2º A inscrição do imóvel rural no CAR é condição obrigatória para a adesão ao PRA, que deve ser requerida em
até 2 (dois) anos, observado o disposto no § 4º do art. 29 desta Lei. (Redação dada pela Lei 13.887, de 2019)
§ 3º Com base no requerimento de adesão ao PRA, o órgão competente integrante do Sisnama convocará o
proprietário ou possuidor para assinar o termo de compromisso, que constituirá título executivo extrajudicial.
§ 4º No período entre a publicação desta Lei e a implantação do PRA em cada Estado e no Distrito Federal, bem
como após a adesão do interessado ao PRA e enquanto estiver sendo cumprido o termo de compromisso, o
proprietário ou possuidor não poderá ser autuado por infrações cometidas antes de 22 de julho de 2008, relativas
à supressão irregular de vegetação em Áreas de Preservação Permanente, de Reserva Legal e de uso restrito.
(Vide ADIN Nº 4.937) (Vide ADC Nº 42) (Vide ADIN Nº 4.902)
§ 5º A partir da assinatura do termo de compromisso, serão suspensas as sanções decorrentes das infrações
mencionadas no § 4º deste artigo e, cumpridas as obrigações estabelecidas no PRA ou no termo de compromisso
para a regularização ambiental das exigências desta Lei, nos prazos e condições neles estabelecidos, as multas
referidas neste artigo serão consideradas como convertidas em serviços de preservação, melhoria e recuperação
da qualidade do meio ambiente, regularizando o uso de áreas rurais consolidadas conforme definido no PRA.
(Vide ADIN Nº 4.937) (Vide ADC Nº 42) (Vide ADIN Nº 4.902)

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RETA FINAL TJ/MS
NFPSS

§ 6º (VETADO) (Incluído pela Lei nº 12.727, de 2012).


§ 7º Caso os Estados e o Distrito Federal não implantem o PRA até 31 de dezembro de 2020, o proprietário ou
possuidor de imóvel rural poderá aderir ao PRA implantado pela União, observado o disposto no § 2º deste artigo.
(Incluído pela Lei 13.887, de 2019)

#DEOLHONAJURIS
A legislação municipal não pode reduzir o patamar mínimo de proteção marginal dos cursos d’água, em toda
sua extensão, fixado pelo Código Florestal. A norma federal conferiu uma proteção mínima, cabendo à legislação
municipal apenas intensificar o grau de proteção às margens dos cursos d’água, ou quando muito, manter o
patamar de proteção ( jamais reduzir a proteção ambiental). STJ. 2ª Turma. AREsp 1.312.435-RJ, Rel. Min. Og Fer-
nandes, julgado em 07/02/2019 (Info 643).
É inconstitucional lei estadual que prevê a supressão de vegetal em APP para a realização de atividades
exclusivamente de lazer. É inconstitucional lei estadual prevendo que é possível a supressão de vegetal em
Área de Preservação Permanente (APP) para a realização de “pequenas construções com área máxima de
190 metros quadrados, utilizadas exclusivamente para lazer”. Essa lei possui vícios de inconstitucionalidade
formal e material. Há inconstitucionalidade formal porque o Código Florestal (lei federal que prevê as normas
gerais sobre o tema, nos termos do art. 24, § 1º, da CF/88) não permite a instalação em APP de qualquer tipo
de edificação com finalidade meramente recreativa. Existe também inconstitucionalidade material porque houve
um excesso e abuso da lei estadual ao relativizar a proteção constitucional ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado, cujo titular é a coletividade, em face do direito de lazer individual. STF. Plenário. ADI 4988/TO, Rel.
Min. Alexandre de Moraes, julgado em 19/9/2018 (Info 916).

5 - Política Nacional do Meio Ambiente. Princípios da PNMA. Objeto. Finalidade. Instrumentos da PNMA.
6 - SISNAMA – Sistema Nacional do Meio Ambiente. Objeto. Órgãos integrantes. Órgão Superior. Conselho
de Governo.
7 - Órgão Consultivo e Deliberativo (CONAMA). Órgão Central – Ministério do Meio-Ambiente. Recursos
Hídricos e Amazônia legal. Órgão executor – IBAMA. Órgãos Setoriais. Órgãos Seccionais e órgãos locais.
Fundo Nacional do Meio Ambiente (FNMA). Licenciamento Ambiental. Sistema de Licenciamento.

POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE

A Política Nacional do meio ambiente, regulamentada pela Lei 6.938/81, prevê um conjunto de instrumentos
legais, técnicos, científicos e políticos destinado à promoção do desenvolvimento sustentável. A ideia é preservar
+ ter equidade social + promover desenvolvimento econômico.

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RETA FINAL TJ/MS
NFPSS

Art 2º - A Política Nacional do Meio Ambiente tem por OBJETIVO a PRESERVAÇÃO, MELHORIA e RECUPERAÇÃO
da QUALIDADE AMBIENTAL propícia à vida, visando assegurar, no País, condições ao desenvolvimento sócio-
-econômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana, atendidos os
seguintes princípios:

PRINCIPIOS
→ AÇÃO GOVERNAMENTAL na manutenção do equilíbrio ecológico, considerando o meio ambiente
como um PATRIMÔNIO PÚBLICO a ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo
→ RACIONALIZAÇÃO do USO do solo, do subsolo, da água e do ar
→ PLANEJAMENTO e FISCALIZAÇÃO do uso dos recursos ambientais
→ PROTEÇÃO dos ecossistemas, com a PRESERVAÇÃO de áreas representativas
→ CONTROLE e ZONEAMENTO das atividades potencial ou efetivamente poluidoras
→ INCENTIVOS ao ESTUDO e à PESQUISA de tecnologias orientadas para o uso racional e a
proteção dos recursos ambientais
→ ACOMPANHAMENTO do estado da QUALIDADE ambiental
→ RECUPERAÇÃO de áreas degradadas
→ PROTEÇÃO de áreas ameaçadas de degradação
→ EDUCAÇÃO AMBIENTAL a TODOS os níveis de ensino, inclusive a educação da comunidade,
objetivando capacitá-la para participação ativa na defesa do meio ambiente

OBJETIVOS
→ à COMPATIBILIZAÇÃO do DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO-SOCIAL com a PRESERVAÇÃO da
qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico
→ à DEFINIÇÃO de ÁREAS PRIORITÁRIAS de AÇÃO GOVERNAMENTAL relativa à qualidade e ao
equilíbrio ecológico, atendendo aos interesses da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos
Municípios
→ ao estabelecimento de CRITÉRIOS E PADRÕES DE QUALIDADE ambiental e de NORMAS relativas
ao USO E MANEJO de recursos ambientais
→ ao desenvolvimento de PESQUISAS E de TECNOLOGIAS nacionais orientadas para o USO
RACIONAL de recursos ambientais
→ à DIFUSÃO DE TECNOLOGIAS de manejo do meio ambiente, à DIVULGAÇÃO DE DADOS
E INFORMAÇÕES ambientais e à formação de uma CONSCIÊNCIA PÚBLICA sobre a NECESSIDADE DE
PRESERVAÇÃO da qualidade ambiental e do equilíbrio ecológico
→ à PRESERVAÇÃO E RESTAURAÇÃO dos recursos ambientais com vistas à sua utilização racional e
disponibilidade permanente, concorrendo para a manutenção do equilíbrio ecológico propício à vida
→ à IMPOSIÇÃO, ao poluidor e ao predador, da OBRIGAÇÃO DE RECUPERAR E/OU INDENIZAR os
danos causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins econômicos

Além disso, essa lei dispõe sobre os órgãos ambientais que participam da política ambiental nacional. São
eles:

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RETA FINAL TJ/MS
NFPSS

ÓRGÃOS DA POLÍTICA AMBIENTAL DO MEIO AMBIENTE

Superior
-Conselho de Assessorar o Presidente da República na formulação da política nacional e nas diretrizes
Governo governamentais para o meio ambiente e os recursos ambientais.
Assessorar, estudar e propor ao Conselho de Governo, diretrizes de políticas
Órgão consultivo
governamentais para o meio ambiente e os recursos naturais e deliberar, no âmbito de sua
e deliberativo-
competência, sobre normas e padrões compatíveis com o meio ambiente ecologicamente
CONAMA
equilibrado e essencial à sadia qualidade de vida.

Órgão Central
-Ministério do Planejar, coordenar, supervisionar e controlar, como órgão federal, a política nacional e as
Meio Ambiente diretrizes governamentais fixadas para o meio ambiente.
Órgão de
execução -IBAMA
E Instituto Chico
Mendes de Executar e fazer executar a política e as diretrizes governamentais fixadas para o meio
conservação da ambiente, de acordo com as respectivas competências;
Biodiversidade

Órgãos seccionais Os órgãos ou entidades estaduais responsáveis pela execução de programas, projetos e
pelo controle e fiscalização de atividades capazes de provocar a degradação ambiental;
Os órgãos ou entidades municipais, responsáveis pelo controle e fiscalização dessas
Órgão locais
atividades, nas suas respectivas jurisdições;

#SELIGANAJURIS. É inconstitucional, por violar o princípio da separação dos poderes, a submissão prévia ao
Poder Legislativo estadual, para aprovação, dos instrumentos de cooperação firmados pelos órgãos componen-
tes do Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA. (ADI 4348, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI,
Tribunal Pleno, julgado em 10/10/2018, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-230 DIVULG 26-10-2018 PUBLIC 29-10-2018,
Informativo 919) A transferência de responsabilidades ou atribuições de órgãos componentes do SISNAMA é,

29 RETA FINAL TJ/MS | @CICLOSR3


RETA FINAL TJ/MS
NFPSS

igualmente, competência privativa do Poder Executivo e, dessa forma, não pode ficar condicionada a aprovação
prévia da Assembleia Legislativa. (ADI 4348, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Tribunal Pleno, julgado
em 10/10/2018, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-230 DIVULG 26-10-2018 PUBLIC 29-10-2018, Informativo 919). Ou
seja, é inconstitucional lei estadual que afirme que Fundação estadual de proteção do meio ambiente só poderá
transferir responsabilidades ou atribuições para outros órgãos componentes do SISNAMA se houver aprovação
prévia da Assembleia Legislativa.

INSTRUMENTOS DA POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE

Instrumentos
Licenciamento e revisão
econômicos, como
Padrões de qualidade Avaliação de Impactos de atividades efetiva ou concessão florestal,
Zoneamento ambienal potencialmente
ambiental Ambientais servidão ambiental,
poluidoras
seguro ambiental

Cadastro Técnico Cadastro Técnico SINIMA


Garantia da prestação Penalidades
Federal de atividades Federal de Atividades e
potencialmente de informações relativas disciplinares ou Instrumentos de Defesa sistema nacional de
ao Meio Ambiente compensatórias informações
poluidoras Ambiental

Criação de espaços Incentivos à produção e


territoriais instalação de Relatório de Qualidade
especialmente equipamentos e a do Meio Ambiente
protegidos criação ou absorção de
tecnologia

SERVIDÃO AMBIENTAL

A lei de política ambiental prevê a possibilidade de o proprietário do imóvel estabelecer uma servidão am-
biental em sua propriedade, isto é, estabelecer uma PROTEÇÃO ALÉM daquela exigida por lei. A área prote-
gida por servidão ambiental deve ter o mínimo de proteção semelhante às regras de uma reserva legal, e
a sua delimitação deve constar no registro do imóvel. O prazo mínimo de vigência para essa proteção é de
15 anos.

#VAICAIR. Para não esquecer nunca mais:

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NFPSS

Não se aplicam às APP e à Reserva Legal

Devem ser AVERBADAS na matrícula do imóvel

Podem ser ONEROSAS, GRATUITAS, TEMPORÁRIAS ou PERPÉTUAS

O prazo mínimo da TEMPORÁRIA é de 15 ANOS.

É dever do proprietário PRESTAR CONTAS ao detentor da servidão.

Equivale, para fins tributários, creditícios e de acesso a recusos públicos, à


RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL
(Unidade de conservação de Uso Sustentável)

CADASTROS FEDERAIS

São dois instituídos pela PNMA:

❶ CADASTRO TÉCNICO FEDERAL DE ATIVIDADES E INSTRUMENTOS DE DEFESA AMBIENTAL

Para registro obrigatório de pessoas físicas ou jurídicas que se dedicam a consultoria técnica sobre problemas
ecológicos e ambientais e à indústria e comércio de equipamentos, aparelhos e instrumentos destinados ao
controle de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras.             
❷ CADASTRO TÉCNICO FEDERAL DE ATIVIDADES POTENCIALMENTE POLUIDORAS OU UTILIZADORAS DE
RECURSOS AMBIENTAIS

Para registro obrigatório de pessoas físicas ou jurídicas que se dedicam a atividades potencialmente poluidoras e/
ou à extração, produção, transporte e comercialização de produtos potencialmente perigosos ao meio ambiente,
assim como de produtos e subprodutos da fauna e flora.         

8 - Tipos de Licença (Licença Prévia, Licença de Instalação e Licença de Operação). Outorgas das Licenças.
Licença Ambiental para fins específicos. Função e Natureza Jurídica do Estudo de Impacto Ambiental. Lei
Estadual nº 2.257/2001
9 - Conceito jurídico de impacto ambiental. Exigência Constitucional dos Estudos de Impacto Ambiental.
O EIA na legislação nacional. Competência Legislativa sobre o EIA. Competência para exigir o EIA. Estados
e Municípios. Competência do CONAMA para estabelecer as diretrizes sobre o EIA. Normas Gerais.
Conteúdo do EIA. RIMA. Audiência Pública. As licitações e o EIA.

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RETA FINAL TJ/MS
NFPSS

LICENCIAMENTO AMBIENTAL

LICENCIAMENTO = PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO


LICENÇA = ATO ADMINISTRATIVO

LICENCIAMENTO AMBIENTAL: procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental competente licencia a
localização, instalação, ampliação e a operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambien-
tais , consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou daquelas que, sob qualquer forma, possam causar de-
gradação ambiental, considerando as disposições legais e regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao caso.

LICENÇA AMBIENTAL: ato administrativo pelo qual o órgão ambiental competente, estabelece as condições, res-
trições e medidas de controle ambiental que deverão ser obedecidas pelo empreendedor, pessoa física ou jurídica,
para localizar, instalar, ampliar e operar empreendimentos ou atividades utilizadoras dos recursos ambientais con-
sideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou aquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação
ambiental.

#IMPORTANTE: Apenas um ente político (U, E, DF ou M) expede a licença. Não há possibilidade de mais de um
ente expedir licença para o mesmo empreendimento.

ESPÉCIES DE LICENÇA: segundo a Resolução nº237/97/CONAMA, são elas:

Concedida na fase preliminar do planejamento do empreendimento ou atividade,


aprovando a sua localização e concepção, atestando a viabilidade ambiental e, ainda,
LICENÇA PRÉVIA (LP) estabelecendo os requisitos básicos e condicionantes a serem atendidos nas próximas
fases de sua implementação;

Prazo: Não superior a 5 anos.

Autoriza a instalação do empreendimento ou atividade de acordo com as especificações


LICENÇA DE constantes dos planos, programas e projetos aprovados, incluindo as medidas de controle
INSTALAÇÃO (LI) ambiental e demais condicionantes, da qual constituem motivo determinante;

Prazo: Não superior a 6 anos

Autoriza a operação da atividade ou empreendimento, após a verificação do efetivo


LICENÇA DE cumprimento do que consta das licenças anteriores, com as medidas de controle ambiental
OPERAÇÃO (LO) e condicionantes determinados para a operação.

Prazo: no mínimo 4 e no máximo 10 anos.

32 RETA FINAL TJ/MS | @CICLOSR3


RETA FINAL TJ/MS
NFPSS

O pedido de renovação deve ser feito com ANTECEDÊNCIA MÍNIMA de 120 dias.
RENOVAÇÃO DO
LICENCIAMENTO O prazo de validade ficará AUTOMATICAMENTE RENOVADO até manifestação
definitiva do órgão ambiental competente.

A atividade fiscalizatória das atividades nocivas ao meio ambiente concede ao IBAMA interesse jurídico suficiente
para exercer seu poder de polícia administrativa, ainda que o bem esteja situado em área cuja competência para
o licenciamento seja do Município ou do Estado. Nos termos da legislação federal de regência, a competência
concorrente não inibe a atuação do IBAMA, ainda mais não tendo havido a interferência de órgão ambiental
local. STJ. 2ª Turma. REsp 1560916/AL, Rel. Min. Francisco Falcão, julgado em 06/10/2016.

Havendo omissão do órgão estadual na fiscalização, mesmo que outorgante da licença ambiental, o IBAMA
pode exercer o seu poder de polícia administrativa, porque não se pode confundir competência para licenciar
com competência para fiscalizar. STJ. 1ª Turma. AgInt no REsp 1484933/CE, Rel. Min. Regina Helena Costa, julgado
em 21/03/2017.
#NÃOCONFUNDA.
→ ATUAÇÃO SUPLETIVA: ação do ente da Federação que se substitui ao ente federativo originariamente de-
tentor das atribuições, nas hipóteses definidas na LC 140/2011.
→ ATUAÇÃO SUBSIDIÁRIA: ação do ente da Federação que visa a auxiliar no desempenho das atribuições
decorrentes das competências comuns, quando solicitado pelo ente federativo originariamente detentor das
atribuições definidas na LC 140/2011. 

#TAXA DE LICENCIAMENTO X TCFA

A LC 140 denomina taxa de licenciamento o valor devido pelo empreendedor ao órgão ambiental competente.
Contudo, a taxa de licenciamento não se confunde com a Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental (TCFA).

Ao passo em que os valores da taxa de licenciamento referem-se ao procedimento de licenciamento ambiental,


a TCFA é cobrada de empreendimentos já licenciados e em atividade, tendo por fato gerador o exercício
de poder de polícia, vislumbrado através do controle e fiscalização das atividades potencialmente poluidoras e
utilizadoras de recursos naturais.

Taxa de
Refere-se ao procedimento licenciatório, que culmina na expedição da licença ambiental.
licenciamento
Tem como fato gerador o exercício do poder de polícia sobre os empreendimentos já
TCFA
licenciados e em atividade.

#SELIGANOCONCEITO.
IMPACTO AMBIENTAL é qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente,
causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indireta-

33 RETA FINAL TJ/MS | @CICLOSR3


RETA FINAL TJ/MS
NFPSS

mente, afetam: I - a saúde, a segurança e o bem-estar da população; II - as atividades sociais e econômicas;


III - a biota; IV - as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; V - a qualidade dos recursos ambientais.
IMPACTO AMBIENTAL REGIONAL é todo e qualquer impacto ambiental que afete diretamente (área de in-
fluência direta do projeto), no todo ou em parte, o território de dois ou mais Estados.
ESTUDOS AMBIENTAIS são todos e quaisquer estudos relativos aos aspectos ambientais relacionados à loca-
lização, instalação, operação e ampliação de uma atividade ou empreendimento, apresentado como subsídio
para a análise da licença requerida, tais como: relatório ambiental, plano e projeto de controle ambiental, rela-
tório ambiental preliminar, diagnóstico ambiental, plano de manejo, plano de recuperação de área degradada e
análise preliminar de risco.

10 - Conceito de Zoneamento Ambiental. Finalidade. Natureza jurídica. Zoneamento Ambiental Urbano.


Zonas de Uso Industrial – ZUI. Zonas de Uso Estritamente Industrial – ZUEI. Zona de Uso Predominantemente
Industrial – ZUPI. Zona de Uso Diversificado – ZUD. Zoneamento Ambiental Agrícola e Zoneamento
Ambiental Costeiro. Zoneamento Ecológico-Econômico.

NATUREZA JURÍDICA DO ZONEAMENTO AMBIENTAL: é um instrumento da PNMA (art. 9º, II), regulamenta-
do pelo Decreto 4.297/2002. O Zoneamento Ecológico-Econômico – ZEE é um instrumento de organização do
território a ser obrigatoriamente seguido na implantação de planos, obras e atividades públicas e privadas, que
estabelece medidas e padrões de proteção ambiental destinados a assegurar a qualidade ambiental, dos recursos
hídricos e do solo e a conservação da biodiversidade, garantindo o desenvolvimento sustentável e a melhoria das
condições de vida da população.

TIPO DE ZONEAMENTO CONCEITO


Zoneamento Ambiental Conforme a Lei nº 6.902/81 e art. 182 da CF/88, divide-se uma cidade em zonas
Urbano de ocupação tendo em vista o bem-estar da sua população.
As zonas industriais induzidas são aquelas cuja localização é feita em razão de um
Zonas de Uso Industrial planejamento econômico resultante de determinada política do governo, como
(ZUI) regiões construídas especificamente para abrigar empresas. A demarcação desses
espaços foi realizada Lei nº 6.803/80.
Zona de Uso São principalmente destinadas às instalações de indústrias cujos processos não
Predominantemente causam incômodos sensíveis às atividades e nem perturbam o repouso noturno
Industrial (ZUPI) da população. (Lei Federal 6.803/80).
São as zonas destinadas à localização de estabelecimentos industriais cujo
Zona de Uso Diversificado processo produtivo complemente as atividades do meio urbano ou rural, não
(ZUD) causando inconvenientes à saúde, bem-estar e segurança da população vizinha.
(Lei 6.803/80)

34 RETA FINAL TJ/MS | @CICLOSR3


RETA FINAL TJ/MS
NFPSS

O Zoneamento agrícola, também chamado agrário, é uma transposição das


disposições do zoneamento, criado para as regiões urbanas, para a área rural
e para a atividade agrícola. Tem regulamentação própria na Lei nº 4.504/64 e
Lei nº 8.171/91). O zoneamento agrícola visa definir as regiões críticas que estão
Zoneamento Agrícola
exigindo reforma agrária, com eliminação de minifúndios e latifúndios; as regiões
em estágio mais avançado de desenvolvimento social e econômico; as regiões
já economicamente ocupadas, com economia de subsistência e carência de
assistência adequada; as regiões ainda em fase de ocupação econômica.
Regulamentado pelo sistema de gerenciamento costeiro (Lei nº 7.661/88). Segundo
o art. 2º, parágrafo único, é o espaço geográfico de interação do ar, do mar e da
Zoneamento Costeiro terra, incluindo seus recursos renováveis ou não, abrangendo uma faixa marítima
e outra terrestre, que serão definidas pelo Plano Nacional de Gerenciamento
Costeiro.

11 - O Dano Ambiental. Apuração do Dano Ambiental. Reparação do Dano Ambiental. Responsabilidade


Administrativa, Civil e Penal por danos ao Meio Ambiente. Infrações Administrativas Ambientais. Sanções
para as infrações administrativas ambientais. O Poder de Polícia e Direito Ambiental.

O DANO AMBIENTAL pode ser definido como qualquer lesão causada ao meio ambiente por condutas ou
atividades de pessoas físicas ou jurídicas, de direito público ou privado. O dano ambiental é de difícil ou impossível
reparação, dada a natureza do bem lesado: o meio ambiente, seja na condição de macrobem (considerado como
um todo, um bem de uso comum do povo, incorpóreo e imaterial), seja na condição de microbem (os elementos
que compõem o meio ambiente, como os biomas e os ecossistemas).

CLASSIFICAÇÃO DO DANO AMBIENTAL - pode ser classificado considerando (i) a amplitude do bem pro-
tegido, (ii) a reparabilidade e os interesses jurídicos envolvidos, (iii) a extensão e (iv) o interesse objetivado.

É aquele em que um ou alguns dos componentes naturais do


Dano Ecológico Puro
ecossistema é atingido de forma intensa;

Abrange todos os componentes do meio ambiente, inclusive


Quanto à Dano Ecológico Lato
o patrimônio cultural, protegendo-se, pois, o meio ambiente e
amplitude do bem Sensu
todos os seus componentes, numa concepção unitária;
protegido
Atinge pessoas individualmente consideradas e incide sobre
Dano individual interesses próprios do lesado, pois o dano patrimonial ou
ambiental ou reflexo extrapatrimonial sofrido por uma pessoa, ou a doença contraída,
inclusive a morte, podem decorrer de degradação ambiental.

35 RETA FINAL TJ/MS | @CICLOSR3


RETA FINAL TJ/MS
NFPSS

Diz respeito a interesses próprios, tanto os individuais quanto


Dano ambiental de
os individuais homogêneos. O interesse que sofreu lesão será
reparabilidade direta
indenizado diretamente;
Quanto à
Reparabilidade Relaciona-se aos interesses difusos, coletivos e, eventualmente,
individuais de dimensão coletiva. A reparação é dirigida
Dano ambiental
preferencialmente ao bem ambiental de interesse coletivo,
de reparabilidade
considerando-se a capacidade funcional ecológica e a de
indireta
aproveitamento humano do meio ambiente. Não objetiva, pois,
ressarcir interesses próprios e pessoais.
Dano patrimonial
Incide sobre os bens materiais. Trata-se do dano material.
ambiental
Considerando a É o dano moral ocasionado à sociedade e/ou decorrente
extensão do dano Dano de lesão ao meio ambiente. Abrange o dano ambiental
extrapatrimonial extrapatrimonial coletivo (quando atingido o macrobem
ambiental ambiental) e o dano ambiental extrapatrimonial reflexo, a
título individual (quando se referir ao microbem ambiental).
Dano ambiental
À coletividade interessa preservar o macrobem ambiental
de interesse da
Interesses para as presentes e futuras gerações;
coletividade
objetivados
Dano ambiental de Aquele que se reflete no interesse particular da pessoa, inclusive
interesse individual o de defender o macrobem, tutelado via ação popular.

#SELIGANOTERMO.
CARÁCTER SINÉRGICO DO DANO AMBIENTAL corresponde à hipótese em que a degradação do meio am-
biente decorre de várias fontes independentes que somadas resultam em lesão ao bem jurídico ambiental, obri-
gando solidariamente todos os poluidores à sua reparação.
EFEITOS TRANSITÓRIOS, REMANESCENTES OU REFLEXOS, DO DANO AMBIENTAL. Nas demandas am-
bientais, por força dos princípios do poluidor-pagador e da reparação in integrum, admite-se a condenação do
réu, simultânea e agregadamente, em obrigação de fazer (recompor/restaurar/recuperar as áreas afetadas), não
fazer (não mais poluir ou degradar) e indenizar em pecúnia. Se o bem ambiental lesado for imediata e comple-
tamente restaurado ao status quo ante não há falar, ordinariamente, em indenização remanescente. Contudo,
a possibilidade técnica, no futuro, de restauração in natura nem sempre se mostra suficiente para reverter ou
recompor integralmente as várias dimensões do dano ambiental causado. Há uma parcela que, causada pelo
mesmo comportamento pretérito do agente, apresenta efeitos deletérios de cunho futuro, irreparável ou in-
tangível. Essa degradação ou dano transitório, remanescente ou reflexo do meio ambiente inclui: a) o prejuízo
ecológico que medeia, temporalmente, o instante da ação ou omissão danosa e o pleno restabelecimento ou
recomposição da biota; b) a ruína ambiental que subsista ou perdure, não obstante todos os esforços de restau-
ração (= dano residual ou permanente), e c) o dano moral coletivo. Nesse setido: STJ - REsp 1.180.078/MG (Rel.

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Min Herman Benjamin, DJe de 28/2/2012)

REPARAÇÃO DO DANO AMBIENTAL:

❶ REPARAÇÃO NATURAL OU IN SPECIE: consiste na recomposição do meio ambiente degradado. Bus-


ca-se reequilibrar o bem ambiental lesado, por meio da reversão da degradação ambiental sempre que isso for
possível. Embora seja a modalidade mais onerosa, em contrapartida, é a ideal e exigida em primeiro lugar, sendo
as demais formas subsidiárias.

❷ COMPENSAÇÃO AMBIENTAL: é usada pelo Direito Ambiental como forma de neutralizar ou contraba-
lançar um dano ambiental. Contudo, não há um tratamento uniforme. Em verdade, diversas leis abordam o assun-
to. É o caso do Código Florestal (*Lei n 12.651, de 25 de maio de 2012), que estabelece a compensação ambiental
para o caso de supressão de vegetação de Áreas de Preservação Permanente e de Reserva Legal; a Lei da Mata
Atlântica (Lei n° 11.428, de 22 de dezembro de 2006) prevê a compensação para o corte, a supressão e a explora-
ção de vegetação deste bioma; a Lei n° 9.985, de 18 de julho de 2000 (Sistema Nacional das Unidades de Conser-
vação) prevê a compensação ambiental antecipada, para fins de implantação de empreendimentos causadores de
significativa degradação ambiental. A Lei 12.651/12 (Novo Código Florestal) estabelece no art. 25, IV a aplicação de
recursos oriundos da compensação ambiental em áreas verdes. Assim, a compensação ambiental é cabível quando
os danos ambientais forem irreversíveis e não seja possível a reparação in natura.

❸ INDENIZAÇÃO PECUNIÁRIA: é admissível apenas e tão somente quando a reconstituição apresentar-se


inviável tática ou tecnicamente. O valor da indenização é depositado em um fundo: o fundo para reconstituição dos
bens lesados, que é destinado à compensação ecológica.

#ATENÇÃO. O Estado também pode ser responsabilizado por dano ambiental, sempre que for causado pelo
próprio Poder Público ou por concessionária de serviço público. Neste caso, é a responsabilidade objetiva, con-
forme previsão do art. 37, § 6°, da CF. Vale ressaltar que mesmo em condutas omissivas, a responsabilidade do
Estado por dano ambiental continuará a ser objetiva.
Há solidariedade entre a responsabilidade do poluidor direto e indireto. Contudo, apesar de ser solidária, a atual
jurisprudência dominante no STJ (1ª e 2ª Turma) é no sentido de que a responsabilidade civil do Poder Público
é de execução subsidiária, na hipótese de omissão de cumprimento adequado do seu dever de fiscalizar que
foi determinante para a concretização ou o agravamento do dano causado pelo seu causador direto.
No caso de omissão do ente estatal no dever de fiscalizar as atividades poluidoras, a responsabilidade é objetiva
e solidária (Nesse sentido: STJ, REsp 1.071.741 e STJ, REsp 1.071.741-SP).

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RESPONSABILIDADE CIVIL POR DANO AMBIENTAL

TRÍPLICE RESPONSABILIDADE em matéria ambiental: a responsabilização do poluidor, em decorrência


de um único dano ambiental, pode ser penal, civil e administrativa (art. 225, §3º, da CF).

Conceito legal de POLUIDOR: a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta-
mente ou indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental (Lei 6.938/1981).

DEGRADAÇÃO AMBIENTAL: expressão com acepção mais ampla que poluição, pois representa altera-
ção adversa das características do meio ambiente.

Por sua vez, POLUIÇÃO é a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que, direta ou
indiretamente: a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; b) criem condições adversas às
atividades sociais e econômicas; c) afetem desfavoravelmente a biota; d) afetem as condições estéticas ou sani-
tárias do meio ambiente; e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos
(Lei 6.938/1981).

POLUIÇÃO LÍCITA E ILÍCITA: a poluição poderá ser lícita ou ilícita. Ex.: se uma pessoa desmata parte da ve-
getação de sua fazenda amparada por regular licenciamento ambiental, haverá uma poluição lícita, pois realizada
dentro dos padrões de tolerância da legislação ambiental e com base em licença, o que exclui qualquer respon-
sabilidade administrativa ou criminal do poluidor. Contudo, mesmo a poluição lícita não exclui a responsabi-
lidade civil do poluidor na hipótese de geração de danos ambientais, pois a responsabilidade civil por danos
ambientais não é sancionatória, mas reparatória.

Intervenção de terceiros devedores solidários (denunciação à lide ou chamamento ao processo): é


vedada a denunciação da lide ou o chamamento ao processo nos processos de reparação por danos ambientais,
sendo necessário o ajuizamento de ação própria contra os codevedores ou responsáveis subsidiários (STJ, AgRg no
Ag 1.213.458).

Inversão do ônus da prova: é possível a inversão do ônus da prova nas ações de reparação dos danos
ambientais, com base no interesse público da reparação, no princípio da precaução, e nos art. 6º, VIII, da Lei
8.078/1990 c/c o art. 21 da Lei 7.347/1985 (STJ, REsp 972.902/RS).

Súmula 618-STJ: A inversão do ônus da prova aplica-se às ações de degradação ambiental. 

Desconsideração da personalidade jurídica: aplica-se a teoria menor no caso de responsabilidade civil


por dano ao meio ambiente (art. 4º da Lei 9.605/1998), ou seja, basta a mera prova de insolvência da pessoa
jurídica para o pagamento de suas obrigações, independentemente da existência de desvio de finalidade ou de
confusão patrimonial.

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Natureza objetiva da responsabilidade civil em matéria ambiental: em regra, no ordenamento jurídico


pátrio, a responsabilidade civil é de cunho subjetivo, tendo por seu fundamento a culpa do causador de um dano
(art. 186 do CC/2002). No caso de dano ambiental, a responsabilidade civil é objetiva, conforme o art. 14, §1º,
da Lei 6938/1981, segundo o qual “[...] é o poluidor obrigado, independentemente da existência de culpa, a
indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade.”.

Teoria do risco integral: prevalece na doutrina e na jurisprudência que a responsabilidade civil por dano
ambiental é objetiva baseada na teoria do risco integral. Trata-se de uma responsabilidade civil extremada que
não admite excludentes do nexo causal, como força maior, fato de terceiro ou culpa exclusiva da vítima, v.g. O
fundamento da teoria do risco integral é que o poluidor deve assumir todos os riscos inerentes à atividade que
pratica (STJ, REsp 598.281, Rel. Min. Teori Zavasscki).

Solidariedade da responsabilidade civil ambiental: “No plano jurídico, o dano ambiental é marcado pela
responsabilidade civil objetiva e solidária, que dá ensejo, no âmbito processual, a litisconsórcio facultativo
entre os vários degradadores, diretos ou indiretos. Segundo a jurisprudência do STJ, no envilecimento do meio
ambiente, a “responsabilidade (objetiva) é solidária” (REsp 604.725/PR, Rel. Ministro Castro Meira, Segunda Turma,
DJ 22.8.2005, p. 202), tratando-se de hipótese de “litisconsórcio facultativo” (REsp 884.150/MT, Rel. Ministro Luiz Fux,
Primeira Turma, DJe 7.8.2008), pois, mesmo havendo “múltiplos agentes poluidores, não existe obrigatoriedade na
formação do litisconsórcio”, abrindo-se ao autor a possibilidade de “demandar de qualquer um deles, isoladamente
ou em conjunto, pelo todo” (REsp 880.160/RJ, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 27.5.2010)
[...]” (STJ, Resp 843978/SP, Rel. Min. HERMAN BENJAMIN, julgado em 21/09/2010).

Caráter punitivo da reparação civil por danos ambientais (punitive damages): não é possível conferir
caráter punitivo à reparação por danos causados ao meio ambiente, pois a responsabilidade civil por danos ao
meio ambiente prescinde de culpa e revestir a compensação de caráter punitivo propiciaria bis in idem, já que a
punição imediata é incumbência específica do direito administrativo e penal (STJ, REsp 1.354.536-SE, julgado
em 26/03/2014).

Dano moral coletivo em matéria ambiental: é admissível o dano moral coletivo ambiental. O dano ao
meio ambiente, por ser bem público, gera repercussão geral, impondo conscientização coletiva à sua reparação, a
fim de resguardar o direito das futuras gerações a um meio ambiente ecologicamente equilibrado. O dano moral
coletivo ambiental atinge direitos de personalidade do grupo massificado, sendo desnecessária a demons-
tração de que a coletividade sinta a dor, a repulsa, a indignação, tal qual fosse um indivíduo isolado (STJ, REsp
1269494/MG).

Obrigação propter rem: a obrigação de reparar o dano ambiental é propter rem, sendo o proprietário
obrigado a reparar o dano ambiental em seu prédio rústico, mesmo que não o tenha causado (STJ, RESP
1251697). O Código Florestal também dispõe nesse mesmo sentido: “as obrigações previstas nesta Lei têm natureza
real e são transmitidas ao sucessor, de qualquer natureza, no caso de transferência de domínio ou posse do imóvel
rural” (art. 2º,§2º, da Lei 12651/2012).

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Súmula 623-STJ: As obrigações ambientais possuem natureza propter rem, sendo admissível cobrá-las do pro-
prietário ou possuidor atual e/ou dos anteriores, à escolha do credor.

Reparação in integrum: o princípio da reparação in integrum aplica-se ao dano ambiental. Com isso, a obri-
gação de recuperar o meio ambiente degradado é compatível com a indenização pecuniária por eventuais prejuí-
zos, até sua restauração plena. Contudo, se quem degradou promoveu a restauração imediata e completa do
bem lesado ao status quo ante, em regra, não se fala em indenização. Nas demandas ambientais, por força
dos princípios do poluidor-pagador e da reparação in integrum, admite-se a condenação do réu, simultânea e
agregadamente, em obrigação de fazer, não fazer e indenizar. Aí se encontra típica obrigação cumulativa
ou conjuntiva. Assim, na interpretação dos arts. 4º, VII, e 14, § 1º, da Lei da Política Nacional do Meio Ambiente
(Lei 6.938/1981), e do art. 3º da Lei 7.347/1985, a conjunção “ou” opera com valor aditivo, não introduz alternativa
excludente. A cumulação de obrigação de fazer, não fazer e pagar não configura bis in idem, porquanto a
indenização, em vez de considerar lesão específica já ecologicamente restaurada ou a ser restaurada, põe o foco
em parcela do dano que, embora causada pelo mesmo comportamento pretérito do agente, apresenta efeitos
deletérios de cunho futuro, irreparável ou intangível. (STJ, RESP 1198727).

Súmula 629-STJ: Quanto ao dano ambiental, é admitida a condenação do réu à obrigação de fazer ou à de não
fazer cumulada com a de indenizar. 

Julgamento extra petita e demanda ambiental: em virtude do princípio do poluidor pagador, é lícito ao
julgador determinar medida não requerida na petição inicial (STJ,REsp 967.375-RJ).

#OLHAOGANCHO: O particular que, por mais de vinte anos, manteve adequadamente, sem indício de maus-tra-
tos, duas aves silvestres em ambiente doméstico, pode permanecer na posse dos animais. STJ. 2ª Turma. REsp
1.425.943-RN, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 2/9/2014 (Info 550).
Súmula 613-STJ: Não se admite a aplicação da teoria do fato consumado em tema de Direito Ambiental.

#DEOLHONAJURIS: A aplicação de penalidades administrativas não obedece à lógica da responsabilidade


objetiva da esfera cível (para reparação dos danos causados), mas deve obedecer à sistemática da teoria da cul-
pabilidade, ou seja, a conduta deve ser cometida pelo alegado transgressor, com demonstração de seu elemento
subjetivo, e com demonstração do nexo causal entre a conduta e o dano. Assim, a responsabilidade CIVIL
ambiental é objetiva; porém, tratando-se de responsabilidade administrativa ambiental, a responsabili-
dade é SUBJETIVA. STJ. 1ª Seção. EREsp 1318051/RJ, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 08/05/2019
(Info 650).

#JURISPRUDENCIAEMTESES.

™™A responsabilidade por dano ambiental é objetiva, informada pela teoria do risco integral, sendo o nexo
de causalidade o fator aglutinante que permite que o risco se integre na unidade do ato, sendo descabida
a invocação, pela empresa responsável pelo dano ambiental, de excludentes de responsabilidade civil para

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afastar sua obrigação de indenizar. (Tese julgada sob o rito das demandas repetitivas).

™™Causa inequívoco dano ecológico quem desmata, ocupa, explora ou impede a regeneração de Área de
Preservação Permanente - APP, fazendo emergir a obrigação propter rem de restaurar plenamente e de
indenizar o meio ambiente degradado e terceiros afetados, sob o regime de responsabilidade civil objetiva.

™™O reconhecimento da responsabilidade objetiva por dano ambiental não dispensa a demonstração do nexo
de causalidade entre a conduta e o resultado.

™™A alegação de culpa exclusiva de terceiro pelo acidente em causa, como excludente de responsabilidade,
deve ser afastada, ante a incidência da teoria do risco integral e da responsabilidade objetiva ínsita ao dano
ambiental (art. 225, §3º, da CF e art. 14, §1º, da Lei n. 6.938/1981), responsabilizando o degradador em decor-
rência do princípio do poluidor-pagador. (Tese julgada sob o rito das demandas repetitivas).

™™É imprescritível a pretensão reparatória de danos ao meio ambiente.

™™O termo inicial da incidência dos juros moratórios é a data do evento danoso nas hipóteses de reparação de
danos morais e materiais decorrentes de acidente ambiental.

™™A inversão do ônus da prova aplica-se às ações de degradação ambiental. (Súmula n. 618/STJ)

™™Não se admite a aplicação da teoria do fato consumado em tema de Direito Ambiental. (Súmula n. 613/STJ)

™™Não há direito adquirido à manutenção de situação que gere prejuízo ao meio ambiente.

™™O pescador profissional é parte legítima para postular indenização por dano ambiental que acarretou a
redução da pesca na área atingida, podendo utilizar-se do registro profissional, ainda que concedido poste-
riormente ao sinistro, e de outros meios de prova que sejam suficientes ao convencimento do juiz acerca do
exercício dessa atividade.

™™É devida a indenização por dano moral patente o sofrimento intenso do pescador profissional artesanal,
causado pela privação das condições de trabalho, em consequência do dano ambiental. (Tese julgada sob
o rito das demandas repetitivas)

INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA AMBIENTAL

 Infração administrativa ambiental é toda ação ou omissão que viole as regras jurídicas de uso, gozo, promo-
ção, proteção e recuperação do meio ambiente.

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#JOGORÁPIDO

São AUTORIDADES COMPETENTES PARA LAVRAR AUTO DE INFRAÇÃO AMBIENTAL e instaurar pro-
cesso administrativo os funcionários de órgãos ambientais integrantes do SISNAMA, designados para as
atividades de fiscalização, bem como os agentes das Capitanias dos Portos, do Ministério da Marinha.

Qualquer pessoa, constatando infração ambiental, poderá dirigir representação a essas autoridades, para
efeito do exercício do seu PODER DE POLÍCIA.

A autoridade ambiental que tiver conhecimento de infração ambiental é obrigada a promover a sua APURA-
ÇÃO IMEDIATA, mediante processo administrativo próprio, sob pena de co-responsabilidade.

As infrações ambientais são apuradas em PROCESSO ADMINISTRATIVO PRÓPRIO, assegurado o direito
de ampla defesa e o contraditório.

A aplicação de penalidades administrativas deve obedecer à sistemática da teoria da culpabilidade, ou seja,
a conduta deve ser cometida pelo alegado transgressor, com demonstração de seu elemento subjetivo, e
com demonstração do nexo causal entre a conduta e o dano. Assim, RESPONSABILIDADE ADMINISTRA-
TIVA AMBIENTAL É SUBJETIVA.

SANÇÕES ADMINISTRATIVAS (art. 72 da lei nº


9.605/96)
ADVERTÊNCIA
MULTA SIMPLES
MULTA DIÁRIA
APREENSÃO DOS ANIMAIS, PRODUTOS
E SUBPRODUTOS DA FAUNA E FLORA,
INSTRUMENTOS, PETRECHOS, EQUIPAMENTOS OU
VEÍCULOS DE QUALQUER NATUREZA UTILIZADOS
NA INFRAÇÃO
DESTRUIÇÃO OU INUTILIZAÇÃO DO PRODUTO
SUSPENSÃO DE VENDA E FABRICAÇÃO DO
PRODUTO
EMBARGO DE OBRA OU ATIVIDADE
DEMOLIÇÃO DE OBRA
SUSPENSÃO PARCIAL OU TOTAL DE ATIVIDADES
RESTRITIVA DE DIREITOS

12 - Meios processuais para a defesa ambiental. Ação Popular. Ação Civil Pública. Competência para o
processamento e julgamento das ações civis públicas por danos ao meio ambiente. Legitimidade ativa.
Mandado de Segurança Individual e Coletivo. Mandado de Injunção. Ação Direta de Inconstitucionalidade.
Desapropriação. Tombamento. A tutela inibitória em matéria de proteção ao meio ambiente. A tutela
de urgência e de evidência no direito ambiental. O acesso coletivo à tutela jurisdicional em matéria
ambiental. Intervenção de Terceiros stricto e lato sensu. Recursos.

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AÇÃO POPULAR AMBIENTAL

CARACTERÍSTICAS DA AÇÃO POPULAR AMBIENTAL:

• Prevalência das regras da LACP e do CDC;

• Desnecessidade de ajuizamento da ação contra todos os responsáveis, já que a responsabilidade ambiental


é solidária;

• Desnecessidade de citar, em todas as demandas, os órgãos do Poder Público;

• Competência para julgamento do juízo do local onde ocorreu o dano;

• Oitiva prévia da Pessoa Jurídica de Direito Público;

• Imprescritibilidade (não valendo a regra do art. 21 da LAP);

• O recurso, em regra, terá efeito devolutivo (não se aplicando a regra do artigo 19 da LAP que prevê o duplo
efeito);

• Poderá tutelar obrigações de fazer e não-fazer de forma autônoma, não se restringindo aos pedidos cons-
titutivos e condenatório.

#DEOLHONAJURIS: A natureza da legitimação na AP é controversa. Na jurisprudência e na doutrina prepon-


dera a tese da legitimação ordinária, diversamente das demais ações coletivas. O STF já se manifestou assim,
enquanto o STJ se pronunciou no sentido da substituição processual.

#ATENÇÃO: Ainda que o ato tenha sido lícito, será possível a utilização da ação popular. No caso da ação
popular ambiental, basta o dano ao meio ambiente, porque a responsabilidade para proteção do meio
ambiente independe de culpa ou de ilicitude (in re ipsa), basta haver nexo de causalidade entre a con-
duta comissiva ou omissiva e a lesão.

Segundo previsão legal, a ação popular prescreve em 5 ANOS. Porém, A AÇÃO POPULAR AMBIENTAL NÃO ESTÁ
SUJEITA A ESSE PRAZO. #APOSTACICLOS. Tal entendimento está em consonância com a jurisprudência do STJ no
sentido de que as demandas que envolvem a reparação ao meio ambiente são imprescritíveis.

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AÇÃO CIVIL PÚBLICA EM MATÉRIA AMBIENTAL

A legitimidade ativa para propor a ação civil pública - principal e cautelar (art. 5º, da lei 7.347/85):

• Ministério Público;

• Defensoria Pública;

• União, Estados, Municípios;

• Autarquia, empresa pública, fundação, sociedade de economia mista; e

• Associação que esteja constituída há pelo menos 1 ANO, e inclua a proteção ao meio ambiente entre suas
finalidades institucionais.

Observações:

• Essa legitimidade não se enquadra na dicotomia ordinária/extraordinária, tratando-se de legitimação autô-


noma para a condução do processo.

• É concorrente e disjuntiva, PODENDO CADA UM DOS LEGITIMADOS PROMOVER SOZINHO a ação coletiva,
sem que haja autorização ou anuência dos demais.

• Eventual litisconsórcio entre eles é facultativo.

• Quanto aos direitos individuais homogêneos, há legitimação extraordinária dos entes acima arrolados.

• A legitimidade ativa do Ministério Público tem previsão constitucional (art. 129, III), abrangendo ações para
defesa de direitos difusos (meio ambiente), coletivos e individuais homogêneos, quando tratados de forma
coletiva. Não pode, porém, o MP, ajuizar ação individual em nome do lesado pelo dano ambiental para plei-
tear a prevenção ou a reparação de dano individual não homogêneo, por lhe faltar legitimidade.

• As associações civis que tenham como finalidade estatutária a defesa do meio ambiente podem agir em
juízo, sendo POSSÍVEL A DISPENSA DA PRÉ-CONSTITUIÇÃO HÁ PELO MENOS 1 ANO, desde que exista
manifesto interesse social evidenciado pela dimensão ou característica do dano, ou pela relevância do bem
jurídico a ser protegido (art. 5º, § 4º, Lei 7.347/85).

• Admite-se o litisconsórcio facultativo unitário (art. 5º, § 2º, Lei 7.347/85), podendo os legitimados se habili-
tarem como litisconsortes de qualquer uma das partes, o que deve ocorrer quando do ingresso da ação, ou
por meio da assistência litisconsorcial, tendo em vista que não se admite o litisconsórcio facultativo unitário
superveniente.

• O particular, pessoa natural, não tem legitimidade para ajuizar a ação civil pública em defesa do meio am-
biente, mas a tem para deduzir em juízo pretensão indenizatória para a reparação de dano pessoal, com
base na responsabilidade objetiva do poluidor (art. 14, § 1º, Lei 6.938/81).

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• Pode ser demandada em ação civil pública qualquer pessoa, natural jurídica, pública ou privada, desde que
esteja inserida no conceito de poluidor previsto no art. 3º, IV, da Lei 6.938/81.

• Intervenção de terceiros: Em regra, o sistema de jurisdição coletiva não admite a intervenção de terceiros,
tendo em vista que o regime da reparação do dano ambiental é o da responsabilidade objetiva.

• A intervenção de terceiros – como a denunciação da lide – não será admitida se dificultar a efetivação da
proteção do meio ambiente (REsp 232187).

• Mesmo havendo vários agentes poluidores (responsabilidade solidária), a jurisprudência do STJ é firme quan-
to a não ser obrigatória a formação de litisconsórcio.

Competência Jurisdicional:

- O art. 2º da Lei 7.347/85 preceitua que “as ações previstas nesta Lei serão PROPOSTAS NO FORO DO
LOCAL ONDE OCORRER O DANO, cujo juízo terá COMPETÊNCIA FUNCIONAL para processar e julgar a causa”.

- Nas ações preventivas: fixa-se competência pelo LOCAL ONDE DEVA OCORRER O DANO.

- Quando o dano ambiental for regional ou nacional, prevalecerá a regra do inciso II, do art. 93, da Lei
8.078/1990, que confere COMPETÊNCIA AO FORO DA CAPITAL DO ESTADO OU NO DISTRITO FEDERAL, para os
danos de âmbito nacional ou regional.

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: De acordo com o STJ, a referida competência do foro da capital do estado


para conhecer de ação civil pública que busca a reparação de dano ambiental nacional ou regional, ostenta na-
tureza absoluta (Resp. 1.101.057-MT).

- Mesmo que o local em que ocorreu o dano não seja sede de vara federal, a este juízo compete processar e
julgar a ação civil pública (e não à Justiça Estadual), quando for matéria de sua competência, por não se enquadrar
o art. 2º na delegação constitucional de competência prevista no art. 109, § 3º. Nesse sentido, foi cancelada em
24.11.2000 a Súmula 183, do STJ, que previa a competência da Justiça Estadual.

NÃO há litispendência entre:

• Ação coletiva e ação individual (art. 104, CDC), pois não possuem as mesmas partes no polo ativo;

• Ação coletiva sobre direito difuso e outra voltada à proteção de direito coletivo, pois o objeto desta é mais
limitado do que o daquela;

• Ação para a defesa de direito individual homogêneo e outra que verse acerca de direito difuso, podendo
haver coincidência, no máximo, entre as causas de pedir.

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Por outro lado, PODE haver litispendência entre:

• Ação civil pública que tenha por objeto a desconstituição de um ato lesivo ao meio ambiente e uma ação
popular com o mesmo fim. Para Celso Fiorillo, a diferença entre os legitimados não exclui a identidade das
partes ativas, pois exercem direito cuja titularidade pertence à coletividade. Por esse motivo, o resultado da
lide, nos dois casos, é estendido a todos os titulares do direito ao meio ambiente.

#SELIGANASÚMULA: Súmula 489 do STJ (também aplicável em matéria ambiental): Reconhecida a continência,
devem ser reunidas na Justiça Federal as ações civis públicas propostas nesta e na Justiça estadual.

Pedido na ACP Ambiental:

O STJ passou a admitir, com fundamento no princípio da reparação integral, a cumulação de pedidos de
obrigação de fazer/não fazer/condenação pecuniária, não obstante a literalidade do art. 3º, Lei 7347/1985, indicar
o contrário (REsp 1114893).

Considerando que a tutela ambiental é fungível, o juiz pode, sem incidir em decisão extra ou ultra petita,
fazer as determinações necessárias à recuperação do meio ambiente, ainda que não tenha sido instado a tanto
(REsp 967375). Tal fato tem levado parte da doutrina a afirmar que o pedido, na ACP ambiental, é ABERTO.

Prescrição:

O pleito de recuperação do meio ambiente degradado é IMPRESCRITÍVEL, visto que o direito ao meio
ambiente ecologicamente equilibrado é fundamental, não sendo permitido a uma geração subtrair da subsequente
referido direito (REsp 1120117).

É possível, nos termos do art. 5º, §6º, Lei 7347/85, que os órgãos legitimados firmem TAC objetivando tratar
de temas ambientais. TAL TERMO NÃO PODERÁ TRANSACIONAR SOBRE A MATÉRIA AMBIENTAL, MAS TÃO
SOMENTE SOBRE A FORMA DE CUMPRIMENTO DAS OBRIGAÇÕES AMBIENTAIS.

Obs. O STJ decidiu que a assinatura de TAC ambiental não é capaz de afastar a tipicidade penal, pois a exten-
são nesta seara não é alcançada pela esfera administrativa ou civil - independência de instâncias. O cumprimento
do TAC servirá, no máximo, para atenuar a sanção penal imposta.

MANDADO DE SEGURANÇA EM MATÉRIA AMBIENTAL

ÎÎLEGITIMIDADE ATIVA

- Partidos políticos com representação no Congresso Nacional (os quais podem defender quaisquer direitos ine-
rentes à sociedade);

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- Organizações sindicais;

- Entidades de classe e

- Associações, as quais devem estar legalmente constituídas e é necessário que atuem na defesa dos interesses dos
seus membros associado. No caso das associações, estas devem estar em funcionamento há pelo menos 1 ANO.

ÎÎLEGITIMIDADE PASSIVA

-Somente a pessoa estatal poderá ser demandada e nunca o particular. Desse modo, este mandado será pro-
posto contra autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder público
quando estes por ato de ilegalidade ou abuso de poder ofenderem direito líquido e certo, tendo esta caracterís-
tica o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado.

13 - Crimes contra o meio ambiente. Responsabilidade penal ambiental. Responsabilidade penal da


pessoa jurídica. Ação e processo penal. Competência para julgar os crimes contra o meio ambiente.
Crimes contra a fauna. Crimes contra a flora. Crimes contra o ordenamento urbano e patrimônio cultural.
Crimes de poluição.

AÇÃO PENAL AMBIENTAL

Crime ambiental é qualquer dano ou prejuízo causado aos elementos que compõem o meio ambiente,
isto é, o conjunto de condições, leis, influências, alterações e interações de ordem física, química e biológica, que
permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas, descritos na legislação pertinente.

A Lei 9.605/98 trata dos Crimes Ambientais.

O art. 3o dessa lei estabelece a responsabilização penal da pessoa jurídica independentemente da pes-
soa física. Para isso, é necessário que haja uma decisão tomada no âmbito da empresa, e que essa decisão (cujo
resultado represente o crime ambiental) tenha se dado no interesse ou em benefício da pessoa jurídica.

O art. 225 da CF traz menção expressa às medidas de natureza penal. É o que autores, como Luiz Régis
Prado, costumam chamar de Mandados de Criminalização. A ideia é de ordem expressa de criminalização de
determinadas condutas lesivas ao meio ambiente, no caso, as infrações ambientais.

A lei permite a desconsideração da personalidade jurídica quando a pessoa jurídica é um anteparo para a
prática de atos que violam o meio ambiente. A aplicação da desconsideração da personalidade jurídica no Direito
Ambiental filia-se à teoria menor, isto é, basta o dano ao meio ambiente para que seja autorizada a desconside-
ração, não há a necessidade de se comprovar o abuso da personalidade jurídica.

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A ação penal é sempre pública incondicionada.

A proteção do meio ambiente constitui-se em um interesse da União, tanto que a sua proteção é também
competência do ente federal, nos termos do artigo 23, VI, da CF/88. Ocorre que, em regra, esse interesse é gené-
rico, de forma que a competência, na maioria dos crimes ambientais é da Justiça Estadual. Somente
haverá competência da Justiça Federal se, no caso concreto, for comprovado o interesse direto e espe-
cífico da União ou de suas entidades.

#DEOLHONAJURIS:
É possível a responsabilização penal da pessoa jurídica por delitos ambientais independentemente da
responsabilização concomitante da pessoa física que agia em seu nome. A jurisprudência não mais adota a
chamada teoria da “dupla imputação”. STJ. (Info 566).

Para IMPOSIÇÃO E GRADAÇÃO DA PENALIDADE, a autoridade competente observará:

❶ a GRAVIDADE DO FATO, tendo em vista os motivos da infração e suas consequências para a saúde
pública e para o meio ambiente;

❷ os ANTECEDENTES do infrator quanto ao cumprimento da legislação de interesse ambiental;

❸ a SITUAÇÃO ECONÔMICA do infrator, no caso de multa.

São CIRCUNSTÂNCIAS QUE ATENUAM a pena:

99Baixo grau de instrução ou escolaridade do agente;


99Arrependimento do infrator, manifestado pela espontânea reparação do dano, ou limitação significativa
da degradação ambiental causada;
99Comunicação prévia pelo agente do perigo iminente de degradação ambiental;
99Colaboração com os agentes encarregados da vigilância e do controle ambiental.

 São CIRCUNSTÂNCIAS QUE AGRAVAM a pena, quando não constituem ou qualificam o crime:

❶ REINCIDÊNCIA nos crimes de natureza ambiental;

❷ TER O AGENTE COMETIDO A INFRAÇÃO:

99Para obter vantagem pecuniária;


99Coagindo outrem para a execução material da infração;
99Afetando ou expondo a perigo, de maneira grave, a saúde pública ou o meio ambiente;

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99Concorrendo para danos à propriedade alheia;


99Atingindo áreas de unidades de conservação ou áreas sujeitas, por ato do Poder Público, a regime especial
de uso;
99Atingindo áreas urbanas ou quaisquer assentamentos humanos;
99Em período de defeso à fauna;
99Em domingos ou feriados;
99À noite;
99Em épocas de seca ou inundações;
99No interior do espaço territorial especialmente protegido;
99Com o emprego de métodos cruéis para abate ou captura de animais;
99Mediante fraude ou abuso de confiança;
99Mediante abuso do direito de licença, permissão ou autorização ambiental;
99No interesse de pessoa jurídica mantida, total ou parcialmente, por verbas públicas ou beneficiada por
incentivos fiscais;
99Atingindo espécies ameaçadas, listadas em relatórios oficiais das autoridades competentes;
99Facilitada por funcionário público no exercício de suas funções.

#SELIGA. #SURSISAMBIENTAL. Em matéria ambiental, a suspensão condicional da pena pode ser aplicada nos
casos de condenação a pena privativa de liberdade não superior a três anos. Não incide, portanto, a regra do
art. 77 do CP!

#SELIGANAJURIS.#AJUDAMARCINHO.
❶ Compete à Justiça Federal julgar crime ambiental praticado dentro de unidade de conservação cria-
da por decreto federal. Se o crime ambiental for cometido em unidade de conservação criada por decreto fe-
deral, a competência para julgamento será da Justiça Federal tendo em vista que existe interesse federal na ma-
nutenção e preservação da região. Logo, este delito gera possível lesão a bens, serviços ou interesses da União,
atraindo a regra do art. 109, IV, da Constituição Federal. STJ. 3ª Seção. CC 142.016/SP, Rel. Min. Reynaldo Soares
da Fonseca, julgado em 26/08/2015. Por outro lado, não haverá competência da Justiça Federal se o crime foi
praticado dentro de área de proteção ambiental criada por decreto federal, mas cuja fiscalização e administração
foi delegada para outro ente federativo: No caso, embora o local do dano ambiental esteja inserido na Área de
Proteção Ambiental da Bacia do Rio São Bartolomeu, criada pelo Decreto Federal n. 88.940/1993, não há falar
em interesse da União no crime ambiental sob apuração, já que lei federal subsequente delegou a fiscalização
e administração da APA para o Distrito Federal (art. 1º da Lei n. 9.262/1996). 3. Conflito conhecido para declarar
a competência do Juízo de Direito da Vara Criminal e Tribunal do Júri de São Sebastião/DF, o suscitado. STJ. 3ª
Seção. CC 158.747/DF, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 13/06/2018.

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❷ Assinatura de TAC não impede processo penal. A assinatura do termo de ajustamento de conduta com
órgão ambiental não impede a instauração de ação penal. Isso porque vigora em nosso ordenamento jurídico o
princípio da independência das instâncias penal e administrativa. STJ. Corte Especial. APn 888-DF, Rel. Min. Nancy
Andrighi, julgado em 02/05/2018 (Info 625).
❸ O delito previsto na primeira parte do art. 54 da Lei nº 9.605/98 possui natureza formal, sendo suficiente a
potencialidade de dano à saúde humana para configuração da conduta delitiva, não se exigindo, portanto, a
realização de perícia.
Art. 54. Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam resultar em danos à saúde
humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruição significativa da flora. Pena — reclusão, de
um a quatro anos, e multa. STJ. 3ª Seção. EREsp 1417279-SC, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 11/04/2018
(Info 624).
❹ Art. 56 da Lei 9.605/98 é crime de perigo abstrato e dispensa prova pericial. O crime previsto no art. 56,
caput, da Lei nº 9.605/98 é de perigo abstrato, sendo dispensável a produção de prova pericial para atestar a no-
cividade ou a periculosidade dos produtos transportados, bastando que estes estejam elencados na Resolução
nº 420/2004 da ANTT. Art. 56.Produzir, processar, embalar, importar, exportar, comercializar, fornecer, transportar,
armazenar, guardar, ter em depósito ou usar produto ou substância tóxica, perigosa ou nociva à saúde humana
ou ao meio ambiente, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou nos seus regulamentos: Pena -
reclusão, de um a quatro anos, e multa. STJ. 6ª Turma.REsp 1439150-RS, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, julgado
em 05/10/2017 (Info 613).
❺ Pesca de um único peixe que é devolvido, ainda vivo, ao rio em que foi pescado: princípio da insigni-
ficância. Não se configura o crime previsto no art. 34 da Lei nº 9.605/98 na hipótese em que há a devolução do
único peixe – ainda vivo – ao rio em que foi pescado. STJ. 6ª Turma. REsp 1.409.051-SC, Rel. Min. Nefi Cordeiro,
julgado em 20/4/2017 (Info 602).
❻ O crime do art. 64 da Lei 9.605/98 absorve o delito do art. 48. O crime de edificação proibida (art. 64 da
Lei 9.605/98) absorve o crime de destruição de vegetação (art. 48 da mesma lei) quando a conduta do agente
se realiza com o único intento de construir em local não edificável. STJ. 6ª Turma. REsp 1639723-PR, Rel. Min. Nefi
Cordeiro, julgado em 7/2/2017 (Info 597).
❼ A tipificação da conduta descrita no art. 48 da Lei 9.605/98 prescinde de a área ser de preservação
permanente. Isso porque o referido tipo penal descreve como conduta criminosa o simples fato de “impedir
ou dificultar a regeneração natural de florestas e demais formas de vegetação”. STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp
1498059-RS, Rel. Min. Leopoldo de Arruda Raposo (Desembargador Convocado do TJ/PE), julgado em 17/9/2015
(Info 570).
❽ É possível a responsabilização penal da pessoa jurídica por delitos ambientais independentemente da res-
ponsabilização concomitante da pessoa física que agia em seu nome. A jurisprudência não mais adota a chama-
da teoria da “dupla imputação”. STJ. 6ª Turma. RMS 39173-BA, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em
6/8/2015 (Info 566). STF. 1ª Turma. RE 548181/PR, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 6/8/2013 (Info 714).
❾ É repercussão geral a seguinte tese: Compete à Justiça Federal processar e julgar o crime ambiental de

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caráter transnacional que envolva animais silvestres, ameaçados de extinção e espécimes exóticas ou protegidas
por compromissos internacionais assumidos pelo Brasil. Assim, nem todo crime ambiental de caráter transacional
ou que envolva animais protegidos por compromissos internacionais assumidos pelo Brasil será de competência
da JF.

14 - O Direito Ambiental Internacional. Conceito. Fontes do Direito ambiental internacional. Princípios


gerais do direito ambiental internacional. MERCOSUL e Direito Ambiental Internacional. Procedimentos
administrativos de prevenção de dano ambiental nacional transfronteiriço. As Organizações Não-
Governamentais. ONGs.
17- Conceito de Poluição. Poluição das águas. Poluição Atmosférica. Poluição por resíduos sólidos. Poluição
por rejeitos perigosos. Poluição por agrotóxicos. Poluição sonora. Áreas de Preservação Permanente e
Unidades de Conservação: Fundamento Constitucional. Política Estadual de Mudanças Climáticas. Lei
estadual nº 4.555/2014. Pagamento por Serviços Ambientais. Lei estadual nº 5.235/2018. Mudança do
Clima e Mercado de Carbono.

Lei estadual nº 5.235/2018 - Dispõe sobre a Política Estadual de Preservação dos Serviços Ambien-
tais, cria o Programa Estadual de Pagamento por Serviços Ambientais (PESA), e estabelece um Sistema de
Gestão deste Programa.

Art. 1 º Esta Lei define conceitos, objetivos, diretrizes e ações da Política Estadual de Preservação dos Serviços
Ambientais, institui o Programa Estadual de Pagamento por Serviços Ambientais (PESA), e estabelece um
Sistema de Gestão deste Programa.
Parágrafo único. O Programa Estadual de Preservação dos Serviços Ambientais tem como objetivo disci-
plinar e fortalecer a atuação do Poder Público Estadual em relação aos serviços ambientais, de forma a promover
o desenvolvimento sustentável, a conservação ambiental e a incentivar a provisão e a manutenção desses serviços
em todo território estadual.
Art. 3º São princípios e diretrizes do Programa Estadual de Serviços Ambientais:
I - incentivo à manutenção e à provisão de produtos e de serviços ambientais em todos os biomas do Estado
do Mato Grosso do Sul, contribuindo para o benefício socioambiental regional e local;
II - criação e apoio às ações para o incentivo à manutenção e à provisão de serviços ambientais e para a
redução de emissões de desmatamento e da degradação florestal - REDD+;
III - criação de modelos sustentáveis para as cadeias econômicas dependentes dos produtos e dos serviços
ambientais, respeitando princípios e critérios de salvaguardas sociais e ambientais, visando a assegurar à ma-
nutenção da biodiversidade, à conservação de ecossistemas naturais, à restauração de áreas degradadas e à
melhoria dos sistemas produtivos e a garantia da qualidade de vida da sociedade;
IV - criar estruturas de governança que permitam uma ampla participação social na gestão e no incremento
dos benefícios dos serviços ambientais implementados por esta Lei;

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V - promoção da integridade ambiental, com inclusão social de populações rurais em situação de vulnera-
bilidade;
VI - restabelecimento, recuperação, manutenção ou melhoramento de áreas prioritárias para conservação
da biodiversidade ou para preservação da beleza cênica;
VII - formação, melhoria e manutenção de corredores ecológicos;
VIII - reconhecimento da contribuição da agricultura familiar e das comunidades tradicionais para a conser-
vação ambiental;
IX - prioridade para áreas sob maior risco socioambiental;
X - promoção da gestão de áreas prioritárias para o uso sustentável e a repartição de benefícios da biodi-
versidade;
XI - observação às disposições da Lei Federal nº 12.187, de 29 de dezembro de 2009, que instituiu a Política
Nacional de Mudanças Climáticas, e da Lei Federal nº 12.651, de 25 de maio de 2012, que institui o novo código
florestal, assim como das demais políticas nacionais, estaduais e normas gerais que regulam ou que venham a
contribuir com incentivos e com pagamentos por serviços ambientais;
XII - observação e integração com o Plano Estadual de Agricultura de Baixa Emissão de Carbono de Mato
Grosso do Sul - Plano ABC, gerenciado por grupo gestor instituído por Decreto Estadual nº 14.159, de 16 de abril
de 2015;
XIII - cumprimento e integração com as normas e as diretrizes do Zoneamento Ecológico Econômico de
Mato Grosso do Sul, estabelecidas pela Lei Estadual nº 3.839, de 2009;
XIV - observação e articulação com o Programa Estadual de Recuperação de Pastagens Degradadas;
XV - justiça e equidade na repartição dos benefícios econômicos e sociais oriundos dos produtos e dos
serviços vinculados aos programas associados a esta Lei;
XVI - transparência, eficiência e efetividade na administração dos recursos financeiros, com participação
social na formulação, gestão, monitoramento, avaliação e na revisão do sistema e de seus programas;
XVII - fortalecimento da identidade e do respeito à diversidade cultural, com o reconhecimento do papel
das populações extrativistas e tradicionais, povos indígenas e agricultores na conservação, preservação, uso suste-
ntável e na recuperação dos recursos naturais, em especial da floresta;
XVIII - fomento da cooperação nacional e internacional, tendo por objetivo o reconhecimento das atividades,
das ações, dos serviços, dos produtos e dos créditos resultantes dos programas;
XIX - (VETADO);
XX - promoção e cooperação em pesquisas técnico-científicas, tecnológicas e socioeconômicas que integrem
a cultura e os conhecimentos tradicionais associados para o melhor entendimento a respeito da dinâmica, ma-
nutenção, mensuração e da valoração dos produtos e dos serviços ambientais;
XXI - valorização dos ativos ambientais existentes no território sulmato-grossense, tais como, o carbono

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retido pelas formações florestais, a biodiversidade, os serviços hídricos, as belezas cênicas, dentre outros, por meio
de metodologias que se baseiem tanto no fluxo desses ativos como em seus estoques;
Art. 4º Para os fins desta Lei, e observados os princípios e as diretrizes nela dispostos, poderão ser utilizados
os seguintes instrumentos:
I - instrumento de arranjo institucional;
II - instrumento de planejamento;
III - instrumento de captação, gestão e transferência de recursos, monetários ou não, públicos ou privados,
dirigidos ao pagamento dos serviços ambientais;
IV - instrumento de assistência técnica e capacitação voltado à promoção dos serviços ambientais;
V - instrumento de cooperação técnica;
VI - instrumento de repartição dos benefícios financeiros e não financeiros aos provedores-recebedores;
VII - inventário de áreas potenciais para a promoção de serviços ambientais;
VIII - Cadastro Estadual de Pagamento por Serviços Ambientais e de Certificação de Ativos;
IX - cooperação técnico-científica.
Parágrafo único. Para atingir o objetivo do Programa, serão destacados os serviços ambientais concernentes
às formações de Florestas, Cerrado e Pantanal e suas fitofisionomias, beleza cênica, sequestro e estoque de carbo-
no, conservação e uso do solo, conservação e valorização da biodiversidade, regulação do clima, serviços hídricos,
dentre outros.
Art. 6º O Programa Estadual de Pagamento por Serviços Ambientais, vinculado à Política Estadual
de Mudanças Climáticas (PEMC), tem por objetivos:
I - proteger e conservar os ecossistemas naturais do Estado de Mato Grosso do Sul, propiciando a ma-
nutenção dos serviços ambientais ao mesmo tempo em que promove o desenvolvimento socioeconômico das
populações humanas e o bemestar da população em geral;
II - reduzir o desmatamento dos biomas Cerrado, Mata Atlântica e do Pantanal em suas diversas fisionomias
e as demais formações florestais no Estado de Mato Grosso do Sul e, consequentemente, minimizar a emissão de
gases de efeito estufa e manter o estoque de carbono florestal;
III - proteger, conservar e estimular o uso sustentável dos recursos hídricos, mantendo sua qualidade, seus
processos e suas funções ecológicas, ao mesmo tempo em que sua disponibilização seja assegurada para as ger-
ações presentes e futuras;
IV - criar e fortalecer estruturas de governança que permitam a interoperabilidade e o reconhecimento
mútuo, em âmbito nacional e internacional (incluindo entre unidades subnacionais) dos programas e dos projetos
desenvolvidos para incentivar a manutenção e a provisão de serviços ambientais;
V - fomentar a criação de instrumentos de gestão, que viabilizem a execução de programas e de projetos
voltados para a manutenção e à provisão dos serviços ambientais;

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VI - estabelecer, por meio de regulamentação de instrumentos legais, a facilitação da ação de potenciais fo-
mentadores e investidores e a garantia da justa repartição de benefícios aos provedores-recebedores dos produtos
e serviços ambientais;
VII - estabelecer infraestrutura e adoção de sistemas e de instrumentos de medição, coleta, análise, mensu-
ração, validação, monitoramento, verificação e de valoração dos produtos e dos serviços ambientais;
VIII - estruturar e fortalecer a atuação do Poder Público na manutenção da integridade dos ecossistemas
e dos serviços ambientais, assim como para o bem estar da população, valorizando os agentes e as atividades
responsáveis pela conservação e pela melhoria dos serviços ambientais;
IX - (VETADO);
X - estimular o desenvolvimento de ciência, tecnologia e inovação para garantir a sustentabilidade do pat-
rimônio genético dos ambientes naturais do Estado de Mato Grosso do Sul.
Art. 7º Fica criado o Sistema de Gestão de Serviços Ambientais do Estado de Mato Grosso do Sul, com
o objetivo de reconhecer, incentivar e de gerenciar todos os programas, subprogramas e projetos estaduais rel-
acionados a esta Lei que contribuam para a conservação, recuperação e o incremento dos serviços ambientais.
§ 1º A Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricul-
tura Familiar (SEMAGRO), instância máxima de deliberação do Programa de Serviços Ambientais deverá ter
como competência específica estabelecer um arranjo institucional estável, que assegure a eficiência na regulação,
controle, monitoramento, avaliação, fiscalização e no registro, para assegurar um ambiente de confiança para
fomentadores, investidores, provedores e para beneficiários dos serviços ambientais.
§ 2º Os Titulares indicados pela SEMAGRO deverão atender aos seguintes objetivos específicos:
I - estabelecer normas complementares ao Programa;
II - realizar e atualizar inventários para fornecer embasamento à consolidação, quando couber, de linhas de
base e de metas no âmbito do Programa;
III - operacionalizar o Programa, os subprogramas e os projetos, nos termos estabelecidos por esta Lei;
IV - aprovar, após consulta pública e manifestação de entidades científicas interessadas, padrões de desen-
volvimento de projetos de sustentabilidade e de demais metodologias do programa e dos subprogramas, inclusive
para registro e para certificação que assegurem critérios necessários, adequados e proporcionais para a medição,
quantificação, verificação, rastreabilidade e para a transparência dos serviços ambientais;
V - expedir, após manifestação técnica conclusiva dos setores técnicos competentes, a declaração de elegib-
ilidade de projetos de provisão de serviços ambientais;
VI - aprovar, após manifestação científica conclusiva dos setores técnicos competentes, o registro dos proje-
tos de provisão de serviços ambientais;
VII - prestar, direta ou indiretamente, no âmbito do Programa, o serviço de certificação e o registro de
serviços ambientais, observados os padrões de desenvolvimento de projetos de sustentabilidade;

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VIII - expedir ou autorizar certificados providos por meio dos projetos desenvolvidos, no âmbito do Programa;
IX - efetuar o controle e o monitoramento do cumprimento das metas e dos objetivos estabelecidos pelo Pro-
grama e em cada subprograma ou projeto, podendo, para tanto, utilizar-se do Cadastro Ambiental Rural previsto
na Lei Federal nº 12.651, de 25 de maio de 2012, ou de outro cadastro nacional ou regional;
X - autorizar o credenciamento de entidades públicas ou privadas, para validar, verificar e para operar pro-
jetos no âmbito do Programa e dos subprogramas.
§ 3º (VETADO).
§ 4º O Sistema poderá reconhecer, também, projetos federais, municipais ou privados que se adequem às
suas finalidades e aos seus critérios.
Art. 16. O pagamento por serviços ambientais poderá ocorrer por meio da emissão de Certificado de Serviços
Ambientais (CSA), nominativos, quantificados, registrados e transacionáveis.
§ 1º Os Certificados Ambientais consistem em créditos representativos e em áreas com vegetação nativa
primária ou secundária, em estágio avançado de regeneração.
§ 2º O CSA terá natureza de direito sobre bem intangível, incorpóreo e transacionável, representativo de
serviço ambiental provido por meio de projetos aprovados, registrados, monitorados e validados pelo Estado de
Mato Grosso do Sul, consoante com padrões de desenvolvimento e de sustentabilidade previamente definidos.
Art. 17. Os CSAs poderão ser emitidos em duas modalidades:
I - de titularidade pública: quando vinculados a serviços ambientais providos por órgão ou por entidade da
Administração Pública do Estado de Mato Grosso do Sul;
II - de titularidade privada: quando vinculados a serviços ambientais providos por pessoa natural ou jurídica
de direito privado.
Parágrafo único. Os CSAs deverão ser transacionados em bolsas de mercadorias de âmbito nacional ou em
sistemas de registro e de liquidação de ativos autorizados pelo Banco Central do Brasil, que deverão assegurar
sistema de registro para contabilizar e para rastrear as transações.

15 – Espaços territoriais especialmente protegidos. SNUC – Sistema Nacional de Unidades de Conservação


da Natureza. Código Florestal. Lei da Mata Atlântica. Proteção do Cerrado e do Pantanal. Decreto estadual
nº 14.273/2015.

Decreto estadual nº 14.273/2015 - Dispõe sobre a Área de Uso Restrito da planície inundável do Pantanal,
no Estado de Mato Grosso do Sul, e dá outras providências.

Art. 2º Para os efeitos deste Decreto entendese por: I Área de Uso Restrito da planície inundável do Pantanal :
área da planície pantaneira delimitada pelo Zoneamento EcológicoEconômico do Estado de Mato Grosso do Sul
(ZEEMS), instituído pela Lei nº 3.839, de 28 de dezembro de 2009 , incluindo toda a Zona Planície Pantaneira (ZPP),
fragmentos da Zona Depressão do Miranda (ZDM) e da Zona do Chaco (ZCH), e ajustada ao trabalho científico

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de autoria de João dos Santos Vila da Silva e Myrian de Moura Abdon, publicado na revista Pesquisa Agropecuária
Brasileira, v.33, número especial, p. 17031711, de outubro de 1998, intitulado “Delimitação do Pantanal Brasileiro e
suas subregiões”, a partir de sua adequação na escala de 1:50 mil, conforme Anexo deste Decreto.
Art. 4º A utilização da Área de Uso Restrito da planície inundável do Pantanal não poderá comprometer as funções
ambientais das áreas que as compõem, quais sejam, as de:
I preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade;
II facilitar o fluxo gênico de fauna e flora;
III proteger o solo;
IV assegurar o bem estar das populações humanas locais.
Art. 8º O Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (IMASUL) estabelecerá critérios para a recomposição
da vegetação das Áreas de Preservação Permanente (APPs) inseridas na Área de Uso Restrito da planície inundável
do Pantanal , que tenham sido degradadas ou utilizadas em desacordo com as possibilidades permitidas na Lei
Federal nº 12.651, de 2012, e no presente Decreto.
Art. 9º Na Área de Uso Restrito da planície inundável do Pantanal , a escolha das áreas de Reserva Legal deverá
levar em conta a possibilidade de contemplar, preferencialmente, as áreas de vegetação nativa de porte arbóreo,
em detrimento das áreas de campo nativo.
§ 1º A área de Reserva Legal na Área de Uso Restrito da planície inundável do Pantanal será de 20% (vinte por
cento), observado o disposto no art. 15 da Lei Federal nº 12.651, de 2012.
§ 2º É permitido o pastoreio extensivo pelo gado nas áreas de Reserva Legal, exclusivamente, sob os seguintes
critérios:
I se a Reserva Legal não se restringir apenas a áreas florestais ou de vegetação nativa de porte arbóreo, e possuir
em seu interior áreas de pastagens nativas;
II se o uso pecuário for efetuado de forma a reduzir a biomassa vegetal, e, consequentemente, o risco de incêndios
florestais;
III se o uso pecuário não descaracterizar a cobertura vegetal e não prejudicar a conservação da vegetação nativa
da área de Reserva Legal;
IV se o uso pecuário não comprometer a manutenção da diversidade de espécies e a resiliência da Reserva Legal.
Art. 10. São vedadas as alterações no regime hidrológico da Área de Uso Restrito da planície inundável do Pantanal
, em especial aquelas resultantes da construção de diques, canais de drenagem, barragens e outras formas de
alteração da quantidade e da distribuição da água, exceto aquelas:
I previamente autorizadas pelo IMASUL, em decorrência das hipóteses de utilidade pública, e de interesse social;
II consideradas de baixo impacto, a exemplo da construção de tanques para dessedentação animal e da implan-
tação de poços semiartesianos.
Art. 12. Consideramse prérequisitos, para a concessão de autorizações ou de licenças ambientais, a comprovação
de que:

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I o imóvel rural está regularmente inscrito no Cadastro Ambiental Rural de Mato Grosso do Sul (CARMS);
II o órgão ambiental competente não registrou infração administrativa, transitada em julgado nos últimos três
anos, referente à supressão irregular de vegetação nativa no respectivo imóvel;
III o manejo do gado nas pastagens nativas está sendo conduzido em atendimento às recomendações técnicas,
voltado ao seu melhor rendimento e a conservar a qualidade, disponibilidade, diversidade e a capacidade de re-
cuperação dessas pastagens;
IV o manejo do gado nas pastagens cultivadas seja conduzido em atendimento às recomendações técnicas, com
vistas ao seu melhor rendimento e a evitar ou a minimizar a sua degradação;
V a limpeza das pastagens nativas e cultivadas, assim como o uso do fogo para manejo da vegetação campestre,
está sendo conduzido conforme critérios estabelecidos pelo IMASUL;
VI as áreas de Reserva Legal, de Preservação Permanente e, caso existente, as áreas de Mata Atlântica, de que
trata o art. 14 da Lei Federal nº 11.428, de 22 de dezembro de 2006, estão sendo protegidas e utilizadas dentro das
possibilidades legais.
Art. 13. Na Área de Uso Restrito da planície inundável do Pantanal , a supressão da vegetação nativa em proprie-
dades rurais somente poderá ser realizada após prévio licenciamento no IMASUL.

16 – Política Nacional de Recursos Hídricos. Política Nacional de Saneamento Básico. Política Nacional de
Resíduos Sólidos. Política Estadual de Recursos Hídricos. Lei estadual nº 2.406/2002.

Lei estadual nº 2.406/2002 - Institui a Política Estadual dos Recursos Hídricos, cria o Sistema Estadual de
Gerenciamento dos Recursos Hídricos e dá outras providências.

Art. 2º A Política Estadual dos Recursos Hídricos tem por finalidade:


I - assegurar, em todo o território do Estado, a necessária disponibilidade de água, para os atuais usuários e ger-
ações futuras, em padrões de qualidade e quantidade adequados aos respectivos usos;
II - promover a compatibilização entre os múltiplos e competitivos usos dos recursos hídricos, com vistas ao desen-
volvimento sustentável;
III - promover a prevenção e defesa contra os eventos hidrológicos críticos, de origem natural ou decorrentes do
uso inadequado dos recursos naturais, que ofereçam riscos à saúde e à segurança pública ou prejuízos econômicos
ou sociais;
IV - incentivar a preservação, conservação e melhoria quantitativa e qualitativa dos recursos hídricos.
Art. 3º Para atendimento de suas finalidades, a Política Estadual dos Recursos Hídricos baseia-se nos seguintes
princípios:
I - a água é um recurso natural limitado, bem de domínio público e dotado de valor econômico;
II - todos os tipos de usuários terão acesso aos recursos hídricos, devendo a prioridade de uso observar critérios

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sociais, ambientais e econômicos;


III - adoção da bacia hidrográfica como unidade físico-territorial de implementação da Política Estadual dos Recur-
sos Hídricos e atuação do Sistema Estadual de Gerenciamento dos Recursos Hídricos;
IV - a gestão dos recursos hídricos do Estado será descentralizada e deverá contar com a participação do Poder
Público, dos usuários e da comunidade.
Art. 4º São diretrizes básicas de implementação da Política Estadual dos recursos hídricos:
I - a gestão dos recursos hídricos do Estado deve proporcionar o uso múltiplo das águas, observando-se os as-
pectos de quantidade e qualidade adequadas às diversidades físicas, bióticas, demográficas, econômicas, sociais e
culturais das regiões;
II - a integração da gestão das bacias hidrográficas com todos os processos do ciclo hidrólogo, águas superficiais e
subterrâneas em seus aspectos de qualidade e quantidade;
III - a compatibilização da gestão dos recursos hídricos com a gestão ambiental;
IV - a articulação do planejamento dos recursos hídricos com o dos setores usuários e com os planejamentos re-
gionais, estadual e nacional;
V - a articulação e integração especial com órgãos ou entidades regionais, nacionais e internacionais;
VI - o estabelecimento de rateio dos custos das obras e aproveitamentos múltiplos, de interesse coletivo ou comum,
entre os beneficiários;
VII - a articulação da gestão dos recursos hídricos com a do uso do solo.
Art. 6º São instrumentos da Política Estadual dos Recursos Hídricos:
I - o Plano Estadual dos Recursos Hídricos;
II - o enquadramento dos corpos d’água em classes, segundo os usos preponderantes da água;
III - a outorga de direito de uso dos recursos hídricos;
IV - a cobrança pelo uso dos recursos hídricos;
V - o Sistema Estadual de Informações dos Recursos Hídricos.
Art. 8º O Plano Estadual dos Recursos Hídricos será elaborado por bacia hidrográfica pela Secretaria de Estado de
Meio Ambiente, Cultura e Turismo e aprovado pelo Conselho Estadual dos Recursos Hídricos.
Art. 11. Estão sujeitos a outorga pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Cultura e Turismo, dentre outros
estabelecidos pelo Conselho Estadual dos Recursos Hídricos, os seguintes usos do recurso:
I - derivação ou captação de parcela da água existente em um corpo de água para consumo final, inclusive abas-
tecimento público, ou insumo de processo produtivo;
II - extração de água de aqüífero subterrâneo para consumo final ou insumo de processo produtivo;
III - lançamento em corpo de água de esgotos e demais resíduos líquidos ou gasosos, com o fim de sua diluição,

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transporte ou disposição final;


IV - aproveitamento de potenciais hidrelétricos;
V - outros usos que alterem o regime, a quantidade ou a qualidade da água existente em um corpo de água.
§ 1º A outorga, nos casos de usos insignificantes, deverá ser substituída por Comunicação de Obra ao Órgão
Concedente, sempre que tiver formulário próprio assinado por responsável técnico, excetuados os casos de usos
dos recursos hídricos com potencial de grande interferência no meio ambiente.
§ 2º O órgão fiscalizador disporá, no caso da Comunicação de Obra prevista no parágrafo anterior, do prazo de
30 (trinta) dias para fiscalizar o empreendimento ou exigir maiores providências, findos os quais, não havendo
contradição oficial, considerar-se-á o empreendedor autorizado a realizar a obra proposta.
Art. 16. A outorga de direito de uso dos recursos hídricos poderá ser suspensa parcial ou totalmente, em definitivo
ou por prazo determinado, nas seguintes circunstâncias:
I - não-cumprimento pelo outorgado dos termos da outorga;
II - ausência de uso por três anos consecutivos;
III - necessidade premente de água para atender a situações de calamidade, inclusive as decorrentes de condições
climáticas adversas;
IV - necessidade de prevenir ou reverter grave degradação ambiental;
V - necessidade de atender a usos prioritários, de interesse coletivo, para os quais não se disponha de fontes al-
ternativas;
VI - necessidade de manutenção das características de navegabilidade do corpo de água.
Art. 17. A outorga de direitos de uso dos recursos hídricos far-se-á por prazo de até 35 ( trinta e cinco) anos, ren-
ovável.
Art. 20. A cobrança pelo uso dos recursos hídricos deverá ser implantada por bacia hidrográfica, a partir de propos-
ta dos correspondentes comitês, cujos valores serão definidos, ouvidos os comitês locais, pelo Conselho Estadual
dos Recursos Hídricos.
§ 1º São considerados insignificantes e serão isentos da cobrança pelo direito de uso da água as capacitações
e derivações empregadas em processo produtivo agropecuário, assim como os usos destinados à subsistência
familiar rural ou urbana, mantida, em todos os casos, entretanto, a obrigatoriedade de cadastramento no órgão
outorgante.
Art. 23. As agroindústrias que dispuserem de sistema próprio de captação, tratamento e reciclagem de água, com
projetos aprovados pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Cultura e Turismo, serão isentas da cobrança pelo
direito de uso da água.
§ 1º Para fazer jus à isenção, as agroindústrias deverão comprovar, ao órgão estadual competente, por meio de
projeto técnico detalhado, a existência do sistema de que trata o caput deste artigo. de tratamento de reciclagem
de água em perfeitas condições de funcionamento, atendendo, inclusive, às determinações das autoridades

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competentes para alterar o projeto, quando for o caso.


§ 3º Verificando-se, a qualquer tempo, que a agroindústria infringiu quaisquer das condições sob as quais lhe foi
conferida a isenção, o benefício será imediatamente cancelado, cobrando-se-lhe as taxas pelo uso da água, sem
prejuízo da aplicação das demais penalidades cabíveis pela infração das leis que protegem o meio ambiente.
Art. 24. Os produtores rurais que mantiverem sistema de irrigação de lavouras estarão isentos da cobrança pelo
direito do uso da água, desde que comprovado o aumento da produtividade agrícola do beneficiário e a não polu-
ição da água.
Art. 28. Fica criado o Sistema Estadual de Gerenciamento dos Recursos Hídricos com a finalidade de promover a
execução da Política Estadual dos Recursos Hídricos e a formulação, atualização e aplicação do Plano Estadual dos
Recursos Hídricos, congregando órgãos estaduais, municipais e a sociedade civil, devendo atender aos princípios
constantes da Constituição do Estado de Mato Grosso do Sul; da Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997 e legislações
decorrentes e complementares, bem como desta Lei. Art. 29. Integram o Sistema Estadual de Gerenciamento dos
Recursos Hídricos:
I - o Conselho Estadual dos recursos hídricos;
II - os Comitês das Bacias Hidrográficas;
III - a Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Cultura e Turismo e a Secretaria de Estado da Produção;
IV - as Agências de Águas.
Art. 30. Fica instituído o Conselho Estadual dos Recursos Hídricos, órgão de instância superior do Sistema Estadual
de Gerenciamento dos Recursos Hídricos.
Art. 34. Os Comitês de Bacias Hidrográficas, órgãos deliberativos e normativos, no âmbito das bacias hidrográficas,
serão instituídos em rios de domínio do Estado, por meio de Resolução do Conselho Estadual dos Recursos Hídricos,
mediante indicação das comunidades locais da bacia respectiva.
Art. 39. A Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Cultura e Turismo, assegurará suporte técnico e administrativo
necessário ao funcionamento do Sistema Estadual de Gerenciamento dos Recursos Hídricos.
Art. 40. As Agências de Águas exercerão a função de secretariaexecutiva e terão a mesma área de atuação dos re-
spectivos Comitês de Bacias Hidrográficas. Parágrafo único. A criação das Agências de Águas será autorizada pelo
Conselho Estadual dos Recursos Hídricos mediante solicitação de um ou mais Comitês de Bacias Hidrográficas.
Art. 41. A criação da Agência é condicionada ao atendimento dos seguintes requisitos:
I - prévia existência do Comitê de Bacia Hidrográfica;
II - viabilidade financeira assegurada pela cobrança do uso dos recursos hídricos em área de atuação.

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