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Sobre a situação em questão, observa-se que a controvérsia entre o reclamante e seu patrono
decorrem da decisão judicial proferida nesse processo, motivo pelo qual, a teor do art. 114, da
Constituição Federal, chamo o processo a ordem para tornar sem efeito o despacho de Id. c9efb39
para reconhecer a competência para apreciar a controvérsia ainda existente nos presentes autos.
Nesse aspecto, cabe destacar que, compulsando os autos, verifica-se que o reclamante no dia
21/01/2021 apresentou correspondência eletrônica (Id. 279b11d) manifestando o seu
inconformismo sobre a cobrança de honorários advocatícios que entende abusiva, haja visto que foi
pactuado com o seu patrono o percentual de 30% (trinta por cento), porém foi retido o percentual de
40% (quarenta por cento).
Sendo apreciado pelo Juízo, na oportunidade, foi determinado que fosse dado ciência ao respectivo
patrono para que apresentasse manifestação no prazo de 05 (cinco) dias sobre os questionamentos
do reclamante, consoante r. decisão de Id. C892271.
O patrono do reclamante, então, foi cientificado para que se manifestasse nos autos sobre os
questionamentos do reclamante, conforme documento de Id. 43Fa1a5, em 14 de abril de 2021,
permanecendo o patrono do reclamante inerte até a presente data.
Em face a inércia do patrono do reclamante, presume-se como incontroverso nos autos que as partes
entabularam honorários no percentual de 30% (trinta por cento), porém foi retido o percentual de
40% (quarenta por cento).
Analisando essa temática na órbita da ética profissional, o Tribunal de Ética da Ordem dos
Advogados do Brasil – Seção São Paulo, consolidou entendimento no sentido de que a fixação de
honorários para ações trabalhistas e previdenciárias em percentual superior ao da vigente tabela de
honorários, que é no limite máximo de 30% sobre o proveito econômico advindo ao cliente, é
considerado imoderado, consoante demonstram as ementas abaixo transcritas:
Deste modo, considerando os termos da Resolução nº 09, de 27 de fevereiro de 2018, da Ordem dos
Advogados do Brasil – Seção Pará, na qual expressamente estabelece que “os honorários
contratados pelo êxito na demanda trabalhista serão de até 30% (trinta por cento), percentual que
não poderá ser excedido em qualquer hipótese”, acolhe-se o requerimento do reclamante,
determinando-se que o patrono da parte autora proceda, no prazo de 05 (cinco) dias, a comprovação
da retenção de 30% (trinta por cento) incidente sobre o crédito trabalhista a título de honorários
advocatícios e do respectivo repasse do valor restante ao trabalhador, sob pena de bloqueio de suas
contas bancárias no valor correspondente a 10% (dez por cento) do crédito trabalhista objetivando
regularizar o correto pagamento do autor da ação.
Em face da presente situação já ter se ter repetido em outros processos, remeta-se cópia da presente
decisão, como também das peças processuais pertinentes ao Ministério Público do Trabalho, ao
Ministério Público Estadual e à Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Pará, para adotarem as
providências que entenderem cabíveis.