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INTERPRETAÇÃO RÁPIDA DA GASOMETRIA

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INTRODUÇÃO

A análise dos gases sanguíneos (sangue arterial) é um recurso de extrema utilidade


para a avaliação da oxigenação do sangue, da ventilação pulmonar e do estado ou
equilíbrio ácido-base do organismo. A análise dos gases no sangue venoso informa
sobre o consumo ou a extração de oxigênio nos tecidos e, portanto, indiretamente,
informa sobre o estado do metabolismo celular.

É essencial lembrar que os resultados dos exames, inclusive a gasometria, devem


sempre ser correlacionados com os dados clínicos dos pacientes. Certos parâmetros
da gasometria, contudo, ainda que os pacientes estejam assintomáticos, podem
indicar a necessidade de tratamento. Esse é o caso, por exemplo, da hipocapnia
arterial. Um paciente pode tolerar a PaCO2 baixa por um determinado tempo;
entretanto, uma vez identificada, a hipocapnia deve ser corrigida, para evitar o
aparecimento dos sintomas, que podem ser de grande severidade.
Dentre as inúmeras aplicações práticas das informações do presente material,
destacamos a assistência aos pacientes mantidos com respiradores mecânicos,
estados de choque, envenenamentos e estados agudos de insuficiência cardíaca,
respiratória ou renal, além dos pacientes submetidos à circulação extracorpórea em
qualquer das suas modalidades.
OXIGENAÇÃO

Uma das informações mais importantes obtidas pela análise dos gases sanguíneos
diz respeito à oxigenação do sangue. Em outras palavras, a análise do sangue nos
informa sobre o conteudo de oxigênio.
Isso é de fundamental importância para avaliar a oferta de oxigênio às células do
organismo. O metabolismo apenas pode se processar adequadamente, com a
utilização do oxigênio (metabolismo aeróbico).
O oxigênio é transportado para as células pela corrente sanguínea, combinado à
hemoglobina e, em pequena parte, dissolvido na água do plasma. Os valores da
análise dos gases (gasometria), importantes para avaliar a oxigenação são a PaO2 e a
SaO2.
Nota Importante: A convenção para a padronização da grafia dos valores dos
gases, recomenda usar as seguintes letras:
P (maiúsculo) - Representa a pressão parcial exercida pelo gás. PO2 é a pressão
(tensão) parcial do oxigênio. PCO2 é a tensão (pressão) parcial do dióxido de carbono.
S (maiúsculo) - Representa o gráu de saturação da hemoglobina. SO2 portanto,
representa, o grau de saturação da hemoglobina pelo oxigênio.
A (maiúsculo) - Representa os gases no ar contido nos alvéolos dos pulmões (ar
alveolar).
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a (minúsculo) - Representa os gases contidos no sangue arterial.
v (minúsculo) - Representa os gases contidos no sangue venoso.
De acordo com a convenção acima, portanto, temos:
PaO2 - Representa a pressão parcial do oxigênio no sangue arterial.
PvO2 - Representa a pressão parcial do oxigênio no sangue venoso.
PaCO2 - Representa a pressão parcial do dióxido de carbono no sangue arterial.
PvCO2 - Representa a pressão parcial do dióxido de carbono no sangue venoso.
SaO2 - Representa a saturação de oxigênio da hemoglobina no sangue arterial.
SvO2 - Representa a saturação de oxigênio da hemoglobina no sangue venoso.
PAO2 - Representa a pressão parcial de oxigênio no ar alveolar.

Em condições normais, cerca de 97% do oxigênio transportado dos pulmões para os


tecidos são carreados em combinação química com a hemoglobina, no interior das
hemácias. Os restantes 3% do oxigênio encontram-se dissolvidos na água do plasma
e das células. Portanto, em condições normais, o transporte do oxigênio para as
células do organismo é feito quase que totalmente pela hemoglobina.
A PaO2 é a medida da pressão parcial do oxigênio no sangue arterial, mas refere-se
apenas ao oxigênio dissolvido no plasma. A PaO2 não reflete a disponibilidade total
de oxigênio para os tecidos. A PaO2 é medida em milímetros de mercúrio (mmHg).
A SaO2 ou a saturação de oxigênio mede a proporção em que o oxigênio está ligado à
hemoglobina. A saturação é expressa em percentual. A saturação de oxigênio normal
do sangue que alcança o átrio esquerdo é de 98%. A saturação é um melhor indicador
da disponibilidade total de oxigênio para as células do organismo. Entretanto, há um
certo paralelismo entre a pressão parcial e a saturação, conforme expressa a curva de
dissociação da hemoglobina.
A afinidade do oxigênio pela hemoglobina se altera devido à temperatura e ao pH do
sangue. Essas alterações podem ser melhor compreendidas ao observarmos a Curva
de Dissociação da Oxihemoglobina.

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Figura - Efeito do pH e da concentração de CO 2 na afinidade da hemoglobina ao
oxigénio
O abaixamento do pH de 7.4 (curva vermelha) para 7.2 (curva azul) resulta em
libertação de O2 pela oxi-hemoglobina. O aumento da pressão parcial de CO 2 de 0
para 40 torr (curva violeta), também promove a libertação de O2

Cada molécula de hemoglobina possui quatro radicais heme, capazes de se ligar ao


oxigênio. Quando os radicais heme estão todos combinados ao oxigênio, a molécula
resultante é a oxihemoglobina.
Outras Combinações da Hemoblobina
Embora a hemoglobina seja um pigmento específico para o transporte de oxigênio,
outras substâncias podem ligar-se aos radicais heme e originar diferentes
hemoglobinas - Por exemplo:
Os fumantes e as pessoas que inalam a fumaça podem ter a sua hemoglobina
saturada com monóxido de carbono (CO). Esta combinação origina a
carboxihemoglobina - ela confere uma coloração "cereja" ao sangue e, é evidente,
reduz drasticamente o transporte do oxigênio para o organsimo. As intoxicações por
monóxido de carbono, podem ser fatais.
Outros agentes podem alterar a hemoglobina e produzir a metahemoglobina,
sulfohemoglobina e outras hemoglobinas. Em todas essas hemoglobinas, o lugar do
oxigênio na molécula é ocupado por outras substâncias, inúteis ao metabolismo
celular. O transporte do oxigênio fica reduzido; há, portanto, hipóxia.
Na hipóxia o sangue chega aos tecidos carregando uma menor quantidade de
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oxigênio, em relação ao normal. Ao contrário, na isquemia, o sangue com uma
saturação normal de oxigênio, chega aos tecidos em menores quantidades que o
normal.
Em outras palavras: Hipóxia é o resultado da perfusão dos tecidos com sangue
contendo uma menor quantidade de oxigênio.
Isquemia é o resultado da redução do fluxo de sangue que perfunde os tecidos.

OXIGENAÇÃO - SANGUE ARTERIAL E VENOSO

A difusão do oxigênio dos alveólos pulmonares para o sangue ocorre movida pela
diferença entre as pressões parciais. Estas tendem a igualar-se nos dois lados da
membrana dos alvéolos, para cada gás existente no sangue e no ar do interior dos
aovéolos.
A PO2 do sangue venoso que entra nos capilares pulmonares é de apenas 40 mmHg
(PvO2 = 40 mmHg). A PO2 no ar dos alvéolos pulmonares é de 104 mmHg (PAO2 =
104 mmHg). A diferença de 64 mmHg força o oxigênio a passar do ar alveolar para o
sangue que circula nos capilares dos alvéolos. Ao alcançar 1/3 do comprimento do
capilar, o sangue já está "arterializado". A PaO2 do sangue arterial é, portanto, de 104
mmHg.
Normalmente o sangue arterial está 98% saturado de oxigênio.
Ao atravessar os tecidos, o sangue arterial cede o seu oxigênio às células, para as
atividades metabólicas. Ao deixar os capilares dos tecidos para juntar-se nas vênulas,
a pressão parcial do oxigênio no sangue (PvO2) é de aproximadamente 35 a 40
mmHg. A saturação de oxigênio do sangue venoso oscila em torno de 70 a 75%.
Quando a PvO2 e/ou a saturação do sangue venoso estão abaixo daqueles valores,
significa que a extração de oxigênio pelos tecidos está aumentada. Isto pode ocorrer
por uma exacerbação do metabolismo (febre, por exemplo) ou por uma redução do
fluxo de sangue que perfunde os tecidos (estados de choque).
A medida dos gases no sangue arterial e venoso, simultaneamente, em certas
ocasiões, pode contribuir decisivamente para o diagnóstico e o tratamento de uma
série de condições de extrema gravidade.

SIGNIFICADO DO pH

O pH é um índice criado para representar a concentração de íons hidrogênio (H+)


existente em uma solução.
Como os valores da concentração dos íons hidrogênio livres em uma solução eram
representados por números com diversas casas decimais, tornou-se mais simples a
representação logarítimica. Desse modo o pH representa o logarítimo inverso do
número de íons hidrogênio livres em uma solução.
A escala do pH varia de 1 a 14. A água foi tomada como elemento padrão para a
comparação dos demais elementos da natureza. O pH da água é sete (7) e representa
o ponto central da escala do pH.
A água é uma substância neutra (pH = 7). Todas as substâncias cujo pH está
compreendido entre 1 e 7 são denominadas ácidas. Todas as substâncias cujo pH
está compreendido entre 7 e 14 são denominadas alcalinas ou bases.
A figura ilustra a escala do pH e as faixas de acidez (ácidos) e de alcalinidade (bases).
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A água é o solvente universal dos
líquidos orgânicos, como o
sangue, por exemplo. A presença
de outras substâncias dissolvidas
na água do sangue, como os
sistemas tampões, faz com que o
pH do sangue seja ligeiramente
alcalino. O pH do sangue normal varia entre 7,35 e 7,45 .
Quando o pH do sangue está abaixo de 7,35 dizemos que há acidose. Ao contrário,
quando o pH do sangue está acima de 7,45 dizemos que há alcalose. É importante
notar que a escala de pH relativa ao sangue considera a faixa de pH do sangue normal
(7,35 - 7,45) como a faixa de neutralidade.

COMPONENTE RESPIRATÓRIO

O componente ou mecanismo respiratório, controla a quantidade de dióxido de


carbono do sangue. Esse controle é exercido através da frequência e da profundidade
da ventilação.
Sabemos que o CO2 (dióxido de carbono) produzido pelo metabolismo das células é
dissolvido no sangue para ser eliminado do organismo através da respiração
(ventilação). O CO2 reage com a água (H2O) e essa reação química produz o ácido
carbônico que dissocia em HCO3- (íon bicarbonato) e H+ (íon hidrogênio), que tende a
reduzir o pH do sangue.
Sempre que houver acúmulo de CO2 no sangue, o mecanismo da ventilação tende a
eliminar mais CO2, para manter o pH do sangue dentro da faixa da normalidade.
Sempre que houver redução da quantidade de CO2 no sangue o mecanismo da
ventilação reduz a frequência respiratória e o CO2 se acumula, para recompor os
valores do sangue normal.
Apesar de eficiente, o mecanismo respiratório pode compensar as alterações apenas
dentro de certos limites. Superados aqueles limites ocorrem os desvios.
O acúmulo de CO2 aumenta, como vimos, a quantidade de íons hidrogênio livres no
sangue. Logo o pH tende a cair. Produz-se acidose. Como a causa dessa acidose é a
acumulação de CO2 devido à ineficiência do mecanismo respiratório, a acidose
produzida é denominada acidose respiratória.
A eliminação excessiva do CO2 do sangue tende a reduzir a quantidade de íons
hidrogênio livres e, portanto, o pH tende a elevar-se. Produz-se alcalose. Como a
causa dessa alcalose é o excesso de eliminação do CO2, devido ao mecanismo
respiratório, a alcalose produzida é denominada alcalose respiratória.
A pressão parcial do CO2 no sangue arterial normal oscila entre 35 e 45 mmHg /PaO2
= 35 - 45 mmHg.
Se uma acidose (pH inferior a 7,35) se acompanhar de uma PaCO2 superior a 45
mmHg, estaremos diante de uma acidose respiratória. Ao contrário, se uma alcalose
(pH superior a 7,45) se acompanhar de uma PaCO2 inferior a 35 mmHg, estaremos
diante de uma alcalose respiratória.
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É importante ressaltar que a ventilação é separada da oxigenação. A ventilação
refere-se apenas à entrada e saída de ar dos pulmões e/ou à eliminação do CO2.
Em condições normais de funcionamento, a oxigenação ocorre sem dificuldades.
Entretanto, pode haver redução da oxigenação com a ventilação normal. Isso ocorre
quando há "shunts intra-pulmonares".
O dióxido de carbono (CO2) existe sob várias formas no sangue. Uma parte do CO2
está dissolvida no plasma. A PaCO2 representa a pressão parcial do CO2 dissolvido
no plasma e, como vimos, é representado em mmHg. A outra parcela do CO2
combina-se com a hemoglobina ou fica dissolvida no interior das hemácias.
Em resumo:

1. O mecanismo respiratório (profundidade e frequência das respirações) controla


o CO2 do sangue.
2. O CO2 em solução é um ácido.
3. A PaCO2 elevada causa acidose (pH abaixo de 7,35), ou neutraliza uma alcalose.
4. A PaCO2 baixa causa alcalose (pH acia de 7,45), ou neutraliza uma acidose.

COMPONENTE METABÓLICO

O componente ou mecanismo metabólico consiste de um grupo de substâncias que


participam da regulação do pH do sangue e dos demais líquidos orgânicos.
As substâncias mais importantes são os sistemas tampão do bicarbonato. Os outros
sistemas tampão, são o sistema do fosfato e o sistema das proteinas. Como seu
efeito é lento e complexo, não serão analisados. O sistema "buffer" ou tampão
realmente importante na manutenção do pH é o sistema bicarbonato.
O bicarbonato (componente metabólico) existe em equilíbrio com o ácido carbônico
(componente respiratório) para regular o pH dos líquidos orgânicos.
O íon bicarbonato (HCO3-) é o regulador metabólico. Quando há excesso de íons
hidrogênio livres, o ion bicarbonato combina-se ao hidrogênio em excesso e forma o
ácido carbônico (H2CO3) que por sua vez se decompõe em CO2 e água. O excesso de
CO2 é eliminado pelo mecanismo respiratório e a água é eliminada pelos rins.
Nos rins, o ácido carbônico é transformado em bicarbonato pela troca de hidrogênio
por sódio.
A elevação do bicarbonato no sangue causa alcalose ou neutraliza uma acidose.
A redução do bicarbonato no sangue causa acidose ou neutraliza uma alcalose.
Quando a acidose ocorre com a PaCO2 normal e o bicarbonato baixo, estamos
diante de uma acidose metabólica.
Quando a alcalose ocorre com a PaCO2 normal e o bicarbonato elevado,
estamos diante de uma alcalose metabólica.
O valor normal do bicarbonato no sangue oscila entre 22 e 26 mEq/l.

EXCESSO OU DÉFICIT DE BASES

Para analisar o equilíbrio ácido-base mediante os resultados da gasometria, devemos


considerar:

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A chave para tratar um distúrbio ácido-base é a compreensão da sua natureza.
Devemos entender o papel do ácido carbônico e a relação entre os ácidos e as
bases.
O dióxido de carbono, quando dissolvido em água, comporta-se como um
ácido.
O CO2 é produzido pelo metabolismo celular.
O mecanismo respiratório para regular o equilíbrio ácido-base é muito rápido e
age em poucos minutos.
O mecanismo metabólico é mais lento e pode tardar horas para iniciar sua
correção.
A maior defesa do organismo para corrigir os desvios do equilíbrio ácido-base é
o sistema tampão ácido carbônico/bicarbonato.
A seguinte equação ilustra o fenômeno: CO2 + H2O <--> H2CO3 <-->
(HCO3-) + (H+)
O pH normal é mantido pelo balanço do ácido carbônico H2CO3 e o
bicarbonato HCO3- .
A gasometria demonstra a qualidade da oxigenação do sangue e a causa dos
desvios do equilíbrio ácido-base, quando existentes.
Ambos os mecanismos (respiratório ou metabólico) podem produzir acidose ou
alcalose.
É comum a compensação de um distúrbio pelo outro. Assim uma alcalose pode
compensar uma acidose e vice-versa.
Para o tratamento adequado, devemos identificar a causa da acidose ou da
alcalose.

VALORES NORMAIS DO SANGUE

Observe que o pH do sangue


venoso é ligeiramente mais
baixo que o do sangue arterial. Isso é devido à maior concentração do CO2 que o
sangue venoso transporta dos tecidos, para eliminação nos pulmões.
Observe também que após ceder oxigênio aos tecidos, a PO2 e a SO2 do sangue
venoso ficam bastante reduzidas, em relação aos valores do sangue arterial.

INTERPRETAÇÃO POR ETAPAS

A interpretação da gasometria pode ser feita de um modo simples, seguindo-se


etapas:
PRIMEIRA ETAPA
Observar o pH.
Um valor abaixo de 7,35 indica a presença de acidose.
Um valor acima de 7,45 indica a presença de alcalose.
SEGUNDA ETAPA
Observar a PaCO2.
Um valor acima de 45 mmHg indica que a acidose é de natureza respiratória.
Um valor abaixo de 35 mmHg indica que a alcalose é de natureza respiratória.

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TERCEIRA ETAPA
Observar o bicarbonato (-HCO3).
Quando o componente respiratório é excluido como causador do distúrbio (PaCO2
normal), a sua natureza é certamente metabólica.
Um bicarbonato abaixo de 22 mEq/l acompanha as acidoses metabólicas. Há um
déficit de bases no sangue que pode ser calculado. O valor do déficit de bases indica
a severidade do distúrbio. Um déficit de bases de -5 mEq/l acompanha uma acidose
leve. Acima de 10 mEq/l temos as acidose graves.
Um bicarbonato superior a 26 mEq/l acompanha as alcaloses metabólicas. Há um
excesso de bases no sangue que pode ser calculado. Estas alcaloses, em geral, são
mais benignas.
QUARTA ETAPA
Avaliar o excesso ou o déficit de bases no sangue.
O sangue normal tem o BE (BD) entre - 2,5 e + 2,5 mEq/l. Valores abaixo ou acima
acompanham os distúrbios.
BD maior que - 5 ou - 10 acompanham as acidoses leves e moderadas. Acidoses
severas cursam com déficits maiores.
BE maior que + 5 mEq/l acompanha as alcaloses leves a moderadas. Raramente o BE
é superior a + 10. Nesses casos, geralmente o paciente recebeu doses excessivas de
bicarbonato de sódio ou outros agentes alcalinos.
QUINTA ETAPA
Observar a PaO2 e a SaO2
Se a PaO2 estiver acima de 65 mmHg e a SaO2 estiver acima de 90% podemos
considerar a oxigenação como satisfatória. Uma saturação do sangue arterial (SaO2)
abaixo de 80% indica hipóxia, tanto mais severa quanto mais baixa a saturação.
Abaixo de 76 a 78% de saturação do sangue arterial pode surgir a cianose dos lábios e
das extremidades.
SEXTA ETAPA
Identificar a ação dos mecanismos de compensação.
Por exemplo, se a PaCO2 está elevada e o PH está normal, houve compensação da
acidose respiratória.
Os distúrbios compensados são menos graves e, em geral, não requerem
tratamento.

EXEMPLOS PRÁTICOS

1
Gasometria (sangue arterial):
pH=7,30
PaCO2=48 mmHg
HCO3= 18 mEq/l
BD= - 7 mEq/l
PaO2= 85 mmHg
SaO2=98%
Interpretação -
1. O pH está abaixo de 7,35 e indica a presença de acidose.
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2. A PaCO2 está acima de 45 mmHg e indica retenção de CO2 (causa respiratória).
3. O bicarbonato de 18 mEq/l indica um déficit de bicarbonato.
4. Há um deficit de bases de - 7
5. A oxigenação está normal.
Conclusão: Acidose Respiratória
2
Gasometria (sangue arterial):
pH= 7,48
PaCO2=37 mmHg
HCO3= 29 mEq/l
BE = + 6 mEq/l
PaO2= 93 mmHg
SaO2= 96%
Interpretação:
1. O pH está acima de 7,45 e indica a presença de alcalose.
2. A PaCO2 está normal. Indica um distúrbio provavelmente metabólico.
3. O bicarbonato está acima de 26 mEq/l. Isso indica um excesso de bases e confirma
a alteração metabólica.
4. Há um excesso de bases de + 6 mEq/l.
5. A oxigenação está normal.
Conclusão: Alcalose Metabólica
3
Gasometria (sangue arterial):
pH= 7,10
PaCO2= 27 mmHg
HCO3= 8 mEq/l
BD= - 20 mEq/l
PaO2= 42 mmHg
SaO2= 52%
Interpretação:
1. O pH está muito abaixo de 7,35 e indica a presença de uma acidose severa.
2. A PaCO2 está abaixo de 27 mmHg. Indica que o componente respiratório tentou
compensar a acidose.
3. O bicarbonato está abaixo de 22 mEq/l. Isso indica um distúrbio de origem
metabólica.
4. Há um grande déficit de bases ( - 20 mEq/l).
5. A PaO2 e a saturação de oxigênio estão baixos. Isso indica a presença de hipóxia
(severa no presente exemplo.
Conclusão: Acidose Metabólica
4
Gasometria (sangue arterial):
pH= 7,50
PaCO2= 38 mmHg
HCO3= 30 mEq/l
BE = + 5 mEq/l
PaO2= 75 mmHg
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SaO2=94%
Interpretação:
1. O pH está acima de 7,45 e indica a presença de alcalose.
2. A PaCO2 está normal. Isso afasta uma causa respiratória para a alcalose.
3. O bicarbonato está elevado, acima de 26 mEq/l. Isso indica uma causa metabólica
para a alcalose.
4. O BE está elevado (+ 5 mEq/l). Isso indica que há um excesso de bases no sangue.
5. A PaO2 e a saturação de oxigênio estão normais.
Conclusão: Alcalose Metabólica
5
Gasometria (sangue arterial):
pH= 7,56
PaCO2= 26 mmHg
HCO3= 24 mEq/l
BD= - 2,5 mEq/l
PaO2= 80 mmHg
SaO2= 98%
Interpretação:
1. O pH está acima de 7,45 e indica a presença de alcalose.
2. A PaCO2 está abaixo de 35 mmHg e indica uma causa respiratória para a alcalose.
3. O bicarbonato está normal.
4. O BD está dentro da faixa normal.
5. A PaO2 e a saturação de oxigênio estão normais, indicando uma oxigenação
satisfatória.
Conclusão: Alcalose Respiratória

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