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COMO A PSICOLOGIA E A PEDAGOGIA SE

COMPLEMENTAM NO CENÁRIO ESCOLAR PÓS-


PANDEMIA DA EDUCAÇÃO INFANTIL DO COLÉGIO
JOÃO DE BARRO – RIO DE JANEIRO

YASMIN ACCIOLI LOBO

Rio de Janeiro
2022
COMO A PSICOLOGIA E A PEDAGOGIA SE
COMPLEMENTAM NO CENÁRIO ESCOLAR PÓS-
PANDEMIA DA EDUCAÇÃO INFANTIL DO COLÉGIO
JOÃO DE BARRO – RIO DE JANEIRO

YASMIN ACCIOLI LOBO

Monografia de graduação em Pedagogia


apresentada à Universidade Veiga de
Almeida para obtenção do título de
licenciatura em Pedagogia, sob orientação da
Prof.ª. Roseli Gabriel

Rio de Janeiro
2022
YASMIN ACCIOLI LOBO

COMO A PSICOLOGIA E A PEDAGOGIA SE COMPLEMENTAM NO


CENÁRIO ESCOLAR PÓS-PANDEMIA DA EDUCAÇÃO INFANTIL DO
COLÉGIO JOÃO DE BARRO – RIO DE JANEIRO

Trabalho de conclusão da graduação em Pedagogia defendido e aprovado em 23/06/2022


pela banca examinadora constituída pelos professores:

-------------------------------------------------------------

Prof.ª. Mestre Roseli Gabriel (professora orientadora)

---------------------------------------------------------------

Prof.ª.

---------------------------------------------------------------

Prof.ª.

Rio de Janeiro
2022
AGRADECIMENTOS

Em primeiro agradeço a Deus pela oportunidade de realizar este sonho, de


completar uma segunda graduação numa área correlata a primeira graduação (Psicologia).

Sou muito grata a minha mãe, por ter estado presente durante todo esse processo,
pela força, amizade, compreensão, e principalmente por ter acreditado no meu potencial,
sem ela não estaria hoje alcançando essa vitória. E ao meu pai Ricardo pelo incentivo que
me deu durante a faculdade e por ter estado presente para aplaudir minhas vitórias.

Agradeço ao meu namorado Filipe que leu minha monografia diversas vezes.

Por último, um agradecimento especial a minha orientadora Roseli Gabriel pelos


seus ensinamentos, sua paciência e motivação.
EPÍGRAFE

“A minha contribuição foi encontrar


uma explicação segundo a qual, por trás da
mão que pega o lápis, dos olhos que olham,
dos ouvidos que escutam, há uma criança
que pensa”.

(Emília Ferreiro)
RESUMO

Esta monografia tem por objetivo compreender a atuação do pedagogo e do psicólogo


dentro da instituição escolar, refletindo de que maneira estes profissionais podem
contribuir para o sucesso escolar do alunado. O título do trabalho é o ponto de partida
para a investigação de como é realizado o trabalho pedagógico e psicológico no Colégio
João de Barro (CJB) no cenário pós-pandemia. Para contextualizar o trabalho, foi
realizado um breve panorama da educação no momento pandêmico, mas o foco do
trabalho é a educação no cenário após a pandemia. Este trabalho pretende comprovar que
a presença dos profissionais citados contribui para uma aprendizagem mais significativa
e valorosa e que profissionais da área da educação devem ser qualificados e treinados
para lidar com a aprendizagem que é um processo amplo e complexo e que envolve vários
fatores, como o cognitivo, o afetivo e o social, e que requer dos profissionais citados um
amplo olhar acerca de todos os aspectos importantes para a construção do conhecimento
pelo aluno. Além da aprendizagem ser um processo complexo, há ainda as demandas que
dela decorrem, estas demandas podem ser do próprio aluno ou de sua família, que também
faz parte do universo escolar. A fim de corroborar com o que já foi dito no primeiro
parágrafo, o objetivo do trabalho é o de circunscrever a atuação do pedagogo e do
psicólogo no contexto escolar e identificar as reais necessidades dos alunos e da escola
frente as dificuldades socioemocionais e de aprendizagem que necessitem de intervenção
apropriada. A metodologia utilizada nesta monografia foi a revisão bibliográfica e como
suporte teórico foram utilizados autores reconhecidos em ambas as profissões citadas,
como Jean Piaget, Lev Vygotsky, Henri Wallon, Demerval Saviani, autores da Psicologia
que são ícones da psicologia histórico-cultural e da pedagogia histórico-crítica.

Palavras-chave: Pedagogia. Psicologia. Pandemia. Alunos. Família.


ABSTRACT
This monograph aims to understand the performance of the pedagogue and psychologist
within the school institution, reflecting how these professionals can contribute to the
student's school success. The title of the work is the starting point for the investigation of
how pedagogical and psychological work is performed at The João de Barro College
(CJB) in the post-pandemic scenario. To contextualize the work, a brief overview of
education was carried out at the pandemic moment, but the focus of the work is education
in the scenario after the pandemic. This paper aims to prove that the presence of the
professionals mentioned contributes to a more significant and valuable learning and that
professionals in the area of education should be qualified and trained to deal with learning
that is a broad and complex process and that involves several factors, such as cognitive,
affective and social, and that requires from the professionals mentioned a broad look at
all aspects important for the construction of knowledge by the student. In addition to
learning being a complex process, there are still the demands that arise from it, these
demands can be from the student himself or his family, which is also part of the school
universe. To corroborate what has already been said in the first paragraph, the objective
of the work is to circumscribe the performance of the pedagogue and psychologist in the
school context and to identify the real needs of students and the school in the face of
socio-emotional and learning difficulties that require appropriate intervention. The
methodology used in this monograph was the bibliographic review and as theoretical
support were used recognized authors in both professions cited, such as Jean Piaget, Lev
Vygotsky, Henri Wallon, Demerval Saviani, authors of Psychology who are icons of
historical-cultural psychology and historical-critical pedagogy.

Keywords: Pedagogy. Psychology. Pandemic. Students. Family.


SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO....................................................................................................9
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E REVISÃO DE LITERATURA............11
2.1 CAPÍTULO 1 – UM BREVE PANORAMA DA REALIDADE DAS ESCOLAS
BRASILEIRAS NA PANDEMIA...................................................................................11
2.2 CAPÍTULO 2 – O PAPEL DA PEDAGOGIA NA INSTITUIÇÃO
ESCOLAR.......................................................................................................................17
2.3 CAPÍTULO 3 – A IMPORTÂNCIA DO PSICÓLOGO EDUCACIONAL NO
PROCESSO DE APRENDIZAGEM ESCOLAR............................................................26
2.4 CAPÍTULO 4 – A RELAÇÃO DE COMPLEMENTARIDADE ENTRE A
PEDAGOGIA E A PSICOLOGIA NA INSTITUIÇÃO ESCOLAR...............................32
3. METODOLOGIA DE PESQUISA...................................................................41

CONSIDERAÇÕES FINAIS..........................................................................................46

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................49

APÊNDICES...................................................................................................................55
9

1. INTRODUÇÃO

A pandemia de coronavírus que teve início em março de 2020 afetou por completo
os sistemas educacionais em todo o mundo, levando ao fechamento generalizado de
escolas e universidades.

De acordo com dados da Organização das Nações Unidas para a Educação, a


Ciência e a Cultura (UNESCO), aproximadamente 1,5 bilhões de alunos foram afetados
devido ao fechamento das escolas por conta da pandemia, quando colocamos em números
188 países implementaram fechamentos por completo impactando cerca de 99,4% da
população estudantil do mundo.

Além desses dados, o relatório “Estado da Crise Global da Educação: Um


Caminho para a Recuperação” mostra que em países de rendas baixa e média, a proporção
de crianças que vivem em pobreza de aprendizagem – que já era de 53% antes da
pandemia – pode chegar a 70%, dado os longos períodos de fechamento de escolas e a
ineficácia do ensino à distância para garantir a continuidade total da aprendizagem
durante esse período de fechamento.

Segundo a diretora-geral de Educação da UNESCO, Stefania Giannini, “Apesar


da ação rápida dos governos e de seus parceiros para garantir a continuidade da
aprendizagem, o fechamento de escolas devido à COVID-19 tem dificultado o exercício
do direito de crianças e jovens à educação inclusiva e de qualidade em países de todo o
mundo”.

Podemos com certeza dizer que o surto de covid-19 no Brasil e nos demais países
causou uma enorme crise educacional ao impor o fechamento de escolas e o modelo de
ensino remoto.

No Brasil, é de conhecimento geral que grande parte das escolas fecharam


temporariamente, pois acreditava-se que a pandemia não duraria muito tempo. Entretanto,
a pandemia perdurou mais do que o previsto, e as escolas precisaram pensar em
estratégias e recursos para manter a qualidade do ensino no modelo de Educação a
Distância (EAD).

Com o fechamento das escolas, houve uma “interrupção” do processo de ensino-


aprendizagem, visto que a ausência de interação social entre alunos e professores eleva a
dificuldade de se manter um vínculo e aumenta as chances de evasão escolar
principalmente em crianças em situações de vulnerabilidade, baixa renda, dificuldades de
10

aprendizado, tornando difícil a recuperação desse tempo que foi “perdido”. Essa
interrupção do processo de ensino-aprendizagem e do vínculo afeta a rede de proteção
social e familiar, visto que muitas crianças brasileiras têm na merenda escolar a única
refeição completa e saudável.

Além disso, com o fechamento das escolas e a permanência das crianças em casa
em tempo integral, muitas mães, por serem responsáveis pelo cuidado infantil, ficaram
sobrecarregadas ao precisar dividir o tempo entre o trabalho e o cuidado para com os
filhos.

Diante de todo o exposto, cabe ressaltar que esta monografia apesar de considerar
o impacto da pandemia na educação, tem como tema principal a importância das áreas de
pedagogia e psicologia dentro do cenário escolar pós-pandemia e a relação de completude
destas duas disciplinas.

A ideia central do texto é apresentar uma conceituação das áreas pedagógica e


psicológica na perspectiva do ensino-aprendizagem. O problema de pesquisa que norteia
este trabalho é: de que maneira as áreas de pedagogia e psicologia se relacionam e se
complementam dentro da escola, principalmente após a pandemia?

A partir da definição do tema do trabalho e do problema de pesquisa, foram


definidos os objetivo geral e os específicos. O objetivo geral é reconhecer que a pedagogia
e a psicologia são áreas correlatas dentro da instituição escolar. O primeiro objetivo
específico é o de identificar a importância da pedagogia e da psicologia no ensino-
aprendizagem. O segundo é o de enunciar as semelhanças e diferenças entre as duas
disciplinas. E o terceiro é estabelecer uma relação de complementaridade entre a
pedagogia e a psicologia dentro da escola.

Portanto, a metodologia utilizada neste trabalho é a pesquisa em livros, artigos


científicos e revistas da área escolar que abordem o tema da relação entre as duas áreas
do conhecimento já mencionadas.

E por fim, a relevância deste estudo está em comprovar que a presença de


pedagogos e psicólogos na escola contribui para o sucesso escolar e para uma melhoria
das ações pedagógicas.
11

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 CAPÍTULO 1 – UM BREVE PANORAMA DA REALIDADE DAS ESCOLAS


BRASILEIRAS NA PANDEMIA.

Para dar início a este capítulo podemos dizer que as condições atuais de ensino
na pandemia do COVID-19 tornaram um tanto difícil o acesso à educação para os seis
milhões de alunos matriculados na rede pública de ensino, pois grande parte não tem
acesso à internet e consequentemente não consegue ter acesso à educação a distância
(EAD), segundo matéria do site jornalístico Exame.

É importante levar em consideração que apenas substituir as aulas presenciais por


aulas a distância (online), não resolve o problema de se manter a escola “aberta” e
funcionando, pois, a desigualdade de acesso à internet e a ferramentas de aprendizagem
virtuais afeta milhares de alunos das redes públicas e até uma parcela das escolas
particulares existentes no Brasil.

Além desse fato, há também grande parcela de professores e alunos que não
possuem familiaridade com as ferramentas tecnológicas de aprendizagem a distância que
foram implementadas na pandemia.

Podemos então pensar que as secretarias estaduais e municipais brasileiras


estavam com um problema nas mãos: como lidar com a realidade de escolas fechadas e,
ainda assim, conseguir promover uma educação básica e de qualidade para todos?

Para lidar com a realidade do fechamento das escolas e diminuir os impactos


negativos na vida dos estudantes, grande parte das secretarias estaduais e municipais do
Brasil tem proposto iniciativas, que incluem o ensino à distância não somente via internet,
mas através de apostilas impressas, programas de televisão e rádio que pudessem alcançar
a maior parte dos estudantes brasileiros.

Além da dificuldade de conectividade num país de dimensões territoriais enormes


como é o caso do Brasil, outras desigualdades devem ser também consideradas, como a
falta de alimentação regular por grande parte das crianças e adolescentes que não estão
frequentando a escola de forma presencial, o nível socioeconômico do país, o grau de
instrução das famílias, as diferenças existentes entre as regiões brasileiras e entre os meios
urbano e rural. Para resolver a questão da alimentação escolar que não estava sendo
12

oferecida nas escolas, as secretarias de educação implementaram a distribuição de cestas


básicas para as famílias dos estudantes.

A partir da realidade de escolas brasileiras e estrangeiras fechadas, as secretarias


estaduais e municipais de educação do Brasil tinham exemplos de experiências de como
outros países estavam lidando com a pandemia no contexto educacional.

Enquanto na China, a estrutura de conectividade, tem funcionado muito bem na


oferta de ensino a distância, outros países com baixa cobertura de Internet, celulares ou
televisões, como o Vietnã, têm tido que buscar outros meios para manter o processo de
aprendizagem. A Espanha, por exemplo, solicita aos professores que preparem o
conteúdo de forma impressa e que ofereçam aulas online somente para sanar dúvidas. Já
em Singapura, com a preocupação na qualidade das aulas no contexto da pandemia,
capacitações estão sendo oferecidas para os professores sobre como elaborar estratégias
pedagógicas que funcionem para as aulas ministradas através da Internet.

O fechamento das escolas resultou em perdas significativas de aprendizagem. Por


exemplo, evidências regionais no Brasil, no Paquistão, na Índia rural, na África do Sul e
no México, entre outros, mostram perdas substanciais em matemática e leitura. A análise
mostra que, em alguns países, em média, as perdas de aprendizagem são
aproximadamente proporcionais à duração dos fechamentos.

É de amplo conhecimento que a educação a distância não é uma novidade para


nós, brasileiros, entretanto com o avanço da pandemia, não houve tempo hábil de
planejamento e implementação de forma a oferecer a continuidade do processo de ensino-
aprendizagem sem nenhum tipo de problema e/ou transtorno.

Em face do cenário pandêmico, a necessidade de se adotar o modelo de ensino


remoto se tornou urgente por todo o país, levando professores, coordenadores e diretores
a um debate sobre como manter o ensino no modelo de educação a distância. Esse debate
se tornou cada vez mais frequente nas reuniões pedagógicas, onde a equipe docente
precisava dar continuidade ao ano letivo e a ao mesmo tempo reorganizar e/ou adaptar o
planejamento para priorizar conteúdos e habilidades imprescindíveis aos alunos.

A partir das reuniões realizadas com a equipe docente, estabeleceu-se que a


comunicação entre professor e aluno era extremamente importante para a qualidade do
ensino recebido e que o aluno deveria ter as ferramentas e o suporte necessário para dar
continuidade ao seu processo de aprendizado.
13

A expansão do ensino a distância no Brasil exige planejamento para evitar uma


aumento das desigualdades de aprendizagem dentro e entre as redes de educação. Não é
possível crer que em uma transição repentina para o modelo de ensino a distância sem
considerar se os alunos e as escolas possuem as estruturas necessárias para ofertar esse
ensino funcionaria perfeitamente sem elevar as desigualdades de aprendizado no nosso
país.

Como visto até o momento, no que tange às estratégias e ferramentas para o


desenvolvimento do processo de ensino-aprendizado, a disponibilização de materiais
impressos foi uma das mais utilizadas no início da pandemia, entretanto, essa estratégia
não se mostrou suficientemente boa a longo prazo, desta forma, as escolas passaram a
oferecer atendimentos virtuais e/ou presenciais de forma escalonada a alunos e seus
responsáveis.

A evidência brasileira mostra que mesmo em estados com mais recursos e com
mais escolas com acesso à Internet, grande parte dos professores possuem pouca
familiaridade com as ferramentas e com o uso da Internet para o ensino.

Dessa forma, é imprescindível que as secretarias estaduais e municipais de ensino


e as escolas da rede particular ofereçam apoio efetivo aos docentes na transição para o
ambiente virtual de aprendizagem, e que invistam na formação continuada do docente na
capacitação para o uso das tecnologias e dos instrumentos de monitoramento das
atividades realizadas pelos alunos, pois não adianta somente investir em recursos como o
google classroom, google meet se os professores não souberem utilizar tais ferramentas.

É importante que os professores elaborem aulas que promovam o vínculo, o


engajamento e o prazer em aprender dos estudantes que estão tendo aulas a distância.
Outro ponto importante que merece destaque é que os professores devem incentivar o
envolvimento dos pais na educação de seus filhos, pois esta participação pode reduzir os
efeitos negativos da pandemia na aprendizagem.

Também é importante que as secretarias de educação em parceria com as escolas


façam um levantamento de quais aplicativos e plataformas de ensino se adequam ao
contexto educacional e social de cada região.

Outra possibilidade de melhorar a conectividade dos alunos, é as escolas buscarem


os provedores de internet locais para trabalhar em parceria, objetivando diminuir os custos
de acesso à internet para os alunos.
14

Neste sentido Martin-Barbero (2011, p. 126) nos fala que “a diversificação e a


difusão do saber fora da escola, é um dos desafios mais fortes que o mundo da
comunicação apresenta ao sistema educacional.

Pensando no campo da atuação pedagógica e psicológica, estes profissionais que


atuam no campo escolar, precisaram reinventar a sua práxis para dar continuidade ao
processo de ensino-aprendizagem, visto que com o uso acentuado da tecnologia no dia a
dia, ambos os profissionais precisaram se adequar ao novo contexto de educação.

Pois o ensino a distância exigiu dos professores a transformação do seu fazer


pedagógico, tornando-se um mediador do conhecimento e do aluno um novo papel, o de
protagonista e sujeito ativo na busca do conhecimento.

Este novo modelo de educação solicita dos professores um maior conhecimento


acerca da Educação 4.0, uma educação que engloba o uso de novas tecnologias e que
exige o domínio de conceitos e práticas relacionadas as rápidas inovações que vem
ocorrendo. O educador deve estimular o seu aluno a ser autônomo na construção do
conhecimento, e guiá-lo no processo de desenvolvimento do pensamento crítico e na
capacidade de solucionar problemas complexos.

O papel essencial do professor neste cenário, é incentivar a curiosidade a


descoberta de cada um dos seus alunos. Entretanto, esse papel vai além do conhecimento
técnico e do domínio da tecnologia, é necessário que as competências socioemocionais
sejam levadas em consideração no contexto da Educação 4.0, objetivando a uma inserção
qualificada de alunos e professores, capazes de colaborar uns com os outros e de adaptar-
se à nova realidade educacional, compartilhando saberes e experiências.

E é nesse novo contexto que surgem os “webinários”, seminários realizados de


forma online, com o objetivo de transmitir conhecimentos e sanar dúvidas de forma
síncrona e interativa.

Segundo Martin-Barbero,

“à revolução na era digital dá-se a partir da perspectiva da descentralização do


saber. Atrelado a isso, há, também, a deslocalização e a destemporalização da
aprendizagem, que substituem a centralidade e a linearidade tradicional do
processo de ensino-aprendizagem. (MARTIN-BARBERO, 2014).
A revolução da era digital, o novo paradigma da comunicação digital e a
multiplicidade de saberes, fez com que a escola deixe de ser o lugar principal da
consolidação do saber, não havendo mais limites para o processo de ensino-aprendizado.
15

Porém, não há como pensar no desaparecimento da escola, pois ela é a instituição


responsável por instruir, formar e transformar os alunos em seres autônomos, pensantes/
questionadores e participantes ativos da sociedade.

E a função da escola vai além, além da função de educar, ela também exerce uma
função social, onde o aluno constrói relações com seus colegas, professores e
responsabilidades para com seus compromissos.

O modelo de ensino remoto trouxe consigo facilidades e comodidades, entretanto,


segundo o relatório “Resposta educacional a pandemia de COVID-19 no Brasil”,
conduzido e publicado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais
Anísio Teixeira (INEP), o “modelo de ensino remoto também trouxe déficits ao
aprendizado e a qualidade do ensino”.

De acordo com o relatório citado acima, “o fechamento das escolas provocou um


grande retrocesso educacional nas escolas públicas e particulares de todo o país”, é o que
nos mostra os níveis de proficiência escolar verificado pelo Sistema de Avaliação de
Rendimento Escolar (SARE).

Pensando no futuro pós-pandemia é importante que as escolas tenham bem


definido o planejamento das ações no retorno presencial dos estudantes de forma a reduzir
as possíveis desigualdades sociais e de aprendizado geradas pelo confinamento, além de
ações de busca ativa dos alunos que não retornarem para a escola.

Faz-se importante pensar em ações voltadas para os grupos de risco, como jovens
com alto risco de abandono escolar e famílias em vulnerabilidade social, a escola
necessita oferecer o suporte a famílias carentes para reduzir o choque econômico derivado
da pandemia que, também, afeta o retorno das crianças à escola.

Apesar de toda a dificuldade enfrentada pelas instituições de ensino, a pandemia


nos deixa uma lição de como garantir a continuidade de uma educação de qualidade para
todas as nossas crianças e jovens.

Dessa forma, o cenário pós-pandemia pode ser visto como oportunidade para
modificarmos à nossa maneira de ensinar e aprender, tornando o aprendizado mais
dinâmico, interativo, envolvendo o aluno em seu processo de aprendizagem e a família,
pois essa inovação e mudança trará bons frutos.
16

Assim a escola não pode mais continuar sendo uma mera instituição conteudista,
é necessário haver espaço para projetos de vida que envolvam aprendizados para além da
escola, pensando na vida do aluno com um todo, e não como um recorte da escola como
um local separado das outras áreas da vida.

Para encerrar este capítulo, podemos trazer o conceito de Mozart Neves Ramos
que nos diz que “O Brasil ainda tem uma escola do século XIX, professores do século XX e
alunos do século XXI”. Ou seja, fica de reflexão para mudarmos esse padrão e fazermos uma
prática crítica da pedagogia com os nossos alunos, como já mencionava Paulo Freire.
17

2.2 CAPÍTULO 2 – O PAPEL DA PEDAGOGIA NA INSTITUIÇÃO


ESCOLAR

Após ilustrar no capítulo anterior o cenário da educação brasileira e internacional


no contexto da pandemia, podemos afirmar que ela é um fenômeno complexo que se
desdobra em variados contextos e necessidades, principalmente após a retomada das aulas
presenciais no período pós-pandemia, assunto este que é um dos focos deste trabalho.

Com o retorno presencial dos alunos, a escola precisou se preparar e modificar


algumas práticas que já não funcionariam tão bem como antes do período de isolamento
social. Em especial, a atuação dos pedagogos ganhou grande destaque e importância para
o sucesso dos alunos em questões ligadas a aprendizagem e da instituição escolar como
um todo.

As mudanças decorrentes do período pandêmico tiveram grande impacto no


cenário escolar e o pedagogo foi cada vez mais solicitado a resolver problemas e/ou
transtornos de aprendizagem variados que surgiram no decorrer do tempo.

Tendo em vista o retorno presencial do alunado, questões emergentes que ficaram


“escondidas” na pandemia vieram à tona, sobretudo dificuldades específicas de
aprendizagem e transtornos em uma boa parcela da população escolar.

A fim de contextualizar a atuação do pedagogo, um breve resumo acerca do


surgimento da pedagogia no Brasil fez-se necessário. Podemos dizer que ela é o estudo
de princípios aplicados ao ramo da educação considerando métodos específicos, bem
como a solução de problemas de aprendizagem e o desenvolvimento de crianças e
adolescentes. A partir deste conceito, o profissional que se forma em pedagogia recebe o
nome de pedagogo e é sua função identificar dificuldades e limitações de cada aprendiz.

Entretanto, mesmo com essa definição de pedagogia, não é tarefa fácil conceituá-
la, pois, não há um simples resposta do que ela é, muitos teóricos tentaram e dizem que a
pedagogia se origina do termo grego “paidagogo”, onde a palavra paidós significa criança
e a palavra agogós significa aquele que conduz. Em linhas bem gerais, o pedagogo é
aquele que acompanha as crianças no seu aprendizado escolar.

Porém, o debate sobre a demarcação das fronteiras epistemológicas da pedagogia


é bastante amplo e como destaca Ghiraldelli Jr. (2006),

(...) existem três tradições principais que influenciam os estudiosos


contemporâneos nas suas acepções atuais sobre a pedagogia: como utopia,
18

como ciência ou como filosofia, seja de forma “alternada ou


concomitantemente”, seja “negativa ou positivamente” com ênfases distintas.
A pedagogia pode ser considerada como a ciência que estuda a educação, ou como
um “conjunto de métodos que asseguram o ensino de determinados conteúdos, ou até
mesmo a definição de que ela é a “profissão ou exercício do ensino”.

Segundo Ricardo Antunes de Sá (2008, p. 59), professor da Universidade Federal


do Paraná, por exemplo, sendo a pedagogia uma ciência aplicada para a prática educativa
(SCHMIED-KOWARZIK, 1983), seu objeto de estudo é a educação (escolar e não-
escolar).

O autor segue nos dizendo conforme indicação de Libâneo (2007, p. 17) que:

“[...] a pedagogia é o campo científico que faz uma reflexão sistemática sobre
a prática educativa, a educação, que é o objeto de estudo da pedagogia”.
Apesar de a pedagogia ser uma ciência que lida com a educação, o senso comum
ainda a enxerga como prática voltada para a docência na educação infantil e uma questão
de “dom”, “talento” ou uma “vocação” natural para ensinar.

Diante do exposto até o momento e trazendo à tona o foco do trabalho, que faz
uma breve revisão acerca da pedagogia no campo escolar, podemos utilizar a definição
de Franco, Libâneo e Pimenta (2007, p.64), que nos diz que etimologicamente pedagogia
significa “arte de condução de crianças”.

Podemos dizer então que se educação e ensino dizem respeito a crianças, então se
o ensino se dirige a crianças na educação básica, logo, quem ensina é pedagogo, que
também é visto como um “ensinador de crianças”.

Apesar da pedagogia ter essa vertente direcionada para o ensino de crianças, não
podemos nos afastar da ideia de que a pedagogia e à docência são a prática de um ofício.
E como tal, o pedagogo que ensina não somente tem um “dom”, “vocação” ou “talento
natural”, essas definições reduzem a pedagogia a um mero senso comum pedagógico.

De acordo com Saviani (2008), a pedagogia é o modo de aprender ou de instituir


o processo educativo, sendo identificada como o próprio modo intencional de realizar a
educação.

A partir das ideias expostas, podemos situar o papel do pedagogo no contexto


escolar, como aquela peça-chave que irá mediar a relação professor-aluno. A atuação dele
está voltada para uma mediação do trabalho pedagógico, buscando a transformação da
19

prática escolar. A partir de seus estudos e observações busca por meio do processo de
ensino-aprendizagem proporcionar aos estudantes uma educação de qualidade.

O pedagogo é o profissional dentro da engrenagem da escola que aborda a prática


do aprendizado, os processos educacionais e as dificuldades dos alunos, pois é o
trabalhador capacitado para desenvolver habilidades relacionadas a aprendizagem dos
alunos, independentemente do contexto, forma ou idade.

Portanto, o pedagogo tem como função: a coordenação em parceria com a equipe


escolar, a elaboração, a efetivação do Projeto Político Pedagógico (PPP) da unidade, a
orientação de professores em relação ao planejamento e execução do trabalho educativo,
de acordo com o PPP da escola.

Dentre as inúmeras funções do pedagogo no contexto escolar, as principais são


organizar o trabalho pedagógico e sistematizar, junto à comunidade escolar, atividades
que levem à efetivação do processo ensino-aprendizagem, de modo a garantir o
atendimento às necessidades do educando. Dessa forma, o pedagogo necessita promover
a participação das famílias no desenvolvimento do PPP da unidade escolar efetivando a
gestão democrática da educação e potencializando os diferentes espaços de participação.
Essa efetivação tão cara ao exercício da pedagogia ocorre no contexto das relações
sociais.

Segundo Dayrell:

São as relações sociais que verdadeiramente educam, isto é, formam,


produzem os indivíduos em suas realidades singulares e mais profundas.
Nenhum indivíduo nasce homem. Portanto, a educação tem um sentido mais
amplo, é o processo de produção de homens num determinado momento
histórico. (1996, p.2).
Diante do cenário escolar o pedagogo, além das funções que lhe são atribuídas,
necessita assumir o papel de mediador da relação professor-aluno. E nem sempre essas
relações são tranquilas, em algumas situações ela pode vir acompanhada de conflitos.

Segundo Chrispino (2007),

os conflitos que existem com mais frequência entre alunos e docentes são: o
aluno não entender o que os professores explicam; notas arbitrárias;
divergência sobre critério de avaliação; avaliação inadequada (na visão do
aluno); discriminação; falta de material didático; não serem ouvidos (tanto
alunos quanto docentes) e desinteresse dos alunos pela matéria de estudo.
A partir do entendimento da importância do pedagogo dentro da instituição
escolar é que nos propomos pesquisar sobre “O papel do Pedagogo dentro do Colégio
20

João de Barro”, situado na Taquara – Rio de Janeiro. O objetivo da pesquisa é analisar, o


papel do pedagogo no contexto escolar da educação infantil.

Para legitimar a atuação do pedagogo, recorremos a Gadotti (2004, p. 34) que


considera que

“[...] O pedagogo é aquele que não fica indiferente, neutro, diante da realidade.
Procura intervir e aprender com a realidade em processo”. Portanto, vale
ressaltar que para que o pedagogo possa intervir na prática pedagógica de
maneira eficiente, numa ação transformadora da realidade, requer deste um
domínio mais aprofundado das questões educacionais e pedagógicas presentes
na escola, que ultrapasse o mero espontaneísmo e imediatismo com os quais
se tem legitimado a cultura escolar.
Acerca da atuação do pedagogo no Colégio João de Barro, foi necessário conhecer
o PPP da escola, para entender um pouco mais sobre a comunidade escolar e suas relações
que permeiam o campo do ensino-aprendizado, relações estas compostas pelas figuras
dos alunos e professores.

Deste modo, após conhecer o PPP do colégio, realizou-se uma entrevista com uma
profissional atuante no campo pedagógico da instituição.

A partir da observação sistemática e da entrevista com a funcionária do Colégio


João de Barro, a busca por referenciais teóricos pautou-se na consulta à documentos
escritos como textos e artigos de autores que abordam o assunto da pedagogia escolar.

Nesta perspectiva, realizamos uma investigação teórica no intuito de


contextualizar a Educação Infantil como etapa da educação básica, além de caracterizar
o sujeito que frequenta esta etapa, o trabalho docente e a função do pedagogo no contexto
escolar.

Buscando obter dados importantes sobre a dinâmica do cotidiano escolar e suas


relações, no intuito de levantarmos alguns apontamentos sobre a função do pedagogo
enquanto mediador da relação professor e aluno, propomos também uma entrevista com
a coordenação pedagógica do Colégio João de Barro.

Ao refletirmos sobre o papel do pedagogo, enquanto mediador da relação


professor e aluno na educação infantil, não podemos deixar de contextualizar,
brevemente, como se constituiu a educação infantil na história da educação brasileira.

Até o ano de 1874 pouco se falava sobre o ensino na primeira infância e apenas
no início do século XX, o tema passou a ganhar relevância nacional, através da fundação
de instituições e da criação de leis voltadas para as crianças.
21

Apesar de a educação para crianças de zero a seis anos já estar assegurada na


Constituição Federal de 1988 e no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) em 1990,
a inserção deste direito na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (LDB), que
foi sancionada em 1996, representa um marco histórico para a educação infantil no Brasil.

A LDB, ao reconhecer a educação infantil como a primeira etapa da educação


básica, afirma a importância da aprendizagem nos primeiros anos de vida como processo
fundamental para “desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação comum
indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no
trabalho e em estudos posteriores”. No seu artigo 21, a LDB nos fala que a educação
escolar compõe -se de: I - educação básica, formada pela educação infantil, ensino
fundamental e ensino médio”.

A escola é um espaço social de aprendizado, visto que é uma instituição que


desempenha uma função social e que possui relações com a comunidade no seu entorno,
pois alunos, professores, famílias e demais ocupantes da sociedade fazem parte da
comunidade escolar.

E para a aprendizagem ocorrer de forma intencional e apresentar bons resultados


o pedagogo e os professores devem conseguir situar com precisão “quem é o sujeito”, da
aprendizagem.

Diante da realidade escolar de muitas escolas pudemos perceber que a maioria dos
nossos docentes, tem uma percepção difusa sobre o perfil do seu aluno, o que indica que
esta percepção, muitas vezes, não está vinculada a criança e ao jovem que frequenta a
instituição na qual ele atua.

Krawczyk considera que:

[...] a maioria dos docentes conhecem bastante pouco da vida de seus alunos:
onde e com quem moram, as atividades que realizam além de ir à escola, como
ocupam os seus fins de semana, as características de suas famílias, suas
expectativas e possibilidades futuras etc. (p.194, 2003).
Colocando como protagonista o sujeito que aprende, considera-se que o pedagogo
necessita desenvolver competências de criar, estruturar e dinamizar situações de
aprendizagem e estimular a aprendizagem e a autoconfiança nas capacidades individuais
do sujeito aprendente.

Para ser capaz de criar uma situação de aprendizagem que realmente seja efetiva,
o primeiro passo para ser professor da educação infantil é cursar a graduação em
22

pedagogia, realizando os estagiários obrigatórios, além disso deve-se observar se o


currículo do curso aborda temas que dizem respeito à escola, como uma instituição social,
e se leva em consideração às relações mantidas pelos agentes envolvidos no processo de
ensinar e aprender.

É necessário que o futuro professor/pedagogo tenha conhecimento dos


fundamentos filosóficos, políticos, sociais e legais do ensino, bem como da Base Nacional
Comum Curricular (BNCC), dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) com ênfase
no desenvolvimento histórico da escola e no perfil sociológico e antropológico dos
alunos.

A formação do pedagogo vai além dos aspectos teórico-metodológicos que, é


necessário que o futuro profissional passe por atividades de estágio supervisionado, que
visam a instrumentalizar e capacitar a prática docente.

No cenário atual que vivemos, é necessário compreender a escola no tempo


histórico e nas circunstâncias imediatas da ordem social, assim como discutir as bases
epistemológicas da pedagogia.

Segundo Libâneo:

[...] o trabalho docente é atividade que dá unidade ao binômio ensino-


aprendizagem, pelo processo de transmissão-assimilação ativa de
conhecimentos, realizando a tarefa de mediação na relação cognitiva entre o
aluno e as matérias de estudo. (1994, p.88).
Libâneo também destaca que o trabalho docente não é uma via de mão única, ou seja:

O professor não apenas transmite uma informação ou faz perguntas, mas


também ouve os alunos. Deve dar-lhes atenção e cuidar para que aprendam a
expressar-se, a expor opiniões e dar respostas. O trabalho docente nunca é
unidirecional. As respostas e opiniões mostram como eles estão reagindo à
atuação do professor, às dificuldades que encontram na assimilação dos
conhecimentos. Servem, também, para diagnosticar as causas que dão origem
a essas dificuldades. (1994, p. 250).
Dessa forma, os saberes que contribuem para a formação dos professores
pertencem ao terreno da educação escolar. Buscam-se nesses saberes contribuições para
clarificar e esclarecer os problemas do âmbito educacional. Esses saberes, elucidam os
fundamentos da prática pedagógica. A escola como uma instituição necessita se
transformar ao longo do tempo para voltar o seu posicionamento para a sociedade e para
o planejamento do futuro.

Para Tardif e Lessard, o trabalho docente deve ser compreendido como:


23

[...] um trabalho socialmente reconhecido, realizado por um grupo de


profissionais específicos, que possuem uma formação longa e especializada
(geralmente de nível universitário ou equivalente) e que atuam num território
profissional relativamente bem protegido: não ensina o que quer; é necessária
uma permissão, um credenciamento, um atestado etc. (2005, p. 42).
A Pedagogia Histórico-Crítica postula que, operar nessa direção é a função
precípua da educação escolar, a quem compete a tarefa de ensinar, isto é, de promover a
socialização dos conhecimentos representativos das máximas conquistas científicas e
culturais da humanidade, por meio da prática pedagógica, tornando a realidade inteligível.

A justificativa da ênfase na transmissão dos conhecimentos clássicos, não


cotidianos, que é tão importante à Pedagogia Histórico-Crítica, está baseada na ideia de
que

(...) os conteúdos são fundamentais e sem conteúdos relevantes, conteúdos


significativos, a aprendizagem deixa de existir, ela transforma-se num
arremedo, ela transforma-se numa farsa (...). A prioridade de conteúdos é a
única forma de lutar contra a farsa do ensino. Por que esses conteúdos são
prioritários? Justamente porque o domínio da cultura constitui instrumento
indispensável para a participação política das massas (...). O dominado não se
liberta se ele não vier a dominar aquilo que os dominantes dominam. Então,
dominar o que os dominantes dominam é condição de libertação (SAVIANI,
2001, 55).
Dessa forma, podemos depreender que

O trabalho educativo é, portanto, uma atividade intencionalmente promovida


por fins. Daí o trabalho educativo diferenciar-se de formas espontâneas de
educação, ocorridas em outras atividades, também dirigidas por fins, mas que
não são os de produzir a humanidade nos indivíduos. Quando isso ocorre
nessas atividades, trata-se de um resultado indireto e inintencional. Portanto, a
produção no ato educativo é direta em dois sentidos. O primeiro e mais óbvio
é o de que se trata de uma relação direta entre educador e educando. O segundo,
não tão óbvio, mas também presente, é o de que a educação, a humanização do
indivíduo, é o resultado mais direto do trabalho educativo (DUARTE, 1998,
p.88)
Luckesi, ao discutir sobre a relação professor-aluno, em uma perspectiva da
tendência progressista “crítico social dos conteúdos” considera que:

[...] o conhecimento resulta de trocas que se estabelecem na interação entre o


meio (natural, social, cultural) e o sujeito, sendo o professor o mediador, então
a relação pedagógica consiste no provimento das condições em que professores
e alunos possam colaborar para fazer progredir essas trocas. O papel do adulto
é insubstituível, mas acentua-se também a participação do aluno no processo.
Ou seja, o aluno, com sua experiência imediata num contexto cultural,
participa na busca da verdade, ao confrontá-la com os conteúdos e modelos
expressos pelo professor. Mas esse esforço do professor em orientar, em abrir
perspectivas a partir dos conteúdos, implica um envolvimento com o estilo de
vida dos alunos, tendo consciência inclusive dos contrastes entre sua própria
cultura e a do aluno. Não se contentará, entretanto, em satisfazer apenas as
necessidades e carências; buscará despertar outras necessidades, acelerar e
disciplinar os métodos de estudo, exigir o esforço do aluno, propor conteúdos
e modelos compatíveis com suas experiências vividas, para que o aluno se
mobilize para uma participação ativa. (1994, p. 11).
24

Dessa forma e nesse contexto, o pedagogo é o mediador dentro da instituição


escolar, que colabora e facilita a efetivação de uma prática educativa emancipatória.

Segundo Franco:

[...] o pedagogo será aquele profissional capaz de mediar teoria pedagógica e


práxis educativa e deverá estar comprometido com a construção de um projeto
político voltado à emancipação dos sujeitos da práxis na busca de novas e
significativas relações sociais desejadas pelos sujeitos. (2003, p.110)
Portanto, com base em todo o exposto até o momento podemos afirmar que a

prática na escola é uma prática coletiva e os pedagogos são profissionais necessários na


escola: seja nas tarefas de administração, seja nas tarefas que ajudem os professores no
ato de ensinar.

Ou seja, para Pimenta (1985, p. 34), os pedagogos possuem conhecimentos não


apenas dos processos específicos de aprendizagem, mas também da articulação entre os
diversos conteúdos e na busca de um projeto – político – pedagógico coerente.

Ainda assim, para muitas pessoas o conceito sobre o papel do pedagogo, dentro
da instituição escolar é limitado, e nesse sentido Vasconcellos nos traz uma reflexão sobre
esta função:

[...] o pedagogo não é (ou não deveria ser): fiscal de professor, dedo duro (que
entrega os professores para a direção ou mantenedora), pombo correio (que
leva recado da direção para os professores e dos professores para a direção),
coringa/tarefeiro/quebra galho/salva-vidas (ajudante de direção, auxiliar de
secretaria, enfermeiro, assistente social, etc.), tapa buraco (que fica ‘toureando’
os alunos em sala de aula no caso de falta de professor), burocrata (que fica às
voltas com relatórios e mais relatórios, gráficos, estatísticas sem sentido,
mandando um monte de papéis para os professores preencherem – escola de
‘papel’), de gabinete (que está longe da prática e dos desafios efetivos dos
educadores), dicário (que tem dicas e soluções para todos os problemas, uma
espécie de fonte inesgotável de técnicas, receitas), e não é generalista (que
entende quase nada de quase tudo). (2002, p. 86-87).
Nas palavras de Saviani (1985, p. 28), “o pedagogo é aquele que domina
sistemática e intencionalmente as formas de organização do processo de formação
cultural que se dá no interior das escolas”.

Assim considerando a necessidade de circunscrever o papel de cada um dentro da


escola e a importância do trabalho coletivo, o pedagogo assume a função de articular
coletivamente as ações no ambiente escolar, de maneira, que os envolvidos no processo
ensino-aprendizagem, assumam as responsabilidades de sua função específica, em busca
da efetivação do proposto no projeto político pedagógico da instituição escolar.
25

Para concluir este capítulo, podemos dizer que o pedagogo escolar representa uma
figura de referência para os alunos, pois ele é o profissional que controla os alunos quanto
a disciplina, que atende as situações de conflitos entre os alunos e entre alunos e professor,
controla as faltas dos alunos e as chegadas atrasadas ou saídas antecipadas, comunica os
recados importantes e que também cobra os alunos sobre o desempenho escolar.
26

2.3 CAPÍTULO 3 – A IMPORTÂNCIA DO PSICÓLOGO EDUCACIONAL


NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM ESCOLAR

A formação e atuação dos profissionais da saúde e da educação é, geralmente,


realizada com a presença de teorias clássicas como os modelos de desenvolvimento de
Piaget, Vygotsky, Wallon, esses modelos têm contribuído para moldar a forma de pensar
e agir de pedagogos e psicólogos atuantes no campo educacional.
A fim de ilustrar brevemente algumas teorias clássicas, podemos dizer que muitos
profissionais de saúde e educação recorrem a psicanálise freudiana, a epistemologia
genética de Piaget, a teoria sociointeracionista de Vygotsky e a teoria do desenvolvimento
moral de Kholberg. A característica principal que permeia as teorias citadas é o
desenvolvimento ocorrer em etapas bem definidas e que se superados os desafios
pertinentes a cada etapa, um novo estágio seria alcançado.
Partindo do pressuposto de cada teoria mencionada, a “maturidade” seria
alcançada no fim da adolescência, sendo o amadurecimento caracterizado pela fase final
do desenvolvimento: fase genital na psicanálise, estágio operacional-formal na
epistemologia genética, a o plano da microgênese na teoria sociointeracionista e a moral
pós-convencional no modelo de Kholberg.
Todas essas teorias trouxeram importantes contribuições acerca do
desenvolvimento emocional, cognitivo, social e moral para o campo da psicologia, como
ciência que se dedica a estudar o comportamento humano e os padrões mentais saudáveis
e desadaptativos, considerando-se importante no campo escolar os padrões mentais,
sociais e de comportamentos que impactam a aprendizagem.
Dessa forma, podemos dizer que o papel do psicólogo que atua no campo escolar
é de certa forma preventivo, pois os blocos iniciais do desenvolvimento psicológico são
preditores importantes do desenvolvimento posterior.
Nesta perspectiva, é interessante mencionar o estudo dos marshmallows de
Stanford, conduzido por Walter Mischel, o qual mostrou que o desenvolvimento da
capacidade de postergação da gratificação na infância é um importante preditor de
resiliência, cognição social, habilidades acadêmicas e processamento emocional da
adolescência e na idade adulta. (Mischel, Shoda, & Peake, 1988; Ayduk, 2000; Mischel
et al., 2011).
Podemos então entender que os anos iniciais até a pré-escola são fundamentais
para a construção de blocos de sustentação para o desenvolvimento a longo prazo, os
27

primeiros anos de vida são essenciais para o desenvolvimento adequado do cérebro e das
funções neurais fundamentais para o desenvolvimento social, afetivo e cognitivo,
impactando diretamente o desempenho escolar.
De acordo com Shonkoff et al (2012), quando o impacto negativo de déficits
nutricionais iniciais e da pobreza atrapalham a formação de conexões neurais, o
desenvolvimento cognitivo, e do ambiente sobre a forma como as crianças desenvolvem
a capacidade de regular o comportamento e as emoções, bem como sobre o
desenvolvimento da atenção em médio prazo fica prejudicado.
Quando falamos acerca da importância do psicólogo escolar, faz-se necessário
conceituar o que é a psicologia, podemos dizer que a psicologia é a ciência que estuda os
processos mentais do ser humano, seus sentimentos e pensamentos e o seu
comportamento.
Acerca da psicologia no campo escolar, esta traz importantes contribuições para
o estudo da aprendizagem e das condições que a tornam mais eficiente e intencional para
o aluno.
Considerando que a contribuição da psicologia a educação reside em fornecer
subsídios para o desenvolvimento do planejamento curricular da escola de forma a
abarcar todos os alunos, incluindo de forma efetiva aqueles que em que a aprendizagem
se mostra prejudicada, o psicólogo escolar necessita estar atento aos fatores emocionais
e cognitivos que podem impedir o aprendizado do aluno.

Diante da complexidade do desenvolvimento humano e da aprendizagem escolar,


psicólogos e pedagogos tem em mãos desafios a serem enfrentados e superados em sua
prática profissional.

Dentre as principais complexidades acerca do tema educação escolar, destacam-


se o distanciamento dialógico entre os profissionais da educação e da saúde, o
reducionismo na explicação dos processos psicossociais e a falta de comunicação entre
especialistas e instituições de ensino. (CIASCA, 2004; OSTI, 2004; FREDERICO NETO,
2015).

Apesar da complexidade da educação, ela é um ponto de convergência entre os


conceitos de desenvolvimento dos campos pedagógico e psicológico, uma vez que ela
permite a autoconfiança, autoestima, a dignidade e a aquisição de habilidades primordiais.
28

Nesse cenário, é necessário que haja uma interação entre o psicólogo educacional,
os professores e o pais, pois todos compõem a comunidade escolar e precisam estar juntos
para que as mudanças sejam significativas e duradouras.

O psicólogo escolar é o de agente de mudanças que busca promover a reflexão e


conscientização dos grupos que compõem a escola (alunos, profissionais e responsáveis),
acerca do melhor funcionamento do processo educacional, dentro da realidade da
instituição, diagnosticando as situações que requer atenção de uma equipe
multidisciplinar e auxiliar no planejamento de ações que irão beneficiar o enfrentamento
desse cenário (ANDRADA, 2005; SAMPAIO et al. 2019).

Tomando como ponto de partida a ideia de Gage e Berliner (1975), sobre a


Psicologia Educacional, ela é considerada:

“uma ciência que fornece insights sobre a maioria dos aspectos da prática
educacional e mais especificamente dos processos de ensino-aprendizagem”,
ao passo que “ensino se define como a sequência de eventos, tais como o
comportamento do professor, que intencionalmente afeta a aprendizagem do
aluno”.
Para alguns autores, a psicologia educacional lida com a identificação das
condições do desenvolvimento humano, de aprendizagem e de ensino e objetiva
aperfeiçoar as práticas educacionais, objetivando melhorar a atuação dos professores,
porque é uma ciência que compreende a maneira como os indivíduos se comportam.

Segundo Mello (1975), a diferenças significativas que delimitam os campos da


psicologia da educação e da psicologia escolar, segundo a autora, “a psicologia oferece a
educação dois tipos de contribuição: a primeira, científica, consiste no conhecimento de
problemas que interessam a educação; e a segunda, profissional, consiste na introdução
do psicólogo na escola, como técnico interessado no desenrolar do processo educacional”.

Na medida em que concordemos com a autora citada acima, a psicologia escolar


compõe um campo de trabalho derivado da psicologia da educação, que é quem fornece
um vasto campo de estudo para a prática da psicologia na escola.

O psicólogo educacional deve deixar claro para os docentes que o seu trabalho é
realizado em uma relação de parceria, que o seu saber não tem a intenção de sobrepujar
o outro, baseado nessa ideia, ambos os profissionais devem estar abertos para o diálogo e
o debate saudável acerca de como criar condições para que os docentes repensem e
problematizem suas práticas, neste cenário o psicólogo deve estar disponível para ajudá-
29

los na compreensão do importante papel que tem como agentes do protagonismo


estudantil.

O psicólogo deve auxiliar os professores na compreensão crítica em relação ao


psiquismo e os processos importantes ao desenvolvimento humano, bem como as suas
articulações com a aprendizagem e as relações sociais.

Segundo Rego (2002), a atuação do psicólogo no ambiente escolar não fica só


restrita ao trabalho com alunos. Na verdade, este profissional pode e deve estar atento à
atuação docente e estar junto ao professor para que esse compreenda a dimensão
sociocultural do processo de ensino-aprendizagem e passe a ver o aluno como um ser em
transformação, sujeito a erros e acertos.

Mediante o que já foi exposto neste texto, a aprendizagem é um processo


complexo e multifacetado, que se relaciona diretamente com o desenvolvimento pessoal,
social e cognitivo e afetivo da criança.

O objetivo deste capítulo está em relacionar o papel do psicólogo educacional no


contexto da aprendizagem, visto que a aprendizagem de modo geral se inicia bem antes
da entrada da criança na escola, no núcleo familiar já ocorre a aprendizagem, mesmo que
esta seja feita de forma informal.

Segundo Vygotsky (1991, p. 94), “o aprendizado das crianças começa muito antes
delas frequentarem a escola. Qualquer situação de aprendizado com a qual a criança se
defronta tem sempre uma história prévia”.

Retomando as ideias de Libâneo (1994, p. 87):

a aprendizagem escolar tem um vínculo direto com o meio social que


circunscreve não só as condições de vida das crianças, mas também a sua
relação com a escola e estudo, sua percepção e compreensão das matérias. A
consolidação dos conhecimentos depende do significado que eles carregam em
relação a experiência social das crianças e jovens na família, no meio social e
no trabalho.
Podemos dizer então que a psicologia da educação é uma área de conhecimento
que estuda as questões relacionadas à educação escolar. (MEIRA; ANTUNES, 2003).

Faz-se importante destacar novamente que a aprendizagem é um processo


complexo, contínuo e permanente, de construção e reconstrução do conhecimento e que
necessita da interação social para ocorrer.
30

Nesse sentido, nos fala Novaes (1986, p. 15), que, a função do psicólogo também
será de: “[...] contribuir para o melhor relacionamento do aluno e professor, sendo
decisiva no processo educativo”.

Vygotsky já havia mencionado que para a aprendizagem ocorrer de forma


intencional e proporcionar bons resultados a interação social é um fator fundamental e a
mediação faz toda a diferença. Foi por meio desta descoberta que ele apresentou dois
conceitos importantes: o de Zona de Desenvolvimento Real (ZDR) e Zona de
Desenvolvimento Potencial (ZDP). Nas palavras do próprio psicólogo, "a zona proximal
de hoje será o nível de desenvolvimento real amanhã". Ou seja, aquilo que nesse momento
uma criança só consegue fazer com a ajuda de alguém, um pouco mais adiante ela
certamente conseguirá fazer sozinha.

Partindo do pressuposto de que o psicólogo educacional seria também um


educador, que pode contribuir para aumentar a qualidade e a eficiência do processo de
ensino-aprendizagem por meio dos seus conhecimentos na área da psicologia, ainda
assim, este não deve assumir a responsabilidade pelos problemas ocorridos em sala de
aula. (NOVAES, 1986).

E por mais que o psicólogo tenha uma ampla área de atuação no qual pode exercer
diferentes papéis sempre com o objetivo de promover o equilíbrio e o crescimento do
indivíduo, este não deve tentar ocupar o espaço que é do professor com os problemas de
sala de aula.

O que o psicólogo deve fazer é agregar valor e atuar como um agente de


construção e transformação do saber em parceria com a comunidade escolar.

A lei nº 4119, de agosto de 1962, que regulamentou o exercício da profissão de


psicólogo, estabeleceu um conjunto de atividades que lhe eram privativas. Dentre elas,
estão três áreas de trabalho que o profissional de psicologia pudesse atuar: a “clínica”, a
“organizacional” e a “escolar”.

Segundo Andaló (1991, p. 133) “o psicólogo que atua na educação deve


possibilitar ao professor acesso ao conhecimento psicológico relevante para sua tarefa de
transmissão e construção do conhecimento”. Ele contribui para a qualificação de um
excelente e satisfatório trabalho do professor.
31

Cassins (2007) aponta que:

a atuação do psicólogo visa subsidiar a distribuição apropriada de conteúdos


programáticos, que deve ser efetuada de acordo com as fases de
desenvolvimento dos alunos, seleção de estratégias, o apoio ao professor no
trabalho com uma população diversificada de alunos, o desenvolvimento de
técnicas inclusivas para alunos com dificuldades de aprendizagem e/ou
comportamentais, programas de desenvolvimento de habilidades sociais e
outras questões relevantes no processo ensino aprendizagem.
Meira, Antunes, et al (2003, p. 116) afirmam que “O pedagogo já há um bom
tempo assumiu o papel de formador, cabe ao psicólogo consolidar a incorporação desse
elemento a sua identidade profissional. A integração de ambos, no trabalho coletivo, é
propícia para essa transformação”.

Dessa forma, a função do psicólogo educacional não é somente a resolução de


problemas escolares, tampouco a simples divulgação de teorias e conhecimentos
psicológicos, mas buscar auxiliar a escola para eliminar os obstáculos que se colocam
entre os sujeitos e o conhecimento (BONAMIGO; DEDONATTI; TONDIN, 2010).

A importância da psicologia na área educacional é defendida por Ferreira (2010,


p. 71) dizendo que: o desenvolvimento não é só educacional, mas do ser humano como
um todo, com suas técnicas e parcerias que se unem a favor do outro.

Portanto, o papel do psicólogo também é de: acompanhar, sugerir e buscar as


melhores estratégias, métodos para resolver situações que fazem da escola e que possam
ajudar os elementos que compõem o contexto escolar como um todo a identificar as
causas e as possíveis intervenções que auxiliem na condução dos processos escolares.
32

2.4 CAPÍTULO 4 – A RELAÇÃO DE COMPLEMENTARIDADE ENTRE A


PEDAGOGIA E A PSICOLOGIA NA INSTITUIÇÃO ESCOLAR

Segundo Wallon (1962), a educação é um campo que pode enriquecer com os


conhecimentos gerados a partir da psicologia e ao mesmo tempo fornecer conhecimentos
que podem ser incorporados pela psicologia.

A teoria de Wallon facilita compreender o indivíduo em sua totalidade, trazendo


uma visão integrada do aluno, colocando o processo de ensino-aprendizagem em outra
perspectiva, trazendo à tona a importante relação entre professor e aluno – tende este
primeiro grande relevância para o desenvolvimento cognitivo, motor e afetivo do aluno.

Para o autor mencionado acima, a escola necessitava assumir valores de


solidariedade e justiça social a fim de formar alunos que construíssem uma sociedade
justa e democrática.

Tão grande era o interesse de Wallon pela educação, que culminou num projeto
chamado Langevin-Wallon, que tinha o objetivo de reformar completamente o sistema
educacional francês após a segunda guerra.

Entretanto, Wallon não propôs uma teoria pedagógica, mas sim psicológica, em
que estudou o indivíduo por completo, analisando os aspectos afetivo, cognitivo e motor
de forma integrada.

Podemos então considerar a abordagem de Wallon como psicogenética, sendo


fundamental o estudo da criança, pois é nesta fase do desenvolvimento que grande parte
dos processos psíquicos se desenvolvem.

A contribuição de Wallon a educação está na análise crítica das doutrinas


educativas de sua época, trazendo à tona as dicotomias em que incorriam os erros do
ensino tradicional.

Para a Psicologia, a aprendizagem não é um conceito simples. Há diversas


possibilidades da forma de aprender. Dessa maneira, ela transforma a aprendizagem em
um processo a ser investigado por diversas áreas do conhecimento. Tampouco, para a
Pedagogia ela, a aprendizagem é um conceito simples, pelo contrário, em ambas as
ciências a aprendizagem é permeada por diversos fatores que tornam o seu
desenvolvimento complexo.
33

Por conseguinte, inúmeros estudiosos tiveram um importante papel no


desenvolvimento e na criação de teorias que a pedagogia e a psicologia podem recorrer
para compreender e intervir sobre o seu objeto de estudo. No caso da pedagogia, o
processo de aprendizagem e o sujeito aprendente e para a psicologia, o estudo das
questões emocionais que interferem na aprendizagem escolar.

O professor argentino Jorge Visca cria, em 1987, a epistemologia convergente


que, embora tenha se valido da epistemologia genética de Jean Piaget, veio enriquecer os
suportes teóricos da pedagogia e da psicologia.

Além da teoria de Piaget, o construtivismo interacionista de Vygotsky e a teoria


de desenvolvimento de Wallon são os aportes teóricos que mais contribuíram para a
fundamentação deste trabalho.

Para Jean Piaget, a criança se desenvolve em estágios e com isso têm surgido
inúmeras possibilidades de ação, que variam quanto ao modo de situar o valor dos
conteúdos das matérias escolares, portanto o papel do professor e do psicólogo escolar é
mediar o conhecimento e escolher os melhores instrumentos de avaliação, objetivando
estar atento a todos os componentes que participam da situação de ensino-aprendizagem.

Para confirmar sua hipótese, Piaget inicia um diálogo clínico com as crianças, sem
utilizar os testes como base, com a intenção de “investigar e descobrir quais os processos
de raciocínio conduziam as respostas erradas e quais conduziam às respostas corretas”.
(FERREIRO, 2001, p. 108).

A partir de seus estudos e apontamentos, descobre que raciocínios considerados


aparentemente simples apresentavam dificuldades, ainda desconhecidas, até a faixa etária
dos dez, onze anos de idade.

Macedo (1994 apud PIAGET, 1975) afirma que existem duas palavras do
processo cognitivo da inteligência infantil, para Piaget. A primeira é a aprendizagem, que
ocorre quando a criança dá uma resposta própria, aprendida com uma experiência obtida
ou não sistematicamente. E a segunda, o desenvolvimento, responsável pela
aprendizagem propriamente dita, se encarrega pela formação dos conhecimentos.

Existem dois conceitos fundamentais na teoria de Piaget: assimilação e


acomodação. A assimilação, segundo o autor, é:

[...] uma integração a estruturas prévias, que podem permanecer invariáveis ou


são mais ou menos modificadas por esta própria integração, mas sem
34

descontinuidade com o estado precedente, isto é, sem serem destruídas, mas


simplesmente acomodando-se à nova situação (PIAGET, 1996, p. 13).
Já a acomodação é quando a criança acomoda um determinado estímulo no seu
aprendizado, modificando uma estrutura cognitiva já existente, conquistada durante a
assimilação, criando, assim, um novo esquema:

Chamaremos acomodação (por analogia com os "acomodatos"


biológicos) toda modificação dos esquemas de assimilação sob a influência de
situações exteriores (meio) ao quais se aplicam. (PIAGET, 1996, p. 18)
Nesta perspectiva, Piaget (2011, p. 89), esclarece:

Levando em conta, então, a interação fundamental entre fatores


internos e externos, toda conduta é uma assimilação de dados de esquemas
anteriores (assimilação a esquemas hereditários em diversos graus de
profundidade) e toda conduta é, ao mesmo tempo, acomodação destes
esquemas à situação atual.
Diante disso, Piaget (1975b) denominou a assimilação e a acomodação das
funções invariantes, que não mudam por causa do desenvolvimento. É importante
mencionar essas funções porque é por meio delas que o indivíduo consegue alcançar a
equilibração da atividade mental.

Este autor teve um papel importante na educação e na análise da evolução do


pensamento infantil, visto que fundou a epistemologia genética e desenvolveu a teoria da
evolução do pensamento infantil como sendo um produto de uma estrutura cognitiva.

Na sua definição:

A inteligência é uma adaptação. Para aprendermos as suas


relações com a vida, em geral, é preciso, pois, definir que as relações existem
entre o organismo e o meio ambiente. Com efeito, a vida é uma criação
contínua de formas cada vez mais complexas e o estabelecimento de um
equilíbrio progressivo entre essas formas e o meio. (PIAGET, 1975a., p. 15).
A epistemologia genética é responsável por analisar e descrever o processo de
construção do conhecimento na interação com outros indivíduos e com os objetos.

É por meio da relação estabelecida com o mundo externo que a criança se


desenvolve e se torna capaz de construir hipóteses sobre as realidades que a cerca. Para
que isso ocorra de maneira satisfatória, faz-se necessário que o educador – nesse sentido,
tanto pode ser a figura paterna quanto a materna ou o professor – respeite o nível de
desenvolvimento que a criança já alcança sozinha. Com isso, observamos o nível de
maturação já existente nas suas funções cognitivas. Os pais e os professores não devem
exigir da criança algo que ela ainda não seja madura cognitivamente para realizar e não
devem deixar a criança por sua conta no processo de aprendizagem. Sob essa perspectiva,
35

compreende-se que cada faixa etária tem diferentes formas de se perceber e de se


comportar diante do mundo, segundo Piaget.

A esse respeito, Niskier ressalta

A inteligência é a expressão mais específica do comportamento de


adaptação, na realidade, a inteligência consiste na capacidade individual de
acomodação ao meio e, desta forma, o processo cognitivo teria início nos
reflexos fortuitos 12 e difusos do recém-nascido, desenvolvendo-se por
estágios, até alcançar o nível adulto do raciocínio lógico. (NISKIER, 2001, p.
232).
Esses aspectos têm uma grande relevância na educação, sendo importante destacar
que se faz necessário planejar o que ensinar e como ensinar de acordo com a maturação
cognitiva do indivíduo.

Portanto segundo Piaget, na primeira vertente, caracterizada como "interpretação


construtivista radical do processo de ensino-aprendizagem", o desenvolvimento
operatório torna-se o objetivo único e exclusivo da educação, conferindo à Epistemologia
Genética o papel de "uma espécie de psicologia aplicada à educação", disciplina
norteadora do processo educacional.

Para dar início a contribuição de Vygotsky, podemos dizer que ele sempre
demonstrou interesse no entendimento das funções mentais superiores e como a cultura,
a linguagem e os processos orgânicos do cérebro influenciavam neste processo. Devido
ao seu interesse, acabou por trabalhar com pesquisadores renomados como Alexander
Luria e Alexei Leontiev.

As principais obras de Vygotsky que mais se destacam são:

• “A pedologia de crianças em idade escolar” (1928).

• “Estudos sobre a história do comportamento” (1930).

• “Pensamento e linguagem” (1934).

• “Desenvolvimento mental da criança durante a educação” (1935).

A primeira concepção teórica descrita por Vygotsky parte do pressuposto da


independência do processo de desenvolvimento da aprendizagem. (VYGOTSKY, 2010).

Um pressuposto básico da obra de Vygotsky são as mediações, embora a origem


das formas superiores de comportamento consciente – pensamento, memória e atenção
voluntária – também sejam considerados.
36

Vygotsky observou que a criança desde seu nascimento já interage com o adulto
e este, por sua vez, é o responsável por inseri-la nas relações sociais e na cultura; porém,
é visto que na fase inicial do processo, as crianças respondem de forma natural,
característica da sua herança biológica. Por isso, Vygotsky atribui uma grande
importância ao processo de mediação, no qual o adulto contribuirá com a criança para o
desenvolvimento dos seus processos psicológicos virem a ser mais complexos.

Ele considerava as relações sociais, como constitutivas das funções psicológicas


do homem, o que deu à sua obra o caráter interacionista. Ele considera que, por meio do
plano intersubjetivo, na troca entre os indivíduos, que ocorre o início do desenvolvimento
das funções mentais superiores.

Dentro do materialismo dialético presente na época, Vygotsky como sendo um


teórico, buscou uma alternativa para o conflito existente entre as concepções idealistas e
as concepções mecanicistas da Psicologia. A partir disso, trabalhou para construir novas
propostas teóricas sobre a relação do pensamento versus a linguagem.

Vygotsky observou que, a partir das interações sociais, o homem possui diferentes
formas de se comportar. Segundo ele, o homem não poderia ser considerado como um
ser passivo, consequência de suas relações e, sim, como um ser ativo, que age nas suas
relações sociais, no mundo e que transforma essas ações para o seu funcionamento
interno.

Quanto à linguagem, destacou que ela é um instrumento básico da humanidade e,


por esse motivo, em sua obra deu uma grande importância à linguagem em relação à
estrutura do pensamento.

Vygotsky (1982, apud NEVES, 2005), “aparece afirmando que o meio social é
determinante do desenvolvimento humano e que isso acontece fundamentalmente pela
aprendizagem da linguagem, que ocorre por imitação”.

Ao descrever a Teoria Vygotskyana, Rego (2002, p. 98) afirma:

Em síntese, nessa abordagem, o sujeito produtor de conhecimento não


é só um mero receptáculo que absorve e comtempla o real, nem o portador de
verdades oriundas de um plano ideal; pelo contrário, é um sujeito ativo que,
em sua relação com o mundo, com o seu objeto de estudo, reconstrói (no seu
pensamento) este mundo
Segundo Freitas (2000, p. 28), Vygotsky “concebe o homem como um ser
histórico e produto de um conjunto de relações sociais”. Quanto a isso, é necessário que
se pondere que a aprendizagem é um processo que sempre vai estar atrelado às relações
37

sociais entre as pessoas, pois, a relação do indivíduo com o mundo externo é sempre
mediada pelo outro; daí para aprender é necessário o contato com o outro, pois, é o outro
quem fornece os significados para que se possa compreender e pensar sobre o mundo à
nossa volta. É por meio do outro com quem me relaciono e é do processo de ensino-
aprendizagem que ocorre o processo de apropriação da cultura que compartilho e na qual
estou inserido.

Podemos dizer, então, que, para Vygotsky, a relação estabelecida entre a


aprendizagem e o desenvolvimento é indissociável, não há como separar um fator do
outro.

A partir destes apontamentos, depois de observar alunos com dificuldades de


aprendizagem, podemos dizer que Vygotsky construiu um novo conceito e lhe deu o
nome de Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP). Este conceito tornou-se um
instrumento que possibilita aos professores e aos psicólogos compreender o percurso do
desenvolvimento daquele que esteja em processo de aprendizagem, além de auxiliar no
sentido de apontar o que já foi de fato aprendido e o que pode ser desenvolvido, pois, esse
conceito refere-se às potencialidades que podem ser desenvolvidas a partir do ensino
sistemático e acompanhado.

Nesta época, Vygotsky teria desenvolvido uma série de ideias que, a seu ver,
poderiam auxiliar na compreensão dos processos de construção de novas funções
psicológicas superiores: o papel do jogo e da fantasia no desenvolvimento infantil, a
necessidade de conhecer tal desenvolvimento prospectivamente e o caráter necessário das
interações sociais na constituição do indivíduo. Entretanto, a necessidade de 20
compreender de forma globalizante esses aspectos, fez com que Vygotsky sentisse a
necessidade de construir um conceito teórico que exercesse tal função unificadora: eis o
papel do conceito de ZDP. (VAN DER VEER; VALSINER, 1991).

Luria (2010) descreve a ZDP como:

a distância entre o nível de desenvolvimento real da criança,


determinado pela solução independente de problemas e o nível de
desenvolvimento potencial, cuja solução de problemas se dá com a orientação
de um adulto. (LURIA, 2010, p. 57).
É importante destacar o que Alves (2005) traz sobre o conceito vygotskyano de
ZDP teve relação com o desenvolvimento às funções em maturação, segundo o qual o
que as crianças conseguiam fazer apenas com a ajuda de adultos com uma idade,
poderiam fazer futuramente de forma individual na idade posterior.
38

Segundo Vygotsky, o desenvolvimento humano não ocorria por estágios de


desenvolvimento, mas sim por meio de quatro planos genéticos do desenvolvimento que
seguiam uma sequência: filogênese, ontogênese, sociogênese e microgênese, onde o
indivíduo só alcançava o próximo plano quando superasse o anterior, foi justamente esse
modo de pensar que levou pensadores como Rocco (1990) a dizer que:

há muitos pontos em comum entre Vygotsky e Piaget, a começar pela linha


cognitivista, construtivista-interacionista que se encontra na base teórica dos
trabalhos de ambos. (...) Apesar de o termo vir tradicionalmente
ligado à obra de Piaget, acreditamos não ser impertinente, portanto,
aplicá-lo às posições teóricas de Vygotsky e Luria, ressalvando tratar-se aqui,
evidentemente, de um sócio interacionismo, cujo enfoque principal é de raiz
histórico-dialética, visto sob a luz da teoria marxista (p.26-27).
Seguindo a ideia de que as teorias de Vygotsky e Piaget conversam entre sim,
Oliveira (1993) nos diz que:

Embora haja uma diferença muito marcante no ponto de partida que


definiu o empreendimento intelectual de Piaget e Vygotsky - o primeiro
tentando desvendar as estruturas e mecanismos universais do
funcionamento psicológico do homem e o último tomando o ser humano como
essencialmente histórico e portanto sujeito às especificidades do seu
contexto cultural - há diversos aspectos a respeito dos quais o pensamento
desses dois autores é bastante semelhante. (...) Tanto Piaget como Vygotsky
são interacionistas, postulando a importância da relação entre indivíduo e
ambiente na construção dos processos psicológicos; nas duas abordagens,
portanto, o indivíduo é ativo em seu próprio processo de desenvolvimento:
nem está sujeito apenas a mecanismos de maturação, nem submetido
passivamente a imposições do ambiente. (p.103-104).
Além das denominações “sócio construtivismo”, “sócio interacionismo” e
“sócio-interacionismo-construtivista”, a Escola de Vygotsky foi chamada no Brasil
também de “construtivismo pós-piagetiano” (Grossi & Bordin, 1993).

A concepção sociointeracionista influenciou a pedagogia e a psicologia escolar


quando apontou o papel determinante das relações sociais no processo de aprendizagem
e desenvolvimento.

Para Vygotsky, a aprendizagem sempre inclui a relação entre as pessoas. A relação


do indivíduo está sempre mediada pelo outro, não há como aprender e apreender o mundo
se não tivermos o outro, aquele que nos fornece os significados para pensar o mundo à
sua volta.

Fica então evidenciado, nos seus estudos, que a aprendizagem em um ambiente


escolar é um processo essencialmente social, que ocorre inevitavelmente pela interação
com e dos adultos e com e dos colegas.
39

Tendo em vista que os campos da pedagogia e da psicologia se complementam, é


necessário levar em consideração que o espaço da sala de aula é bastante heterogêneo
quanto ao seu público, pois conta com uma diversidade de indivíduos, que possuem
diferentes histórias de vida e relações familiares que podem ser conflitantes ou não.

E que tanto os alunos quanto os professores possuem semelhanças e diferenças


que necessitam ser reconhecidas para tornar o processo de ensino-aprendizagem
“individualizado”, a fim de considerar as vivências fora da instituição escolar importantes
para o desenvolvimento escolar.

Ao levarmos em consideração a reflexão sobre o papel do pedagogo e do


psicólogo na mediação da relação professor e aluno, buscamos aproximar as duas áreas,
identificando as funções que ambos os profissionais assumem no contexto da instituição
escolar, sendo ambos fundamentais para o sucesso do processo ensino-aprendizagem.

A presença do pedagogo e do psicólogo educacional que atuam juntos na direção


de uma aprendizagem mais significativa e valorosa somente traz benefícios para a
aprendizagem dos alunos, para a coesão da equipe pedagógica, através da identificação e
intervenção nos casos que se fizerem necessários, bem como para a direção da escola e
para os pais.

A importância da psicologia na área educacional é defendida por Ferreira (2010,


p. 71) dizendo que: o desenvolvimento não é só educacional, mas do ser humano como
um todo, com suas técnicas e parcerias que se unem a favor do outro. É necessário aceitar
que cada sujeito tenha sua construção social, cultural e uma história de vida. O importante
é sermos éticos e trabalharmos em função do desenvolvimento do ensino aprendizagem,
mediante as intervenções psicopedagógicas.

Assim sendo, a interação entre pedagogo e psicólogo escolar, é de grande


importância e cabe ressaltar que cada um precisa respeitar o papel um do outro, considerar
e valorizar o conhecimento que cada um construiu através das experiências vividas junto
à escola e aos aluno e que ambos os profissionais obterão maiores e melhores resultados
se trabalharem de maneira integrada.

Conforme mencionado anteriormente, a pandemia trouxe impactos significativos


a aprendizagem e para encerrar este capítulo reuni os que considero principais em relação
ao processo de ensino-aprendizagem dos alunos:
40

• Interrupção da aprendizagem
• Professores com pouco conhecimento acerca das novas tecnologias
• Famílias despreparadas para ensinar e “assumir” o papel do educador
• Desigualdade no acesso aos conteúdos digitais
• Aumento significativo da evasão escolar

É de conhecimento geral que o mundo não será o mesmo após o período da


pandemia, e isso inclui a educação, levando muitas escolas a alterar e adequar o seu
currículo frente às novas exigências impostas pela pandemia

Com este capítulo, e falando acerca do cenário pós-pandemia nosso objetivo foi o
de defender a ideia de que os profissionais de pedagogia e psicologia são corresponsáveis
em sustentar o currículo escolar, sendo de sua responsabilidade o esforço coletivo para
elaborar novos programas curriculares e fugir do chamado “currículo mínimo”; além de
apontar novas metodologias de trabalho que considerem o cenário pós-pandêmico.
41

3. METODOLOGIA DE PESQUISA

O objetivo desta monografia foi contextualizar a prática pedagógica e psicológica


dentro do Colégio João de Barro, para isso, uma entrevista foi realizada com uma
professora do pré-escolar I, com o intuito de conhecer mais acerca da sua realidade
no dia-a-dia com as crianças, sendo perguntando o porquê da escolha pelo curso de
pedagogia, os maiores desafios no seu trabalho, as maiores vantagens e a investigação
da sua visão acerca de alunos que possuem laudo e necessitam de adaptação
curricular.

A escrita desta monografia ocorreu em três momentos subsequentes: o primeiro


momento foi um capítulo sobre o panorama da realidade das escolas brasileiras na
pandemia, no segundo momento, para a elaboração do segundo capítulo, o objetivo
foi de trazer um histórico condensado acerca da pedagogia, o seu conceito, formas de
atuação e o seu papel na instituição escolar. No capítulo seguinte, foi demonstrada a
importância do psicólogo educacional no processo de aprendizagem escolar. E no
último capítulo teórico deste trabalho, está exemplificada a relação de
complementaridade entre a pedagogia e a psicologia no campo escolar, isto é, na
atuação dentro da instituição de ensino.

A metodologia de pesquisa empregada neste trabalho se dividiu em dois tipos, no


primeiro momento teve como base a pesquisa descritiva, com o uso de livros, artigos
científicos, trabalhos acadêmicos e revistas científicas que abordem sobre o tema
escolhido para a elaboração desta monografia. O segundo momento consistiu em uma
pesquisa exploratória, que foi além de pesquisar bibliograficamente sobre o assunto
principal deste trabalho, foi realizada uma entrevista em campo, isto é, dentro do
Colégio João de Barro, onde foi aplicada uma entrevista a fim de obter dados acerca
da visão da educadora, a professora Tainá Araújo Teixeira, que leciona para o pré-
escolar I e possui três alunos com laudo, sendo dois alunos autistas, um verbal e um
não-verbal e um aluno com Transtorno do Processo Auditivo Central (DPAC) e com
acometimento da fala, realizando acompanhamento fonoaudiológico e mais um aluno
ainda em investigação acerca de possível diagnóstico de DPAC.
42

A entrevista foi realizada no contexto da sala de aula, após dias de observação das
crianças, pois na época eu era estagiária/auxiliar de turma do pré-escolar I e já conhecia
as crianças que necessitavam de intervenção adequada. Além de estar no final da
graduação de Pedagogia, já possuo a graduação em Psicologia, com foco na área da
psicologia infantil e pós-graduação em Psicopedagogia clínica e institucional, o que me
possibilitou um olhar mais aprofundado e sistemática acerca das questões
comportamentais, cognitivas e escolares dos alunos.
As perguntas propostas tiveram como objetivo conhecer mais a fundo a realidade
de uma professora da educação infantil, responsável pela alfabetização de crianças,
incluindo alunos com algum tipo de dificuldade de aprendizagem e/ou transtorno do
neurodesenvolvimento. As perguntas realizadas na entrevista então descritas abaixo:
1) O que a levou a cursar a faculdade de Pedagogia? Decidi fazer Pedagogia, porque
estava à procura de uma faculdade que me possibilitasse trabalhar na área da educação.
Além disso, escolhi o curso de pedagogia porque me preocupo com o rumo da educação no
Brasil, afinal é na primeira infância que se desenvolve a maior parte do caráter das crianças
e a construção do conhecimento, assim sendo, eu penso que educar as crianças é a melhor
forma de mudarmos o país.
2) Em que Universidade você se formou? Universidade Estácio de Sá
3) Em ano que você se formou? 2015
4) Onde você trabalha atualmente? Centro Educacional Primavera e Colégio João de
Barro.
5) A quanto tempo você exerce a função de professora? 7 anos
6) Quais são as atividades desempenhadas por você nos colégios em que trabalha?
Professora do pré-escolar I.
7) Você acha que o curso de Pedagogia na modalidade de licenciatura a preparou
para o exercício da docência? Na minha opinião, a faculdade de pedagogia com ênfase na
licenciatura contribuiu para tornar mais simples o processo de dar aulas, entretanto, a
prática de estágio supervisionado, isto é a formação prática oferecida na graduação é de
fundamental importância para o preparo da docência, que vai muito além de ensinar, o
profissional precisa saber elaborar um plano de aula, saber ter a regência da sala de aula.
Porém, apesar de toda a teoria e vivência prática na sala de aula, é somente na “vida real”
que o professor descobre os métodos que funcionam, pois toda turma é formada por um
43

grupo heterogêneo de alunos que podem vir a exigir maior flexibilidade e jogo de cintura
por parte do professor, o que somente vem com a prática do dia a dia.
8) Como é o trabalho do pedagogo/professor da educação infantil? Na minha visão
enquanto educadora, a escola que abrange a educação infantil tem uma função sócio-
histórica que abrange a formação de crianças por meio da mediação dos adultos,
principalmente a figura do professor, que ocupa uma posição privilegiada no contexto da
sala de aula, para meus alunos da educação infantil – isto é o pré-escolar - I, eu sou a
detentora de um saber que eles ainda não possuem. Muitas vezes, meus alunos me vêm
como um modelo a ser seguido, pois na educação infantil o trabalho pedagógico envolve
processos de apropriação, reprodução e criação.
9) Quais as maiores vantagens e dificuldades do seu trabalho? No meu entender,
existem diversas vantagens e desvantagens ao se escolher uma profissão, nem tudo será
perfeito em cem por cento do tempo. Como vantagens de ter feito pedagogia e do meu
trabalho posso citar o poder de transformar as crianças que passam por mim em seres
pensantes, que farão a sociedade ser melhor. Além disso, o meu trabalho me permite um
aumento na minha capacidade de comunicação, com a própria criança, seus responsáveis
e com os demais membros da equipe pedagógico do Colégio João de Barro. O meu
trabalho me possibilita estar sempre em desenvolvimento e aprendendo com os meus
pares profissionais e em cursos que abordem novidades no campo educacional, e por
último, a flexibilidade de horário com professora, pois atualmente consigo conciliar a
vida de professora da educação infantil em duas escolas e ainda tenho uma filha de 8
meses que demanda uma energia que eu já não tenho quando chego em casa após a minha
dupla-jornada de trabalho.

Falando especificamente do lado negativo da pedagogia, na minha visão o lado


“negativo” é o que o trabalho não é finalizado após você deixar a sala de aula, sempre
haverá atividades extracurriculares que irão tomar o seu tempo, como planejamentos,
elaboração de folhinhas, confecção de mural, reuniões de pais, reuniões pedagógicas,
festividades da escola em finais de semana, datas comemorativas, a escrita de relatórios
para aqueles alunos que possuem algum transtorno seja de aprendizagem ou
comportamento, o trabalho é infinito e não se esgota, entretanto, é algo que faço com
amor.
44

10) No seu caso, que possui alunos com diferentes diagnósticos, como é o processo
de adaptação do currículo e das atividades para esses alunos? Na minha visão enquanto
educadora de alunos matriculados no pré-escolar I, faz-se importante em primeiro uma
investigação das habilidades cognitivas, motoras, sociais e do nível de “maturidade” que
a criança já apresenta, pois percebo nos meus uma heterogeneidade gritante quanto a
maturidade para compreender conceitos e manter-se atento, e isso não só acontece com
crianças que tem laudo, há diferenças significativas de comportamento entre as chamadas
crianças típicas. Entretanto, para aqueles que por conta do transtorno a sua capacidade de
aprender esteja impactada, é necessário um trabalho conjunto entre o professor, o
psicopedagogo, o fonoaudiólogo e os pais, para que com todos empenhados no
desenvolvimento daquela criança, melhores resultados sejam alcançados.
11) O que você gostaria de falar sobre o tema da nossa entrevista, para os futuros
estudantes de Pedagogia? Se o seu sonho é ser professor, seja ele da educação infantil,
do ensino fundamental I ou II, ou até mesmo de uma universidade, não desista, acredite
em você, no seu processo e na sua capacidade e, por mais que você já ache que esteja
pronto, nós nunca estamos 100% prontos, isso em qualquer profissão, sempre haverá algo
novo para aprender! E como diria Paulo Freire: O professor que pensa certo, deixa
transparecer, aos educandos a beleza de estarmos no mundo e com o mundo, como seres
históricos... (Paulo Freire 2011, p. 61).
Após a realização da entrevista, eu, enquanto a entrevistadora e futura profissional
de Pedagogia, pude refletir bastante acerca do exercício da docência e delinear a
professora que quero ser para meus alunos no futuro.
Tomando o livro Pedagogia da Autonomia de Paulo Freire, como norte de uma
reflexão crítica da prática profissional do professor, podemos dizer que não há docência
sem discência, é necessário saber como passar o conhecimento e não somente transmitir
conhecimento ao aluno como se este fosse um ser passivo em seu processo de ensino-
aprendizagem. Ou seja, só existe ensino quando o aprendiz é capaz de recriar ou refazer
o que lhe foi ensinado.
Ainda tomando como referência as ideias e os saberes de Paulo Freire, podemos
dizer que ensinar exige do professor uma rigorosidade metodológica para com o seu
aluno, objetivando torná-lo curioso, criativo e envolvido no seu processo de
aprendizagem, para que educador educando se transformem em sujeitos da construção e
da reconstrução do saber.
45

Além de tudo que foi dito acima, para ensinar o professor precisa pesquisar,
segundo Paulo Freire (1996, p. 29), não há ensino sem pesquisa, nem pesquisa sem ensino
e ele vai além, nos dizendo que para educar o professor precisa respeitar os saberes do
educando, visto que este aluno já chega ao colégio com conhecimentos prévios que foram
adquiridos fora do espaço escolar, mas que não devem ser desconsiderados pelo educador
somente por este motivo.
Por fim, pude refletir que para ensinar não basta somente os conteúdo teórico,
aquilo que você aprende na graduação, para vir a ser uma profissional que desperte o
interesse e a mudança nos alunos, é necessário fazer uma prática respeitosa, reflexiva,
crítica, que respeite os saberes e a autonomia do educando e que não somente reproduza
conhecimentos.
Para encerrar este capítulo metodológico, podemos trazer o pensamento de
Antônio Nóvoa, grande psicólogo e educador português: “ainda que a bagagem teórica
tenha utilidade, se você não fizer uma reflexão global sobre sua vida, como aluno e como
profissional, esta bagagem terá sua utilidade reduzida”. Trecho retirado de entrevista
realizada por Paola Gentile e concedida por Antônio Nóvoa por e-mail diretamente da
Capital Portuguesa. 1

1
O link da entrevista se encontra nas referências bibliográficas do trabalho.
46

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir do exposto no presente trabalho, vale ressaltar que todas as teorias


referenciadas nesta pesquisa são de fundamental importância para a atuação dos
profissionais de educação. Muitas vezes, vemos que os problemas/dificuldades de
aprendizagem são fruto da própria escola e/ou da família.

O pedagogo e o psicólogo são os profissionais que vão atuar junto a estas


dificuldades, em parceria com todos os níveis profissionais da escola, para melhorar o
processo de ensino-aprendizagem. Sendo assim, é necessário que eles compreendam a
total realidade da escola e do aluno para que, com o seu olhar amplo, criem um
planejamento educacional e/ou lúdico que a escola disponibilizará para o aluno que
enfrenta dificuldades, de maneira a minimizar as insuficiências desse aluno ou a levá-lo
a superar sua defasagem ou problemas de aprendizagem.

As teorias que fundamentam a prática pedagógica e psicológica estudadas nesta


pesquisa devem qualificar esta prática quando exercida nas escolas. Baseado nesta ideia,
o trabalho do pedagogo e do psicólogo com enfoque na epistemologia, nos informa que
o desenvolvimento motor e cognitivo do aluno em processo de aprendizado precisa estar
com suas estruturas amadurecidas, e isto acontece de forma gradativa e varia de indivíduo
para indivíduo.

A contribuição sociointeracionista para o trabalho pedagógico e psicológico


escolar pensam o aluno como o centro do processo de aprendizagem, visto que a interação
social é fundamental para o desenvolvimento cognitivo e afetivo deste sujeito aprendente,
e é por meio das relações sociais coletivas que a criança obtém o seu conhecimento de
mundo, inclusive a linguagem.

A intenção deste trabalho é apresentar o papel do pedagogo e do psicólogo


enquanto mediadores das relações existentes dentro da escola, buscando confirmar a ideia
de que a presença de ambos os profissionais contribui para o sucesso do processo ensino-
aprendizagem.

Esta monografia possibilitou uma reflexão sobre a importância de conhecermos


um pouco mais o sujeito que aprende, o seu desenvolvimento cognitivo, afetivo e social,
visto que o aluno é um sujeito que tem história, origens, características próprias,
perspectivas e anseios.
47

A partir da necessidade do aluno e da escola, podemos compreender a necessidade


do pedagogo e do psicólogo terem claro e definida a sua função, dentro do contexto
escolar.

Pois ambos os profissionais já mencionados, são responsáveis pela mediação da


relação do professor com o sujeito que aprende, transformando o processo de ensino-
aprendizagem em algo prazeroso e resgatando o vínculo correto dos alunos com a
aprendizagem.

Assim sendo, as ações de todos os envolvidos no processo educativo, devem estar


alinhadas para um mesmo objetivo, isto é, a efetivação de uma prática educativa que torne
o sujeito da aprendizagem autônomo e participativo no seu processo de ensino-
aprendizagem.

Não podemos esquecer que o ato de aprender é um fenômeno complexo que exige
uma preparação e avaliação minuciosa e que pressupõe o estabelecimento de vínculos
necessários ao processo de ensino-aprendizagem.

Ao refletir sobre o acompanhamento psicológico realizado no cenário


educacional, este tem o papel de estimular o desenvolvimento das relações sociais e
estabelecer vínculos, na utilização de métodos de ensino compatíveis com a concepção
do processo de aprendizagem das crianças.

Assim sendo, a atuação conjunta do pedagogo e do psicólogo escolar procura


envolver toda equipe escolar e a comunidade em torno da escola a contribuir com o
desenvolvimento do conhecimento pelo aluno, que o leve a superar obstáculos.

Podemos dizer que esta pesquisa foi satisfatória, pois conseguiu cumprir com os
seus objetivos gerais e específicos, levando a uma contribuição de que o papel do
pedagogo vai muito além da sala de aula.

E que o principal objetivo da interação entre o pedagogo e o psicólogo é a parceria


para a melhoria no processo de aprendizagem de todo o alunado.

Por fim, vale a pena dizer que as contribuições dos teóricos aqui escolhidos
servem de base para investigar o ato de aprender. É necessário que os profissionais alvo
desta monografia utilizem os referenciais teóricos para melhor planejar as suas atividades
e os recursos para identificar, tratar e prevenir as dificuldades decorrentes da
48

aprendizagem, seja por distúrbio, seja por transtorno, seja ainda por outra origem que
interfira no processo de aprendizagem.

Ao terminar este trabalho de pesquisa bibliográfica, procuramos elucidar o


questionamento-tema: “A relação de complementaridade entre a pedagogia a psicologia
no campo escolar”. Inferiu-se ao longo de várias leituras que a preocupação do pedagogo
e do psicólogo escolar é compreender os processos de aprendizagem, articulá-los em suas
áreas em sala de aula com sua especificidade no campo da investigação do ato de
aprender. O saber-fazer do profissional relacionado às áreas da aprendizagem em sala de
aula exige o cuidado de não se ferir a ética que orienta os direitos e deveres tanto da
instituição quanto do aluno individualmente, ou nas suas ações junto ao grupo de alunos,
considerando a influência dos fatores físicos, emocionais, psicológicos, sociais e culturais

Ao propormos, nesta monografia, a reflexão sobre o papel do pedagogo e do


psicólogo escolar na mediação da relação professor e aluno, não temos a intenção de
esgotarmos as possibilidades de atuação destes profissionais no campo educacional.
49

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Antônio Nóvoa: "professor se forma na escola" | Nova Escola


Disponível em: https://novaescola.org.br/conteudo/179/entrevista-formacao-antonio-
novoa. Acesso em 14/06/2022
55

APÊNDICE 1

Fonte: elaborado pela autora.


56

APÊNDICE 2

Modelo de entrevista realizado – roteiro das perguntas

1) O que a levou a cursar a faculdade de Pedagogia?

2) Em que Universidade você se formou?

3) Em que ano você se formou?

4) Onde você trabalha atualmente?

5) A quanto tempo você exerce a função de professora?

6) Quais são as atividades desempenhadas por você nos colégios em que


trabalha?

7) Você acha que o curso de Pedagogia na modalidade de licenciatura a


preparou para o exercício da docência?

8) Como é o trabalho do pedagogo/professor da educação infantil?

9) Quais as maiores vantagens e dificuldades do seu trabalho?

10) No seu caso, que possui alunos com diferentes diagnósticos, como é o
processo de adaptação do currículo e das atividades para esses alunos?

11) O que você gostaria de falar sobre o tema da nossa entrevista, para os
futuros estudantes de Pedagogia?

Fonte: elaborado pela autora.

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