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GOVERNO DO ESTADO DO PIAUÍ

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ - UESPI


CAMPUS CLÓVIS MOURA – CCM
COORDENAÇÃO DO CURSO DE DIREITO

A Teoria Tridimensional de Miguel Reale


Componentes: Anny Kelly da Silva Figueiredo, Maria Joseane Oliveira Martins, Patricia
Costa Silva, Jhuan Pablo Vieira Melo, João Pedro Frota Rocha.

Biografia

Miguel Reale, nascido em São Bento do Sapucaí - São Paulo, foi um grande jurista brasileiro
que trouxe importantes contribuições para o Direito, dentre as principais se destacam a
criação da Teoria Tridimensional do Direito e a elaboração do Novo Código Civil em 2002.
Reale também ganhou visibilidade Internacional participando de aclamados congressos
internacionais de Filosofia.

Correntes Filosóficas

➢ Normativista: as leis deveriam ser compreendidas pelo seu valor intrínseco, o que se
entende por normativismo. Segundo esta corrente, fatores culturais ou julgamentos de
valor têm pouco peso na interpretação do direito, sendo que as leis são uma causa e
um fim em si mesmo.

➢ Sociologista: acreditando que as leis são um produto de seu tempo e espaço, muda o
foco para os fatos do direito, interpretando a legislação segundo sua necessidade (a
sociedade precisa de tais leis?) e resultados (tais leis são eficazes? Se sim, como?).

➢ Moralista: os moralistas se concentram na ancestral dúvida de se uma lei é ou não


justa. Para eles, o valor (axioma) do código legal é mais importante, devendo a lei
estar em harmonia com o que aqueles a ela subordinados julgam ser justo ou correto.

Definição e descrição da Teoria Tridimensional do Direito

A Teoria Tridimensional do Direito, concebida pelo professor Miguel Reale, foi abordada em
seu trabalho de tese ‘’Fundamentos do Direito’’ (1940) e tema de um de seus livros: Teoria
Tridimensional do Direito - Miguel Reale, publicado em 1968.
Miguel Reale, contrapondo-se às correntes do Sociologismo Jurídico,
Formalismo-Normativista e Moralismo Jurídico, elabora a sua teoria como uma solução para
o problema da unicidade reducionista de ver a experiência jurídica, pois cada uma dessas
teorias tentava separar fatos, normas e valores. Na Teoria Tridimensional do Direito há três
dimensões que devem estar juntas e não separadas: fatos, valores e normas. Há a
interdependência entre esses três elementos e uma correlação necessária, já que um elemento
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não se reduz ao outro, mas também cada um deles não poderá ser compreendido sem o outro.
Portanto, a experiência jurídica tem uma estrutura social axiológico-normativa.
Por que não podem ser separados? Segundo Miguel Reale, comprometeria a natureza jurídica
da pesquisa. Logo, a unidade do fenômeno jurídico é importante pois também gera maior
flexibilidade interpretativa no estudo das leis.

Conceito de Fato

O fato vem a ser um acontecimento social que envolve interesses básicos para o homem e que
por isso se enquadra no conjunto de assuntos regulados pela ordem jurídica.

Conceito de valor

Para Miguel Reale, valor não tem uma definição exata, pois pertence ao mundo do “dever
ser”, tanto o ser como o valer são duas categorias fundamentais do homem, sendo assim a
definição de “ser e o que é” e a definição de “valer é o que vale”. O valor é intrínseco ao
homem, pois o ser humano é essencialmente valorativo. O valor é incomensurável e não pode
ser quantificável, pois vale em razão de sua importância. Axiologia é uma área do
conhecimento que busca estudar e entender os valores.

Características dos valores

• Bipolaridade( para cada valor há um desvalor que o contrapõe)


• Implicação recíproca(um valor sofre a interferência em detrimento de outro)
• Referibilidade( quando se opta por um valor que vai se tornar uma referência)
• Realizabilidade( quando um valor se concretiza num objeto real)
• Preferibilidade( quando se escolhe um valor que lhe parece mais vantajoso)
• Historicidade( o valor se altera. No tempo e no espaço de acordo com o desenvolvimento
histórico e cultural do indivíduo)
• Inexauribilidade( o valor não se esgota, mas está em constante atualização).

Graduação hierarquia dos valores

Os valores podem ser organizados em uma lista hierárquica também chamada de tábua de
valores onde o que está no topo ou valor fonte é o da dignidade humana e os demais valores
são os fundamentais, estes devendo sempre estarem sujeitos ao valor fonte, são eles: a
bondade, o verdadeiro, o belo, o sagrado e o bem.

O valor na nomogênese jurídica


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Nomogênese é o momento de criação de uma norma jurídica, existem várias etapas para se
elaborar uma norma jurídica, no momento da escolha de um assunto que será objeto de
deliberação os fatores são agrupados em dois tipos: os de cunho axiológico e os de cunho
fático, diante da votação em plenário um valor será eleito ficando os demais valores de lado,
percebe-se então que sobre cada complexo fático incide outro complexo axiológico pois cada
membro tem seu próprio valor a respeito dos fatos.

Conceito de Norma

A norma, é a terceira dimensão, que é nada mais que um instrumento de expressão do sistema
de garantias do poder e ao mesmo tempo parte do sistema, exemplo: a Constituição Federal
(88), Art. 144 diz que a preservação da ordem pública e a incolumidade das pessoas e do
patrimônio, são incumbência: PF, PRF, PFF, PC, PM e CBM, PP. Logo, o sistema de garantia
de poder é a estrutura dessas instituições e suas relações na realidade, enquanto a lei (norma),
é somente o instrumento de expressão deste sistema, mas também, o parâmetro de limites e
liberdades do mesmo.

Aplicação da Teoria

Primeiramente, é necessário tomar uma noção do que é o Direito para o autor: Direito é uma
garantia de exercício do poder, com reciprocidade e sociabilidade jurídica, tendo essa
garantia 3 dimensões (Fato, Valor e Norma). Primeiramente, imagine uma mulher que
concebe um filho, obviamente essa criança precisará ser alimentada pela mãe para sobreviver,
logo temos um fato ( e a demonstração da socialidade jurídica), esta mãe, ama seu filho e o
quer vivo, ao contrário de seitas antigas em que a mãe também amava seus filhos, mas os
matar sacrificando aos deuses, o que há de diferente entre as duas? A ética, o dever-ser, uma
tem a vida como bem indisponível enquanto a outra, um bem negociável, logo é demonstrado
a axiologia do fato ( o valor), neste mesmo caso a mãe tem poder sobre a criança
(reciprocidade jurídica), podendo amamenta-la ou não (demonstrando a reciprocidade
jurídica), para expressar essa garantia de poder, o sistema jurídico brasileiro diz no Art. 229
que é dever dos pais assistir, criar e educar os filhos, demonstrando através da norma.
Para ficar mais claro, é necessário a noção do que não é Direito, por exemplo: imagine que
um jovem estudante de Direito, chamado Jhuan, desista do curso e decida virar petista e
assaltante de bancos, ele encontra um amigo, e inicia um assalto (Fato), contudo a polícia
logo descobre e os cerca, fazendo com que o seu amigo o cobrisse atirando na polícia
enquanto Jhuan abria o cofre (Valor), contudo, sem sucesso eles são presos e enquadrados na
lei de roubo do Código Penal Brasileiro (Norma). É isto um direito? Claro que não, pois não
há socialidade jurídica, isto é, a sociedade inteira não vive de assaltos, e o valor é imoral, ou
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seja, o dever-ser de proteger uma amigo entra em conflito com o dever-ser de proteger várias
pessoas justas. Mesmo contendo uma reciprocidade, que é, um só consegue roubar se o outro
proteger, lhe faltam os outros aspectos, logo isso não é um direito.

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