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29/05/2018

Universidade de Franca
Faculdade de Odontologia
O QUE É PERIÁPICE ???

Complexo de tecidos que circundam a porção


apical da raiz de um dente:
• Cemento
• Ligamento periodontal
• Osso alveolar
Funções dos tecidos da região periapical:
• Sustentação
• Inserção
• Nutritiva
• Nervosa
Prof. Fábio Picoli • Defesa

PERIAPICOPATIAS “Se a fonte de irritação periapical for


• O periápice é envolvido quando ocorre motificação removida por meio de um bom
pulpar
tratamento endodôntico, existe
• Resultado de bactérias, seus produtos e a resposta
do hospedeiro à eles.
potencial para a recuperação apical ”
• Todas as lesões periapicais de origem pulpar são Prof. Dr. Jesus Djalma Pécora
irreversíveis sem o tratamento endodôntico.

“Ao contrário dos tecidos pulpares,


os tecidos periapicais apresentam
condições que favorecem o reparo”

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NaOCl

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CAUSAS DAS ALTERAÇÕES PERIAPICAIS

• Infecção da polpa dental causada por cárie

• Trauma (físico e térmico)

• Agentes químicos irritantes

Microrganismos predominantes nas


alterações periapicais de origem
endodôntica são bactérias anaeróbias

CLASSIFICAÇÃO DAS PERIAPICOPATIAS

AGUDAS

 Periodontite Apical Aguda (Pericementite Apical Aguda)

 Abscesso Perirradicular Agudo (Abscesso Dentoalveolar Agudo)

CRÔNICAS

 Periodontite Apical Crônica (Pericementite Apical crônica)

 Granuloma Perirradicular (Granuloma Apical)

 Cisto Perirradicular (Cisto Periodontal Apical)

 Abscesso Perirradicular Crônico (Abscesso Dentoalveolar Crônico)

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PERIODONTITE APICAL AGUDA PERIODONTITE APICAL AGUDA


Quadro clínico:
É uma inflamação aguda (Neutrófilos PMN e
edema) dos tecidos situados ao redor do ápice • Dor intensa espontânea e localizada
radicular de um dente (ligamento periodontal) • Sensação de “dente crescido” (extrusão)
Etiologia: • Sensibilidade à percussão e mastigação
Acidentes
• Teste térmicos negativos
• Traumática Restaurações com excesso oclusal
Sobre-instrumentação e sobre-obturação • Sensibilidade à palpação da mucosa (às vezes)
Uso incorreto de alavancas (exodontias) Radiografia:
• Irritantes químicos Medicação intracanal • Aumento da espessura do espaço do ligamento periodontal apical
Soluções irrigadoras
Tratamento
• Microrganismos Bactérias
• Tratamento endodôntico, alívio de oclusão e medicação sistêmica
Toxinas (analgésico/antiinflamatório)

PERIODONTITE APICAL AGUDA

IMPORTANTE:

 Em casos de periodontite apical aguda de


origem traumática (ex: restaurações em sobre-
Espessamento do oclusão, trauma oclusal), a polpa pode apresentar
ligamento periodontal vitalidade (resposta positiva ao teste térmico
pulpar).

 Nestes casos não há necessidade de tratamento


endodôntico, apenas ajuste alívio oclusal e
medicação sistêmica (analgésico/antiinflamatório)

ABSCESSO PERIRRADICULAR AGUDO ABSCESSO PERIRRADICULAR AGUDO


Quadro clínico:
É um processo inflamatório agudo, caracterizado pela formação
de pus, que afeta os tecidos periapicais, tem evolução rápida e  Dor espontânea, localizada, lancinante, pulsátil, com formação
causa dor violenta. de pus, dando sensação de pressão na área.
Se a resposta inflamatória não consegue eliminar o agente  Evolução rápida, linfadenite regional, febre (às vezes)
agressor ou reduzir a intensidade da injúria.
 Tumefação intra ou extra-oral, flutuante ou não
Causas:
 Mobilidade e extrusão dentária
Presença de bactérias extremamente virulentas associadas à
infecção Sensibilidade à percussão e à palpação
Extrusão de materiais tóxicos e microrganismos para a região
 Teste térmicos pulpares negativos (Pode apresentar resposta + ao calor)
apical (durante esvaziamento do canal)
Origem: Radiograficamente:
 Pericementite apical aguda não tratada  Espessamento do espaço do ligamento periodontal apical
 Granuloma ou abscesso crônico (Abscesso Fênix)  Área radiolúcida (agudização de processo crônico: cisto ou granuloma)

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ABSCESSO PERIRRADICULAR AGUDO ABSCESSO PERIRRADICULAR AGUDO

Fase intra-óssea

Fase Sub-periostal

Fase Sub-mucosa

Formação fístula
(Abscesso Crônico)

ABSCESSO PERIRRADICULAR AGUDO ABSCESSO PERIRRADICULAR AGUDO

ABSCESSO PERIRRADICULAR AGUDO ABSCESSO PERIRRADICULAR AGUDO

Diagnóstico diferencial: Tratamento:


 Estabelecer drenagem oportuna
 Abcesso perirradicular deriva de infecção (via canal, ligamento periodontal, incisão na mucosa)

pulpar (polpa mortificada – testes térmicos negativos)  Eliminar a causa


(Esvaziamento, instrumentação e medicação intra-canal)

 Abscesso periodontal desenvolve-se a  Aliviar a oclusão

partir de bolsa periodontal, portanto, com  Se o paciente apresentar febre: antibioticoterapia


(penicilina)

vitalidade pulpar (testes térmicos positivos)  Continuação do tratamento endodôntico após o


desaparecimento da sintomatologia dolorosa

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PERIODONTITE APICAL CRÔNICA

 Quando a resposta inflamatória associada à periodontite


apical aguda é eficaz na redução da intensidade da
agressão, a resposta cronifica

 Células imunocompetentes, como linfócitos, plasmócitos


e macrófagos, são atraídas para a região afetada

 Se agente infeccioso for de baixa intensidade (baixa


virulência) a inflamação crônica no ligamento periodontal
se estabelece sem ser precedida por uma resposta
inflamatória aguda
Lopes & Siqueira, 2004

PERIODONTITE APICAL CRÔNICA GRANULOMA PERIRRADICULAR


Quadro clínico:  Causado por um agente agressor de baixa intensidade
 Ausência de dor (paciente pode relatar um episódio de dor prévio)
 Testes térmicos pulpares negativos (polpa mortificada)  É constituído, de forma geral, por um tecido de granulação que
 Respostas negativas à percussão e palpação ocupa a área do osso reabsorvido (resultado do efeito de

Aspecto Radiográfico: mediadores químicos), constituído basicamente por:

 Presença ou não de espessamento do espaço do ligamento  Infiltrado inflamatório crônico (Macrófagos, Linfócitos e Plasmócitos)

periodontal apical
 Associado a elementos de reparação (Fibroblastos e vasos
sangüíneos neoformados)
Tratamento:
 Eliminação do agente agressor (limpeza e desinfecção dos canais  Envolvido, perifericamente, por uma cápsula fibrosa
radiculares), seguida de obturação em sessão subseqüente
(Composta basicamente por colágeno)
Lopes & Siqueira, 2004 Lopes & Siqueira, 2004

GRANULOMA PERIRRADICULAR GRANULOMA PERIRRADICULAR


Quadro clínico:
 Assintomático
 É a patologia dos tecidos perirradiculares mais
 Dente não responde aos testes de vitalidade ou
comumente encontrada sensibilidade (frio, calor e elétrico)

 De 2308 lesões estudadas: 48% granulomas e 42%  Sem dor à percussão e palpação

cistos (Bhaskar,1966)  A coroa pode estar escurecida


Radiograficamente:
 De 256 lesões estudadas: 50% granulomas, 35%
 Rarefação apical circunscrita com forma oval ou
abscessos e 15% cistos (Nair et al., 1996) circular, com perda da integridade da lâmina dura
Tratamento:
 Tratamento endodôntico

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GRANULOMA PERIRRADICULAR CISTO PERIRRADICULAR

 É originado de um granuloma perirradicular que se


tornou epiteliado

Excelente capacidade  O processo inflamatório crônico ativa a proliferação


de regeneração de células epiteliais, remanescentes da bainha epitelial
quando o agente
agressor é eliminado de Hertwig (Restos Epiteliais de Malassez)

 Resultado de uma infecção endodôntica de longa


duração

CISTO PERIRRADICULAR CISTO PERIRRADICULAR

Quadro clínico:
 Consiste de uma cavidade patológica, contendo
 Assintomático
material fluido ou semi-sólido, o qual é composto  Não responde aos testes de sensibilidade pulpar (frio e calor)
principalmente por células epiteliais degeneradas,  A coroa pode estar escurecida
 Sem dor à percussão e palpação
revestida por um epitélio pavimentoso estratificado.
Radiográfico:
 Externamente encontra-se um tecido granulomatoso  Rarefação óssea circunscrita circular, podendo apresentar
envolto por uma cápsula de tecido conjuntivo denso linha radiopaca delimitando a lesão

composta basicamente por colágeno Tratamento:


 Tratamento endodôntico

ABSCESSO PERIRRADICULAR CRÔNICO


Os cistos de origem
endodôntica regridem após Lesão perirradicular originada a partir da cronificação de
o correto tratamento do abscesso perirradicular agudo
canal radicular ????
Características:

 Assintomático (sem dor)

 Respostas negativas aos testes pulpares (frio e calor)

 Detectado pelo exame radiográfico (rarefação óssea periapical difusa)

 Detectado pelo exame de inspeção (fístula intra ou extra-oral)

Tratamento: Endodôntico

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ABSCESSO APICAL CRÔNICO ABSCESSO PERIRRADICULAR CRÔNICO

RASTREAMENTO DA FÍSTULA
Com cone de guta-percha,
investigar o trajeto da fístula,
para determinar sua origem
(radiograficamente)

ABSCESSO APICAL CRÔNICO ABSCESSO APICAL CRÔNICO

Dentes portadores de lesão


periapical crônica

Presença de
colônias
bacterianas

BARNETT 1990; NAIR et al. 1990;


TRONSTAD et al. 1990; KIRYU et al. 1994 LEONARDO & LEAL, 1998

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 Etiopatogenia desconhecida Características:


 Distúrbio na reabsorção e formação dos tecidos periapicais  Assintomático (sem dor)
 Descoberta ao acaso (pelo exame radiográfico):
 O ligamento periodontal e o osso periapical são substituídos
 Fase inicial (áreas radiolúcidas no ápice de um ou mais dentes)
por tecido conjuntivo, ricamente celularizado (fibroblastos),
 Fase intermediária (mistas: ;areas radiopacas permeiam a lesão radiolúcida)
que gradativamente vai depositando matriz cemento-óssea
 Fase final (lesão predominantemente radiopaca com halo radiolúcido irregular)
cuja mineralização e expansão resultam na fusão com o ápice
 Respostas positivas aos testes pulpares (frio e calor) – Polpa Vital
dentário.  Maior prevalência em mulheres negras na faixa etária de 30 anos
(incisivos e caninos inferiores)
 Autolimitante
Tratamento: Não requer qualquer tratamento
 Não tem caráter neoplásico (apenas conscientização do paciente)

BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA

Neoplasia benigna dos tecidos periapicais, caracterizada pela reabsorção


e neoformação de tecido cementóide displásico
Lopes e Siqueira. Endodontia: Biologia e técnica.
Etiologia é desconhecida
2a Ed. Guanabara-Koogan. Rio de Janeiro, 2004
Características:
 Ocorre, geralmente, em pacientes adultos jovens CAPÍTULO 2 – PÁGINA 52 À 74
 Localizada na região de 1os molares inferiores permanentes
 Geralmente assintomático (sem dor) Leonardo & Leal. Endodontia. 3a Ed.
Os dentes envolvidos, normalmente, apresentam vitalidade pulpar
Panamericana. São Paulo, 1998
 Ausência de relação causa-efeito
 Descoberta ao acaso pelo exame radiográfico: CAPÍTULO 5 – PÁGINA 100 À 101
Massa radiopaca esférica e simétrica, circunscrita por halo radiolúcido
Reabsorção dentária apical irregular
(Displasia cementária e Cementoblastoma benigno)
Tratamento: Deve ser removido cirurgicamente (obrigatoriamente)

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