Biossegurança, semiologia e exame clínico
Estomatologia – UFPE
Biossegurança
Formas de contaminação
*As doenças infectocontagiosas têm formas
preferenciais de transmissão, podendo ser:
• Direta: ocorre pelo contato direto entre o
portador e o futuro hospedeiro. Exemplo:
herpes vírus, papiloma, hepatites, HIV e sífilis.
• Indireta: quando o futuro hospedeiro entra em
contato com uma superfície ou substância
contaminada pelo portador da doença infecto-
contagiosa. Exemplo: hepatites e HIV.
• À distância: através do ar, o futuro
hospedeiro entra em contato com os
microrganismos. Exemplo: tuberculose, gripe,
rubéola e caxumba.
Vias de contaminação
*A contaminação pode ser pelo contato direto com
lesões infectadas, transmissão indireta por objeto
infectado, respingos de sangue, saliva ou secreção e
inalação de microrganismos na superfície do ar.
Medidas de proteção
*Imunizações contra HBV, BCG e tríplice viral.
*Lavagem das mãos: ao iniciar o atendimento,
imediatamente após a remoção das luvas e em caso
de contaminação acidental. Lavagem prévia a
cirurgias.
*Uso de barreiras protetoras: sapatos fechados,
pijama cirúrgico, luvas, mascaras N95, protetores
oculares, face shield, avental e gorros descartáveis.
Cuidados com instrumentais, equipamentos e
superfícies
*Instrumental: descontaminação, lavagem com
desencrostamento, enxague e esterilização.
*A esterilização é feita em autoclave à 121ºC por 20
minutos ou por imersão em solução aquosa de
gluteraldeído a 2% por 10 horas.
*As pontas de alta e baixa rotação e seringa tríplice
devem ser descontaminadas.
*Deve haver cuidados com as alças e interruptores do
foco, aparelho de raios x, fotopolimerizador, sugador,
bancadas e equipamentos não metálicos.
Cuidados com material de biópsia
*O material não deve ser manuseado e deve ser
colocado imediatamente em recipiente adequado
com formol.
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Manipulação do lixo e roupa suja
*Os objetos perfuro cortantes devem ser descartados
em recipiente apropriado.
*Materiais que entraram em contato com saliva e/ou
sangue do paciente, devem ser descartados no lixo
contaminado e demais materiais no lixo comum.
Acidente de trabalho
*Em caso de exposição acidental ao HVB ou HIV, é
preciso fazer testes sorológicos ELISA em até 7 dias,
depois em 3 e 6 meses e fazer o AZT profilático
(profilaxia do HIV).
*No momento da contaminação, deve ser feita a
descontaminação do local, irrigar a mucosa ocular
com soro caso tenha sido exposta e notificar o
acidente ao setor de medicina do trabalho.
Introdução à semiologia
*Estuda os sinais e sintomas de uma doença a fim de
se obter um diagnóstico, é dividida em:
• Semiotécnica: técnica da pesquisa dos sinais
e sintomas por meio da exploração (coleta de
dados básicos).
• Propedêutica: é a análise do grupamento dos
dados recolhidos pela semiotécnica, que
serve para explicar o diagnóstico e presumir o
prognóstico.
*Os sintomas podem ser classificados em:
• Comum: é o sintoma comum a mais de uma
condição, como a dor.
• Patognomônico: é o sintoma característico
de uma doença.
• Anatômico: é o sintoma que provoca
alterações no órgão anatômico, como
aumento de volume e modificação da cor e
função.
• Reflexo.
*O diagnóstico é uma atividade unitemporal
realizada em determinado instante do processo
clínico e representa o nome ou identificação do
processo mórbido presente. É considerado
unitemporal devido à evolução da condição. O
diagnóstico pode ser:
• Direto: é relacionado aos sinais e sintomas
patognomônicos, por exemplo.
• Presuntivo: quando é necessário exames
complementares de imagem e
histopatológicos para confirmar o diagnóstico.
• Diferencial: é a segunda hipótese diagnóstica
de acordo com o aspecto clínico da lesão.
 • Pós-operatório: em casos que é necessária a
realização de cirurgia para fechar o
diagnóstico.
• Final: geralmente é o diagnóstico feito após o
recebimento do resultado do exame
histopatológico.
• Cirúrgico: quando é preciso fazer uma
análise dentro do bloco cirúrgico.
*O diagnóstico pode ser determinado pela tríplice do
critério do diagnóstico segundo Gregori pelos
danos:
• Anatômico: especifica o estado somático do
órgão comprometido e determina a origem.
• Funcional: indica o estado de função do
órgão alcançado pela doença.
• Etiológico: consiste na determinação da
causa do processo mórbido, elemento de
grande importância não só para presumir o
diagnóstico, como também para orientar a
terapêutica.
*O prognóstico supõe como será o desenvolvimento
clínico da condição do paciente ao longo do tempo. É
multitemporal, visto a evolução do caso. Segundo
Genovese, é o estuda da marcha, duração e término
da doença. É a antecipação teórica do desenrolar e
do finalizar de um estado mórbido.
*Geralmente condições benignas têm prognóstico
ótimo, bom ou regular, a depender se será preciso
remoção cirúrgica extensa. As neoplasias malignas
apresentam prognóstico ruim, péssimo ou sombrio.
*O prognóstico depende do tipo da doença, do dano
funcional, efetividade na terapêutica, condições
gerais e psiquícas do paciente.
*O plano de tratamento segue os critérios de
necessidade do paciente e de oportunidade do que o
serviço pode oferecer. O estado geral do paciente
determina a oportunidade da aplicação dos recursos
terapêuticos e pode, a depender da situação, impedir
sua utilização ou gerar novas agressões que irão
complicar ou exacerbar a doença presente.
*A terapêutica pode ser:
• Efetiva: quando há a retirada do agente
causal.
• Sintomática: tratamento que controla os
sintomas e melhora a qualidade de vida,
geralmente em doenças crônicas.
• De suporte: quando precisa dar suporte a
uma terapêutica efetiva.
*A proservação é o acompanhamento clínico e,
eventualmente, laboratorial, periódico do paciente ao
longo do tempo. O resultado final poderá ser a cura
completa da doença, com ou sem sequelas. Poderá
determinar o controle clínico do doente ou a
permanencia do mesmo sob terapia de manutenção.
*Os métodos semiológicos básicos consistem no
exame clínico, radiográfico e histopatológico.
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Etapas da metodologia clínica
*Coleta de dados básicos:
• Subjetivos: anamnese.
• Objetivos: exame físico.
*Interpretação dos dados coletados.
*Relação dos dados isolados ou agrupados em ordem
de importância.
*Seleção dos problemas chave.
*Identificação de doenças com os problemas
apresentados.
*Seleção das doenças, dentre as acimas, que melhor
explique os dados.
*Determinação do nível de intensidade e/ou
gravidade da doença identificada.
Exame clínico
Anamnese
*Os métodos de interrogar consistem no questionário
completo ou no orientado. O completo fornece mais
informações sobre o paciente, porém é mais
demorado, enquanto que o orientado não tem todas
as informações, mas possibilita fazer perguntas
chaves sobre as informações de interesse.
*A entrevista consiste na técnica hipotético-dedutivo,
reconhecendo os padrões do paciente.
*Estrutura da anamnese:
1. Identificação: nome, idade, sexo, cor, estado
civil, profissão, naturalidade e procedência. É
preciso registrar a fonte da história (paciente
ou acompanhante).
2. Queixa principal: registrar sucintamente o
motivo que levou o paciente ao serviço de
saúde.
3. História da doença atual: é a descrição
cronológica e organizada dos fatos que
levaram o paciente à unidade de saúde,
incluindo os dados anteriores sobre a doença
atual e tratamentos feitos previamente para o
entendimento da evolução do paciente.
4. História médica pregressa:
a. Relatar doenças da infância e doenças
da vida adulta (diagnósticos prévios,
sem relação com a doença atual),
cirurgias, traumas, hospitalizações,
medicações (anteriores e atuais com
doses e frequência).
b. Alergias: medicações, alimentos,
insetos, animais, ocupacional.
c. Hábitos e vícios: tabagismo, uso ou
abuso de álcool, cafeína, drogas,
comportamento e atividade sexual,
dieta, atividade física.
d. Imunizações.
5. Histórica familiar: idade e condições de
saúde de familiares, se há história de diabete,
hipertensão arterial, cardiopatia isquêmica
(infarto), acidente vascular cerebral, asma,
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 nefropatias, atopia, neoplasias, doenças
genéticas, pólipos intestinais, doenças
psiquiátricas, tuberculose, artrite.
6. História pessoal e social: formação,
educação, ocupação, religião, problemas
social, familiares e profissional.
7. Revisão de sistemas: é a última parte da
história clínica, quando o examinador irá
revisar todos os sintomas específicos ligados
aos diversos aparelhos, sistemas e regiões do
corpo. Algum aspecto relevante não
informado ou não valorizado na história da
doença atual ou pregressa poderá aparecer
na revisão de sistemas.
a. Geral: estado atual de saúde,
anorexia, emagrecimento ou aumento
de peso, febre, sudorese, astenia,
cansaço.
b. Cabeça: cefaleia, tontura, vertigem,
traumatismo.
c. Olhos: diplopia, visão turva, dor
ocular, cataratas, glaucoma, perda do
campo visual.
d. Ouvidos: acuidade auditiva, vertigem,
zumbido.
e. Nariz e seios da face: coriza,
infecções recorrentes, obstrução e
prurido nasal, rinite alérgica, sinusite.
f. Boca e garganta: dor de garganta,
gengivites, estado dos dentes,
próteses, boca seca, dor dentária,
faringites, rouquidão.
g. Pescoço: nódulos, gânglios,
alterações de tireoide.
h. Pulmões: tosse, expectoração,
hemoptise, dispneia, dor torácica,
chiado, asma, bronquite, pneumonia,
enfisema, tuberculose, exposição
ocupacional.
i. Cardíaco: angina, palpitações,
ortopneia, dispneia, edema,
hipertensão arterial, febre reumática,
sopros cardíacos, dislipidemia.
j. Trato gastrointestinal: disfagia,
odinofagia, dor abdominal, apetite,
náuseas, vômitos, diarreia,
constipação, dietas, melena,
enterorragia, hemorroidas,
endoscopias, hepatites.
k. Gênito-urinário: disúria, hematúria,
polaciúria, noctúria, nictúria,
incontinência, infecções.
i. Mulher: menarca, menopausa,
ciclo menstrual, dismenorreia,
metrorragia, leucorreia,
anticoncepção, dor mamária,
secreção mamilar, gravidez,
dispareunia, vida sexual.
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ii. Homem: hérnia, dor ou massa
testicular, secreção uretral,
lesão genital, prostatite,
disfunção sexual.
Elementos do exame físico específico
Cabeça e pescoço
*Normocefálico, couro cabeludo, olhos (aspecto,
pupilar, retina, pálpebras, esclera, campo visual e
acuidade visual), orelhas (aspecto, canal auditivo,
otoscopia, acuidade auditiva), nariz (mucosa, septo,
pólipos), cavidade bucal (lábios, mucosa, palato,
língua, amídalas, gengiva, dentes, reflexo de
deglutição).
*Pescoço: traqueia, laringe, tireoide (nódulos, bócio,
sopros), jugulares (pressões e pulso venoso),
linfonodos (submentoniano, submandibular, auricular,
occipitais, cervicais).
Lábios
*Deve ser encontrado: superfície rósea e brilhante,
lubrificada pela saliva e em direção ao vermelhão do
lábio, superfície mais firme e avermelhada.
*Deve ser observado: simetria, modificação de
coloração, áreas de atrofia e ceratoses.
*Deve se preocupar com: ulcerações (suspeita de
malignidade), fissuras (queilite angular), vesículas e
bolhas (herpes simples e mucocele), alterações de
pigmentação (síndrome de Peutz Jeghres) e
tumefações (angioedema).
Mucosa oral
*Deve ser encontrado: mucosa de coloração rósea,
superfície lisa e brilhante, lubrificada pela saliva.
*Deve ser observado: grânulos de Fordyce (variação
normal das glândulas sebáceos em forma de
pequenos pontos amarelados), leucoedema, linha
alba (queratinização na linha de oclusão), papila do
ducto excretor da glândula parótida.
*Deve se preocupar com: leucoplasia e líquen plano.
Gengiva
*Deve ser encontrado: gengiva inserida (aspecto de
casca de laranja), gengiva marginal e papila gengival.
*Deve ser observado: gengivite (gengiva marginal
vermelha e edemaciada), hiperplasia gengival
(drogas como fenitoína e bloqueadores de cálcio,
puberdade, gestação, discrasias sanguíneas e
leucemia), periodontite (gengivite associada com
perda óssea e mobilidade dentária) e GUN (gengivite
ulcerativa necrosante) (inversão papilar,
pseudomembrana e odor fétido).
Palato duro
*Deve ser observado: mucosa revestindo osso, com
superfície lisa e brilhante, de coloração rosa pálido e
impressões palatinas.
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*Pode ser encontrado: torus palatino, estomatite
nicotínica e candidíase eritematosa
*Deve se preocupar com: hiperplasia papilar, fibroses,
hiperplasia fibrosa, ulcerações, leucoplasias e
eritroplasias.
Palato mole
*Não fazer palpação e observar a simetria quando o
paciente diz “eeee”.
*Pode ser observado: lesões brancas persistentes e
lesões vermelhas.
*É indicação para biópsia lesões que duram mais que
duas semanas com história de tabagismo.
Língua
*Deve ser observado: fissuras dorsais (língua
escrotal), glossite migratória benigna (língua
geográfica), glossite romboidal mediana,
varicosidades e margens laterais com endentações.
*Deve se preocupar com: macroglossia, microglossia,
carcinoma lingual, leucoplasia pilosa, leucoplasia,
paralisia de XII par de nervo craniano.

Estomatologia Larissa Albuquerque