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Normas Constitucionais

1 – Normas constitucionais

1.1 – Disposições gerais

As normas constitucionais, em relação ao conteúdo, são classificadas em formais e


materiais. Nesse sentido, as normas formais são veiculadas no texto constitucional
independentemente de sua natureza, enquanto as normas materiais possuem natureza
essencialmente constitucional independentemente de veiculação no texto constitucional.

1.2 – Características

As normas constitucionais possuem superioridade hierárquica formal, natureza política


dúplice e conteúdo e linguagem específicos. A superioridade hierárquica formal garante que as
atividades estatais legislativa, executiva e judiciaria sejam parametrizadas pela Constituição. A
natureza política dúplice consiste na dupla função de legitimação e limitação do poder político.
O conteúdo específico consiste na finalidade básica de organização do Estado e garantia de
direitos enquanto a linguagem específica consiste no alto grau de abertura e baixo grau de
densidade das normas, que tem os valores constitucionais concretizados pelo interprete.

2 – Finalidade das normas constitucionais

2.1 – Disposições gerais

As normas constitucionais, em relação à finalidade, são classificadas em normas de


organização, normas definidoras de direitos e normas programáticas.

2.2 – Normas de organização

As normas constitucionais de organização têm a finalidade de organização territorial e


funcional do Estado. A organização territorial consiste na divisão vertical do exercício do poder
político entre os entes federativos, formas de Estado, enquanto a organização funcional
consiste na divisão horizontal do poder entre órgãos, funções do Estado. Nesse sentido, o
Estado é organizado inicialmente pela incidência da divisão vertical e posteriormente pela
horizontal.

2.3 – Normas definidoras de direitos

As normas definidoras de direitos têm a finalidade de intervenção do Estado na ordem


político-social, afirmando direitos, prescrevendo garantias e disponibilizando remédios. A
afirmação dos direitos caracteriza o primeiro momento de consubstanciação da norma,
enquanto a prescrição das garantias e a disponibilização dos remédios nos segundo e terceiro
momentos, respectivamente. Nesse sentido, todo direito afirmado possui uma garantia
prescrita que o assegura e toda garantia possui um remédio disponibilizado que a torna eficaz.
(liberdade de locomoção, direito de propriedade; formalidades da prisão provisória,
desapropriação por interesse público; habeas corpus, mandado de segurança)

2.4 – Normas programáticas

As normas programáticas têm a finalidade de prescrever programa de atuação estatal


na ordem econômica e social.

3 – Estrutura das normas constitucionais

3.1 – Norma regra

A norma regra consiste na estrutura formada por antecedente descritivo do fato e


consequente prescritivo de conduta, com fundamento nos modais deônticos de obrigação,
permissão ou proibição, e retira seu fundamento de validade em norma diversa. A aplicação da
norma regra possui natureza concreta monofuncional, mediante subsunção da norma ao fato,
que produz efeitos determinados no tempo e no espaço.

3.2 – Norma princípio

A norma princípio consiste na consagração de um valor fundamental do ordenamento


jurídico e retira seu fundamento de validade do próprio conteúdo. A aplicação da norma
princípio possui natureza informativa e influenciadora plurifuncional, mediante fenomenologia
da incidência na produção, interpretação e aplicação, com efeitos restritos ao núcleo essencial.

3.3 – Postulados normativos

Os postulados normativos, segundo Humberto Bergman Ávila, são definidos como


metanorma, ou norma de segundo grau, que definem a forma de aplicação das normas
constitucionais. (provas subjetivas)

4 – Eficácia das normas constitucionais

4.1 – Disposições gerais

A eficácia, com fundamento na teoria dos planos jurídicos, consiste na aptidão


potencial para a produção de efeitos das normas constitucionais. Nesse sentido, a
aplicabilidade e a efetividade surgem como qualidades da eficácia para a aplicação concreta e
efetiva da norma. A aplicabilidade, segundo José Afonso da Silva, consiste na qualificação da
eficácia com base na realizabilidade da norma, mediante adaptabilidade ao caso concreto,
enquanto a efetividade, segundo José Roberto Barroso, consiste na qualificação com base no
cumprimento efetivo da norma pela sociedade, também abordada por Hans Kelsen como
eficácia social.

4.2 – Doutrina clássica

A eficácia das normas constitucionais é classificada pela doutrina tradicional em


normas auto-aplicáveis e normas não auto-aplicáveis, com base na necessidade de interposição
legislativa para aplicação concreta.

4.3 – Doutrina moderna

A eficácia das normas constitucionais é classificada pela doutrina moderna em plena,


contida e limitada, com base na ausência de auto-aplicabilidade e de não auto-aplicabilidade
absolutas, em virtude do fenômeno da contenção de eficácia e dos efeitos revogatório e
inibitório. As normas de eficácia plena possuem aplicabilidade direta, integral e imediata. As
normas de eficácia contida possuem aplicação direta, restrita e imediata. E as normas de
eficácia limitada possuem aplicação indireta, integral e mediata, podendo declarar os
princípios institutivo ou organizatório e programático.

4.4 – Doutrina contemporânea

A doutrina contemporânea busca evitar a violação a direito fundamental pela ausência


de interposição legislativa, garantida a prevalência da efetivação concreta sobre a classificação
abstrata com base na prestação cabível, na ponderação de interesses, no mínimo existencial e
na reserva do possível. (Constitucionalização do direito, Virgílio Afonso Silva; Desenvolvimento
e Efetivação das Normas Constitucionais, Sérgio Fernando Moro; ADPF 45; medicamento para
hipossuficientes; obrigação de fazer estado)

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