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Hermenêutica constitucional

1 – Hermenêutica constitucional

1.1 – Disposições gerais

A interpretação constitucional consiste na atividade intelectual com a finalidade de


revelação do exato sentido, alcance e conteúdo das normas constitucionais, e tem
fundamento nas características das normas.

1.2 – Supremacia e unidade constitucional

As principais características das normas constitucionais são a superioridade hierárquica


formal e a unidade. Nesse sentido, a superioridade hierárquica formal caracteriza o
fundamento de validade do ordenamento jurídico, enquanto a unidade garante a natureza
ordenada e sistematizada.

1.3 – Presunção de constitucionalidade

As normas constitucionais possuem presunção relativa de constitucionalidade,


garantida a presunção absoluta mediante declaração de constitucionalidade.

1.4 – Proporcionalidade

A proporcionalidade consiste na característica das normas constitucionais baseada na


adequação e na necessidade entre o meio escolhido e a finalidade pretendida.

1.5 – Máxima efetividade dos direitos fundamentais

A dignidade humana, valor fundamental do ordenamento jurídico, é garantida


mediante a intepretação das normas constitucionais com base na máxima efetividade possível
na aplicação dos direitos fundamentais, fundamentada na ponderação entre o dever estatal de
prestação e a reserva do possível.

1.6 – Interpretação conforme a Constituição

A interpretação conforme a Constituição consiste na garantia de aplicação da norma em


caso de dúvida sobre a constitucionalidade, com fundamento na presunção de
constitucionalidade e no déficit democrático do Judiciário. Contudo, além de método de
interpretação, pode ainda caracterizar a intenção de manutenção da norma no ordenamento
jurídico como técnica de decisão no controle de constitucionalidade.

1.7 – Correição funcional e eficácia integradora

A correição funcional decorre da separação dos Poderes e consiste na manutenção da


estrutura política organizacional do Estado mediante interpretação das normas constitucionais
vinculada à competência do interprete. A eficácia integradora garante a interpretação baseada
na harmonia e na organização social mediante primazia de critérios de integração política e
social. Nesse sentido, a correição funcional é antecedente e a eficácia integradora
consequente.

2 – Métodos clássicos

2.1 – Interpretação quanto à origem

A interpretação quanto à origem é classificada em legislativa, judicial, administrativa e


doutrinária, realizada pelos poderes Legislativo, Judiciário e Executivo e por juristas de uma
sociedade aberta de interpretes, respectivamente. A interpretação legislativa é exercida
mediante apreciação do veto presidencial por inconstitucionalidade, a judiciária pelo controle de
constitucionalidade e pela aplicação dos remédios constitucionais e a administrativa pela
inaplicabilidade de lei por inconstitucional.

2.2 – Interpretação quanto ao meio

A interpretação quanto ao meio é classificada em gramatical, histórica, sistemática,


lógica e teleológica. A interpretação gramatical é baseada na literalidade do enunciado
linguístico do texto normativo, a histórica no processo histórico-evolutivo de formação da
norma, a sistemática na natureza sistematizada do ordenamento jurídico, a lógica na
concordância estabelecida entre as normas e a teleológica na finalidade da norma.

2.3 – Interpretação quanto à finalidade

A interpretação quanto à finalidade é classificada em declarativa, restritiva e extensiva.


A interpretação declarativa consiste na declaração de correspondência entre o texto
normativo e o significado da norma, enquanto a restritiva e a extensiva na necessidade de
restrição ou ampliação do significado do texto normativo, respectivamente.

3 – Métodos atuais

3.1 – Científico-espiritual
A interpretação científico-espiritual, segundo Rudolf Smend, consiste em uma
apreciação global e não isolada do texto constitucional e da realidade da vida.

3.2 – Tópico-problemático

A interpretação tópico-problemático, segundo Theodor Viehweg, consiste em um


sistema aberto de normas baseadas em interpretações distintas por meio da atividade
pragmática tópica do caso concreto.

3.3 – Normativo-estruturante

A interpretação normativo-estruturante, segundo Friedrich Muller, consiste na


produção de uma norma aplicada ao caso concreto mediante a conjunção entre programa e
domínio normativo. O programa é o enunciado linguístico e o domínio a situação fática.

3.4 – Hermenêutico-concretizador

A interpretação hermenêutico-concretizador, segundo Konrad Hesse, consiste em um


sistema aberto de normas constitucionais baseado em interpretações distintas das atividade
pragmática tópica e o problema concreto, pré-compreensão da norma.

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