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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

Desvantagem das actividades cognitivas dos alunos para a obtenção do


conhecimento

Ana da Clemência António Tivane - 708200729

Curso: Licenciatura em Ensino de Biologia


Disciplina: Didactica I- A0009
Docente: Dra.Regina Maluleque
Ano de Frequência:3o Ano

Maputo, Junho, 2022


Índice
1. Introdução.................................................................................................................................3

2. Objectivos.................................................................................................................................4

2.1. Objectivo Geral.................................................................................................................4

2.2. Objectivos específicos.......................................................................................................4

3. Metodologia..............................................................................................................................4

4. Revisão Bibliográfica...............................................................................................................4

5. Etapas de Formação de conceitos.............................................................................................5

5.1. Formação de conceitos......................................................................................................5

5.2. Fases ou etapas de formação de conceitos em Vygotsky..................................................6

Conclusão........................................................................................................................................9

Bibliografia....................................................................................................................................10
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1. Introdução

A formação de conceitos é o resultado de uma atividade complexa, em que todas as funções


intelectuais básicas (atenção deliberada, memória lógica, abstração, capacidade para comparar e
diferenciar) tomam parte; - os conceitos novos e mais elevados transformam o significado dos
conceitos inferiores (Vygotsky, 1991).

O Processo de formação de conceitos é de grande importância no desenvolvimento cognitivo do


indivíduo. Ocorre durante a infância e consiste na categorização da realidade pela pessoa para
facilitar sua compreensão e interação com o mundo ao seu redor. A formação de conceitos
implica a organização dos diferentes estímulos recebidos em grupos ou conjuntos de categorias
que possuem características ou atributos comuns. (SERPA, 2015). Os conceitos são organizados
hierarquicamente com base em seu grau de generalidade; assim, por exemplo, “flor” é um
conceito mais geral do que “rosa”, mas o conceito “planta” é ainda mais geral e, portanto, o
engloba. A formação de conceitos é de grande importância no estudo e explicação de processos
cognitivos como percepção, memória ou habilidade linguística. A formação de conceitos no ser
humano é uma etapa essencial em sua evolução linguístico-cognitiva, a ponto de se tornar o pré-
requisito fundamental para o desenvolvimento de suas capacidades linguísticas (no que se refere
às quatro habilidades)
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2. Objectivos
2.1. Objectivo Geral
 Conhecer as etapas de formação de conceitos

2.2. Objectivos específicos


 Apresentar a definição de conceito
 Identificar as etapas ou fases de formação de conceitos
 Caracterizar cada fase ou etapa de formação de conceitos

3. Metodologia
Para a realização do presente trabalho ira-se recorrer a pesquisa bibliográfica, A pesquisa
bibliográfica é o levantamento ou revisão de obras publicadas sobre a teoria que irá direcionar o
trabalho científico o que necessita uma dedicação, estudo e análise pelo pesquisador que irá
executar o trabalho científico e tem como objetivo reunir e analisar textos publicados, para
apoiar o trabalho científico. Para Gil (2002, p. 44), a pesquisa bibliográfica “[...] é desenvolvida
com base em material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos.
Nesta senda, todo o material que foi usado para a materialização desse trabalho esta devidamente
apresentado na página refente a referências bibliográficas.

4. Revisão Bibliográfica
O termo “conceito” tem origem no Latim conceptus (do verbo concipere), significando “coisa
concebida” ou “formada na mente”. Na linguagem natural existe polissemia e ambiguidade, pois
o termo é utilizado com diferentes acepções, podendo significar noção, juízo, opinião, ideia ou
pensamento (FERRATER-MORA, 2004). No Dicionário de Filosofia, Abbagnano (1998, p. 164)
afirma que o conceito é todo processo que torne possível a descrição, a classificação e a previsão
dos objetos cognoscíveis. Assim entendido, esse termo tem significado generalíssimo e pode
incluir qualquer espécie de sinal ou procedimento semântico, seja qual for o objeto a que se
refere, abstrato ou concreto, próximo ou distante, universal ou individual, etc.
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5. Etapas de Formação de conceitos


5.1. Formação de conceitos
P ara Vygotsky, a construção conceitual não é um processo passivo ou uma simples formação

por associação: “o conceito não é simplesmente um conjunto de conexões associativas que se


assimila com a ajuda da memória, não é um hábito mental auto-mático, mas um autêntico e

completo ato do pensamento” (1993, p. 184,) Portanto, o conceito não pode ser percebido
como uma estrutura isolada e imutável, mas sim como uma estrutura viva e complexa do
pensamento, cuja função é a de comunicar, assimilar, entender ou resolver problemas.
Segundo Vygotsky (1993), no processo de formação conceitual, a palavra é parte fundamental e
o significado da palavra sofre uma evolução, ou seja, o significado de uma palavra não se encerra
com o ato de sua simples aprendizagem: este é apenas um começo. Um conceito não se origina,
simplesmente, do estabelecimento de relações mecânicas entre uma palavra e o objeto: a
memorização da palavra e sua relação com o objeto não conduzem a uma formação conceitual.
Na perspectiva de Vygotsky (1993) O desenvolvimento dos processos que dão origem à
formação conceitual tem seu início muito cedo na infância, entretanto as funções intelectuais que
formam a base psicológica que possibilita a plena formação conceitual têm o seu
amadurecimento somente na adolescência. De qualquer forma, a formação conceitual sempre
será o resultado de uma intensa e complexa operação com a palavra ou o signo, com a
participação de todas as funções intelectuais básicas. Vygotsky assim argumenta sobre esta
importante questão:

O processo de formação conceitual é irredutível às associações, ao pensamento, à representação,


ao juízo, às tendências determinantes, embora todas essas funções sejam participantes obrigatórias
da síntese complexa que, em realidade, é o processo de formação dos conceitos. Como mostra a
investigação, a questão central desse processo é o emprego funcional do signo e da palavra como
meio através do qual o adolescente subordina ao seu poder as suas próprias operações
psicológicas, através do qual ele domina o fluxo do s próprios processos psicológicos e lhes
orienta a atividade n o sentido de resolver os problemas que tem pela frente (2001, p. 169).
A formação de conceitos tem como característica ser um processo criativo, onde a atividade e a
palavra são tão importantes, uma vez que a linguagem é um meio que então torna-se um símbolo
conceitual (Vigotsky, 1995). Segundo Vygotsky, o conceito é formado a partir de uma operação
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intelectual em que as funções mentais elementares participam de uma combinação específica,


direcionada principalmente pelo uso do ser simbolizado pelo sujeito.

5.2. Fases ou etapas de formação de conceitos em Vygotsky

Vygotsky (1995) demonstrou que há três fases básicas na trajetória da formação de conceitos.

A primeira fase, denominada de Agregação desorganizada, caracteriza-se como amontoados


vagos de objetos desiguais com fatores perceptuais que são irrelevantes e com o predomínio do
sincretismo. Vygotsky (1996) chama a atenção para o fato de que uma criança de três anos e um
adulto podem se entender, porque partilham de um mesmo contexto e utilizam um grande
número de palavras com o mesmo significado, mas baseadas em operações psicológicas
diferentes (características concretas/ significações abstratas); isso significa que o conceito no
sentido real não está desenvolvido.

Nessa fase, as crianças agrupam os objetos de forma desigual, sem fundamento algum, revelando
“uma extensão difusa e não direcionada do significado do signo a objetos naturalmente não
relacionados entre si” (VYGOTSKY, 1998, p. 74), ou de forma ocasional na percepção que a
criança tem do objeto. Assim, nessa fase, o significado da palavra para a criança é um
conglomerado vago e sincrético de objetos isolados. Em razão desse sincretismo, no significado
da palavra, a imagem dos signos na mente da criança é extremamente instável.

"(...)Vygotsky conclui que o conceito em si e para os outros existe antes de existir para a própria
criança, ou seja, a criança pode aplicar palavras corretamente antes de tomar consciência do
conceito real" (Der Veer & Valsiner, 1996, p.291). Essa afirmação, mais uma vez, explicita a
concepção de Vygotsky de que todo conhecimento é primeiramente interpsicológico para depois
tornar-se intrapsicológico.

Na segunda fase denominada de Pensamento por complexos, os objetos associam-se não apenas
devido às impressões subjetivas da criança, mas também devido às relações concretas e factuais
que de fato existem entre esses objetos, podendo, entretanto, mudar uma ou mais vezes durante o
processo de ordenação. Tais características selecionadas podem parecer irrelevantes para os
adultos (VYGOTSKY, 1998).
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De acordo com Vygotski (1998, p. 77), esse estágio do desenvolvimento na formação de


conceitos é marcado pelas relações “concretas e factuais, e não abstratas e lógicas”. Essas
relações ocorrem mediante a experiência direta da criança com o objeto. A diferença entre esse
tipo de pensamento e um conceito verdadeiro é que, no primeiro, os agrupamentos dos elementos
ocorrem por causa das ligações factuais que estão presentes no momento de escolha, enquanto no
último os agrupamentos ocorrem de acordo com um atributo do próprio objeto.
Os estudos experimentais sobre a formação de conceitos de Vigotski evidenciaram ainda que
essa segunda fase subdivide-se em cinco estágios que se sucedem uns após os outros,
dificultando indicar quando um se inicia e quando o outro termina.
Esses estágios são: o complexo tipo associativo, o complexo de coleções, o complexo em cadeia,
o complexo difuso e o complexo de pseudoconceito. No complexo associativo, a criança
estabelece ligações entre os objetos por uma semelhança, em contraste ou pela proximidade do
espaço. No complexo de coleções, a criança agrupa os objetos, ou sua impressão concreta do
objeto, com base em características que os tornam diferentes e complementares entre si. Esse
agrupamento dos objetos é realizado com a participação da operação prática, que poderíamos
chamar de cooperação funcional.
No complexo em cadeia, os agrupamentos são realizados pela característica de um objeto
isolado, sendo um agrupamento vago e flutuante. É, antes de tudo, uma junção dinâmica e
consecutiva de elos isolados em uma única corrente, com a transmissão de significado de um elo
para o outro. No complexo difuso, os agrupamentos são feitos por meio de conexões difusas,
indeterminadas e instáveis, que extrapolam os limites da experiência. No complexo de
pseudoconceitos, as crianças pensam por pseudoconceitos, ou seja, palavras designam
complexos de objetos concretos estabelecendo conexões com uma lógica própria. Esse complexo
é o elo entre o pensamento por complexos e o estágio final da formação de conceitos. Nesse
estágio, a criança é capaz de realizar generalizações semelhantes à de adultos, justificada pela
ocorrência de muitas interações com os adultos por meio da comunicação verbal. Esse processo
de interação intensifica o processo de formação de conceitos. Entretanto, a criança não tem
consciência de estar iniciando a prática do pensamento conceitual.

Na terceira fase denominada de Pensamento conceitual, o grau de abstração deve possibilitar a


sincronia da generalização e da diferenciação. Nesta fase há a tomada de consciência da
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atividade mental, internalizando o que é essencial do conceito e na apreensão de que ele faz parte
de um sistema. porque implica numa relação especial com o objeto, internalizando o que é
essencial do conceito e na compreensão de que ele faz parte de um sistema. Inicialmente
formam-se os conceitos potenciais, baseados no isolamento de certos atributos comuns, e em
seguida os verdadeiros conceitos. Essa abstração vai ocorrer na adolescência. "No entanto,
mesmo depois de ter aprendido a produzir conceitos, o adolescente não abandona as formas
mais elementares; elas continuam a operar ainda por muito tempo, sendo na verdade
predominantes em muitas áreas do seu pensamento. A adolescência é menos um período de
consumação do que de crise e transição" (Vygotsky,1991, p.68).

Essa fase subdivide-se em dois estágios: o desenvolvimento por abstração e o dos conceitos
potenciais. No estágio do desenvolvimento da abstração, a criança agrupa objetos com base no
grau máximo de semelhanças entre os componentes. Em tal estágio, a criança abstrai todo um
conjunto de características sem distingui-las claramente entre si. Essa abstração é baseada numa
atribuição superficial dos objetos. No estágio dos conceitos potenciais, a criança realiza
agrupamentos com base num único atributo do objeto. Esses conceitos potenciais podem ser
formados tanto na esfera do pensamento perceptual como do prático.
Na esfera do pensamento perceptual, os agrupamentos pautam-se nas impressões semelhantes
que a criança tem do objeto. A esfera do pensamento prático está pautada nos significados
funcionais semelhantes que a criança tem do objeto.
Segundo Vygotsky (1998), no adolescente os pensamentos sincréticos e por complexos vão
desaparecendo gradualmente, e os conceitos potenciais são usados com menor intensidade para a
formação de conceitos verdadeiros. Mesmo tendo aprendido a formar conceitos, o adolescente
continua a operar com os elementos anteriores, oracom os sincréticos, ora com os por
complexos, por muito tempo. A adolescência passa a ser o momento de transição para a
formação plena dos conceitos abstratos racionais sem, necessariamente, precisar da experiência.
Outro fator diretamente ligado à formação de conceitos em Vygotsky (1998) é a influência
dalinguagem, uma vez que o pensamento humano está intrinsecamente ligado à linguagem.
Vygotsky (1998) argumenta que o pensamento e a linguagem refletem a realidade de uma forma
diferente daquela da percepção, constituindo-se as chaves para compreensão da natureza da
consciência humana. Para o autor, as palavras desempenham um papel central não só no
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desenvolvimento do pensamento, mas também na evolução histórica da consciência, uma vez


que a palavra é um microcosmo da consciência humana.

Conclusão

Um conceito é, portanto, uma unidade cognitiva de significado. Nasce como uma ideia abstrata
(é uma construção mental) que nos permite compreender as experiências decorrentes da
interação com o ambiente e que, por fim, é verbalizada (colocada em palavras).

O conceito é ao mesmo tempo uma forma de pensamento, um processo mental que constitui uma
atividade intelectual generalizada de natureza teórica. A representação verbal que fazemos dela
constitui sua definição, de modo que pode haver tanta definição quantas representações verbais
que possamos construir.

Fase dos complexos possui um longo percurso, caracterizando a formação de conceitos desde o término
da primeira infância até o início da adolescência, com preendendo, portanto, muitas variações funcionais
e estruturais. O pensamento nessa fase, da mesma forma que nas demais, visa a o estabelecimento de
conexões entre diferentes impressões concretas, o estabelecimento de relações e generalizações entre
objetos distintos, implicando o ordenamento e a sistematização da experiência individual
e consequentemente, da imagem psíquica dela resultante.

Na segunda etapa, os complexos se formam por decorrência de atributos mutuamente complementares,


formando um todo heterogêneo que se c completa na composição de seus elementos instituístes – do que
resulta a denominação complexo “coleção”. A diferença mais decisiva entre essa etapa e a anterior reside
em que os objetos incluídos não possuem os mesmos atributos. O pensamento por coleção fundamenta -
se em relações cujo princípio atende à complementariedade funcional

A última etapa do pensamento por complexos corresponde aos pseudoconceitos, formados por
generalizações, que, em sua aparência externa, assemelham -se aos conceitos propriamente ditos, mas,
na essência, sua estrutura resulta diferente. Nessa etapa, “[...] no aspecto externo, nos deparamos
com um conceito; no interno, ante um complexo. Por isso o denominamos pseudoconceito”
(VYGOTSKI, 2001, p. 146). Para o autor, os pseudoconceitos representam a forma mais ampla do
pensamento em complexos, na qual o próprio complexo equivale funcionalmente ao conceito. Com isso,
na comunicação verbal da criança com o adulto, a diferença entre o complexo e o conceito se mostra
tênue ou, até mesmo, aparentemente inexistente
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Bibliografia

ABBAGNANO, N. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 1998

FERRATER-MORA, J. Dicionário de filosofia. 2. ed. São Paulo: Loyola, 2004. t.1-4


Gil, A. Métodos e técnicas de investigação social. São Paulo: Atlas S.A. 2004
SERPA Gerardo Ramos. Formacao de conceitos. Uma comparação entre teorias cognitivistas e
histórico-cultural. São Paulo, v. 41, n. 3, p. 615-628, jul./set. 2015.

VYGOTSKY, L. S. Pensamento e linguagem. Tradução Jeferson Luiz Camargo. 2. ed. São


Paulo: Martins Fontes, 1998.

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