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Gabinete da Terceira Vice-Presidência

Recursos Especial e Extraordinários Cíveis nº 0227974-59.2019.8.19.0001

Recorrente: ESTADO DO RIO DE JANEIRO


Recorrida: JOSIAS DE SOUSA BARBOSA NETO

DECISÃO

Trata-se de recursos especial e extraordinário, com fulcro


nos artigos. 105, III, “a” e “c” e 102, III, “a”, da Constituição da
República, interpostos em face de acórdãos da Egrégia 6ª Câmara Cível, assim
ementados:

“APELAÇÃO CÍVEL. EXCLUSÃO DO CONCURSO


PARA O CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADO DA
PMRJ. LIMITAÇÃO ETÁRIA. LEI ESTADUAL Nº
3.363/2000. 1- Trata-se de ação na qual pretende o
Autor a anulação do ato administrativo de eliminação do
Curso de Formação de Soldados da PMRJ, tendo em
vista que ultrapassou a idade limite de 30 anos. 2-
Durante o exame social e documental, foi constatado no
inventário pessoal que o candidato possuía mais de 30
anos na data limite da inscrição, que ocorreu em
07/07/2014. 3- O limite para alistamento no PMRJ e no
CBERJ consta da Lei Estadual nº 3.363/2000; 4- A
questão debatida nos autos tem semelhança com a
discussão travada nos autos do RE 600.885/RS,
submetido à sistemática do julgamento dos recursos
repetitivos. NEGA-SE PROVIMENTO AO RECURSO.”

“EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PRETENSÃO DE


PREQUESTIONAMENTO. INEXISTÊNCIA DOS
VÍCIOS DO ART. 1022 DO CPC. DESPROVIMENTO
DO RECURSO.”

No recurso especial, sustenta violação aos artigos 5º, XIV, XXXV, LV e LVI,
7º, XXX, 37, I e II, 39, §1º, 42, 142, §3º e 144, §6, da CRFB e 489, VI e 926, do CPC,
bem como a existência de dissídio jurisprudencial.

No recurso extraordinário, sustenta violação aos artigos aos artigos 5º, XIV,
XXXV, LV e LVI, 7º, XXX, 37, I e II, 39, §1º, 42, 142, §3º e 144, §6, da CRFB e 489, VI e
926, do CPC.

Contrarrazões às fls. 305/317 e 318/328.

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EDSON AGUIAR DE VASCONCELOS:7272 Assinado em 27/07/2021 13:29:21


Local: 3VP - GABINETE
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É O RELATÓRIO.

Recurso Especial:

Da análise dos autos, conclui-se que o colegiado decidiu de acordo com o


Superior Tribunal de Justiça, como se vê:

“AGRAVO INTERNO NO RECURSO


EXTRAORDINÁRIO. CONCURSO PÚBLICO. POLÍCIA
MILITAR. LIMITE DE IDADE. LEGITIMIDADE.
NATUREZA DAS ATRIBUIÇÕES DO CARGO. TEMA
646/STF. ACÓRDÃO RECORRIDO EM
CONFORMIDADE COM O ENTENDIMENTO DA
SUPREMA CORTE EM REPERCUSSÃO GERAL.
AGRAVO NÃO PROVIDO.

1. O Supremo Tribunal Federal, ao analisar o RE


678.112/MG, reafirmou a jurisprudência dominante
sobre a matéria, consolidada no Enunciado n. 683/STF,
firmando a tese de que "O estabelecimento de limite de
idade para inscrição em concurso público apenas é
legítimo quando justificado pela natureza das atribuições
do cargo a ser preenchido" (Tema 646/STF).

2. Na espécie, o órgão colegiado, ao examinar a


controvérsia, consignou que "não tem direito a
ingressar na carreira de policial militar o candidato à
vaga em concurso público que tenha ultrapassado,
no momento da matrícula no curso de formação, o
limite máximo de idade previsto em lei específica e
em edital". Desse modo, o acórdão proferido pelo
STJ está em consonância com o entendimento do
STF no julgamento do RE 678.112/MG, não havendo
excepcionalidade apta a ensejar o afastamento da
tese.

3. Agravo interno não provido.

(AgInt no RE no AgInt no RMS 61.504/MS, Rel. Ministra


MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, CORTE
ESPECIAL, julgado em 25/08/2020, DJe 28/08/2020)”

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Forçoso concluir que o acórdão vergastado encontra-se alinhado à


jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, não sendo admissível recurso especial,
tal como orienta a Súmula n° 83 daquela Corte:

“NÃO SE CONHECE DO RECURSO ESPECIAL PELA


DIVERGÊNCIA, QUANDO A ORIENTAÇÃO DO
TRIBUNAL SE FIRMOU NO MESMO SENTIDO DA
DECISÃO RECORRIDA.”(Súmula 83, CORTE
ESPECIAL, julgado em 18/06/1993, DJ 02/07/1993,
p. 13283)”

No que concerne à alegação de violação a artigos da Constituição da


República, o recurso não deve ser admitido. Tratando-se de recurso especial, devem ser
observados os requisitos do artigo 105, inciso III, da Carta Magna para que seja
reconhecida a competência do Superior Tribunal de Justiça:

“Art. 105: (...)

III - julgar, em recurso especial, as causas decididas, em


única ou última instância, pelos Tribunais Regionais
Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito
Federal e Territórios, quando a decisão recorrida:

a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes


vigência;

b) julgar válido ato de governo local contestado em face


de lei federal; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004)

c) der a lei federal interpretação divergente da que lhe


haja atribuído outro tribunal.”

Portanto, não há que se falar em recurso especial para guardar dispositivos


constitucionais. Neste sentido:

“TRIBUTÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE


DECLARAÇÃO NO AGRAVO INTERNO NO RECURSO
ESPECIAL. CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 2015.
APLICABILIDADE. OMISSÃO. VIOLAÇÃO A
DISPOSITIVOS CONSTITUCIONAIS.
IMPOSSIBILIDADE DE ANÁLISE. COMPETÊNCIA DO

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SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. AUSÊNCIA DE


VÍCIOS. APLICAÇÃO DE MULTA. ART. 1.026, § 2º, DO
CPC/2015. DESCABIMENTO.

I - Consoante o decidido pelo Plenário desta Corte na


sessão realizada em 09.03.2016, o regime recursal será
determinado pela data da publicação do provimento
jurisdicional impugnado. In casu, aplica-se o Código de
Processo Civil de 2015 para os presentes embargos de
declaração.

II - A fundamentação adotada no acórdão é suficiente


para respaldar a conclusão alcançada, pelo que ausente
pressuposto a ensejar a oposição de embargos de
declaração.

III - Não compete a esta Corte Superior a análise de


suposta violação de dispositivos constitucionais, ainda
que para efeito de prequestionamento, sob pena de
usurpação da competência reservada ao Supremo
Tribunal Federal, ex vi art. 102, III, da Constituição da
República.

IV - A oposição de embargos de declaração, com nítido


fim de prequestionamento, não possui caráter
protelatório, não ensejando a aplicação da multa
prevista no art. 1.026, § 2º, do Código de Processo Civil
de 2015, a teor do disposto na Súmula 98 desta Corte
Superior.

V - Embargos de declaração rejeitados.

(EDcl no AgInt no REsp 1831805/SC, Rel. Ministra


REGINA HELENA COSTA, PRIMEIRA TURMA, julgado
em 23/03/2020, DJe 26/03/2020)”

Por fim, a Corte Superior consolidou a orientação de que a interposição do


recurso especial pela alínea “c” exigiria do recorrente a comprovação da alegada
divergência, cabendo ao mesmo colacionar os precedentes jurisprudenciais favoráveis
à tese defendida, com a devida certidão ou cópia dos paradigmas, autenticada ou de
repositório oficial, comparando analiticamente os acórdãos confrontados, nos
termos previstos no artigo 1029, §§ 1º e 2º, do Código de Processo Civil, e 255, § 1º, do
Regimento Interno do STJ.  

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Acrescenta que, à demonstração do dissídio jurisprudencial se impõe


avaliar se as soluções encontradas pelo v. acórdão recorrido e pelos paradigmas
selecionados teriam por base idênticas premissas fáticas e jurídicas, existindo entre elas
similitude de circunstâncias.  

Nesse sentido, os seguintes arestos: 

“TRIBUTÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO
INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. CÓDIGO DE
PROCESSO CIVIL DE 2015. APLICABILIDADE.
DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL. AUSÊNCIA DE
COTEJO ANALÍTICO. ART. 174 DO CTN. AUSÊNCIA
DE PREQUESTIONAMENTO. INCIDÊNCIA, POR
ANALOGIA, DA SÚMULA 282/STF. ART. 132 DO CTN.
CISÃO PARCIAL DE SOCIEDADE.
RESPONSABILIDADE POR SUCESSÃO. MATÉRIA
FÁTICA. REVISÃO. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA
7/STJ. APLICAÇÃO DE MULTA. ART. 1.021, § 4º, DO
CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 2015.
DESCABIMENTO. I - Consoante o decidido pelo
Plenário desta Corte na sessão realizada em
09.03.2016, o regime recursal será determinado pela
data da publicação do provimento jurisdicional
impugnado. Aplica-se, no caso, o Código de Processo
Civil de 2015. II - É entendimento pacífico dessa Corte
que a parte deve proceder ao cotejo analítico entre os
arestos confrontados e transcrever os trechos dos
acórdãos que configurem o dissídio jurisprudencial,
sendo insuficiente, para tanto, a mera transcrição de
ementas. III - É entendimento pacífico desta Corte que a
ausência de enfrentamento da questão objeto da
controvérsia pelo tribunal a quo impede o acesso à
instância especial, porquanto não preenchido o requisito
constitucional do prequestionamento, nos termos da
Súmula n. 282 do Tribunal Federal. IV -  O acórdão
recorrido está em consonância com o
entendimento desta Corte, no sentido de que, embora
não conste expressamente na redação do art. 132 do
CTN, a cisão parcial de sociedade configura hipótese de
responsabilidade tributária por sucessão. V - Rever o
entendimento do tribunal de origem, com o objetivo de
acolher a pretensão recursal, para reconhecer que o
redirecionamento da Execução Fiscal teria sido
injustificado, demandaria necessário revolvimento de
matéria fática, o que é inviável em sede de recurso

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especial, à luz do óbice contido na Súmula n. 7 desta


Corte. VI - Em regra, descabe a imposição da multa
prevista no art. 1.021, § 4º, do Código de Processo Civil
de 2015 em razão do mero desprovimento do Agravo
Interno em votação unânime, sendo necessária a
configuração da manifesta inadmissibilidade ou
improcedência do recurso a autorizar sua aplicação, o
que não ocorreu no caso. VII - Agravo Interno
desprovido”. (AgInt no REsp 1825639 / PR AGRAVO
INTERNO NO RECURSO ESPECIAL 2019/0200065-3.
Julgado em 16/12/2019. Relatora: Ministra REGINA
HELENA COSTA).  

“PROCESSUAL CIVIL E AMBIENTAL. AGRAVO
INTERNO NO RECURSO ESPECIAL.
DESMATAMENTO. AUSÊNCIA DE
PREQUESTIONAMENTO DOS ARTS. 489 E 1.013 DO
CÓDIGO FUX; 21 DO DECRETO 6.514/2008; E 1o. DA
LEI 9.873/1999. TEMAS NÃO OBJETO DE EMBARGOS
DE DECLARAÇÃO. SÚMULAS 282 E 356/STF.
JULGAMENTO    ANTECIPADO    DA    LIDE.   
REEXAME    DO    CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO.
  INVIABILIDADE.   DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL
NÃO DEMONSTRADO. FALTA DE COTEJO
ANALÍTICO. AGRAVO INTERNO DO PARTICULAR A
QUE SE NEGA PROVIMENTO. 1. O presente Recurso
atrai a incidência do Enunciado Administrativo 3 do STJ,
segundo o qual, aos recursos interpostos com
fundamento no Código Fux (relativos a decisões
publicadas a partir de 18 de março de 2016), serão
exigidos os requisitos de admissibilidade recursal na
forma do novo Código. 2. Constata-se que não houve
prequestionamento dos arts. 489 e 1.013 do Código
Fux; 21 do Decreto 6.514/2008; e 1o. da Lei
9.873/1999, pois o Tribunal de origem não se manifestou
sobre as matérias neles tratadas.  Tampouco foram
opostos Embargos de Declaração com o objetivo de
sanar eventual omissão. Os temas carecem, portanto,
de prequestionamento, requisito indispensável ao
acesso às instâncias excepcionais. Aplicáveis, assim, as
Súmulas 282 e 356 do STF. 3. O requisito do
prequestionamento é exigido por este STJ inclusive
para as matérias de ordem pública.  Julgados:  AgInt no
AREsp. 1.284.646/CE, Rel.  Min.  FRANCISCO
FALCÃO, DJe 21.9.2018; EDcl no AgRg no AREsp.

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45.867/AL, Rel. Min. NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO,


DJe 31.8.2017. 4.  A jurisprudência desta Corte Superior
entende que, tendo as instâncias ordinárias decidido
pela suficiência das provas dos autos, para o julgamento
antecipado da lide, não é viável a inversão de suas
conclusões em sede de Recurso Especial. Julgados:
AgInt no AREsp.   1.212.808/SP, Rel.   Min.  MAURO
CAMPBELL MARQUES, DJe 13.6.2018; REsp. 
1.374.541/RJ, Rel.  Min.  GURGEL DE FARIA, DJe
16.8.2017. 5.  A análise da demonstração da
divergência não veio manifestada de
forma escorreita e precisa, exata e completa. Os
paradigmas foram apresentados apenas por suas
ementas, sem que fosse feito o indispensável cotejo
dos fatos, com a conclusão de discrepância, fato que
impede o conhecimento do recurso pela alínea c do
permissivo constitucional (art. 1.029, § 1o. do Código
de Processo Civil). 6.   Agravo Interno do Particular a que
se nega provimento”.  
(AgInt no REsp 1814124 / RO AGRAVO INTERNO NO
RECURSO ESPECIAL 2019/0135882-5. Julgado em
09/12/2019. Relator: Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA
FILHO). 

“PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO
FISCAL. OFENSA AOS ARTS.165, 458 E 535 DO CPC
NÃO CONFIGURADA. CERCEAMENTO DE DEFESA.
NULIDADE DA SENTENÇA. INEXISTÊNCIA. IPTU.
TAXA DE ROÇAGEM E TAXA DE COLETA DE LIXO.
NULIDADE NA CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO
TRIBUTÁRIO E NA CDA. RAZÕES DE
NATUREZA FÁTICA, EM CONTRAPOSIÇÃO ÀS
PREMISSAS ESTABELECIDAS NO ACÓRDÃO
HOSTILIZADO. SÚMULA 7/STJ. ACÓRDÃO
PROFERIDO COM INTERPRETAÇÃO DE NORMAS
MUNICIPAIS E CONSTITUCIONAIS. (...) ALÍNEA C.
NÃO DEMONSTRAÇÃO DA DIVERGÊNCIA. 
(...) 9. Em relação ao dissídio jurisprudencial,
destaco que a divergência deve ser comprovada,
cabendo a quem recorre demonstrar as
circunstâncias que identificam ou assemelham os
casos confrontados, com indicação da similitude
fática e jurídica entre eles. É indispensável a
transcrição de trechos do relatório e do voto dos
acórdãos recorrido e paradigma, realizando-se o

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cotejo analítico entre ambos, com o intuito de


caracterizar a interpretação legal divergente. O
desrespeito a esses requisitos legais e regimentais
(art. 541, parágrafo único, do CPC e art. 255 do
RI/STJ) impede o conhecimento do Recurso
Especial com base na alínea "c" do inciso III do art.
105 da Constituição Federal. 
10. Recurso Especial não provido”. 
(REsp 1333275/PR, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN,
SEGUNDA TURMA, julgado em 03/05/2018, DJe
19/11/2018)”. 

O atento exame das razões recursais revela que a parte recorrente não se
desincumbiu dos ônus que lhe competia, notadamente o confronto analítico da
interpretação da legislação federal feita pelo v. decisum guerreado com aquela realizada
pelos arestos apontados como divergentes, mencionando-se as circunstâncias que
identificassem ou assemelhassem os casos confrontados, indispensável, inclusive, nas
hipóteses de divergência notória, sendo manifestamente insuficiente, para tanto, a mera
transcrição de ementas ou votos. 

Nesse sentido, incide o verbete 284 da súmula da jurisprudência do
STF, aplicável por analogia pelo STJ. Confira-se: 

“PROCESSUAL CIVIL. PREVIDENCIÁRIO.
ALEGAÇÃO DE VIOLAÇÃO AO ART. 1.013, DO
CPC/2015. PRETENSÃO DE REEXAME FÁTICO-
PROBATÓRIO. INCIDÊNCIA DO ENUNCIADO N. 7 DA
SÚMULA DO STJ. AUSÊNCIA DE COTEJO
ANALÍTICO. DEFICIÊNCIA RECURSAL. INCIDÊNCIA
DO ENUNCIADO N. 284 DA SÚMULA DO STF. I - Na
origem, trata-se de ação ordinária ajuizada em desfavor
do Instituto Nacional de Seguridade Social - INSS
objetivando concessão de benefício de aposentadoria
por idade rural. Na sentença, julgou-se procedente o
pedido. No Tribunal a quo, a sentença foi reformada para
julgar improcedente o pedido. II - Em relação a ofensa
ao art. 1.013, do CPC/2015, afasta-se tal alegação
porquanto a instância ordinária, solucionou, de forma
clara e bem fundamentada, as questões que lhe foram
submetidas, apreciando integralmente a controvérsia
posta nos autos, não havendo que se confundir
julgamento desfavorável ao interesse da parte com
negativa ou ausência de prestação jurisdicional. III -
Conforme pode ser observado (fls. 177-178), a decisão
do juízo a quo, valendo-se das provas apresentadas aos

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autos, abordou todas questões importantes para o


deslinde da questão. IV - Para rever tal posição e
interpretar os dispositivos legais indicados como
violados, seria necessário o reexame desses mesmos
elementos fático-probatórios, o que é vedado no âmbito
estreito do recurso especial. Incide na hipótese a Súmula
n. 7/STJ. V - No tocante à parcela recursal referente ao
art. 105, III, c, da Constituição Federal, verifica-se que o
recorrente não efetivou o necessário cotejo analítico da
divergência entre os acórdãos em confronto, o que
impede o conhecimento do recurso com base nessa
alínea do permissivo constitucional. VI - Conforme a
previsão do art. 255 do RISTJ, é de rigor a
caracterização das circunstâncias que identifiquem
os casos confrontados, cabendo a quem recorre
demonstrar tais circunstâncias, com indicação da
similitude fática e jurídica entre os julgados,
apontando o dispositivo legal interpretado nos
arestos em cotejo, com a transcrição dos trechos
necessários para tal demonstração. Em face de tal
deficiência recursal, aplica-se o constante da
Súmula n. 284 do STF. VII - Agravo interno improvido.  
(AgInt no AREsp 1336540/SP - Relator(a) Ministro
FRANCISCO FALCÃO - SEGUNDA TURMA - Data do
Julgamento 11/04/2019 - Data da Publicação/Fonte DJe
03/05/2019)”  

Recurso Extraordinário:

Quando do julgamento do mérito do RE 600.885, paradigma do Tema nº


121, bem como do ARE 678.212, paradigma do Tema nº 646 o Supremo Tribunal
Federal pronunciou-se da seguinte forma: 


“Tema 121 do STF: “Recurso extraordinário em que se
discute, à luz do art. 142, § 3º, X, da Constituição
Federal, a constitucionalidade, ou não, do art. 9º da Lei
nº 11.279/2006, que, ao regulamentar o referido
dispositivo constitucional, delega aos editais de
concursos públicos o estabelecimento do limite de idade
para ingresso na Marinha.

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Tese Firmada: “Não foi recepcionada pela Constituição


da República de 1988 a expressão “nos regulamentos
da Marinha, do Exército e da Aeronáutica” do art. 10 da
Lei 6.880/1980, dado que apenas lei pode definir os
requisitos para ingresso nas Forças Armadas,
notadamente o requisito de idade, nos termos do art.
142, § 3º, X, da Constituição de 1988. Descabe,
portanto, a regulamentação por outra espécie normativa,
ainda que por delegação legal.”

“Tema 646: “Agravo de decisão que inadmitiu recurso
extraordinário em que se discute, à luz dos arts. 3º, IV;
5º, caput; 7º, XXX e 39, § 3º, da Constituição federal, e
nos termos da Súmula 683 do Supremo Tribunal
Federal, a razoabilidade da limitação de idade, prevista
em lei, para inscrição em concurso público ao cargo de
Agente de Polícia Civil.

Tese firmada: O estabelecimento de limite de idade


para inscrição em concurso público apenas é legítimo
quando justificado pela natureza das atribuições do
cargo a ser preenchido.”

Com tais considerações, verifica-se que o acórdão recorrido está de acordo


com o que ficou assentado na tese firmada pelo Supremo Tribunal Federal ao apreciar
os Tema 121 e 646.

À conta de tais fundamentos, DEIXO DE ADMITIR o recurso especial e


NEGO SEGUIMENTO ao Recurso Extraordinário.

Publique-se.

Rio de Janeiro, 27 de julho de 2021.

Desembargadora EDSON VASCONCELOS


Terceiro Vice-Presidente

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