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CÓDIGO CIVIL

DE 2002

Maria Augusta Santos Parretti - 22170821830


• - 1967: o Governo nomeou uma comissão
de juristas coordenada por Miguel Reale
para elaborar o novo Código Civil
• - 1975: apresentado no Congresso Nacional
o Projeto de Lei nº 634/75
•- 1984: aprovado pela Câmara dos
O Código Civil de Deputados
2002 • - 1988: Constituição Federal
• - 1997: aprovado pelo Senado Federal: a
demora se deu em virtude das profundas
alterações políticas, com a passagem do
sistema militar para o democrático;
adequações à norma constitucional
• - 2002: Lei 10.406 de 10 de janeiro de 2002
• - entrou em vigor em 11 de janeiro de 2003
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CARACTERÍSTICAS DA LEGISLAÇÃO CIVIL DE
2002
• - cunho axiológico constitucional
• - valorização do ser – dignidade da pessoa humana
• - direitos de personalidade
• - igualdade formal e material
• - sociedade justa e solidária
• - direito de família – novas concepções
• - direito de propriedade – função social
• - direito de contratar – liberdade de contratar – autonomia privada – função social –
boa-fé – limites éticos-jurídicos

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•- princípio da eticidade: ética,
Princípios boa-fé
basilares do
Código Civil de
2002
•- princípio da socialidade:
interesse social

•- princípio da operabilidade:
sistema de cláusulas gerais
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Princípio da eticidade : boa-fé
Boa-fé subjetiva x Boa-fé objetiva
Boa-fé subjetiva: Boa-fé objetiva:

• O intérprete deve considerar a intenção do • Não basta ter boa intenção, o aspecto subjetivo
sujeito, sua íntima convicção. individual
• Conhecimento ou ignorância da pessoa • Todos devem se comportar de boa-fé nas suas
relativamente a certos fatos. relações jurídicas.
• Manifestante da vontade crê que sua conduta é • É uma norma de conduta, um dever de agir de
correta. acordo com os padrões sociais.
• Ex: contrato de mútuo com juros abusivos. • Há um padrão de conduta comum, do homem
médio, naquele caso concreto.
• É a referência para análise do contrato.

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Hoje adota-se a boa-fé objetiva
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Ética nas relações jurídicas

Probidade -> honestidade de proceder e cumprir


todos os deveres que são atribuídos à pessoa.
Boa-fé PRECEITO DE ORDEM PÚBLICA
objetiva e As partes devem agir com retidão, probidade,
probidade honestidade e lealdade, nos moldes do homem
comum, dentro dos usos e costumes do lugar
- dever de cuidado, de respeito, de transparência,
de honestidade, de informar a outra parte, de
colaboração, confiança e razoabilidade.
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Funções da Boa-fé
Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser • Função de interpretação: efeito escudo protege aquele
interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar que está de boa-fé, que tem uma interpretação mais
de sua celebração.
ética

Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, • Função de integração: exige-se um dever de conduta, sendo
assim na conclusão do contrato, como em sua
execução, os princípios de probidade e boa-fé. que a boa-fé objetiva se aplica a todas as fases contratuais,
mesmo na fase pré e pós contratual.
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um
direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente • Função de controle: aquele que viola a boa-fé objetiva comete
os limites impostos pelo seu fim econômico ou abuso de direito. Cláusulas abusivas serão nulas por ilicitude
social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.
do objeto.
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Casos com aplicação dos deveres anexos da
boa-fé objetiva
• “CASO DOS TOMATES”: Empresa CICA: essa empresa distribuía sementes
a pequenos agricultores gaúchos sob a promessa de lhes comprar a
produção futura. Isso ocorreu diversas vezes, o que gerou uma expectativa
quanto à celebração do contrato de compra e venda da produção. Até que a
CICA distribuiu as sementes e não comprou a produção. Os agricultores
ingressaram com demandas indenizatórias, alegando a quebra da boa-fé,
mesmo não havendo qualquer contrato escrito. (Função de integração: fase
pré-contratual)
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TJ/DF Acórdão 1128928, 20160111053814APC,
Relator: ALFEU MACHADO, 6ª Turma Cível, data de
julgamento: 3/10/2018, publicado no DJe: 9/10/2018
• Omissão de doença preexistente em contrato de seguro de vida – rescisão unilateral
fundada na violação positiva do contrato
• "4.1. Por ocasião da proposta de adesão, a autora, apesar de ciente da sua doença,
respondeu negativamente ao item 14, o qual dispõe sobre a existência de neoplasias. 5. No
particular, a prova da má-fé da autora ao omitir doença da qual tinha plena ciência quando
da contratação do seguro de vida permite à seguradora rescindir o contrato
unilateralmente pela quebra da boa-fé, pois constatada a violação positiva do contrato. 5.1.
Com efeito, a conduta de omissão consciente na declaração de doença preexistente quebra
o princípio da confiança, e, por conseguinte, violenta a boa-fé objetiva, o que caracteriza
uma forma de inadimplemento contratual, já no nascedouro da avença, hábil a legitimar a
rescisão do contrato pela seguradora, assim que ciente dos riscos omitidos, como se deu no
caso em questão. 5.2. Importa salientar que os deveres oriundos da boa-fé objetiva, tais
como verdade, lealdade, moralidade e cooperação, também devem constranger a
reprovável conduta do consumidor, visto que não se pode esperar que apenas a companhia
de seguros cumpra com os referidos deveres anexos já que são deveres bilaterais e gerais."
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Proteção do comprador de boa-fé - eticidade

• SÚMULA 308 DO STJ: A hipoteca firmada entre a construtora e o agente


financeiro, anterior ou posterior a celebração da promessa de compra e
venda, não tem eficácia perante os adquirentes do imóvel.
•- constituição de hipoteca pelo construtor que faz empréstimo: dá em
garantia as unidades adquiridas por terceiros (fase contratual)

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TJ/DF Acórdão 1165838, 07210556720188070000,
Relator: CESAR LOYOLA, 2ª Turma Cível, data de
julgamento: 22/4/2019, publicado no DJe: 8/5/2019)
• Alteração de endereço do devedor – dever de informação
• "4. Encaminhada carta registrada para o endereço do devedor constante do
contrato e havendo mudança de endereço sem comunicação prévia ao
credor, o envio da carta, mesmo que retorne sem ser entregue ao
destinatário, atende o requisito da comprovação da mora. Isso porque é
obrigação do devedor informar ao credor acerca de eventual mudança de
endereço, em observância ao princípio da boa-fé contratual que, na sua
vertente integrativa, impõe as partes o dever anexo de informação.
Precedentes."

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STJ: REsp 1800758/SP
• Recusa da cobertura de procedimento médico por plano de saúde – dúvida
razoável na interpretação de cláusula – ausência de ofensa a deveres anexos
• "3. Não se pode olvidar, ainda, que 'há situações em que existe dúvida jurídica
razoável na interpretação de cláusula contratual, não podendo ser reputada
ilegítima ou injusta, violadora de direitos imateriais, a conduta de operadora que
optar pela restrição de cobertura sem ofender, em contrapartida, os deveres
anexos do contrato, tal qual a boa-fé, o que afasta a pretensão de compensação
por danos morais' (...). 4. Na hipótese, o procedimento cirúrgico foi realizado sem
qualquer empecilho por parte da operadora de plano de saúde, sendo que o autor
somente tomou conhecimento da negativa de cobertura dos stents utilizados
quando teve alta hospitalar. Dessa forma, conquanto tenha sido reconhecida pelas
instâncias ordinárias a abusividade na respectiva negativa de cobertura do
procedimento, tal fato não comprometeu a saúde do recorrente, tampouco
acarretou atrasos ou embaraços em seu tratamento, o que afasta a ocorrência de
dano moral."
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• RECURSO ESPECIAL Nº 1.676.764 - RS (2014/0068964-2) RELATORA : MINISTRA NANCY ANDRIGHI
DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. RESPONSABILIDADE CIVIL. TRANSPORTE DE MERCADORIAS.
ROUBO DE CARGA À MÃO ARMADA. SEGURO COM CLÁUSULA DE COBERTURA ESPECÍFICA
CONTRA ROUBO. LEI 11.442/2007. PADRÃO DE CONDUTA DA TRANSPORTADORA INCAPAZ DE
EVITAR O EVENTO DANOSO. BOA-FÉ OBJETIVA. 1. Controvérsia em torno da responsabilidade civil de
empresa transportadora pelos prejuízos sofridos pelo dono da carga, em face do roubo da mercadoria
mediante assalto à mão armada. 2. Jurisprudência consolidada do STJ, desde 1994, no sentido de que,
se não for demonstrado que a transportadora não adotou as cautelas que razoavelmente dela se
poderia esperar, o roubo de carga constitui motivo de força maior a isentar a sua responsabilidade
(REsp 435.865/RJ, 2º Seção). 3. Apesar de o roubo à mão armada ser um fato difícil de ser evitado nas
estradas brasileiras, os seus efeitos danosos podem ser pelo menos atenuados. 6. Caso dos autos em
que a ré não adotou as cautelas que razoavelmente dela se poderia esperar para evitar ou reduzir
os prejuízos patrimoniais advindos do roubo de carga, especialmente (a) a não contratação do
seguro obrigatório com apólice de valor suficiente para cobrir a carga; (b) o parcelamento da carga
até o limite da apólice durante a rota; (c) a comunicação à autora e à seguradora da subcontratação
de terceiro para realização do serviço; (d) a comunicação da rota à seguradora para eventual
utilização do rastreamento do veículo. 7. A circunstância da adoção de rota normalmente utilizada em
horário de movimento da via não é suficiente para demonstração das cautelas que razoavelmente se
espera da transportadora. 8. O padrão de conduta exigível das transportadoras tem seu fundamento
também na boa-fé objetiva, com incidência dos artigos 422, 113 e 187 do Código Civil. 9. Procedência
parcial da demanda principal e procedência da denunciação da lide em face da seguradora. 10.
RECURSO ESPECIAL PARCIALMENTE PROVIDO POR MAIORIA.

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Eticidade na fase pós-contratual

• CREDOR TEM O DEVER DE RETIRAR O NOME DO DEVEDOR DO


CADASTRO DE INADIMPLENTES APÓS ACORDO OU PAGAMENTO DA
DÍVIDA (fase pós contratual)

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Função de controle
Abuso da posição jurídica -> deve haver uma proteção da confiança.
• Proibição de venire contra factum proprium non potest ou Teoria dos atos próprios:
determinada pessoa não pode exercer uma posição jurídica em contradição com
o comportamento antes assumido, com conduta incoerente com seus próprios
atos anteriores.
• STJ: “havendo real contradição entre dois comportamentos, significando o
segundo quebra injustificada da confiança gerada pela prática do primeiro, em
prejuízo da contraparte, não é admissível dar eficácia à conduta posterior”.
• Enunciado 362 da IV Jornada de Direito Civil: A vedação do comportamento
contraditório (venire contra factum proprium) funda-se na proteção da confiança,
como se extrai dos arts. 187 e 422 do Código Civil)
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Exemplos:

• Promessa de compra e venda. Consentimento da mulher. Atos posteriores.


Venire contra factum proprium. Boa-fé. A mulher que deixa de assinar o
contrato de promessa de compra e venda juntamente com o marido, mas
depois disso, em juízo, expressamente admite a existência e validade do
contrato, (...) e nada impugna contra a execução do contrato durante mais
de 17 anos, tempo em que os promissários compradores exerceram
pacificamente a posse sobre o imóvel, não pode depois se opor ao pedido
de fornecimento de escritura definitiva. Doutrina dos atos próprios. (...) STJ,
Resp 95.539/SP
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• Dano moral. Responsabilidade civil. Negativação no Serasa e constrangimento pela
recusa do cartão de crédito, cancelado pela ré. Caracterização. Boa-fé objetiva.
Venire contra factum proprium. Administradora que aceitava pagamento das
faturas com atraso. Cobrança dos encargos da mora. Ocorrência. Repentinamente
invocam cláusula contratual para considerar o contrato rescindido, a conta
encerrada e o débito vencido antecipadamente. Simultaneamente providencia a
inclusão do nome do titular no Serasa. Inadmissibilidade. Inversão do
comportamento anteriormente adotado e exercício abusivo da posição jurídica.
Recurso provido. TJ/SP Ap. cível 174.305-4/2-00
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Função de controle
Suppressio: Surrectio: Tu quoque:

• quando um direito não é • quando um direito é exercido • não se pode exigir do outro o
exercido durante um certo durante um certo tempo nasce cumprimento de norma legal ou
tempo não poderá mais ser um direito pela contínua prática contratual que a própria pessoa
exercido;renúncia tácita de um de certos atos. descumpriu. Não se pode fazer
direito pelo seu não exercício • Ex: contínua distribuição de com o outro o que não faria
com o passar do tempo lucros da sociedade para seus contra si mesmo.
• Ex:pagamento fora do local empregados em desacordo com • Ex: condômino que deposita
estabelecido no contrato: o seu estatuto pode gerar o móveis em área comum
credor não pode exigir depois o direito de continuar recebendo violando o estatuto não pode
pagamento no local contratual no futuro. exigir dos outros que não o
Art. 330 • Art. 330 façam.
• Ex: o contratante não pode
deixar de cumprir o contrato,
com base na exceção do
contrato não cumprido, se dá
causa ao inadimplemento da
parte contrária 18

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Enunciados: princípio da boa-fé
• I Jornada de Direito Civil - Enunciado 24Em virtude do princípio da boa-fé, positivado no art. 422 do novo Código
Civil, a violação dos deveres anexos constitui espécie de inadimplemento, independentemente de culpa.
• I Jornada de Direito Civil - Enunciado 25O art. 422 do Código Civil não inviabiliza a aplicação pelo julgador do
princípio da boa-fé nas fases pré-contratual e pós-contratual.
• I Jornada de Direito Civil - Enunciado 26A cláusula geral contida no art. 422 do novo Código Civil impõe ao juiz
interpretar e, quando necessário, suprir e corrigir o contrato segundo a boa-fé objetiva, entendida como a
exigência de comportamento leal dos contratantes.
• I Jornada de Direito Civil - Enunciado 27Na interpretação da cláusula geral da boa-fé, deve-se levar em conta o
sistema do Código Civil e as conexões sistemáticas com outros estatutos normativos e fatores metajurídicos.
• III Jornada de Direito Civil - Enunciado 139Os direitos da personalidade podem sofrer limitações, ainda que não
especificamente previstas em lei, não podendo ser exercidos com abuso de direito de seu titular, contrariamente
à boa-fé objetiva e aos bons costumes.
• III Jornada de Direito Civil - Enunciado 168O princípio da boa-fé objetiva importa no reconhecimento de um
direito a cumprir em favor do titular passivo da obrigação.
• III Jornada de Direito Civil - Enunciado 169O princípio da boa-fé objetiva deve levar o credor a evitar o
agravamento do próprio prejuízo.
• III Jornada de Direito Civil - Enunciado 170A boa-fé objetiva deve ser observada pelas partes na fase de
negociações preliminares e após a execução do contrato, quando tal exigência decorrer da natureza do contrato.

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• IV Jornada de Direito Civil - Enunciado 361O adimplemento substancial
decorre dos princípios gerais contratuais, de modo a fazer preponderar a
função social do contrato e o princípio da boa-fé objetiva, balizando a
aplicação do art. 475.
• IV Jornada de Direito Civil - Enunciado 362A vedação do comportamento
contraditório (venire contra factum proprium) funda-se na proteção da
confiança, tal como se extrai dos arts. 187 e 422 do Código Civil.
• IV Jornada de Direito Civil - Enunciado 363Os princípios da probidade e da
confiança são de ordem pública, sendo obrigação da parte lesada apenas
demonstrar a existência da violação.
• IV Jornada de Direito Civil - Enunciado 371A mora do segurado, sendo de
escassa importância, não autoriza a resolução do contrato, por atentar
ao princípio da boa-fé objetiva.

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• V Jornada de Direito Civil - Enunciado 409Os negócios jurídicos devem ser interpretados
não só conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração, mas também de acordo
com as práticas habitualmente adotadas entre as partes.
• V Jornada de Direito Civil - Enunciado 412As diversas hipóteses de exercício inadmissível de
uma situação jurídica subjetiva, tais como supressio, tu quoque, surrectio e venire contra
factum proprium, são concreções da boa-fé objetiva.
• V Jornada de Direito Civil - Enunciado 413Os bons costumes previstos no art. 187 do CC
possuem natureza subjetiva, destinada ao controle da moralidade social de determinada
época, e objetiva, para permitir a sindicância da violação dos negócios jurídicos em
questões não abrangidas pela função social e pela boa-fé objetiva.
• V Jornada de Direito Civil - Enunciado 421Os contratos coligados devem ser interpretados
segundo os critérios hermenêuticos do Código Civil, em especial os dos arts. 112 e 113,
considerada a sua conexão funcional.
• V Jornada de Direito Civil - Enunciado 432Em contratos de financiamento bancário, são
abusivas cláusulas contratuais de repasse de custos administrativos (como análise do
crédito, abertura de cadastro, emissão de fichas de compensação bancária, etc.), seja
por estarem intrinsecamente vinculadas ao exercício da atividade econômica, seja por
violarem o princípio da boa-fé objetiva.
• VIII Jornada de Direito Civil - Enunciado 617 O abuso do direito impede a produção de
efeitos do ato abusivo de exercício, na extensão necessária a evitar sua manifesta
contrariedade à boa-fé, aos bons costumes, à função econômica ou social do direito
exercido.

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• - princípio da socialidade: procura superar
o caráter individualista e egoísta que
imperava na codificação anterior, no
sentido de que os valores coletivos devem
prevalecer sobre os interesses individuais; o
triunfo da "socialidade", fazendo prevalecer
os valores coletivos sobre os individuais,
sem perda, porém, do valor fundante da
pessoa humana.
• Função social dos contratos: Art. 421. A
liberdade contratual será exercida nos
limites da função social do contrato. (o
contrato deve ser visualizado e
interpretado de acordo com o contexto da
sociedade)
• Função social da propriedade: Art. 1.228,
§1º
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• STJ: RECURSO ESPECIAL Nº 1.840.428 - SP (2019/0289892-2)

• Plano de saúde - Rescisão unilateral de contrato coletivo -


Impossibilidade - Rompimento que fere os princípios da boa-fé, equidade
contratual e função social, tendo em vista a natureza do serviço prestado
que envolve a saúde de diversas pessoas - Prestação de serviço de saúde
destinada a cada um dos beneficiários, que possuem direito individual à
manutenção da avença - Possibilidade de denúncia do contrato que deve ser
aferida por meio da interpretação analógica do inciso II, do parágrafo único,
do artigo 13 da Lei n° 9.656/1998, sendo necessário que esteja presente uma
das hipóteses referidas no dispositivo legal, o que não ocorreu na hipótese -
Sentença reformada - Recurso provido.

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Função Social do Contrato
Art. 421. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social
do contrato.

• Contrato é uma forma de circulação de riquezas e obtenção de fins comuns, mas a


concepção social é um dos pilares do Direito Contratual.
• Código Civil de 2002 adotou o princípio da socialidade -> prevalência dos
interesses coletivos frente aos interesses individuais, prevalência de princípios
condizentes com a ordem pública.
• Aquele que concretiza e que interpreta o contrato, deve observar se o contrato
atinge a sua função social.
• A função social prevalece sobre os princípios da autonomia da vontade e da
obrigatoriedade contratual. Há uma limitação da autonomia da vontade
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quando ela confronta com o interesse social.
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A função social do contrato somente estará cumprida quando a sua finalidade –
distribuição de riquezas – for atingida de forma justa, ou seja, quando o contrato
representar uma fonte de equilíbrio social.

O contrato deve ser bom para as partes e para a sociedade de um modo geral.

Relação entre as partes: Relação dos contratantes com 3ºs:

• contexto interno do contrato, não • contrato não pode ser fonte de prejuízo
existência de cláusulas abusivas. Não para a sociedade. 3ºs que não são partes
pode haver um grande desequilíbrio entre do contrato podem nele influir caso sejam
as partes: onerosidade excessiva para um direta ou indiretamente atingidos. Ex:
e enriquecimento excessivo para outro. distribuição de amostras grátis de bebida
Ex: contrato de sociedade advocatícia, alcoólica em frente ao Alcoólatras
onde um sócio recebe todo o lucro e o Anônimos. Locação de terreno para
outro sócio todo o custo. armazenamento de lixo tóxico sem
tratamento. 25

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Art. 2.035, Parágrafo único. Nenhuma convenção prevalecerá se contrariar preceitos de
ordem pública, tais como os estabelecidos por este Código para assegurar a função
social da propriedade e dos contratos.

• A função social da propriedade e do contrato é norma de ordem pública.


• Os valores jurídicos, sociais, econômicos e morais devem ser preenchidos pelo
juiz para que haja justiça e equilíbrio, inclusive ex officio.

Nelson Nery: “O contrato estará conformado à sua função social


quando as partes se pautarem pelos valores da solidariedade (CF, 3º, I)
e da justiça social (CF, 170, caput), da livre-iniciativa, for respeitada a
dignidade da pessoa humana (CF, 1º, III), não se ferirem valores 26
ambientais (CDC, 51, XIV) etc.
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• - cláusula de renúncia antecipada ao direito de
indenização e retenção por benfeitorias
necessárias em contrato de locação por adesão
Ofensas aos valores
jurídicos, sociais,
(cláusula nula)
econômicos e morais • - prazo de carência maior do que 12 horas para
– desrespeito á internação de urgência (menor com H1N1)
função social dos
contratos – • - a recusa de renovação das apólices de seguro
desrespeito às regras de vida pelas seguradoras em razão da idade
de ordem pública que do segurado é discriminatória
pautam a sociedade-
cláusulas antissociais
•- responsabilidade da cervejaria (terceiro
aliciador/cumplice), que desrespeita a
existência de contrato, aliciando uma das
partes.
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Enunciados: função social
• I Jornada de Direito Comercial - Enunciado 21Nos contratos empresariais, o
dirigismo contratual deve ser mitigado, tendo em vista a simetria natural das
relações interempresariais.
• I Jornada de Direito Civil - Enunciado 21A função social do contrato, prevista no art.
421 do novo Código Civil, constitui cláusula geral a impor a revisão do princípio da
relatividade dos efeitos do contrato em relação a terceiros, implicando a tutela
externa do crédito.
• I Jornada de Direito Civil - Enunciado 22A função social do contrato, prevista no art.
421 do novo Código Civil, constitui cláusula geral que reforça o princípio de
conservação do contrato, assegurando trocas úteis e justas.
• I Jornada de Direito Civil - Enunciado 23A função social do contrato, prevista no
art. 421 do novo Código Civil, não elimina o princípio da autonomia contratual,
mas atenua ou reduz o alcance desse princípio quando presentes interesses
metaindividuais ou interesse individual relativo à dignidade da pessoa humana.
• I Jornada de Direito Civil - Enunciado 49Interpreta-se restritivamente a regra do art.
1.228, § 2º, do novo Código Civil, em harmonia com o princípio da função social da
propriedade e com o disposto noSantos
Maria Augusta art.Parretti
187. - 22170821830
• III Jornada de Direito Civil - Enunciado 166A frustração do fim do contrato, como
hipótese que não se confunde com a impossibilidade da prestação ou com a
excessiva onerosidade, tem guarida no Direito brasileiro pela aplicação do art. 421
do Código Civil.
• IV Jornada de Direito Civil - Enunciado 360O princípio da função social dos
contratos também pode ter eficácia interna entre as partes contratantes.
• IV Jornada de Direito Civil - Enunciado 361O adimplemento substancial decorre
dos princípios gerais contratuais, de modo a fazer preponderar a função social
do contrato e o princípio da boa-fé objetiva, balizando a aplicação do art. 475.
• V Jornada de Direito Civil - Enunciado 413Os bons costumes previstos no art. 187 do
CC possuem natureza subjetiva, destinada ao controle da moralidade social de
determinada época, e objetiva, para permitir a sindicância da violação dos negócios
jurídicos em questões não abrangidas pela função social e pela boa-fé objetiva.
• V Jornada de Direito Civil - Enunciado 414A cláusula geral do art. 187 do Código
Civil tem fundamento constitucional nos princípios da solidariedade, devido
processo legal e proteção da confiança, e aplica-se a todos os ramos do direito.
• V Jornada de Direito Civil - Enunciado 431A violação do art. 421 conduz à invalidade
ou à ineficácia do contrato ou de cláusulas contratuais.
Maria Augusta Santos Parretti - 22170821830
• V Jornada de Direito Civil - Enunciado 508Verificando-se que a sanção pecuniária
mostrou-se ineficaz, a garantia fundamental da função social da propriedade
(arts. 5º, XXIII, da CRFB e 1.228, § 1º, do CC) e a vedação ao abuso do direito
(arts. 187 e 1.228, § 2º, do CC) justificam a exclusão do condômino antissocial,
desde que a ulterior assembleia prevista na parte final do parágrafo único do
art. 1.337 do Código Civil delibere a propositura de ação judicial com esse fim,
asseguradas todas as garantias inerentes ao devido processo legal.
• VI Jornada de Direito Civil - Enunciado 542A recusa de renovação das apólices de
seguro de vida pelas seguradoras em razão da idade do segurado é discriminatória
e atenta contra a função social do contrato.
• VIII Jornada de Direito Civil - Enunciado 617O abuso do direito impede a produção
de efeitos do ato abusivo de exercício, na extensão necessária a evitar sua
manifesta contrariedade à boa-fé, aos bons costumes, à função econômica ou
social do direito exercido.

Maria Augusta Santos Parretti - 22170821830

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