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PATROCÍNIO EXCLUSIVO

ALERGIA ALIMENTAR

DRA. RAQUEL BICUDO MENDONÇA

Nutricionista formada pela Unesp

Doutora em Ciências Aplicadas à Pediatria pela Unifesp

Pesquisadora Associada à Disciplina de Alergia, Imunologia Clínica e Reumatologia da Unifesp

Atuo no Ambulatório Pediátrico de Alergia Alimentar do Hospital São Paulo há 14 anos


DEFINIÇÃO de ALERGIA ALIMENTAR

“Reação adversa,
decorrente de uma resposta IMUNOLÓGICA específica,
que ocorre REPRODUTIVELMENTE em exposição a determinado(s) alimento(s).”

Burks AW, et al. ICON: Food allergy. J Allergy Clin Immunol 2012; 129:906-20.
DEFINIÇÃO de ALERGIA ALIMENTAR

Reações adversas a alimentos

Envolvendo mecanismo Não envolvendo mecanismo Reações


imunológico imunológico tóxicas

Intolerância
Doença alimentar
Alergia
alimentar celíaca
Deficiência Desordens
Farmacológica
enzimática gastrointestinais

Turnbull JL et al. Alimentary Pharmacology and Therapeutics, 2015; 41(1):3-25.


TIPOS de ALERGIA ALIMENTAR

ALERGIA ALIMENTAR

Mediadas Não mediadas Mistas


por IgE por IgE Mediadas por IgE
Sintomas imediatos Sintomas tardios e células

Sampson HA. Allergol Int 2016; 65(4):363-369.


MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS na Alergia Alimentar IgE mediada

Sintomas cutâneos: Anafilaxia:


Sintomas
• Vermelhidão
ocorrem em
• Inchaço • Dois ou mais sistemas
até 2 horas
• Placas vermelhas na pele
ou
Sintomas respiratórios:
• Rinoconjuntivite (espirro, coriza, coceira, lacrimejamento) • Sistema cardiovascular
• Falta de ar − Hipotensão
• Chiado − Tontura
− Desmaio
Sintomas gastrointestinais:
• Coceira ou inchaço de lábios, língua e palato (Síndrome da Alergia Oral)
• Dor abdominal
• Vômito
• Diarreia
Solé et al. Arq Asma Alerg Imunol. 2018;2(1):7-38.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS na Alergia Alimentar não mediada por IgE

Sintomas gastrointestinais:
• Síndrome da enterocolite induzida por proteína alimentar (FPIES)
• Síndrome da PROCTOCOLITE induzida por proteína alimentar (FPIPS)
• Síndrome de ENTEROPATIA induzida por proteína alimentar

Sintomas cutâneos:
• Dermatite herpetiforme
• Dermatite de contato

Sintomas respiratórios:
• Hemossiderose induzida por alimento (muito raro)

Solé et al. Arq Asma Alerg Imunol. 2018;2(1):7-38.


MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS na Alergia Alimentar não mediada por IgE

Possíveis sinais/sintomas da AA não IgE mediada e consequências ao longo do tempo


< 1 Dia 1 a 3 Dias > 3 Dias
• Vômitos agudos • Vômitos intermitentes • Déficit de crescimento
• Desconforto abdominal agudo, • Diarreia • Desconforto abdominal
demonstrado por choro • Desconforto abdominal contínuo
persistente e comportamento • Sangue nas fezes • Distensão abdominal contínua
instável • Distensão abdominal • Diarreia contínua
• Constipação
• Hipoalbuminemia
• Anemia por deficiência de
ferro
• Sangue nas fezes

Meyer et al. Allergy. 2019;00:1–19.


MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS na Alergia Alimentar não mediada por IgE

Características clínicas na FPIES


(Síndrome da enterocolite induzida por proteína alimentar):

• Vômitos repetitivos (1 a 4 horas após a ingestão) e ausência de sintomas cutâneos ou


respiratórios

• Letargia
• Palidez
• Desidratação
• Hipotensão
• Hipotermia
• Diarreia no prazo de 24 horas ( geralmente 5 a10 horas)

Nowak-Wegrzyn et al. J Allergy Clin Immunol. 2017;139(4):1111-26. e1114.


MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS nas Alergias Alimentares mistas

Sistema cutâneo: Sistema gastrointestinal:


• Dermatite atópica (DA) • Esofagite eosinofílica (EoE)
• Gastrite eosinofílica
• Gastroenterite eosinofílica

Solé et al. Arq Asma Alerg Imunol. 2018;2(1):7-38.


DIAGNÓSTICO da ALERGIA ALIMENTAR

1. História clínica

• Sob orientação médica


2. Dieta de eliminação • Nutricionista pode participar

• 2 a 4 semanas, em média

3. Reexposição ao alimento

• Teste de Provocação Oral (sob observação médica)


• Reintrodução em casa (quando o médico recomendar)

Sicherer & Sampson. J Allergy Clin Immunol. 2018 Jan;141(1):41-58.


DIAGNÓSTICO da ALERGIA ALIMENTAR

Exames complementares: • Somente nos casos de AA IgE mediada

Resultados positivos mostram


sensibilização ao alimento.

O diagnóstico não pode ser


definido apenas com base em
exames.
Dosagem de IgE sérica específica Prick test
(Teste cutâneo de hipersensibilidade imediata)

Sicherer & Sampson. J Allergy Clin Immunol. 2018 Jan;141(1):41-58.


DIAGNÓSTICO da ALERGIA ALIMENTAR

Testes NÃO recomendados:

• Dosagem de IgG ou IgG4 sérica específica para alimentos


• Quantificação de complexos alimentares antígeno-anticorpo
• Teste Eletro dérmico (Vega Test)
• Teste de Pulso
• Testes de Provocação-Neutralização
• Teste de Cinesiologia Aplicada
• Testes Citotóxicos
• Análise do cabelo

Hammond & Lieberman. Immunol Allergy Clin N Am. 2018; 38:153–163.


Kelso. J Allergy Clin Immunol Pract. 2018;6:362-5.
EPIDEMIOLOGIA da ALERGIA ALIMENTAR

 6,0% das crianças < 3anos

 3,5% dos adultos

A prevalência de alergia alimentar tem


aumentado nas últimas décadas.

Loh , Tang. Int. J. Environ. Res. Public Health 2018, 15, 2043.
Turner et al. J Allergy Clin Immunol. 2015 Apr; 135(4): 956–963.e1.
EPIDEMIOLOGIA da ALERGIA ALIMENTAR

Esses 8 alimentos são


responsáveis por 90% das
alergias alimentares.

Aditivos alimentares ≤ 1%
• sulfitos (asma)
• glutamato monossódico Alergias passageiras Alergias persistentes
• tartrazina (urticária)

Loh , Tang. Int. J. Environ. Res. Public Health 2018, 15, 2043.
TRATAMENTO da ALERGIA ALIMENTAR

Eliminação da proteína alergênica da dieta

Se mal orientada...

• Maior risco de ingestão acidental


• Restrições exageradas ou desnecessárias
• Prejuízos nutricionais
• Comprometimento do crescimento e ganho de peso
• Prejuízos psicossociais ao paciente e à família

Burks et al. ICON: food allergy. J Allergy Clin Immunol 2012;129:906-20


Egan et al. Ann Allergy Asthma Immunol. 2018 Mar;120(3):263-271.
ORIENTAÇÃO DAS DIETAS DE RESTRIÇÃO

ETAPAS ENVOLVIDAS:

1. Lista de alimentos a serem evitados


2. Leitura de rótulos (alimentos e outros produtos)
3. Cuidados para evitar o contato cruzado
4. Escolha dos alimentos substitutos
5. Alimentos permitidos
6. Receitas alternativas

Muraro et al. Allergy 2014 Aug;69(8):1008-25.


EVITANDO O CONTATO CRUZADO

CUIDADOS NA COZINHA:

1. Lavar as mãos, utensílios, equipamentos e bancadas com água e sabão.


2. Remover por completo qualquer resíduo de proteína alimentar.
3. Manter os alimentos bem tampados na geladeira e na despensa.
4. Colocar os alimentos livres do alérgeno nas prateleiras superiores.
5. Preparar primeiro o alimento livre do alérgeno, tampar e armazenar.
6. Preferir panelas e potes de materiais lisos e fácil higienização (vidro ou metal).
7. Evitar utensílios de materiais porosos (plástico, madeira).
8. Se necessário, usar utensílios próprios para o preparo de alimentos livres dos alérgenos.
9. Utilizar esponja de limpeza e panos de prato exclusivos.
10. Ao comer fora, cuidado com chapas, cortadores de frios, liquidificadores e óleo de fritura.
Kim et al. Pediatr Clin North Am. 2011 Apr;58(2):459-70.
Egan et al. Ann Allergy Asthma Immunol. 2018 Mar;120(3):263-271.
TRATAMENTO DA ALERGIA AO LEITE DE VACA

PRIMEIRA OPÇÃO PARA O LACTENTE:

• Aleitamento materno
• Quando necessário, a mãe deve seguir
dieta de restrição.

Hendaus et al. Ther Clin Risk Manag 2016 Mar 7;12:361-72.


TRATAMENTO DA ALERGIA AO LEITE DE VACA

SUBSTITUTOS OU COMPLEMENTOS PARA O LEITE MATERNO:

Para lactentes menores de 6 meses Para lactentes acima de 6 meses

Fórmulas extensamente Fórmulas de Fórmulas à base de


hidrolisadas aminoácidos livres proteína isolada de soja

• Toleradas em mais de • Fórmula elementar. • Na ausência de manifestações


90% dos casos. • Incapaz de causar gastrointestinais.
alergia. • Se não for alérgico à soja.
Fórmula infantil para lactentes à base de proteína hidrolisada de arroz.

Solé et al. Arq Asma Alerg Imunol. 2018;2(1):7-38.


TRATAMENTO DA ALERGIA AO LEITE DE VACA

O QUE NÃO PODE SER USADO ´NA APLV, EM QUALQUER IDADE:

• Fórmulas parcialmente hidrolisadas


• Fórmulas isentas de lactose à base de leite de vaca
• Leite de outros animais (Ex. cabra)
• Leite A2
TRATAMENTO DA ALERGIA AO LEITE DE VACA

SUBSTITUTOS DO LEITE DE VACA:


• Bebidas vegetais enriquecidas com cálcio (variadas) Se necessário, usar suplementos de
• Alimentação nutricionalmente completa e balanceada cálcio e vitamina D.

Quantidade de
Quantidade Quantidade de
Alimento Medida caseira Absorção (%) cálcio
(g ou ml) Cálcio (mg)
absorvível (mg)
Leite de vaca 240 1 copo 300 32,1 96,3
Tofu com cálcio 126 3,5 fatias 258 31,0 80,0
Couve 85 ½ xícara 61 49,3 30,1
Brócolis 71 ½ xícara 35 61,3 21,5
Batata-doce 164 4 col. (sopa) 44 22,2 9,8
Espinafre 85 ½ xícara 115 5,1 5,9
Weaver, et al. Am J Clin Nutr. 1999;70 (Suppl):543S-8S.
TRATAMENTO DA ALERGIA AO LEITE DE VACA

SUBSTITUTOS DO LEITE DE VACA:

• Podem ser consumidos queijos e iogurtes à base de vegetais

Coco Amêndoas Tubérculos Arroz Soja Ervilha Aveia

• Em preparações, considerar a função do ingrediente e pensar nas substituições


Umidade Consistência

Textura Cremosidade

Sabor Maciez
FATORES DE RISCO NUTRICIONAL

Toda dieta de restrição pode representar risco nutricional, especialmente


nos seguintes casos:

• Alergia ao leite de vaca


• Restrição de 2 ou mais alimentos
• Doenças associadas
• Inflamação
• Seletividade alimentar
• Dificuldades alimentares

Meyer R. Pediatr Allergy Immunol 2018 Nov;29(7):689-704.


ACOMPANHAMENTO DO PACIENTE COM ALERGIA ALIMENTAR

• Atenção para as mudanças no padrão de ganho de peso e crescimento.


• Importante avaliar individualmente.
• Não considerar apenas um ponto isolado no gráfico.
ACOMPANHAMENTO DO PACIENTE COM ALERGIA ALIMENTAR

Avaliação do consumo alimentar:


• Prever déficits nutricionais
• Corrigir erros alimentares
• Verificar necessidade de suplementações específicas
• Identificar transgressões

Em casos de transgressão:

Se tiver reação Se não tiver reação

• Médico pode considerar avaliar a


• Reforçar orientações da dieta de restrição
aquisição de tolerância (total ou parcial)
AVALIAÇÃO DA AQUISIÇÃO DE TOLERÂNCIA

Quando avaliar:
• Após, pelo menos, 6 meses da última reação.
• Quando houver história de exposição acidental sem reações.
• Para verificar a diferença na tolerância de alimentos crus e cozidos.
• Não é necessário esperar os exames ficarem negativos (nos casos IgE mediados).

O MÉDICO DECIDE QUANDO E COMO AVALIAR

Teste de Provocação Oral Reintrodução do alimento em casa


Sob observação médica Através da dieta da mãe Diretamente na alimentação da
Em ambiente adequado criança

O nutricionista pode orientar a melhor forma de preparar os alimentos para os testes.


CONSIDERAÇÕES FINAIS SOBRE O ACOMPANHAMENTO

FAMÍLIA

ESCOLA
TRABALHO
PACIENTE

PARENTES AMIGOS

VIAGENS FESTAS
CONCLUSÃO

1. É fundamental que o diagnóstico da alergia alimentar seja bem estabelecido.

2. O diagnóstico deve ser feito pelo médico, podendo haver participação do nutricionista.

3. Dietas de restrição devem ser individualmente e cuidadosamente planejadas.

4. O nutricionista é o profissional mais indicado para planejar e orientar dietas de restrição.

5. O paciente é beneficiado quando atendido por equipe multiprofissional.


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