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EXMA. SRA. DRA. JUIZA DE DIREITO DO 3o.

JUIZADO ESPECIAL DA FAZENDA


PÚBLICA DA CAPITAL RECIFE/PE
DEMANDANTE: SANDRO RICARDO DA CUNHA MORAES

Nome: SANDRO RICARDO DA CUNHA MORAES


Endereço: R ARQUITETO AUGUSTO REINALDO, 80, apt 301, PINA, RECIFE - PE - CEP: 51110-
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I – DOS FATOS
O impugnante foi autuado pela CTTU, conforme o Auto ID1802621, por
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estacionamento em desacordo com a regulamentação - estacionamento
rotativo. O impugnante utiliza o veículo automotor como instrumento de
trabalho, visto que é advogado e precisa se deslocar constantemente
para atender seus clientes.

Em razão da importância do veículo para sua atividade profissional, o


impugnante requer a manutenção da tutela de urgência e o provimento
dos pedidos iniciais.

Contudo, a CTTU contestou a ação, alegando a legalidade da autuação e


requerendo a improcedência dos pedidos do impugnante.
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BASE LEGAL II – DO DIREITO

273, 300,311, 373, 374, 480, NCPC,


a) Manutenção da Tutela de Urgência Solicitada

3 O impugnante requereu a manutenção da tutela de urgência, tendo


em vista que o veículo automotor é seu instrumento de trabalho como
advogado e a suspensão da penalidade de multa e pontuação na
CNH é medida necessária para que possa continuar exercendo sua
atividade profissional.

A CTTU argumentou que não há perigo de dano ao impugnante, uma


vez que o auto de infração está correto e que a suspensão da
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penalidade causaria insegurança jurídica.

No entanto, a suspensão da penalidade não causa insegurança


jurídica, pois trata-se de medida provisória, cujo objetivo é evitar
prejuízos imediatos ao impugnante e garantir que possa continuar
exercendo sua atividade profissional enquanto o mérito da demanda
é julgado.

Portanto, requer-se a manutenção da tutela de urgência solicitada.

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b) Erro no Horário de Saída do Estacionamento

A CTTU apresentou como prova o print de tela do sistema de estacionamento rotativo,


na qual consta que o veículo do impugnante ficou estacionado após o vencimento do
ticket de estacionamento.

No entanto, o impugnante impugna a referida prova, uma vez que o horário de saída
do veículo registrado no sistema da CTTU está incorreto, já que o impugnante deixou
o local antes do horário registrado pela CTTU.

Portanto, a prova apresentada pela CTTU é unilateral e sem lastro de veracidade,


devendo ser rechaçada.

Ademais, impugna-se a alegação de que a suspensão do auto de infração causaria


grave insegurança jurídica, uma vez que tal argumento é frágil e não encontra amparo
legal ou fático, pois não há razão para se presumir que a anulação do auto de infração
trará qualquer prejuízo à ordem jurídica.

Outrossim, quanto à presunção de veracidade das alegações do agente de trânsito, é


importante salientar que tal presunção é relativa, podendo ser afastada por outros
elementos de prova. No presente caso, a impugnante apresentou elementos
suficientes para contestar as alegações do agente de trânsito, tais como o print de tela
da CTTU2 com erro de lançamento de horário de saída do estacionamento, bem como
a necessidade das provas humanas do agente de trânsito serem reforçadas com
outros elementos como o videomonitoramento do local já que o órgão dispõe de
circuito eletrônico que atesta a hora de chegada e saída do local do estacionamento.
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As provas humanas, ad argumentandum, em tese, unilaterais apresentadas por
agentes de trânsito e policiais militares em blitze não possuem presunção de
veracidade absoluta, mas apenas relativa, conforme a doutrina e jurisprudência. Isso
se deve ao fato de que tais agentes possuem interesses na acusação e, portanto,
podem, hipoteticamente, distorcer os fatos ou cometer equívocos em suas
observações. Por isso, é fundamental que sejam adotadas medidas que assegurem a
imparcialidade e a transparência nessas operações.No Estado de São Paulo e em
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Pernambuco, por exemplo, tem sido exigido que os agentes de fiscalização de trânsito
e policiais militares sejam obrigados a portar câmeras nos capacetes e fardas durante
as operações, a fim de evitar excessos e desvios de conduta. Essa medida é essencial
para garantir a veracidade dos fatos e proteger os direitos dos cidadãos, bem como
evitar ações ilegais e abusivas por parte dos agentes públicos.

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POR QUE É IMPORTANTE EXIGIR DAS
FISCALIZAÇÕES DE TRÂNSITO E DAS
OPERAÇÕES POLICIAIS OUTROS ELEMENTOS
QUE NÃO APENAS A PRESUMIDA E FRÁGIL FÉ
PÚBLICA DO AGENTE PÚBLICO:

Exigir das fiscalizações de trânsito e operações policiais outros elementos além da


presumida fé pública do agente público é importante por diversos motivos. Abaixo,
listamos alguns deles:

1. Prevenção de erros e abusos: Embora os agentes de trânsito sejam treinados para

realizar suas atividades de forma correta e imparcial, eles também são seres

humanos e, portanto, suscetíveis a cometer erros ou abusar de seu poder. Exigir a

apresentação de elementos adicionais além da fé pública pode ajudar a prevenir

esses problemas, já que os agentes precisarão apresentar provas concretas para

sustentar suas ações.

2. Garantia de direitos: A fiscalização de trânsito envolve a aplicação de multas,

remoção de veículos e outras medidas que podem afetar os direitos dos cidadãos.

Exigir elementos adicionais para sustentar as ações dos agentes pode ajudar a

garantir que essas medidas sejam tomadas de forma justa e em conformidade com a

legislação.

3. Prestação de contas e transparência: As câmeras podem ajudar a garantir que os

agentes de segurança pública cumpram as leis e os regulamentos e ajuda na

transparência das ações da polícia, tornando mais fácil para o público ver o que

realmente aconteceu durante uma interação policial. Isso pode ajudar a prevenir

abusos de poder e a construir confiança entre a polícia e a comunidade.

4. Prova em investigações criminais: As câmeras podem fornecer evidências em caso de

investigações criminais ou processos judiciais, ajudando a esclarecer disputas de

fatos e garantir que as decisões sejam baseadas em fatos concretos.

5. Segurança do policial: As câmeras podem proteger os policiais em caso de alegações

falsas ou infundadas, que possam ter consequências negativas para o policial

envolvido, ajudando a proteger a imagem e integridade do profissional.

6. Treinamento e melhoria da qualidade: As filmagens podem ser usadas para

treinamento e aprimoramento das habilidades dos agentes de segurança pública,

permitindo que as forças de segurança aprendam com as interações bem-sucedidas

e as fracassadas.

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Por todo o exposto, fica evidente a ilegalidade da multa imposta ao impugnante, não
merecendo acolhimento os pedidos contidos na contestação, que devem ser julgados
improcedentes.

Por fim, requer a manutenção da tutela de urgência para não privar o impugnante de seu
instrumento de trabalho (veículo automotor), a anulação da multa imposta, a retirada dos
pontos da CNH do impugnante e a baixa da multa no site do DETRAN/PE, sob pena de multa
diária por descumprimento de ordem judicial, bem como no mérito o julgamento favorável
aos pedidos da petição inicial, fulcro no que dispõe a Lei e as provas dos autos.
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Nesses termos, pede deferimento.

RECIFE/PE, 15/03/2023

SANDRO RICARDO DA CUNHA MORAES


ADVOGADO

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