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‫ – בית מדרש חופשי‬Beit Midrash Livre – Sefer Moré Nevuhim Tomo I Cap 4

Ensaio sobre as três entradas do léxico Maimonidiano que sintetizam o material


do Capítulo 3. Os três termos são relacionados ao verbo ver.

RA’AH = VER

1. Percepção ótica
2. Usado figurativamente no sentido de percepção intelectual, quando
aplicado ao Elohim.

Ocorrências da Definição 1

‫ֹלׁשה עֶ ְד ֵרי־צ ֹאן ר ְֹבצִ ים עָ לֶ יהָ ּכִ י ִמן־הַ ְּבאֵ ר הַ ִהוא‬


ָ ‫ֵה־ׁשם ְׁש‬
ָ ‫ַוּי ְַרא ו ְִהּנֵה ְבאֵ ר ּבַ ָּׂש ֶדה ו ְִהּנ‬
‫ל־ּפי הַ ְּבאֵ ר׃‬
ִ ַ‫י ְַׁשקּו הָ ע ֲָד ִרים וְהָ אֶ בֶ ן ּגְ דֹלָ ה ע‬

Quando olhou (Va-Iár), viu um poço em um campo; e havia três


rebanhos de ovelhas deitados ali, perto dele, pois eles davam água
às ovelhas daquele poço. A pedra sobre a boca do poço era grande,

Bereshit 29:2
A passagem é sobre o encontro de Iáacov com Rahel. A expressão: “e ele
olhou”, refere-se literalmente a visão. Note também que, no Guia [1: 43], o
capítulo léxico sobre “olho”, apresenta o primeiro sentido de que, “olho” é um
“poço”. Ele, por assim dizer, vê Rahel, a partir de seu “poço”, entendendo
“poço” como um canal da emanação divina, a capacidade de ver.

Ocorrências da Definição 2
‫ם־ל ִּבי לֵ אמֹר אֲ נִ י ִהּנֵה ִהגְ ַּד ְל ִּתי וְהֹוסַ ְפ ִּתי חָ כְ ָמה עַ ל ּכָל־אֲ ֶׁשר־הָ יָה ְלפָ נַי‬
ִ ‫ִּדּבַ ְר ִּתי אֲ נִ י ִע‬
‫ְרּוׁשלָ ִם ו ְִל ִּבי ָראָ ה הַ ְרּבֵ ה חָ כְ ָמה ו ָָדעַ ת׃‬
ָ ‫עַ ל־י‬

Eu disse a mim mesmo: Adquiri muita sabedoria, mais que todos os


reis de Ierushala’im que foram antes de mim. Sim, obtive [LIT. Ve-
Libi ra’ah = meu coração viu] muita sabedoria e conhecimento;

Kohelet 1: 16
Este é um uso figurativo, desde que o coração não “vê”. Esta fala indica o
arrependimento de Sh’lomo sobre o fato de que, a sabedoria não havia
removido sua “perda de clareza”, um tipo de perplexidade [1: 17]. Ele continua,
1: 18: ‫יֹוסיף ַמכְ אֹוב׃‬
ִ ‫ְיֹוסיף ַּדעַ ת‬
ִ ‫“ ּכִ י ְּברֹב חָ כְ ָמה ָרב־ּכָעַ ס ו‬Pois existe muito sofrimento na
muita sabedoria; quanto mais conhecimento, tanto mais sofrimento”. O texto
parece contradizer a exaltação geral do Rambam, sobre a sabedoria. Este é
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entretanto, um equívoco que será elaborado ao longo do Guia, ao tratar da


Profecia de Moshe.
‫יתי אֶ ת־יְהוָה יֹ ֵׁשב עַ ל־ּכִ ְסאֹו ְוכָל־צְ בָ א הַ ָּׁש ַמיִם עֹ ֵמד‬ ִ ‫ֹאמר לָ כֵן ְׁש ַמע ְּדבַ ר־יְהוָה ָר ִא‬
ֶ ‫וַּי‬
‫ֹאמר‬
ֶ ‫ֹאמר יְהוָה ִמי יְפַ ֶּתה אֶ ת־אַ ְחאָ ב ְויַעַ ל ְויִּפֹ ל ְּב ָרמֹת ּגִ ְלעָ ד וַּי‬
ֶ ‫ּומ ְּׂשמ ֹאלֹו׃וַּי‬
ִ ‫ימינֹו‬
ִ ‫עָ לָ יו ִמ‬
‫זֶה ְּבכֹה ְוזֶה אֹ ֵמר ְּבכֹה׃‬

‫ֹאמר אֵ צֵ א‬
ֶ ‫ֹאמר יְהוָה אֵ לָ יו ּבַ ָּמה׃וַּי‬
ֶ ‫ֹאמר אֲ נִ י אֲ פַ ֶּתּנּו וַּי‬
ֶ ‫ַוּיֵצֵ א הָ רּוחַ ַו ַּי ֲעמֹד ִל ְפנֵי יְהוָה וַּי‬
‫ֲׂשה־כֵן׃‬ ֵ ‫ֹאמר ְּתפַ ֶּתה ְוגַם־ּתּוכָל צֵ א ַוע‬ ֶ ‫ִיתי רּוחַ ֶׁש ֶקר ְּב ִפי ּכָל־נְ ִביאָ יו וַּי‬
ִ ‫וְהָ י‬

E continuou: Todavia, ouça a palavra de HaShem! Eu vi HaShem


sentado em seu trono, rodeado de todo seu exército celestial à sua
direita e à sua esquerda. HaShem perguntou: Quem enganará Aháv
para atacar Ramot-Guil’ad e ali morrer? Um dos que rodeavam
disse: Faça isso! Outro disse: Faça aquilo! Então, um rúah foi,
apresentou-se diante de HaShem e disse: Eu irei! HaShem
perguntou: Como? E ele respondeu: Eu irei e serei um rúah de
mentira nos lábios de todos os profetas do rei. Disse HaShem: Você
será bem-sucedido quando o enganar. Vá e faça isso!

Melahim Alef 22: 19 a 22


O profeta Mihai’hu profetizou para Aháv. Ele conta ao perverso rei que a
Divindade lhe enviaria falsos profetas. O Rambam está focado na distinção
entre falsos profetas e reais profetas (Mishné Torá, Avodá Zará Cap 5). O
verso também lida com o sentido de “ver” o HaShem na profecia.
‫ַוּי ֵָרא אֵ לָ יו יְהוָה ְּבאֵ ֹלנֵי ַמ ְמ ֵרא וְהּוא יֹ ֵׁשב ּפֶ ַתח־הָ אֹ הֶ ל ּכְ חֹ ם הַ ּיֹום׃‬

E HaShem apareceu a Avraham junto aos carvalhos de Mamre


quanto ele estava sentado à entrada da tenda no calor do dia.

Bereshit 18: 1
Esta é a visão profética de Avraham sobre sua circuncisão. HaShem não
“apareceu” aos olhos, mas, apenas à percepção intelectual (i.e. consciência).
Esta percepção filtra por meio da imaginação profética em cena, a mensagem.
Assim, o Rambam instrui que, não se trata de dizer que a Divindade tenha de
fato aparecido, mas que uma manifestação da Divindade ocorreu, i.e. um
Maláh. Ele cita esta passagem então, como um princípio (interpretativo)
importante na compreensão da ideia de Profecia no Guia [2: 42] e sempre
associa este princípio de mediação do maláh, com Avraham.
Ele declara: “Como já explicamos, sempre que se menciona a aparição de um
anjo e uma mensagem sua, trata-se de uma Visão ou de um Sonho Profético,
tenha-se ou não declarado isso expressamente. Pouco importa se alguém
afirmou que notou que era um anjo imediatamente ou que este lhe apareceu
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primeiramente um ser humano e depois comprovou-se que se tratava de um


anjo. Sempre, que, ao final, você averiguar que quem foi visto e falou era um
anjo, acreditará por certo que, desde o princípio, era uma Visão ou Sonho”.
‫ֹלהים ּכִ י־טֹוב׃‬
ִ ֱ‫ּול ִמ ְקוֵה הַ ַּמיִם ָק ָרא י ִַּמים ַוּי ְַרא א‬
ְ ‫ֹלהים לַ ּיַּבָ ָׁשה אֶ ֶרץ‬
ִ ֱ‫וַּיִ ְק ָרא א‬

Elohim chamou à terra seca, Éretz (Terra), e à reunião de água ele


chamou Iam’im (mares), e Elohim viu que isso era bom.

Bereshit 1: 10
O Elohim não tem visão num sentido físico.
A Elohim se atribui apenas, o conceito de Percepção Imediata ou Constatação
Instantânea. Em nós, o paralelo seria a percepção intelectual, a constatação
instantânea de um determinado fato. Esta percepção é idêntica, no caso da
concepção de Elohim, com aquilo que apelidamos de “Sua essência”, i.e. Seu
SER propriamente dito. Ou seja, que tal Constatação e Seu SER são um, e o
mesmo.
Deste modo, ao se atribuir “saber” ao Elohim, se pretende transmitir o conceito
de que este Saber é, tal qual, a totalidade de Seu SER.
E por tal razão, só poderia ser “bom”. E ainda mais significativamente, o “bom”
é tudo o que existe, toda a realidade e este, “bom”, foi aquele visto por Moshe
(indicado na expressão “verás minhas costas”).
O Rambam então, define este “bom” ecoando o conceito Aristotélico daquilo
que “adequa-se a sua finalidade”. Nós diríamos: A Realidade, tal qual é.
‫ֹאמר הַ ְראֵ נִ י נָא אֶ ת־ּכְ ב ֶֹדָך׃‬
ַ ‫וַּי‬

Ele, no entanto, disse: Imploro-te que me mostres a tua honra/glória.

Shemot 33: 18
Este foi o pedido de Moshe, para conhecer a Divindade. Ao invés daquilo, lhe
foi mostrado a totalidade da criação Divina, isto é, os atributos ativos da
Divindade. Ele vê que todas as coisas são “boas”. Compare, no capítulo
anterior, quando Moshe vê a Temuná da Divindade.
‫ֹׁשה וְאַ הֲ רֹן נ ָָדב וַאֲ ִביהּוא ו ְִׁש ְב ִעים ִמּזִ ְקנֵי י ְִׂש ָראֵ ל׃‬
ֶ ‫ַוּיַעַ ל מ‬

‫ֲׂשה ִל ְבנַת הַ ּסַ ִּפיר ּוכְ עֶ צֶ ם הַ ָּׁש ַמיִם לָ טֹ הַ ר׃‬


ֵ ‫ְתחַ ת ַרגְ לָ יו ּכְ ַמע‬
ַ ‫יוַּיִ ְראּו אֵ ת אֱ ֹלהֵ י י ְִׂש ָראֵ ל ו‬

)‫ֹלהים וַּי ֹאכְ לּו וַּיִ ְׁשּתּו׃ (ס‬


ִ ֱ‫וְאֶ ל־אֲ צִ ילֵ י ְּבנֵי י ְִׂש ָראֵ ל ל ֹא ָׁשלַ ח יָדֹו ַוּיֶחֱ זּו אֶ ת־הָ א‬

Moshe, Aharon, Nadav, Avihu e setenta dos líderes subiram, e eles


viram o Elohim de Israel. Sob seus pés, estava algo semelhante a
um pavimento de pedra de safira, tão brilhante quanto o próprio céu.
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Ele não estendeu a mão contra esses notáveis de Israel; eles viram
Elohim, enquanto comiam e bebiam.

Shemot 24: 9 – 11
Este é um exemplo dado pelo Rambam, da profecia internalizada de modo
incorreto. O próximo capítulo do Guia devota-se a suas explanações desta
importante passagem.

HIBIT (ver)

1. Percepção Ótica.
2. Ver e observar intelectualmente. Contemplar uma coisa até que seja
compreendida.

Ocorrências da Definição 1
‫ל־ּת ֲעמֹד‬
ַ ַ‫ל־ּת ִּביט אַ חֲ ֶריָך וְא‬
ַ ַ‫ֹאמר ִה ָּמלֵ ט עַ ל־נ ְַפ ֶׁשָך א‬ ֶ ‫ַוי ְִהי כְ הֹוצִ יאָ ם אֹ ָתם הַ חּוצָ ה וַּי‬
‫ן־ּתּסָ פֶ ה׃‬
ִ ֶ‫ְּבכָל־הַ ּכִ ּכָר הָ הָ ָרה ִה ָּמלֵ ט ּפ‬

Quando eles os tiraram dali ele disse: Fuja, por sua vida! Não olhe
(tabit) para trás e não pare em nenhum ponto da planície; em vez
disso, fuja para as colinas!

‫ו ַַּתּבֵ ט ִא ְׁשּתֹו ֵמאַ חֲ ָריו ו ְַּת ִהי נְ צִ יב ֶמלַ ח׃‬

Sua mulher, porém, olhou (ve-tabet) pelas costas dele, e tornou-se


uma coluna de sal.

Bereshit 19: 17, 26


Estas citações mencionam a porção da visão na qual Lot está fugindo de
Sodom. Ele é informado a não olhar para trás, mas, ela o faz e se torna um
pilar de sal. O “olhar” neste caso, refere-se a uma ideia corpórea, dentro da
narrativa, no sentido mais negativo possível. O Rambam geralmente, usa
textos comprobatórios bem negativos, para definições corpóreas de termos
léxicos, para também expressar sua desaprovação em relação ao
entendimento equivocado de tais definições.
‫ְויִנְ הֹ ם עָ לָ יו ּבַ ּיֹום הַ הּוא ּכְ נַהֲ ַמת־יָם וְנִ ּבַ ט לָ אָ ֶרץ ו ְִהּנֵה־חֹ ֶׁשְך צַ ר וָאֹור חָ ַׁשְך ּבַ ע ֲִריפֶ יהָ ׃‬
)‫(פ‬

Naquele dia, rosnarão para eles, como o mar quando ruge – e,


quando/se alguém olhar (v’nibat) para a terra, verá uma escuridão
cerrada; a luz está dissipada na obscuridade.

Ieshaiahu 5: 30
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Esta frase refere-se a nações designadas pela Divindade, para punir Israel, na
profecia de Ieshaiahu. Eles “olham” para a terra que vão tomar. O Rambam
pôde aqui incorporar, por meio da referência a este capítulo de Ieshaiahu. O
verso 5: 13 declara ‫י־דעַ ת ּוכְ בֹודֹו ְמ ֵתי ָרעָ ב וַהֲ מֹונֹו צִ חֵ ה צָ ָמא׃‬ ָ ‫“ לָ כֵן ּגָלָ ה עַ ִּמי ִמ ְּב ִל‬Por tal
falta de conhecimento, meu povo vai a o exílio”. E ainda 5: 18 demonstra o
resultado, quando o conhecimento não é cultivado adequadamente: ‫הֹוי מ ְֹׁשכֵי‬
‫“ הֶ עָ וֺ ן ְּבחַ ְבלֵ י הַ ָּׁשוְא ְו ַכעֲבֹות הָ ֲעגָלָ ה חַ ּטָ אָ ה׃‬Ai dos que começam puxando a
transgressão com uma corda, mas terminam por arrastar o pecado como por
uma corda de carruagem”. Este é o oposto polarizado, à conexão de Shlomo,
na linguagem simbólica das cordas unidas para ‘puxar’ a sabedoria. Quando se
falha em “ver” com nosso intelecto, outros então “olham” (procuram) nos punir.

Ocorrências da Definição 2
‫ּותרּועַ ת ֶמלֶ ְך ּבֹו׃‬
ְ ‫ֹא־ראָ ה עָ ָמל ְּבי ְִׂש ָראֵ ל יְהוָה אֱ ֹלהָ יו ִעּמֹו‬
ָ ‫ֹא־ה ִּביט אָ וֶן ְּב ַיעֲקֹ ב וְל‬
ִ ‫ל‬

Ninguém viu (hibit) culpa em Iáacov ou percebeu perversidade em


Israel; HaShem, o Elohim deles, está com eles e foi aclamado rei
entre eles.

Bamidbar 23: 21
Não podemos ver “perversidade”. O termo é, portanto, figurativo. O ponto do
Rambam neste trecho é, que a Divindade, inspirou Bilam, o Goy que era um
“quase profeta”, a falar deste modo, “quando ele estava bom”. [2: 45 no Guia].
Isto sugere que, seus conselhos ruins, quando ele não estava “bom” ou apto,
não eram portanto, de natureza profética.
‫ֹׁשה אֶ ל־הָ אֹ הֶ ל יָקּומּו ּכָל־הָ עָ ם וְנִ ּצְ בּו ִאיׁש ּפֶ ַתח אָ הֳ לֹו ו ְִה ִּביטּו אַ חֲ ֵרי‬ ֶ ‫וְהָ יָה ּכְ צֵ את מ‬
‫ֹׁשה עַ ד־ּבֹאֹו הָ אֹ הֱ לָ ה׃‬
ֶ ‫מ‬

Sempre que Moshe ia à tenda, todo o povo se levantava e


permanecia em pé, cada homem à porta de sua tenda, e observava
(v’hibitu) Moshe até ele chegar à tenda.

Shemot 33: 8
O Rambam escreve então: Em adição ao entendimento literal, a frase foi
elucidada por nossos sábios num sentido figurado. De acordo com isso, estas
palavras indicam que, os israelitas examinavam e criticavam as ações e
palavras de Moshe.
Assim, o relato tem dois sentidos: o não pejorativo, que é estudar o que ele
fazia, e o pejorativo, que é julgar sua aparência física e comportamento, para
acusá-lo de abandonar o acampamento, ou de adultério ou qualquer outra
acusação que, destruísse sua reputação. O Rambam prefere o uso não
pejorativo, mas reconhece a existência do sentido pejorativo.
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‫ּוספֹ ר הַ ּכֹוכ ִָבים ִאם־ּתּוכַל ִל ְסּפֹ ר אֹ ָתם‬


ְ ‫ֹאמר הַ ּבֶ ט־נָא הַ ָּׁש ַמי ְָמה‬
ֶ ‫וַּיֹוצֵ א אֹ תֹו הַ חּוצָ ה וַּי‬
‫ֹאמר לֹו ּכֹה י ְִהיֶה ז ְַרעֶ ָך׃‬
ֶ ‫וַּי‬

Então ele o levou para fora e disse: Olhe (habet) para o céu e conte
as estrelas – se você puder! Seus descendentes serão igualmente
incontáveis!

Bereshit 15: 5
Esta é uma passagem de visão profética. Todo o capítulo 15 de Bereshit, é
parte da visão de Avraham, incluindo, tal qual elucida o Rambam, a saída de
Avraham de sua tenda, para olhar para as estrelas. Apenas na visão é que a
Divindade o levou para fora. E deste modo, a Divindade desaprova as
especulações astronômicas de Avraham (tal qual ilustrado no Bereshit Rabá
44: 12). Assim, fica estabelecido que, abandonar a astrologia era o estágio
necessário, antes de receber a profecia; algo especialmente enfatizado pelo
Rambam, que escreveu a famosa Epístola sobre a Astrologia, desaprovando-a.
‫ֹׁשה ּפָ נָיו ּכִ י‬
ֶ ‫ֹאמר אָ נֹכִ י אֱ ֹלהֵ י אָ ִביָך אֱ ֹלהֵ י אַ ְב ָרהָ ם אֱ ֹלהֵ י יִצְ חָ ק וֵאֹלהֵ י ַיעֲקֹ ב ַוּי ְַס ֵּתר מ‬
ֶ ‫וַּי‬
‫ֹלהים׃‬
ִ ֱ‫י ֵָרא ֵמהַ ִּביט אֶ ל־הָ א‬

Além do mais, ele diz, Eu [Sou] o Elohim de Teus pais, o Elohim de


Avraham, o Elohim de Itzhak e o Elohim de Iáacov. E Moshe ocultou
sua face, pois ele temeu olhar (mehabit) para Elohim.

Shemot 3: 6
‫אתם ְל ַדּבֵ ר‬
ֶ ‫ּומּדּועַ ל ֹא י ְֵר‬
ַ ‫ּותמֻ נַת יְהוָה י ִַּביט‬
ְ ‫ּומ ְראֶ ה וְל ֹא ְב ִחידֹת‬
ַ ‫ּפֶ ה אֶ ל־ּפֶ ה אֲ ַדּבֶ ר־ּבֹו‬
‫ֹׁשה׃‬ֶ ‫ְּבעַ ְב ִּדי ְבמ‬

Com ele, falo face a face, e de forma clara, não por meio de
enigmas; ele vê (iabít) a imagem de HaShem! Por que vocês não
têm medo de criticar meu servo Moshe?

Bamidbar 12: 8
O Rambam elucida que, este verbo, quando aplicado em referência a
Divindade, é aplicado neste sentido figurado; i.e. de que não se pode jamais
“contemplar” ou “ver” a Divindade, mesmo quando falando a respeito de
Moshe. O contexto é que Miriam está confrontando Moshe, por haver ele se
casado com a Kushita. A Divindade pune a maledicência de Miriam com
Tzara’at, a qual, Moshe ora pela cura, por meio da Tefilá. O ponto da citação é
que, a profecia de Moshe é de elevado nível (o nível da “semelhança”) em
relação aos demais profetas.
‫ְטהֹור עֵ י ַניִם ֵמ ְראֹות ָרע וְהַ ִּביט אֶ ל־עָ ָמל ל ֹא תּוכָל לָ ָּמה ַת ִּביט ּבֹוגְ ִדים ַּתחֲ ִריׁש ְּבבַ ּלַ ע‬
‫ָר ָׁשע צַ ִּדיק ִמ ֶּמּנּו׃‬
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Teus olhos são puros demais para verem (habít) o mal, tu não podes
suportar a opressão. Então por que suportas os traidores? Por que
silencias quando os maus engolem os mais justos que eles?

Havakuk 1: 13
A Divindade recusa-se a olhar, com o olhar do profeta, para as iniquidades do
povo. Compare com a citação de Bilam, dada anteriormente, em Bamidbar 23:
21. A mesma frase, apresenta sentido distinto: Neste caso, trata-se de um
princípio, de que, devemos interpretar de modo figurativo, todas as declarações
bíblicas que atribuem corporalidade a Divindade (1: 49). A expressão, “puros
demais para verem o mal” implica que, jamais devemos aplicar nenhum
atributo negativo a Divindade, incluindo qualquer atributo que, leitores comuns
consideram como negativo ou pejorativo.

HAZÁ (VER)

1. Percepção Ótica.
2. Percepção Mental.
Ocorrências da Definição 1
‫ְתחַ ז ְּבצִ ּיֹון עֵ ינֵינּו׃‬
ַ ‫וְעַ ָּתה נֶאֶ ְספּו עָ לַ יְִך ּגֹויִם ַר ִּבים הָ אֹ ְמ ִרים ֶּתחֱ נָף ו‬

Agora, muitas nações se reuniram contra você; elas dizem: Que ela
seja profanada; que nossos olhos (v’tahaz) olhem sobre Tzion.

Mihá 4: 11
Essencialmente a mesma ideia, apresentada em Ieshaiahu 5: 30. A nação
inimiga olha maldosamente sobre a Terra de Israel.

Ocorrências da Definição 2
‫יֹותם אָ חָ ז י ְִחזְ ִקּיָהּו‬
ָ ‫ימי עֻּזִ ּיָהּו‬
ֵ ‫ִירּוׁשלָ ִם ִּב‬
ָ ‫ְהּודה ו‬
ָ ‫ְׁש ְעיָהּו בֶ ן־אָ מֹוץ אֲ ֶׁשר חָ זָה עַ ל־י‬
ַ ‫חֲ זֹון י‬
‫ְהּודה׃‬
ָ ‫ַמ ְלכֵי י‬

Esta é a visão recebida por Ieshaiahu, o filho de Amotz, que ele viu
(hazá) sobre Iehudá e Ierushala’im, nos dias de Uziahu, Iotam, Ahaz
e I’hizkiahu, reis de Iehudá.

Ieshaiahu 1: 1
Este verso começa, tradicionalmente o livro de Ieshaiahu, exemplificando
profetas para além de Moshe. Ele prevê uma eventual aceitação universal da
Torá. O que ele “viu” com mentalidade profética, ao invés de percepção ótica.
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‫ל־ּת ָירא אַ ְב ָרם אָ נֹכִ י‬


ִ ַ‫אַ חַ ר הַ ְּדבָ ִרים הָ אֵ ּלֶ ה הָ יָה ְדבַ ר־יְהוָה אֶ ל־אַ ְב ָרם ּבַ ַּמחֲ זֶה לֵ אמֹר א‬
‫ָמגֵן לָ ְך ְׂשכ ְָרָך הַ ְרּבֵ ה ְמאֹ ד׃‬

Algum tempo depois, a palavra de HaShem veio a Avram em uma


visão (mahazê): Não tema, Avram. Sou seu protetor, sua
recompensa será muito grande.

Bereshit 15: 1
Esta é a segunda referência a visão das estrelas de Avraham, que culminam
do “pacto das partes”. O Rambam tem uma interpretação específica deste
capítulo. Diferente da maior parte dos comentaristas, ele vê todo o capítulo
como uma visão profética.
‫ֹׁשה וְאַ הֲ רֹן נ ָָדב וַאֲ ִביהּוא ו ְִׁש ְב ִעים ִמּזִ ְקנֵי י ְִׂש ָראֵ ל׃‬
ֶ ‫ַוּיַעַ ל מ‬

‫ֲׂשה ִל ְבנַת הַ ּסַ ִּפיר ּוכְ עֶ צֶ ם הַ ָּׁש ַמיִם לָ טֹ הַ ר׃‬


ֵ ‫ְתחַ ת ַרגְ לָ יו ּכְ ַמע‬
ַ ‫וַּיִ ְראּו אֵ ת אֱ ֹלהֵ י י ְִׂש ָראֵ ל ו‬

)‫ֹלהים וַּי ֹאכְ לּו וַּיִ ְׁשּתּו׃ (ס‬


ִ ֱ‫וְאֶ ל־אֲ צִ ילֵ י ְּבנֵי י ְִׂש ָראֵ ל ל ֹא ָׁשלַ ח יָדֹו ַוּיֶחֱ זּו אֶ ת־הָ א‬

Moshe, Aharon, Nadav, Avihu e setenta dos líderes subiram; e eles


viram o Elohim de Israel. Sob seus pés, estava algo semelhante a
um pavimento de pedra de safira, tão brilhante quanto o próprio céu.
Ele não estendeu a mão contra esses nobres de Israel; eles viram
(va’iehezu) Elohim, enquanto comiam e bebiam.

Shemot 24: 9 - 11
O Rambam declara aqui “Saibam disso”, sendo este um sinal indicado na obra,
que ele tem mais a dizer sobre o tema, em outra parte do Guia; ou, que nós
temos que procurar contemplar tais fatos, para internalizar seu sentido. Neste
caso, o próximo capítulo devota-se a este exemplo de profecia errada.

A TEORIA DO RAMBAM PARA A PROFECIA: INTRODUÇÃO


Em princípio, este capítulo nos ensina que, temos que sempre considerar os
termos relacionados a “visão” usados na Bíblia, ra’ah, hibit, e hazá; seja literal
ou figurativamente.
Se isso fosse tudo o que o capítulo tinha para ensinar, não mais do que seis
textos comprobatórios, um para mostrar que cada um deles as vezes tem
sentido literal, e outro com seu uso figurativo.
Ao invés disso, o Rambam traz vinte textos comprobatórios. Mas, o Rambam
não empilha, simplesmente, as citações em camadas, como se fosse para
confundir um adversário num debate. Ele tem um propósito para cada citação,
algo que requer atenção especial do estudioso da obra.
‫ – בית מדרש חופשי‬Beit Midrash Livre – Sefer Moré Nevuhim Tomo I Cap 4

Tenha em mente que, nós estamos procurando discernir seu propósito neste
capítulo. O Rambam omite um verso aqui, sobre o termo léxico ra’ah:
‫ֹלהים ְלכּו ְונ ְֵלכָה עַ ד־הָ רֹאֶ ה ּכִ י לַ ּנ ִָביא‬
ִ ֱ‫ְלפָ נִ ים ְּבי ְִׂש ָראֵ ל ּכֹה־אָ ַמר הָ ִאיׁש ְּבלֶ כְ ּתֹו ִל ְדרֹוׁש א‬
‫הַ ּיֹום י ִָּק ֵרא ְלפָ נִ ים הָ רֹאֶ ה׃‬

Antigamente, em Israel, quando alguém ia consultar Elohim, ele


dizia: Venha, vamos ao que vê (haro’eh); porque a pessoa hoje
[chamada] profeta era usualmente chamada de “o que vê” (haro’eh).

Shmuel Alef 9: 9
A questão real deste capítulo é que, nós vemos com os olhos, mas “o que vê”,
faz isso com a visão profética. O Rambam aqui, não está interessado no tema
da visão no sentido ótico, exceto quando contrasta isso com profecia para
demonstrar a inaplicabilidade.
Em outro momento, o Rambam considera a visão corpórea como uma fonte de
informação parcialmente confiável, corroborando com Aristóteles, na postura
cética dos dados dos sentidos. Há uma possível exceção, na primeira citação,
de Bereshit 29: 2. Naquele verso, Iáacov vê um poço no campo, o qual o
Rambam considera um eufemismo relacionado a feminilidade de Rahel, ou
relacionado a imagem de “poços” em linguagem profética, tal qual usado na
parábola do poço, na introdução do Guia.
O restante das citações consta nos usos figurativos. Nós poderíamos também
considerar cada texto comprobatório, como um tipo de índice que aponta para
temas mais críticos, no tratar do Rambam sobre profecia.
Contemporâneos do Rambam, tinham um entendimento mais solto de profecia,
mais até do que se tem hoje. Previsão do futuro é apenas um pequeno
conceito, da visão geral de profecia do mundo antigo. Profecia, nevua,
relaciona-se com todo tipo de conceitos comunicativos da Divindade para o ser
humano.
O Rambam é da visão de que, há geralmente algum tipo de intermediação
nesta comunicação.
Moshe, que é o maior exemplo profético na obra do Rambam, chegou no nível
mais próximo de uma profecia sem intermediário.
A maior parte dos textos comprobatórios neste capítulo, referem-se a
discussão do Rambam a respeito de seus onze graus, não mosaicos de
Profecia, apresentados no Livro 2 Capítulo 45. Na ordem de menção
apresentada, as figuras inspiradas são citadas ou referenciadas do seguinte
modo: Shlomo, Mihai’hu, Avraham, Moshe, os Anciãos de Israel, Bilam,
Havakuk, Mihá e Ieshaiahu.
‫ – בית מדרש חופשי‬Beit Midrash Livre – Sefer Moré Nevuhim Tomo I Cap 4

Shlomo é de segundo grau, isto é, um dos que é inspirado em poesia, política


ou ciência. Bilam, “quando ele estava bem”, é incluso nesta classe, apesar de
não ser judeu; talvez, para já enfatizar que, um não judeu também seria capaz
de atingir o grau profético. O Rambam distingue as figuras do primeiro e do
segundo grau, como profeticamente inspirados, mas, não tanto quanto os
profetas.
O Rambam especificamente menciona Mihai’hu no Guia [2: 45] como um
profeta de alto nível, sétimo grau. Nesta classe, aquele que “vê” a Divindade
falando com ele. Em tal visão, de acordo com o Rambam, o orador é um maláh
do HaShem.
O Rambam evoca a figura de Mihai’hu para enfatizar a discussão do Guia
sobre o conceito de malahim, e o papel daquilo que a filosofia Aristotélica
chama de “intelecto ativo”. Esta é, essencialmente uma discussão sobre a
necessidade de intermediação entre a Divindade e o ser humano. O Rambam
também usa a profecia de Mihai’hu (“eu Mihai’hu vi o HaShem”) para enfatizar
que, nós devemos interpretar tais declarações figuradamente, doutro modo,
uma visão na qual a Divindade é “vista” reflete corporalidade. Nós devemos
interpretar tais declarações deste modo, pois, como diz Havakuk, a Divindade
“não pode ver iniquidade”. O Rambam considera a declaração de Havakuk um
princípio interpretativo: em todos os usos de termos aludindo a “visão” da
Divindade, interpretamos “a visão” como “percepção”. [1: 48]
O Rambam confere a Avraham o décimo primeiro grau profético, o mais
elevado dentre os graus não mosaicos. Neste nível, o Maláh, o mensageiro,
“fala” ao profeta na visão. Mais adiante [2: 45] e em vários outros capítulos,
especialmente os que estão lidando com Avraham; o Rambam propõe o
princípio segundo o qual, todas as cenas físicas num sonho profético ou visão;
estão ocorrendo em sonho, mesmo que a primeira vista, pareça que o profeta
está acordado e desperto.

PROFECIA DE MOSHE E OS ANCIÃOS DE ISRAEL


No topo da pirâmide profética, está Moshe. A profecia mosaica é, portanto,
distinta da de todos os demais. Assim, um tratamento especial é necessário
neste caso, como ocorre em diversas partes do Guia, mas, principalmente no
2: 33 a 35. Certos textos comprobatórios neste capítulo, consistem do índice
que alude ao conceito do Rambam sobre a profecia mosaica, dos capítulos que
ainda virão.
Duas das citações dadas, foram de Shemot 33. Naquela passagem, Moshe fala
para a Divindade, após o relato do Bezerro de Ouro. Ele pede para ver a
Kavod/honra/glória da Divindade, algo que, na interpretação do Rambam,
consiste de um pedido para se conhecer/compreender a Divindade (Mishné
Torá, Iessodei HaTorá 1: 10/ e Comentário da Mishná, Shmoná Perakim
Capítulo 7).
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Mas Moshe não pôde “conhecer” a Divindade, por causa da sua própria
condição humana, composta e, portanto, física. Ao invés disto, devido sua
humildade (aludida na expressão “e Moshe ocultou sua face”), e sua elevada
percepção intelectual (diríamos, consciencial), lhe é concedida a visão de toda
a “bondade Divina”; isto é, sua criação (razão pela qual, ele cita Bereshit 1: 10).
Moshe então, recebe o conhecimento dos atributos ativos da Divindade,
conhecidos popularmente como “as treze midot” (Bereshit 34: 6, 7).
Este conceito é apresentado pelo Rambam, como uma introdução ao tema e
reflexão, a respeito dos atributos divinos e da via negativa. [1: 31 a 40]
O verso no qual Moshe “vê” a “semelhança” (temuná) da Divindade, Bamidbar
12: 8, distingue Moshe dos profetas do décimo primeiro grau Maimonidiano. No
Shmona Perakim capítulo 7, o Rambam explica que, os profetas de diferentes
níveis, são distintos da Divindade por numerosas camadas, que correspondem
por sua vez, a sua falta de perfeição, seja moral, seja intelectual (i.e.
consciencial).
O profeta alcança seu elevado nível de profecia, devido a redução das
camadas que o bloqueiam, seja no âmbito moral ou intelectual. Em certo ponto
da carreira profética, Moshe eleva-se acima e além, da habilidade de “ver” as
“costas” da Divindade, isto é, além da própria revelação das consequências
das ações divinas. Ele atinge então, o nível do terceiro sentido da expressão
“temuná”, definido no Guia [1: 3] como “a verdadeira forma de um determinado
objeto, percebido apenas pelo intelecto (i.e. consciência)”; e é apenas esta
terceira acepção que, contém o sentido do termo quando aplicado a Divindade,
há-inian há-amití há-nassig b’séhel v’l’fí há-inian há-zê há-shlishí n’amaret bo
italêh temuná.
[Obra recomendada para maior análise: The legacy of Maimonides, no trecho Worship,
Corporeality, and Human Perfection, p. 242 de David Shatz]

A citação de Kohelet 1: 16, relacionada a “grande experiência da sabedoria e


do conhecimento”, que “aumenta o sofrimento” (Kohelet 1: 18) refere-se a
humildade de Moshe. Com citado antes, é pouco comum para o Rambam
escrever negativamente a respeito do aumento de conhecimento. Isso indica
que, sua intenção em tal exemplo, transcende a mera ideia de se aprender
mais sobre algo. O Rambam elucida que, é necessário ter plena consciência de
que, sempre haverá limite para o que podemos saber sobre a Divindade, e seu
cosmos. O Rambam espera de nós, considerar sempre o que foi dito em
Kohelet 7: 16, quando Shlomo fala neste mesmo sentido, dizendo: ‫ל־ּת ִהי צַ ִּדיק‬ ְ ַ‫א‬
‫ּׁשֹומם׃‬
ֵ ‫יֹותר לָ ָּמה ִּת‬
ֵ ‫ל־ּת ְתחַ ּכַם‬
ִ ַ‫ הַ ְרּבֵ ה וְא‬- “Por isso, não seja excessivamente justo
nem sábio; por que frustrar a si mesmo?”.
Como no trecho em 5: 1 ele declarou: “Não fale de modo impulsivo – não se
apresse em dar voz às suas palavras diante de Elohim. Pois Elohim está nos
céus, e você, na terra; por isso, sejam poucas suas palavras. Pois os
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pesadelos também decorrem da preocupação excessiva; e o tolo, quando


conversa, fala em demasia”.
Moshe distinguia-se em sua humildade, algo que o Rambam enfatiza, como a
prudente percepção da limitada condição humana.
Temos muito o que refletir ainda, sobre os “pés” como um eufemismo ao físico,
especialmente no próximo capítulo, no qual trataremos da visão dos Anciãos
de Israel. Veremos que os Anciãos de Israel tiveram um conhecimento, mas
não derivado da humildade, que deveria precedê-lo. E como resultado, houve
proliferação de sofrimento e humilhação, derivado de tal “conhecimento”.

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