STJ: Operadora de assistência à saúde responsabiliza-se pelo custeio das
despesas médicas realizadas pelo segurado, limitando-se ao custeio das despesas
médicas que devem estar previstas no contrato firmado entre as partes.
A Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), por unanimidade,
decidiu dar parcial provimento ao agravo em recurso especial interposto por Notre Dame Intermédica Saúde S.A. O Ministro decidiu que o recurso especial apresentado pela empresa não seria aceito, porque havia uma regra do STJ que impedia a análise do caso. Em sua argumentação a empresa diz que essa regra não deveria ser aplicada, porque não era necessário analisar provas novamente e que o contrato estabelecia que os serviços médicos fossem prestados apenas dentro de uma rede credenciada. A empresa também afirmou que não havia feito nada ilegal ao não incluir um dependente de dependente no plano de saúde e pediu que a decisão fosse reconsiderada ou que o caso fosse julgado pela Quarta Turma. A outra parte envolvida no processo não apresentou contestação. O acórdão proferido pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) reconhecia ao autor o direito à cobertura de despesas por ele assumidas em internação realizada em hospital psiquiátrico não integrado à rede credenciada do plano, sendo incontroversa a indicação médica do tratamento em razão do quadro de dependência química do autor, não existindo comprovação de que a rede credenciada da operadora pudesse oferecer o tratamento indicado ao segurado em tempo hábil, o que o obrigou a buscar alternativa fora do rol de estabelecimentos conveniados. O TJ-SP também reconheceu o direito à indenização por danos morais, fixa-se em R$2.000,00 (dois mil reais), para satisfazer a vítima na justa medida do abalo sofrido. A Notre Dame Intermédica Saúde S.A entrou com (confirmar se é a melhor opção de verbo) um recurso alegando que o contrato firmado entre as partes estabelecia que o atendimento médico devesse ser prestado dentro da rede credenciada. Se um determinado procedimento não fosse realizado em um local específico, o paciente deveria ser encaminhado para outro lugar, sem que isso fosse considerado ilegal ou abusivo. A empresa afirmou que essa situação não violava os artigos 186, 421, 422 e 927 do Código Civil. A recorrente também sustentou que não poderia ser obrigada a custear tratamento sugerido pelo recorrido sem a mínima observação aos preceitos contratuais, e que sempre agiu de boa fé, dentro dos limites legais contratuais, ao contrário do recorrido que buscou local de tratamento fora das previsões contratuais por livre e espontânea vontade. O recurso foi provido em relação ao pedido de indenização por danos morais, com fundamento em violação de tema já pacificado pelo STJ em um julgado da Terceira Turma em 30/03/2020, relatado pela Ministra Nancy Andrighi, a qual relata: “A negativa administrativa ilegítima de cobertura para procedimento médico por parte da operadora de saúde só enseja danos morais na hipótese de agravamento da condição de dor, abalo psicológico e demais prejuízos à saúde já fragilizada do paciente. Precedentes. Ante o entendimento dominante do tema nas Turmas de Direito Privado, aplica- se, no particular, a Súmula 568/STJ”. No caso concreto, o autor entrou com um recurso para contestar a negativa de cobertura de um procedimento pelo plano de saúde. No entanto, o Tribunal considerou que não havia evidência de que a situação colocasse em risco a integridade física e psicológica do autor ou que causasse um abalo psicológico mais grave do que um simples dissabor pela quebra do contrato. Portanto, o Tribunal decidiu reformar a decisão anterior e dar parcial provimento ao recurso especial, afastando a condenação da parte recorrente ao pagamento de indenização por danos morais. A decisão do relator, Ministro Raul Araújo, se baseia na jurisprudência da Corte Superior que determina que, nos casos em que não seja possível a utilização dos serviços médicos próprios, credenciados ou conveniados, a operadora de assistência à saúde é responsável pelo custeio das despesas médicas realizadas pelo segurado, mediante reembolso, que pode ser limitado aos preços de tabela efetivamente contratados com a operadora de assistência à saúde Não obstante o Relator também considerou que, no caso específico, a negativa indevida de cobertura pelo plano de saúde não gerou danos morais ao paciente, não havendo agravamento da condição de dor, abalo psicológico ou prejuízos à saúde já debilitada do paciente. Dessa forma, a condenação de indenização por danos morais foi afastada. Destarte, fica claro que há limites para o custeio das despesas médicas, que devem estar previstos no contrato firmado entre as partes. Além disso, para que haja condenação de indenização por danos morais, é necessário que o paciente tenha sofrido prejuízos que ultrapassem o mero inadimplemento contratual, como abalo psicológico ou agravamento da saúde.