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INTRODUÇÃO ÀS CEFALOSPORINAS
À medida que a geração vai aumentando, há uma mudança de espectro de ação, ampliando
um pouco a ação para gram negativos ao longo das gerações e mantendo a ação sobre as
bactérias gram positivas
Pneumo-R
NÃO NÃO +/- +/- +/- +++
penicilina
Pneumo-R
NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO ++++
ceftriaxona
● Foco nas bactérias gram positivas → muito utilizada nas infecções de pele e
partes moles, assim como em procedimentos cirúrgicos (a maioria deles tem
risco de infecções por bactérias da pele) para a profilaxia antimicrobiana
● Vias de administração:
○ Uso injetável → infecções mais graves (Cefazolina e Cefalotina)
○ Uso oral → infecções comuns de pele e partes moles (Cefalexina e
Cefadroxila)
■ Excelente contra Streptococcus e Staphylococcus aureus
● Características principais:
○ Cefazolina (IV) → produz níveis séricos maiores que a cefalotina e tem
intervalos posológicos mais longos (8 em 8h)
■ Não alcançam concentrações terapêuticas no LCR → não devem ser
usadas para meningite
■ Preferida em relação à Cefalotina / Usada na profilaxia de procedimentos invasivos
○ Cefalotina (IV) → meia vida sérica mais longa que cefalotina, com intervalo
posológico mais curto (6 em 6h)
■ Escolha na profilaxia em procedimentos invasivos (comparada à
cefalotina)
○ Cefalexina e Cefadroxila (VO) → boa absorção oral
■ Os alimentos retardam mas não impedem sua absorção
■ A cefadroxila tem meia vida maior (fracionamento de 8/8h) que a
cefalexina (fracionamento de 6/6h), sendo preferencial à cefalexina
● Espectro de ação:
○ Estreptococos em geral → muito ativas N serve pra infecção de via aérea
○ Staphylococcus aureus MSSA → atuam bem semelhantes à oxa
■ Não agem no MRSA
○ S. pneumoniae penicilina S ou com R intermediária à penicilina → boa
atuação
○ Não atuam sobre:
■ S. pneumoniae penicilina R não atuam
■ Enterococos , H.influenzae e Moraxella não atuam
■ Enterobactérias (R adquirida cada vez maior) → uso preferencial com
antibiograma
■ Pseudomonas e acinetobacter
■ B. fragilis → atuam mais em anaeróbios, principalmente gram positivos
● Principais indicações:
○ Profilaxia:
■ Em cirurgias limpas e potencialmente contaminadas (procedimentos
invasivos) → cirurgia cardíaca, vascular, próteses ortopédicas,
cesarianas, histerectomia, entre outras e alguns traumas
○ Tratamento:
■ Infecções estafilocócicas (MSSA) e estreptocócicas → impetigo, celulites,
erisipela, infecções de feridas traumáticas comuns
■ Cistite e bacteriúria assintomática, incluindo grávidas, por bactérias
sensíveis no antibiograma
↳ NÃO usar empiricamente por causa de resistência elevada das
enterobactérias
CASO CLÍNICO: Criança, 5 anos, apresenta há 15 dias lesões que se iniciam como
pequenas vesículas um pouco pruriginosas, que passam a pústulas, que em seguida
formam crostas com alguma secreção purulenta. As lesões se espalharam pelos braços,
pernas e rosto. Nega febre ou qualquer queixa geral. Tem um irmão de 3 anos que está
com uma lesão parecida no braço, iniciada há 3 dias.
● IMPETIGO → comum em crianças, iniciando-se com vesículas e,
posteriormente, pústulas, sendo superficial (infecção leve), que não causa
alterações sistêmicas
○ Localização → ao redor da boca, nariz, região glútea e costas
(autoinoculação)
○ Transmissão por contato → comum haver outras pessoas no local com as
mesmas lesões
○ Evolução: pápula → pústula → crosta fina ou densa
○ Agentes envolvidos → Staphylococcus e Streptococcus
○ Tipos:
■ Bolhoso (Staphylococcus aureus) → vesículas superficiais, bolhas flácidas
com líquido claro que se torna purulento e rompem formando crostas
finas castanhas
■ Não bolhoso (Staphylococcus ou Streptococcus) → pápulas e vesículas
circundadas por eritema e pústulas que vão crescendo e rompem,
formando crostas grossas
○ Tratamento → é importante tratar os contactantes
■ Poucas lesões → tratamento tópico (Mupirocina, ácido fusídico e
retapamulina)
■ Muitas lesões → antibiótico sistêmico por 5 dias
↳ Impetigo bolhoso → SMX-TMP -> Sulfa
↳ Impetigo crostoso → Cefalosporina 1ª geração por VO (lesões
superficiais)
⤷ Deve-se observar a evolução devido à possibilidade de CA-MRSA
● Vias de administração:
○ Uso injetável → Cefuroxima (não tem no Brasil), Cefoxitina (não
recomendada)
○ Uso oral → Cefaclor, Cefprozila, Axetilcefuroxima
● Características: Usa em infecções de vias aéreas
○ Diferentes da 1ª geração por atuarem em hemófilos e moraxelas e enterobactérias
■ Amplia-se um pouco o espectro de ação pois são mais estáveis frente às
betalactamases
○ Semelhantes à 1ª geração contra Streptococcus e Staphylococcus aureus
● Espectro de ação:
○ Cefaclor e Cefprozila → atuam no Haemophilus e Moraxella
○ Cefuroxima → Haemophilus, Moraxella e algumas enterobactérias
○ Cefoxitina (cefamicinas) → não é utilizada pois é muito indutora de
resistência
■ Tem ação contra Haemophilus, Moraxella, e melhor ação em
enterobactérias em geral
■ Ação in vitro contra bactérias produtoras de ESBL, mas não confiável
para uso na clínica
● Indicações:
○ Profilaxia cirúrgica → cirurgia cardíaca, torácica, artroplastias, vias biliares,
estômago e duodeno
■ Não há evidência de ser superior à cefazolina, mas está sendo
empregada em muitos serviços cirúrgicos para aumentar a atuação
contra enterobactérias que estão aumentando de frequência em infecção
do sítio cirúrgico
○ Tratamento → infecções respiratórias da comunidade (atua sobre Moraxella,
Hemófilos e Pneumococo), infecção urinária da comunidade (ação superior à
cefalosporina de 1ª geração)
Pseudomonas Resistentes
Micoplasma, ureaplasma,
clamídias, legionella e Resistência natural
riquétsias
● Ampliação do espectro de ação contra gram negativos, mas perda para gram
positivos (menos eficazes para Staphylococcus quando comparada com a
cefalosporina de 1ª geração)
● Via de administração → uso injetável
○ Reservadas para infecções mais graves, que demandam hospitalização, ou
para pacientes que não absorvem drogas por via oral
CEFTRIAXONA E CEFOTAXIMA
● Características:
○ Cefotaxima → eliminação mais renal
■ Preferência na utilização em recém nascidos -> exceção
■ Usa-se a cada 6 ou 8 horas EV
○ Ceftriaxona (mais utilizada) → eliminação renal e biliar (eliminada com o
Ceftriaxonato de cálcio, podendo causar um quadro semelhante à colecistite)
■ Deve-se fazer ajustes na insuficiência renal moderada e grave
■ Meia vida muito maior sendo usada a cada 12 ou 24 horas
○ Boa distribuição pelos tecidos, incluindo concentração terapêutica no SNC,
onde atingem concentração para tratar as meningites comuns → primeira
opção para tratamento de meningite pneumocócica e meningocócica
○ Seguras na gravidez → podem ser utilizadas em infecções graves na gestação
● Efeitos adversos:
○ Podem potencializar nefrotoxicidade de polimixinas, aminoglicosídeos,
glicopeptídeos, talvez furosemida e ácido etacrínico
○ Dor intensa nos locais de injeção IM
○ Ceftriaxona pode precipitar-se na bile (ceftriaxonato de cálcio) podendo
formar lama biliar
■ A cefotaxima não apresenta este efeito, sendo preferida pelos
neonatologistas e na peritonite espontânea nos guidelines
■ Transitório e reversível em até 60 dias
● Indicações de uso das cefalosporinas SEM ação antipseudomonas (Ceftriaxona
e Cefotaxima):
○ Meningoencefalites/meningococcemia da comunidade
■ Tratamento empírico de meningite aguda (associada à vancomicina) e,
guiado por cultura → o pneumococo pode ter resistência total à
penicilina e intermediária a Ceftriaxone
■ Tratamento empírico da meningococcemia (sepse) → não é necessária a
associação à vancomicina
■ Profilaxia em contactantes íntimos de doença aguda meningocócica
○ Abscesso cerebral, empiema subdural → empírico em associação com
outros antibióticos na dependência da etiologia esperada
○ Pneumonias graves da comunidade → monoterapia ou em associação com
macrolídeo
○ Pneumonias hospitalares precoces → quando a Pseudomonas aeruginosa ou
outros microrganismos resistentes não são esperados
■ EM DESUSO
○ Endocardite por Streptococcus dos grupos viridans e bovis → monoterapia
ou em associação com gentamicina
○ Endocardite por E. faecalis → em associação com ampicilina
○ Infecções intra-abdominais → associação com anti-anaeróbio
○ Peritonite espontânea → pacientes sem fatores de risco de resistência
○ Pielonefrites comunitárias
○ Gonorreia (localizada ou disseminada) *
○ Oftalmia neonatorum (125 mg IM – 1 dose)
○ Cancro mole, Haemophilus ducreyi → a 1ª escolha é a azitromicina, mas a
cefalosporina de 3ª também pode ser usada
○ Febre tifóide, diarréia aguda por Shigella, outras
Ceftriaxona 500 mg, IM, dose única + Ceftriaxona 500 mg, IMC, dose única
Uretrite sem identificação do agente
Azitromicina 500 mg, 2 + Doxiciclina 100 mg, 1 comprimido,
etiológico
comprimidos, VO, dose única VO, 2x por dia/7 dias
AÇÃO ANTIPSEUDOMONAS
CEFTAZIDIMA
● Características → semelhante às cefalosporinas de 3ª geração, mas com ação em
pseudomonas em percentuais variáveis
○ Não metabolizadas
○ Eliminação renal → deve-se ajustar em pacientes com insuficiência renal
○ Concentra-se bem na maioria dos líquidos e tecidos orgânicos
■ Níveis no LCR para tratar meningites → muito usada para tratamento
de meningite após neurocirurgia, onde a pseudomonas aeruginosa pode
ser um agente etiológico
○ Inativadas por algumas betalactamases, especialmente apenas de maior
espectro, como ESBLs, AMP C e carbapenemases
○ Efeitos adversos semelhantes à maioria das cefalosporinas
● Indicação → reservadas para tratar infecções em que haja suspeita de
pseudomonas, incluindo as meningites e pneumonias
● CEFTOLOZANE + TAZOBACTAM
○ Características:
■ Ativa especialmente contra Pseudomonas resistentes à outras drogas
■ Não é eficaz contra bactérias produtoras de AmpC, ESBL e
carbapenemases (tazobactam não inibe essas enzimas)
■ Não atua contra S. aureus (MSSA ou MRSA) nem enterococos
■ Ação contra anaeróbios muito inferior
■ Diferença principal para piperacilina com tazobactam → não atua
contra MSSA e enterococos
■ Indicações → basicamente as mesmas para piperacilina com tazobactam
quando se trata de gram negativos
○ Indicações:
■ Empíricas:
↳ Infecções graves hospitalar ou comunitária, em paciente com uso
prévio de antibióticos de largo espectro e hospitalização recente (3
m)
↳ Infecções hospitalares em setor de alta prevalência de MMR
susceptíveis a estes antibióticos
↳ Infecções graves em pacientes com hospitalização longa, mesmo
sem antibiótico prévio
■ Tratamento dirigido por cultura:
↳ Bactérias sensíveis a esses antibióticos e R aos de menor espectro
↳ Descalonamento quando a bactéria isolada for sensível a antibióticos
de menor espectro
● CEFTAZIDIMA + AVIBACTAM → enterobactéria produtora de lactamase de
amplo espectro
○ Características:
■ Atua em ESBLs (evidência de resistência durante tratamento), AmpC,
algumas KPC e Oxa-carbapenemase da classe D
■ Não é eficaz contra bactérias produtoras de NDM
■ Não atua contra S. aureus (MSSA ou MRSA), enterococcus, Acinetobacter e
S. maltophilia
■ Limitada contra anaeróbios e não atua contra Acinetobacter
■ Diferenças para ceftolozane + tazobactam → eficácia em produtoras de
AmpC, ESBL e algumas carbapenemases
CARBAPENEMASES
MEROPENÉM É O PREFERIDO
● Farmacocinética:
○ Usados por via parenteral, especialmente EV
○ Não são degradados pela ESBL nem pela AMP C, mas são inativados pelas
carbapenemases
○ Imipeném e meropeném meia vida em torno de 1h e ertapeném 3-5 h
○ Eliminados em grande parte pelo rim → deve-se fazer ajustes na
insuficiência renal
○ Concentram na maioria dos líquidos orgânicos
■ Imipeném e meropeném podem ser usados em meningites, mas há
preferência para o meropeném, pois o imipeném é mais tóxico para o
SNC
○ Imipenem → hidrolisado nos túbulos renais
■ Deve ser usado com a cilastatina que o protege da destruição
● Posologia → meta bactericida T > MIC = 40%
○ Imipenem → 1g de 6/6h por infusão prolongada
○ Meropenem → 1-2g de 8/8h, por infusão prolongada
■ Mais utilizado
○ Ertapenem → 1g, dose diária, por infusão de 30 minutos
● Resistência aos carbapenemas → adquirida geralmente por 1 ou mais dos
seguintes mecanismos: efluxo, impermeabilidade, mudança do sítio de ação,
produção de carbapenemases
○ Carbapenemases mais encontradas → KPC e IMI (classe A),
metalobetalactamases (classe B): NDM, IMP e VIM, classe D: OXA
betalactamases
■ As carbapenemases hidrolisam todos os betalactâmicos, com raras
exceções
○ Resistência intrínseca → Stenotrophomonas maltophilia, Corynebacterium
spp, C. difficile, bactérias atípicas; micobactérias
● Espectro de ação → devem ser reservados para infecções graves em pacientes
com risco de resistência
○ Agem muito bem nos cocos gram positivos em geral, incluindo: S. pyogenes,
S. viridans, e os do grupo B S. aureus MSSA, estafilococo coagulase neg sensível
à oxacilina, S. pneumoniae sensível e com R intermediária à penicilina
■ O imipenem age no Enterococcus faecalis sensível à ampicilina
○ Agem muito bem nos cocos gram negativos → gonococo e meningococo
MONOBACTÂMICOS: AZTREONAM
● Características:
○ Não é inativada pela NDM
○ Uso IV e IM
○ Concentra na maioria dos tecidos e líquidos orgânicos
○ Bem tolerado
○ Não cruza alergia com a penicilina
● Espectro de ação → bactérias gram negativas aeróbicas, incluindo
enterobactérias e pseudomonas
○ Não atuam sobre gram positivos e anaeróbios
○ Não atua na maioria das cepas de Acinetobacter, não atua em ESBL +, AMPC +
e carbapenemases
○ A resistência vem aumentando em espécies originalmente sensíveis:
Pseudomonas aeruginosa, Acinetobacter baumannii, enterobactérias
● Indicações:
○ Empíricas → infecções por bactérias produtoras de metalo beta lactamases
do tipo NDM
■ Deve-se ser usado em associação com a Ceftazidima
○ Pós cultura → quando a Pseudomonas isolada é resistente aos demais
antibióticos