Você está na página 1de 4

O “Abono Para Falhas”

e-learning
PROCESSAMENTO DE SALÁRIOS

Abono para falhas

Têm direito a um suplemento remuneratório designado "abono para falhas" os trabalhadores


que manuseiem ou tenham à sua guarda, nas áreas de tesouraria ou cobrança, valores,
numerário, títulos ou documentos, sendo por eles responsáveis.
No mês em que o colaborador estiver de férias e no subsídio de Natal, este abono para falhas
não é contemplado. Apenas se existir uso na empresa e vir expresso no contrato é que poderá
ser considerado nos 14 meses.
Quando pago regularmente, o abono para falhas é retirado ao trabalhador quando o mesmo
estiver de férias, atribuindo-se esse abono ao trabalhador que o substituir.
O abono para falhas varia consideravelmente consoante os Acordos de Empresa e os CCT. O
abono para falhas só deve ser pago no exercício da função.
A título exemplificativo o Contrato Coletivo do Trabalho (CCT) entre a APECA e o SITESC
estabelece na sua Cláusula 28ª - ABONO PARA FALHAS “1. Os trabalhadores que exerçam a
função de Caixa terão direito a um subsídio mensal de 4% para falhas, sobre a remuneração
certa mínima mensal prevista para esta categoria profissional no Anexo II. a) Os trabalhadores
classificados na categoria de técnico de serviços externos e que, habitualmente, procedam a
pagamentos, cobranças ou recebimentos têm direito ao abono para falhas fixado no número
anterior. 2. Em caso de ausência, o substituto receberá o referido subsídio em relação ao tempo
que durar a substituição. Nos meses incompletos o abono será proporcional ao período em que
o trabalhador tenha aquela responsabilidade.”

Fiscalidade
No que diz respeito à tributação deste abono, o artigo 2.º, n.º 3, c) do CIRS estabelece que se
consideram ainda rendimentos do trabalho de pendente “Os abonos para falhas devidos a quem,
no seu trabalho, tenha de movimentar numerário, na parte em que excedam 5 % da remuneração
mensal fixa”. Será assim tributada em IRS, a parcela do abono para falhas que exceder a
percentagem de 5 % sobre o vencimento mensal fixo, não abrangendo as diuturnidades.

Processamento de Salários Página | 2

geral@certform.pt 226 066 442 / 935 569 146 / 935 569 148 www.certform.pt
e-learning
PROCESSAMENTO DE SALÁRIOS

Exemplo:
Mário é trabalhador da Entidade XYZ. Lda. Na sua atividade profissional Mário tem
responsabilidades pelo movimento do numerário do caixa, pelo que a sua Entidade patronal ao
consultar o Contrato Coletivo de Trabalho (CCT) que se aplica à Classificação de Atividade
Económica (CAE) na qual a Empresa se enquadra, verificou a obrigatoriedade de pagar
mensalmente o valor de 85 euros a título de abono para falhas. Mário tem um vencimento mensal
base de 1200 euros e a sua antiguidade na Empresa determina um valor de 120 euros mensais
de diuturnidades.
Pedidos:
Quais os valores ilíquidos que deverão ser sujeitos a retenção de IRS e TSU?
A remuneração mensal base e as diuturnidades são rendimentos do trabalho dependente
(categoria A) integralmente sujeitos a IRS, pelo que mensalmente serão objeto de retenção na
fonte. Estes rendimentos constituem, igualmente, base de incidência da Segurança Social.
Em relação ao abono para falhas a parte a excluir de tributação em IRS e TSU corresponderá
ao valor até 5% x Remuneração mensal fixa (excluindo diuturnidades)
Entende-se como remuneração mensal fixa = 14 x remuneração fixa (sem diuturnidades) ÷ 12
Consideramos 14 porque incluímos o 13.º e 14.º meses (subsídio de férias e subsídio de Natal)
remuneração mensal fixa = 14 x 1.200 ÷ 12 = 1.400
parte a excluir de tributação em IRS e TSU = 5% x 1400 euros = 70 euros
Determina-se que dos 85 euros de abono para falhas, 70 euros estarão excluídos de tributação
e 15 euros estão sujeitos ao IRS e TSU.
Valores ilíquidos sujeitos a IRS e TSU = 1200 + 15 + 120 = 1335 euros
Valores não sujeitos a IRS e TSU = 70 euros
O valor 1335 euros será submetido à taxa de retenção na fonte que a Entidade Patronal aplicará
com base nas tabelas mensais de retenção para o trabalho dependente. Em termos de TSU, o
mesmo valor está sujeito a 11% de quotizações por parte do trabalhador e a 23,75% de
contribuições por parte da entidade patronal (total 34,75% de TSU).

Processamento de Salários Página | 3

geral@certform.pt 226 066 442 / 935 569 146 / 935 569 148 www.certform.pt
e-learning
PROCESSAMENTO DE SALÁRIOS

Conteúdo elaborado por Miguel Fragoso, Contabilista Certificado (membro OCC n.º 29283),
Economista (membro OE Cédula Profissional n.º 15129), Diretor-Geral e Formador da
CERTFORM

Referências Bibliográficas
REIS, P. Cálculo e Processamento Salarial, 5.ª Edição, Lidel

SILVA, A.S., LEITÃO, S.S., (2020), Leis do Trabalho, Tudo o que precisa de saber, 5.ª Edição,
Porto Editora
FALCÃO, D., TENREIRO, S.T., (2019), Lições de Direito do Trabalho, 6ª Edição, Almedina

MARECOS, D. V., (2020), Código do Trabalho comentado, 4.ª Edição, Almedina

Cursos relacionados ministrados pela CERTFORM:

Curso Prático de Direito do Trabalho (e-learning)


Curso Prático de Contabilidade e Fiscalidade c/ Informática Aplicada – Módulo de
Processamento de Salários (e-learning)
Curso Prático de Processamento de Salários, IRS e Segurança Social com Informática Aplicada
(e-learning)
Curso Técnico de Contabilidade e Administração Empresarial com Informática Aplicada (e-
learning)
Curso Prático de Gestão Fiscal – IRS, TSU, IVA, IRC, Impostos Diferidos (e-learning)

Processamento de Salários Página | 4

geral@certform.pt 226 066 442 / 935 569 146 / 935 569 148 www.certform.pt

Você também pode gostar