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1. Introdução............................................................................................................................6
2. Objectivo Geral...................................................................................................................7
3. Metodologia do Trabalho....................................................................................................7
Conclusão..............................................................................................................................16
Referência Bibliográfica.......................................................................................................17
1. Introdução
Costuma-se dar um nome compreensível à singularidade do ser humano: diz-se que o
Homem, ao contrário das outras coisas que o circundam, é uma pessoa. Muitos filósofos
fizeram da pessoa o epicentro de suas reflexões, dando origem à uma visão filosófica que
recebeu o nome de personalismo. O problema da pessoa é estudado pelos psicólogos,
psicanalistas, educadores políticos e juristas.
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A noção de pessoa é relativamente recente na evolução da humanidade e de acordo
com Ascensão não encontramos na civilização clássica anterior à greco-cristã nenhum indício
de conceito.
2. Objectivo Geral
Debruçar em torno da pessoa humana à luz da fé cristã.
3. Metodologia do Trabalho
Para a elaboração do presente trabalho, o autor recorreu-se a um método de cunho
bibliográfico, em que o mesmo, foi realizado com base em pesquisa bibliográfica (na consulta
manuais ligados ao tema, artigos e sites da internet) sobre A pessoa humana à luz da fé cristã,
em especial trazendo assim os conceitos da pessoa, direitos fundamentais e a moral na espécie
humana.
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4. A Pessoa Humana à Luz da Fé Cristã
Com idêntica equivalência ao termo grego prosôpon que se refere também às máscaras de
representações teatrais, mediante as quais o mesmo actor representava diferentes papéis, em
um contexto em que o alcance filosófico do uso aparecia com maior clareza, persona
apontaria algo exterior, mais precisamente para o papel que o homem vive, para algo
acrescentado ao ser humano.
Percebe-se que o pensamento grego se interessava pela individualidade, ainda que, por
outro lado, a considerasse uma imperfeição. E, também o direito teria se influenciado na
designação do sujeito de direitos pessoais em distinção ao sujeito de direitos reais, ligado às
coisas, uma vez que o mesmo homem poderia ter diferentes personae, quer dizer, diferentes
papéis sociais ou jurídicos.
Na Roma Antiga, por exemplo, apenas os cidadãos tinham direitos pessoais, e seria
apenas o varão, livre que poderia ser considerado sujeito de direitos e deveres. O que não
incluía nem as mulheres e nem as crianças. Assim o conceito de pessoa é algo além de um
facto de organização, mais do que o nome ou o direito reconhecido a uma personagem e mais
do que uma máscara ritual, traduzindo-se num facto fundamental do direito.
De acordo com alguns os juristas que dizem nada há além das personae, das res e das
actiones, e tal princípio ainda governa as divisões d códs igos. Na época, todos os homens
livres de Roma foram cidadãos romanos e todos tiveram a persona civil: alguns tornaram-se
personae religiosas, algumas máscaras, nomes e rituais permaneceram ligados a algumas
famílias privilegiadas dos colégios religiosos.
Uma outra fonte argumentativa sobre o conceito etimológico de pessoa ressalta a grande
diferença existente entre máscara e pessoa, em sentido estrito. Não há oposição entre o “eu
verdadeiro” e o “eu mascarado”. Pelo contrário, a pessoa é o mais “verdadeiro eu” que pode
existir, fruto da singularidade do ser humano, em sua plenitude.
Desta feita, segundo Park apud Stancioli (s./d.) o homem está sempre e em qualquer lugar
representando um papel e, é nesses papéis que nos conhecemos uns aos outros, que nos
conhecemos a nós mesmos. Claro, não considerando a advertência de Freud quanto a
existência do inconsciente (id) que fundamentou a frase: “não somos donos nem da nossa
própria casa”.
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Na medida em que esta máscara representa a concepção que formamos de nós mesmos - o
papel que nos esforçamos para chegar a viver - esta máscara é o nosso mais verdadeiro eu,
aquilo que gostaríamos de ser. Ao final, a concepção que temos de nosso papel torna-se uma
segunda natureza e parte integrante de nossa personalidade. Entramos no mundo como
indivíduos, adquirimos um carácter e nos tornamos pessoas. Sublinhando-se a acepção de
pessoa como papel social e resgatando-se o lugar da teatralidade, permitindo ao indivíduo
orgânico, que é o social, existir, possibilita-se entender melhor o porquê das primeiras
conceituações da palavra “pessoa”.
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Portanto, foi já com o advento do Cristianismo, mais precisamente no âmago da filosofia
patrística, de evangelização e na maior defesa da religião cristã que ganhou destaque a pessoa
dentro da teologia trinária, perfazendo uma antropologia teológica. Bem mais tarde tal
conceito de pessoa foi aprofundado pelos escolásticos quando se superou a visão monista da
realidade e se dotou de teor metafísico o conceito de pessoa, no sentido de ser a singularidade
substancial ou o princípio último de individualização.
Tal tipo de entendimento era característico de alguns teólogos do século III chamados
de modalistas tanto que fora condenado como herético pela Igreja, que insistiu na igualdade e
na distinção das pessoas divinas, quanto não colocou fim à exigência de uma linguagem
rigorosa, que descrevesse e explicasse a trindade de Deus e a dupla natureza de Cristo
fundamental para o entendimento do conceito de pessoa, tornando claro que prosôpon e
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persona, no sentido explicado, só eram parcialmente adequados para expressar a o que a fé
cristã confessava a respeito da Trindade.
Ademais, foi ele quem utilizou os termos latinos substantia, persona e status para
sanar as confusões modalísticas, sem, contudo, resolver a questão. Isso só viria a ocorrer no
momento em que, na teologia cristã, o monismo antigo cede lugar ao dualismo filosófico, ou
seja, a natureza (phisis) e versus pessoa (hypostasis). Assim, o único Deus se realiza em três
hypostasis: Pai, Filho e Espírito Santo, que são modos de expressão, mas constituem a
realidade imanente de Deus.
Eis onde reside o cerne do conceito ontológico ou metafísico de pessoa, pelo qual as
respostas aos questionamentos assinalados começaram a alinhavar-se. A antiga dificuldade
em lidar com a individualidade, se vê actualmente superada. Assim, pessoa tornar-se a forma
especial de ser, a natureza, a universalidade ou a essência da realidade. O conceito de pessoa
ganha um conteúdo ontológico, capaz de designar uma realidade ôntica, a qual nem mesmo
Aristóteles, o pensamento clássico conseguiu identificar.
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Já no século VI com Boécio encontrou-se a aguda percepção da fronteira e da
transição do uso filosófico de persona para o uso teológico, quando se consagrou a primeira
formulação doutrinária de pessoa que veio a constituir na raiz teórica dos tratados posteriores
dado ao conceito em comento. Daí que, Persona proprie dicitur naturae rationalis individua
substantia que quer dizer (propriamente pessoa a substância individual de natureza racional).
Ainda S. Tomás vale-se de Boécio para afirmar que a pessoa, em Deus, significa
precisamente relação: todo atinente às pessoas significa uma relação. Além disso, entendia ele
que não havia outra forma de se esclarecer o significado das pessoas divinas, senão a de
esclarecer as relações entre elas, com o mundo e com os homens.
Desta forma, a persona est subsistens in rationalis natura de São Tomás de Aquino é
uma concepção na qual já se encontra inserida a noção de sujeito subsistente, na medida em
que a substância é aquilo que recebe o ser em si, o qual, por sua vez, confere pelo seu acto um
carácter de unidade e totalidade ao sujeito.
Desta concepção de pessoa destaca-se o carácter único do ser humano, bem como a
ideia de que todos os seres humanos são iguais em dignidade, visto que todos são inata e
naturalmente dotados da mesma racionalidade. Por isso, a concepção aquiniana de pessoa é
considerada de fundamental para a construção do conceito de pessoa na modernidade e
permite pensar a pessoa a partir daquilo que o homem tem de mais individual, próprio,
incomunicável, menos comum e mais singular (persona como per se uma).
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relação do homem com o mundo - outros seres humanos e na natureza - são dominadas pela
angústia. A angústia é entendida como o sentimento profundo que temos ao perceber a
instabilidade de viver num mundo de acontecimentos possíveis, sem garantia de que nossas
expectativas sejam realizadas. “No possível, tudo é possível”, escreve Kierkegaard. Assim,
vivemos num mundo onde tanto é possível a dor como o prazer, o bem como o mal, o amor
como o ódio, o favorável como o desfavorável.
A relação do homem com Deus seria talvez a única via para a superação da angústia e
do desespero. Contudo, é marcado pelo paradoxo de ter de compreender pela fé o que é
incompreensível pela razão.
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Deus, de fazer aliança com ele (como Noé, Abraão ou Moisés: Gn 2,15-17; Gn 9,8-17; 17,1-
17; Ex 24,1-8), de encontrar-se com ele em uma relação mútua e exclusiva. Essa relação única
e exclusiva de Deus com cada um, dandolhe um nome irrepetível, faz do ser humano
indivíduo e pessoa (Gn 15,1; 22,1; Ex 3,4; Jr 1,11; Am 7,8).
O Novo Testamento radicaliza ainda mais o valor pessoal de cada indivíduo. Jesus
Cristo torna-se o modelo de pessoa, com sua relação única com Deus (Cl 1,15; Hb 1,3). Por
sua vez, cada ser humano é irmão de Jesus Cristo, sua imagem, filho de Deus no Filho (Rm
8,29; Col 1,18-20; Gl 3,26-29). Como diz o Vaticano II, “o mistério do homem só se esclarece
à luz do mistério do Verbo Encarnado” (GS 22). Criatura co-criadora, cada pessoa é
incorporada na obra do Pai e de Jesus Cristo, transformando o mundo até que ele chegue à sua
plenitude (Rm 8,18ss) e convidada a colocar seus dons pessoais a serviço de seus
semelhantes, da comunidade (Mt 20,28). Terminada sua obra, em Pentecostes, Jesus Cristo
trouxe-nos o Espírito, que é fonte de liberdade para cada um, libertando-nos dos
condicionamentos escravizantes e convocando-nos à edificação de um mundo novo, inspirado
na convivência amorosa com os demais e na liberdade (2Cor 3,17s).
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Conclusão
Chegado ao culminar do presente trabalho, entende-se então por pessoa, sob um viés
transdisciplinar e multidisciplinar, onde se alinha as reflexões filosóficas atuais ao carácter
mutável da pessoa, demonstrado nas continuidades e rupturas de sua trajectória histórica. O
conceito de pessoa deve ser investigado em seus elementos quais sejam: corpo, valor, e
elementos incontornáveis, como a autonomia, alteridade e dignidade. Tal concepção de
pessoa seria um projecto inacabado, em construção intersubjectiva constante, uma vez que ser
pessoa significa ser um fluxo de valores em eterna mudança.
Foi possível então entender o conceito de pessoa sob ponto de vista da teoria jurídica.
Para esta teoria e para o sistema jurídico de tutela de direitos humanos as consequências desse
conceito de pessoa são relevantes para a finalização de um conceito de pessoa humana onde
se enfoca o carácter único, insubstituível de cada ser humano, de portador de um valor
próprio, e que veio demonstrar que a dignidade da pessoa existe singularmente em todo
indivíduo. A contemporânea noção de pessoa acentua como algo permanentemente mutável,
como ser em contínua transformação, portanto, sendo incompleto e inacabado, naturalmente
evolutivo, num vir-a-ser em contínuo devir.
A palavra pessoa teve origem no latim persona, que é “soar através”. A palavra
designava a máscara usada por um actor no teatro clássico. Ao colocarem máscaras, os
actores desempenhavam uma personagem. Mais tarde, o termo pessoa teve um sentido
jurídico, que servia para designar, no direito romano, aquele que tem uma existência civil e
que tem direitos. Depois, o Estoicismo deu à ideia de pessoa um significado moral.
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Referência Bibliográfica
Ascensão, J. O. (2008). A dignidade da pessoa e o fundamento dos direitos humanos. São
Paulo, Revista do Mestrado em Direito. vol. 8, Osasco.
Comparato, F. K. (2005). A afirmação histórica dos direitos humanos. São Paulo, Saraiva,.
Idígoras, J. L. (1983). Vocabulário Teológico para América Latina. São Paulo, Editora
Paulinas.
Rosa, António Luís. (s./d.). Introdução à Filosofia: Manual de Tronco Comum. Ponta-Gêa,
Beira – Sofala – Moçambique, UCM) - Centro de Ensino à Distância (CED).
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