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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DESEMBARGADOR(A) PRESIDENTE

DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS GERAIS

Processo nº: XXXXXXXXXXXX

RECURSO EXTRAORDINÁRIO

EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA,

Em atenção ao acórdão proferido por este Tribunal de Justiça nos autos do processo em
epígrafe, vem o Recorrente, devidamente qualificado nos autos, por intermédio de seu
advogado, interpor RECURSO EXTRAORDINÁRIO, com fundamento nos artigos
102, inciso III, alínea "a", da Constituição Federal, e demais dispositivos legais
aplicáveis, requerendo a análise e o provimento do presente recurso, a fim de reformar a
decisão proferida pelo Tribunal de Justiça.

I - SÍNTESE PROCESSUAL

O Recorrente foi condenado nos exatos termos da denúncia ministerial, por suposta
prática dos crimes previstos no artigo 154-A e no artigo 171, parágrafo 2º-A do Código
Penal, em concurso material. Inconformado com a referida decisão, apresentou recurso
de apelação, que foi julgado pelo Tribunal de Justiça, resultando no acórdão ora
combatido.

II - RAZÕES RECURSAIS

1. Fundamentação constitucional

O presente recurso extraordinário tem como fundamento principal a violação de


dispositivos constitucionais, notadamente o artigo 5º, incisos LIV, LV e LVI da
Constituição Federal, que garantem o direito à ampla defesa, ao contraditório e ao
devido processo legal.

2. Violação de dispositivos legais

O acórdão proferido pelo Tribunal de Justiça incorreu em erro ao:

2.1. Rejeitar a aplicação do princípio da consunção

O Tribunal de Justiça não reconheceu a aplicação do princípio da consunção, mesmo


diante da relação de meio-fim existente entre os delitos imputados ao Recorrente.
Conforme exposto nas razões do recurso de apelação, os crimes de fraude eletrônica
(artigo 154-A) e estelionato (artigo 171, parágrafo 2º-A) possuem uma relação de
consunção, sendo que a fraude eletrônica é utilizada como instrumento para a obtenção
da vantagem indevida. Assim, requer-se o reconhecimento da consunção e a
condenação do Recorrente apenas pelo delito de maior gravidade, nos termos do artigo
71 do Código Penal.
2.2. Não reconhecer a continuidade delitiva

O Tribunal de Justiça afastou a continuidade delitiva sob o argumento de que os crimes


foram cometidos contra vítimas diferentes. No entanto, a jurisprudência majoritária
reconhece que a continuidade delitiva não exige que os crimes sejam cometidos contra a
mesma vítima, mas sim que apresentem semelhança e unidade de desígnios. No caso em
questão, os delitos imputados ao Recorrente foram praticados por meio do mesmo
modus operandi, com a utilização de fraudes eletrônicas, visando à obtenção de
vantagem indevida. Portanto, faz-se necessária a aplicação do instituto da continuidade
delitiva, nos termos do artigo 71 do Código Penal, para que as penas sejam somadas, de
forma a evitar excesso punitivo.

3. Interceptação telemática sem autorização judicial

O acórdão proferido pelo Tribunal de Justiça desconsiderou a ilicitude da interceptação


telemática realizada sem autorização judicial, admitindo-a como prova lícita. Tal
entendimento contraria o disposto no artigo 5º, inciso XII, da Constituição Federal, que
assegura a inviolabilidade das comunicações telefônicas, salvo em situações
excepcionais devidamente autorizadas pelo Poder Judiciário. A utilização de provas
obtidas de forma ilícita viola os princípios constitucionais do devido processo legal e da
ampla defesa. Portanto, requer-se o reconhecimento da nulidade da prova decorrente da
interceptação telemática realizada sem autorização judicial e a sua exclusão do
processo.

III - PEDIDO

Diante do exposto, o Recorrente requer a Vossa Excelência:

1. O recebimento e processamento do presente Recurso Extraordinário, nos termos


do artigo 102, inciso III, alínea "a", da Constituição Federal;
2. O provimento do recurso, para que seja reformado o acórdão proferido pelo
Tribunal de Justiça, reconhecendo-se:

2.1. A aplicação do princípio da consunção, com a condenação do Recorrente apenas


pelo delito de maior gravidade;

2.2. A continuidade delitiva, considerando a semelhança e unidade de desígnios entre os


crimes imputados;

2.3. A nulidade da prova decorrente da interceptação telemática realizada sem


autorização judicial, com a sua exclusão do processo;

3. A revisão da pena imposta ao Recorrente, com a devida aplicação das teses


defensivas arguidas nas razões de apelação;
4. A realização do devido processo legal, garantindo-se ao Recorrente o pleno
exercício do contraditório e da ampla defesa;
5. A concessão dos benefícios da justiça gratuita, tendo em vista a insuficiência de
recursos do Recorrente.
Nestes termos, pede deferimento.

Local e data.

ADVOGADO - OAB/XX XXXX

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