O documento trata de uma ação de obrigação de fazer e indenização por dano moral movida por João Artur contra uma empresa financeira. O Tribunal manteve a sentença que condenou a empresa a não enviar mais correspondências ao endereço errado, mas negou indenização por dano moral, já que a carta foi aberta por terceiro e não houve comprovação de abalo psicológico.
O documento trata de uma ação de obrigação de fazer e indenização por dano moral movida por João Artur contra uma empresa financeira. O Tribunal manteve a sentença que condenou a empresa a não enviar mais correspondências ao endereço errado, mas negou indenização por dano moral, já que a carta foi aberta por terceiro e não houve comprovação de abalo psicológico.
O documento trata de uma ação de obrigação de fazer e indenização por dano moral movida por João Artur contra uma empresa financeira. O Tribunal manteve a sentença que condenou a empresa a não enviar mais correspondências ao endereço errado, mas negou indenização por dano moral, já que a carta foi aberta por terceiro e não houve comprovação de abalo psicológico.
Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação Cível nº
1001712-79.2018.8.26.0615, da Comarca de Tanabi, em que é apelante JOÃO ARTUR VIOLIN MICHELINI (JUSTIÇA GRATUITA), é apelado PASCHOALOTTO SERVIÇOS FINANCEIROS LTDA.
ACORDAM, em sessão permanente e virtual da 20ª Câmara de Direito
Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: Negaram provimento ao recurso. V. U., de conformidade com o voto do relator, que integra este acórdão.
O julgamento teve a participação dos Desembargadores ROBERTO MAIA
(Presidente sem voto), ÁLVARO TORRES JÚNIOR E LUIS CARLOS DE BARROS.
São Paulo, 6 de março de 2023.
ALEXANDRE DAVID MALFATTI
Relator(a) Assinatura Eletrônica PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
VOTO Nº: 5830
APEL. Nº: 1001712-79.2018.8.26.0615 COMARCA: Tanabi (1ª Vara Cível) APTE.: João Artur Violin Michelini (A) APDO.: Paschoalotto Serviços Financeiros Ltda. (R)
PROCESSUAL CIVIL Ação de obrigação de fazer
c.c. indenização por dano moral Imutabilidade do capítulo da r. sentença que condenou a ré em obrigação de não fazer sob pena de multa cominatória Alegada cobrança indevida realizada pela ré consistente no envio de correspondência para endereço diverso do autor Carta corretamente endereçada ao autor, com erro apenas no tocante a um dígito do numeral do endereço Violação de correspondência por terceiro, que poderia ter sido evitada com a adequada leitura do destinatário constante da correspondência Dano moral não comprovado Situação que não ultrapassa o mero aborrecimento Sentença mantida Recurso improvido.
VISTOS.
1. Trata-se de ação ordinária de obrigação de fazer
c.c. indenização por dano moral (envio de correspondência de cobrança ao autor em endereço diverso de sua residência, fls. 11/12) intentada por João Artur Violin Michelini em face de Paschoalotto Serviços Financeiros Ltda., julgada procedente em parte pela r. sentença de fls. 211/213, de relatório a este integrado, para condenar a requerida na obrigação de não fazer consistente em não mais enviar correspondências destinadas ao requerente para o endereço Rua Francisco José Vargas, nº 363, Centro, Tanabi-SP e fixar multa cominatória por cada evento danoso no valor de R$200,00, limitado ao teto de R$10.000,00 e, diante da sucumbência Apelação Cível nº 1001712-79.2018.8.26.0615 -Voto nº 5830 2 PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
recíproca, cada parte arcará com custas e despesas processuais na
proporção de 50% para cada, condenando a requerida ao pagamento de honorários advocatícios fixados em R$800,00, observada a gratuidade deferida ao autor.
Apelou o autor em busca da reforma aduzindo, em
síntese, que (1) o recebimento de envio de cobrança por terceiro acarretou dano moral ao autor e (2) a conduta da ré constitui prática abusiva prevista no art. 39, inciso VII do CDC (fls. 216/221).
A insurgência é tempestiva, foi respondida e é
isenta de preparo (fls. 22).
Feito redistribuído na forma do artigo 70, § 2º
do Regimento Interno do Tribunal de Justiça de São Paulo.
É o relatório.
2. O recurso não comporta provimento.
3. Ab initio, insta consignar a imutabilidade do
capítulo da r. sentença vergastada que condenou a ré na obrigação de não fazer consistente em se abster de enviar novas correspondências destinadas ao autor sob pena de multa cominatória.
A lide recursal reside tão somente em aferir a
ocorrência de dano moral.
Em que pese tenha ocorrido o envio de
correspondência para endereço diverso do apelante, não é possível afirmar que se trata de fato maliciosamente realizado pela apelada com o intuito de impingir ofensa moral ao autor.
A correspondência estava devidamente endereçada
ao apelante, como se vê a fls. 11, e foi aberta indevidamente por terceiro, com infração ao sigilo de correspondência, o que restou comprovado a fls. 13.
PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Assim, bastava ao terceiro a leitura do destinatário
constante da correspondência (fls. 11) para que verificasse que se tratava de carta enviada a vizinho por ele conhecido.
Daí que não há como se imputar à apelada, ainda
que tenha enviado a correspondência a endereço diverso do apelante, a culpa pela abertura indevida da carta por terceiro.
Também há se considerar que o apelante não
comprovou que tenha suportado algum tipo de dor, vexame ou humilhação que acarretasse reflexos profundos na sua esfera psicológica, tratando-se, pois, de mero dissabor ou aborrecimento momentâneo.
No caso em testilha, justamente levando-se em
conta o critério da lógica do razoável, a conduta da apelada não se mostrou apta a causar dano na esfera moral da apelante, eis que a correspondência foi aberta indevidamente por terceiro estranho a lide e que não causou qualquer abalo em sua na dignidade como pessoa humana.
4. Isto posto nega-se provimento ao
recurso. Os honorários de advogado devidos pelo autor apelante ficam elevados para 15% do valor postulado como indenização por danos morais (atualizado, desde o ajuizamento). Honorários de advogado fixados naquele patamar, diante da complexidade da causa, tempo do processo e proveito econômico.