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Renata Valadão Bittar – Medicina Unit / P5


ABDOME AGUDO OBSTRUTIVO Pode ser classificado segundo:

 Altura do obstáculo: alto (delgado proximal)


Síndrome caracterizada por presença de obstáculo ou baixo (delgado distal ou cólon);
mecânico ou funcional que leve a interrupção da  Fatores desencadeantes: intraluminais ou
progressão do conteúdo intestinal. extraluminais;
 Grau de oclusão: total ou parcial;
 Tempo de instalação: agudo ou crônico;
 Situação de irrigação e vitalidade de alças:
simples ou estrangulada;
 Forma de obstrução: alça aberta (obstrução
apenas distal) ou fechada(obstáculo em dois
níveis).

De acordo com Francisco et. al. (2008), os quadros de


obstrução intestinal são responsáveis por 20% das
internações hospitalares e a mortalidade é menor que
10%.
Aderências é a principal causa dos quadros
obstrutivos, seguido por hérnia estrangulada e
neoplasia intestinal.
A seguir as patologias que podem resultar em
obstrução intestinal:

 Intestino delgado: aderências, hérnias


inguinais, íleo biliar, bezoar, bolo de áscaris,
estrongiloidíase, tuberculose, massas
abdominais tumorais (linfoma,
adenocarcinoma, metástases peritoniais,
tumores mesentéricos e massas abdominais
não tumorais tais como apendicite, diverticulite,
invaginação, doença de crohn, pólipos,
hematomas intramurais. Pode haver também
obstrução intestinal desencadeada por
abscessos, pseudocistos, aneurismas.
 Cólon: 55% dos pacientes têm
adenocarcinoma primário de cólon, torção de
volvo 12% dos casos, diverticulite em 10% dos
pacientes.

Os autores (FRANCISCO et. al., 2008) referem que se


há comprometimento de grandes extensões
abdominais é importante pensar em: carcinoma,
divertculite e volvo. Em adultos as causas de maior
frequência são as aderências, hérnias e doença de
crohn, enquanto nos idosos deve-se pensar em
neoplasias, diverticulites e fecalomas.
Obstruções em alça fechada, embora de menor
frequência, apresentam mortalidade maior, chegando a
35 % dos casos, em consequência da compressão
vascular.

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4.2 - Fisiopatologia
Obstrução Intestinal Mecânica Simples
As alterações são em decorrência do acúmulo de gases
e líquido acima da área obstruída e alteração da
motilidade intestinal. Ocorre a perda de líquidos e
eletrólitos por vômito e sequestro na alça intestinal. O
líquido movimenta-se entre luz intestinal e sangue de
duas formas: absorção (líquido da luz intestinal para a
corrente sanguínea) e secreção (movimento do líquido
do sangue para a luz intestinal). Levando a acúmulo de
líquidos e eletrólitos no interiro do intestino. Com a
evolução do processo há incremento do processo de
secreção, levando a comprometimento das porções
proximais à obstrução intestinal, com consequente
congestão venosa, aumento da distensão de alças e
edema de parede intestinal. O edema de parede
intestinal provoca a perda de líquidos através da serosa
para cavidade peritoneal. Estas perdas levam à
hemoconcentração, hipovolemia, insuficiência renal,
choque e morte se não forem corrigidas.
A peristalse intestinal estará aumentada na tentativa de
se promover a propulsão do bolo fecal. Os períodos de
aumento de persitalse serão intercalados com
momentos de acalmia, estes irão variar conforme a
altura da obstrução; variando de 3 a 4 minutos na
obstrução alta e 10 a 15 minutos na obstrução baixa.
Os movimentos peristálticos aumentados poderão
agravar o edema de parede por traumatizá-las.

4.1 - Etiopatogenia Obstrução Intestinal com Estrangulamento

A obstrução por causas mecânicas podem ser Nesta intercorrência há comprometimento do


classificadas segundo a sua etiologia. Pode ocorrer suprimento sanguíneo do intestino por compressão dos
redução da luz desencadeada por retração e vasos mesentéricos levando à isquemia tecidual e
espessamento de parede por doenças intestinais, necrose. A isquemia aliada ao acúmulo de líquidos e
obstrução desencadeadas por causas extrínsecas ao gases desencadeiam pequenos sangramentos na luz
intestino, como nas aderências. Assim como fatores intestinal e nas paredes do intestino. Há também
que podem desencadear alteração da motilidade liberação de substâncias tóxicas geradas pelo
intestinal levando a íleo paralítico ou neurogênico. segmento intestinal necrosado

 Obstrução da luz intestinal: intussuscepção


intestinal; íleo biliar, impactação por bolo de Obstrução em Alça Fechada
áscaris, bário ou bezoar. Há obstrução em extremidades proximal e distal
 Doenças de parede: congênitas (atresias e simultaneamente, podendo progredir rapidamente para
estenoses, divertículo de Meckel); traumáticas; estrangulamento
inflamatórias (Doença de Crohn, diverticulites);
Neoplasias; endometriose.
 Doenças extrínsecas: aderências, hérnias, Íleo Paralítico
massas extrínsecas (pâncreas anular, vasos
anômalos, abscessos, hematomas, neoplasia, Podendo ser de três tipos- íleo adinâmico, espástico e
volvo) da oclusão vascular. A fisiopatologia do íleo adinâmico
 Alterações de motilidade do intestino pode estar relacionada a alteração da resposta neuro-
delgado: íleo paralítico, íleo espástico, oclusão hormonal do intestino, é a situação mais comum,
vascular. ocorrendo em cirurgias abdominais e extra-abdominais.
O íleo espástico surge devido a hiperatividade do
intestino. No íleo com oclusão vascular há
incapacidade de coordenação da motilidade intestinal
em função da isquemia.
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4.3 - Quadro Clínico


O quadro clínico é caracterizado por:

 Alteração do estado geral, com desidratação,


hipotensão arterial. A febre pode ocorrer
quando há complicação do quadro.
 Dor abdominal: tipo cólica, início brusco, evolui
em salvas, de localização variável,
dependendo da etiologia. Quando há mudança
do padrão da dor para continuada, pode-se
suspeitar de comprometimento vascular. Os
sítios de localização das dores levam à
suspeição do fator que desencadeou o quadro.
 Dores em região superior de abdome indicam
obstrução intestinal alta (estenose pilórica,
tumores duodenais, tumores periampulares).
 Dores em região periumbilical demonstram a
ocorrência de obstrução de intestino delgado
(bridas e aderências, hérnias encarceradas,
bolo de áscaris, estenoses inflamatórias,
tumores e carcinomatose).
 Dores em hipogástrio sugere obstrução de
intestino grosso (hérnias encarceradas, corpo
estranho, intussuscepção, volvo de cólon,
fecaloma, tumores de cólon e reto).
 Náuseas e vômitos: surgem precocemente nas
obstruções altas, eliminando material
estagnado e de aspecto biliar. Nos quadros
onde há obstrução baixa, pode não haver
vômitos com conteúdo entérico.
 Parada de eliminação de fezes e gases: estes
são sintomas tardios e demonstram a completa
obstrução do intestino. Quando há suboclusão
intestinal, o paciente pode continuar a eliminar
gases.
 Distensão abdominal simétrica ou assimétrica:
surge após poucas horas da instalação do
quadro, sendo discreta ou inexistente nos
quadros de obstrução alta.

O exame físico inicial é pobre, os sinais vitais estarão


alterados somente na vigência dos sintomas de dor. Em
abdome, observa-se defesa de parede à palpação,
presença de massas. Os ruídos hidroaéreos estão
altos, agudos e metálicos na vigência das cólicas;
tornam-se diminuídos com a evolução do quadro,
podendo tornar-se ausentes.

Com a evolução do quadro há instalação de


desidratação e aumento da distensão abdominal.

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4.4 - Tratamento
Reposição de líquidos e eletrólitos, jejum,
descompressão do trânsito intestinal através de
instalação de sonda nasogástrica. Os pacientes devem
ser reavaliados entre 24 a 48 h, não tendo resolução
espontânea, avalia-se a necessidade de cirurgia.
Segundo Brunetti e Scarpelini (2007), os quadros de
abdome agudo obstrutivo causados por hérnia
estrangulada, volvo de sigmoide, intussuscepçao,
neoplasia intestinal, e isquemia mesentérica devem
receber tratamento cirúrgico com maior brevidade
possível.

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Exames de Imagem

Os exames de imagem devem responder algumas


questões (FRANCISCO et. al., 2008; GROSSMAN e
D'HIPOLITTO, 2007):

 Existe obstrução intestinal?


 Qual a localização?
 Qual é a causa?
 Há sinais de estrangulamento ou isquemia?

Radiografia de abdome

As recomendações atuais reafirmam a importância de


se iniciar com a realização de Rx simples de abdome,
pois ao se comparar com a TC tem sensibilidade
semelhante na diferenciação de quadros obstrutivos e
não obstrutivos (FRANCISCO et al, 2008); podendo
identificar o nível de obstrução até 80% dos pacientes.
Os casos que não forem esclarecidos com a utilização
do Rx simples de abdome, deverão ser submetidos à
radiografias seriadas. Grossman e D'Hipolitto (2007)
ressaltam que é importante salientar que nos casos de
íleo paralítico, as radiografias têm uma eficácia de 50 a
60% quando comparadas à laparotomia (padrão ouro).

 Obstrução gástrica: Local de maior


frequência é na região antro-piloro-duodenal.
Na radiografia observa-se deslocamento
inferior do colon transverso por contorno com
densidade de partes moles. consequente à
distensão gástrica por acúmulo de líquidos e
gases. A distensão gástrica pode ocorrer
também por gastroparesia diabética,
medicações (morfina, hipocalemia, intoxicação
por chumbo e vagotomia prévia).
 Obstrução de delgado: A causa de maior
frequência são as bridas. Ao rx contrastado
será observada mudança súbita de calibre
intestinal, sendo que as alças na poção
proximal à obstrução estarão dilatadas e na
porção distal se apresentarão colabadas.
A presença de níveis líquidos, o padrão
radiológico de empilhamento de moedas,
afastamento de alças contíguas (por
espessamento de parede intestinal), distensão
difusa de alças intestinais, caracterizam a
presença de obstrução. As alças distais à
obstrução terão pobreza ou ausência de gases.
 Obstrução colônica: A principal causa são os
adenocarcinomas primário de cólon,
Exames Complementares localizando-se preferencialmente em sigmoide.
As imagens ao Rx simples de abdome são:
Laboratoriais dilatação gasosa de alças proximais à
obstrução e diminuição de gases em cólon
Recomenda-se a realização de hemograma e estudo distal.
da coagulação, provas de função renal, dosagem sérica Outra causa de obstrução são os volvos ou
de eletrólitos para avaliar a gravidade do quadro. torção de intestino, comprometendo
geralmente o sigmoide. A imagem radiológica:

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alça dilatada, sem haustrações em forma de U CÂNCER COLORRETAL
invertido.

É a malignidade mais comum no TGI e a principal causa


de morbidade e mortalidade do mundo.

EPIDEMIOLOGIA
O câncer colorretal é o 3º câncer mais comum no Brasil
e nos EUA, excluindo-se o câncer de pele não
melanoma.

Nos EUA, representa 15% de todas as mortes


causadas por cânceres.

A incidência tem seu pico entre 60 e 70 anos de idade


e menos de 20% dos casos ocorrem antes dos 50 anos.

Os homens são levemente mais afetados do que as


mulheres.

Os fatores alimentares mais intimamente associados a


taxas elevadas de câncer colorretal são baixa ingestão
de fibras vegetais não absorvíveis e alta ingestão de
carboidratos refinados e gordura.

Explicando...
O conteúdo reduzido de fibras leva a uma carga fecal
diminuída e uma composição alterada da microbiota
intestinal. Essa mudança pode aumentar a síntese de
subprodutos oxidativos potencialmente tóxicos do
metabolismo bacteriano, os quais acreditam-se que
permaneçam em contato com a mucosa colônica por
longos períodos de tempo como resultado da carga
fecal reduzida. Deficiências de vitamina A, C e E, as
quais atuam como captadores de radicais livres, podem
combinar danos causados pelos oxidantes. A alta
ingestão de gordura acentua a síntese hepática de
colesterol e ácidos biliares, os quais podem ser
convertidos em carcinógenos por bactérias intestinais.

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PATOGENIA/CARCINOGÊNESE Os padrões epigenéticos são sensíveis a modificações
COLORRETAL ambientais que podem causar mudanças fenotípicas
que serão transmitidas aos descendentes.

Quase todos os cânceres colorretais são


adenocarcinomas. Geralmente surgem a partir de
pólipos adenomatosos. O lugar mais frequente é o
CÓLON DIREITO. Quando localizado no reto, pode
invadir estruturas adjacentes e metastatizar para o
tórax sem passar pelo fígado.

Existe uma combinação entre eventos moleculares


heterogêneos que levam ao adenocarcinoma colorretal
e inclui anormalidade GENÉTICAS e EPIGENÉTICAS.

Pelo menos duas vias genéticas distintas foram


descritas:

1. VIA APC/B-catenina
Associada a WNT e à sequência adenoma-carcinoma
clássica

2. VIA DA INSTABILIDADE DOS


MICROSSATÉLITES do DNA
Associada a defeitos no reparo mismatch.

Ambos os caminhos envolvem o acúmulo gradual de


múltiplas mutações, mas os genes envolvidos e os
mecanismos pelos quais as mutações se acumulam
difere. Os eventos epigenéticos, sendo o silenciamento
genético induzido por metilação o mais comum, podem
acentuar a progressão ao longo de ambas as vias.

OBS5: EPIGENÉTICA
Epigenética é definida como modificações do genoma,
herdável durante a divisão celular, que não envolve
uma mudança na sequência do DNA.

Epigenética é qualquer contribuição ao fenótipo,


através de modificações da cromatina, que não
envolvem mudanças nas sequências de bases do DNA.

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COLOSTOMIA INDICAÇÕES

É definida pela abertura do segmento cólico na parede


abdominal visando o desvio do conteúdo fecal para o
meio externo.

CLASSIFICAÇÃO

LOCALIZAÇÃO

•Cecostomia
•Transversostomia
•Sigmoideostomia

PERMANÊNCIA

•Transitórias
•Definitivas

FINALIDADE

•Descompressiva
•Derivativa

TÉCNICA

•Em Alça
•Com duplo lumem
•Com estoma único ou terminal

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