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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

Faculdade de Gestão de Recursos Naturais e Mineralogia

Análise da Contribuição do Sector Informal na Redução da Pobreza Urbana: Caso do


Mercado Canongola- Tete (2012 a 2014).

De:

Carlos Mário Nhaca

Tete, Setembro de 2016

1
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

Faculdade de Gestão de Recursos Naturais e Mineralogia

Análise da Contribuição do Sector Informal na Redução da Pobreza Urbana: Caso do


Mercado Canongola- Tete (2012 a 2014).

De:

Carlos Mário Nhaca

Monografia apresentada como exigência parcial


para a obtenção do título de Licenciatura em
Administração Pública, ao Conselho Científico
da Universidade Católica de Moçambique –
Faculdade de Gestão de Recursos Naturais e
Mineralogia.

Tete, Setembro de 2016


DECLARAÇÃO
Declaro, por minha honra, que este trabalho é resultado da minha investigação pessoal com
ajuda e orientação do meu supervisor. O seu conteúdo é original e todas as fontes consultadas
estão devidamente mencionadas no texto e nas referências bibliográficas.

Declaro ainda que nunca foi apresentado em nenhuma outra instituição para obtenção de
qualquer grau académico.

Tete, Setembro de 2014

__________________________

(Carlos Mário Nhaca)

O supervisor

_________________________

(Mestre Paula Cristina Sixpence Sousa)

I
DEDICATÓRIA

Dedico à:

Mariamo Iassine Abacar Sulemane (já perecida), minha


mãe;

Mário Nhaca (já perecido), meu pai;

Melizória da Fulgência Chemane Nhaca, minha esposa;

Sofia Nhaca, Isaura Nhaca, Orquidea Nhaca, Shanice


Nhaca e Mário Nhaca, meus filhos, acreditem que
sempre é possível…
EPÍGRAFE

“ Talvez não tenhamos conseguido fazer o melhor, mas lutamos para


que o melhor fosse feito. Não somos o que deveríamos ser, não
somos o que iremos ser.. mas Graças a Deus, não somos o que
éramos”.

Martin Luther King


AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar, agradecer a Deus pela saúde, energia, inteligência e sabedoria. Senhor
nosso que ilumina o nosso caminho e que nos ajuda a caminhar na fé e na razão. ATí
adoramos e a Tí imploramos ajuda.

Em segundo, agradecer a minha esposa: Melizória da Fulgência Chemane Nhaca pelo


espírito de tolerância, sacrifício, trabalho, crença e por me ter depositado confiança e
oportunidade de continuar com os estudos e mesmo nas condições dificieis para que
pudesse fazé-lo com sucesso. Agradecer a minha tia Isabel Kongolo, ao meu tio Wilson
Nhaca, a minha prima Ilda Nhaca pelo apoio e motivação que deles sempre recebí.

Um agradecimento especial vai para os meus filhos, Mário, Sofia, Isaura, Orquídea e
Shanice, peço perdão pela minha ausência em momentos em que precisaram do meu
carinho, atenção e afecto e não me encontravam, pois o pai deveria atender situações
académicas e não conseguia corresponder e responder com as necessidades destes naquela
hora.

Dirijo ainda, um agradecimento a minha supervisora, Mestre Paula Cristina Sixpence, pelo
apoio técnico e moral demonstrado durante o desenvolvimento do presente trabalho.
Agradecer a todo corpo de docentes que tornou possível a minha licenciatura e a UCM-
Tete.

Aos meus colegas e amigos pelo apoio moral, incentivo, confianças que depositaram em
mim ao longo da formação académica e fora da mesma e pela colaboração. Que Deus
ilumine o vosso caminho. Agradecimento dirigido igualmente para Litos Bland, David e
Edmundo pelas críticas e sugestões no desenho do tema.

Por último, agradecer a todos os estudantes do curso de Administração Pública, que


directa ou indirectamente, contribuiram e compreenderam em algum momento da minha
ausência na sala de aulas por motivos diversos. E a todos aqueles que directa ou
indirectamente fizeram com que este trabalho se tornasse uma realidade.

O meu muito obrigado.

VIII
SUMÁRIO EXECUTIVO

Esta Monografia tem como tema “Análise da contribuição do sector informal na redução
da pobreza urbana (2012-2014). A pesquisa teve como objecttive central: Analisar a
contribuição do sector informal na redução da pobreza urbana em Tete. O problema que se
coloca, é o facto de não se verificar mudanças nas condições de vida nas familias que
operam no sector informal, mesmo sem contribuir com impostos para o Estado. Para a
concretização do objectivo levantou-se a seguinte pergunta chave: De que forma o sector
informal contribui na redução da pobreza Urbana em Tete? O estudo baseia-se no sector
informal de modo a perceber se de facto pode reduzir a pobreza dos moçambicanos que
actuam neste sector. Quanto à abordagem a pesquisa é qualitativa e quanto aos objectivos,
explicativo, tendo se baseado em observação não participante, as entrevistas
semiestruturadas e questionário para a recolha de dados. Dos resultados obtidos, foi
possível concluir que: O sector informal reduz a pobreza na area do comércio que é a
principal actividade, as familias, devido a falta de escolaridade não desenvolvem outras
actividades de modo a terem mais rendimentos.
Palavras-chaves: Contribuição do Sector Informal, Pobreza Urbana, Redução da Pobreza.

IX
LISTA DE ABREVIATURAS

AP---------------------------Administração Pública
BM--------------------------Banco de Moçambique
CMCT--------------------- Conselho Municipal da Cidade de Tete
FRELIMO------------------Frente de Libetação de Moçambique
INE--------------------------Instituto Nacional de Estatística
ODM------------------------Objectivos do Desenvolvimento do Milénio
PARPA-----------------------Plano de Acção para a redução da Pobreza Absoluta
PQ---------------------------Plano Quinquenal
PRE------------------------ Programa de Restruturação da Economia
PERPU---------------------Programa Estratégico para a Redução da Pobreza Urbana.
SI----------------------------Sector Informal

X
LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Análise da 1escolaridade…………………………………………...25


Gráfico 2 – Análise da pobreza/riqueza………………………………………...29
Gráfico 3 – Análise das asscições……………………………………….....…...31

XI
GLOSSÁRIO
Sector informal é o conjunto de relações de natureza económica, jurídica , social ou
burrocrática que , não estando reguladas parcial ou totalmente , existem e fazem parte de
regras de funcionamento da sociedade e contribuem para que os padrões de reprodução da
sociedade e economia persistam,(Mosca,2010).

Economia informal pode ser visto como um conjunto de métodos de sobrvivência com
um desenvolvimento de um complexo de actividades não formais

Pobreza é o resultado de uma combinação de factores, tais como a incapacidade da


economia de gerar postos de emprego suficientes e de crier condições de vida decentes; a
expansão demográfica não acompanhada de provisão de infra-estruturas e serviços
básicos, PERPU (2010-2014)

XII
CAPITULO I: INTRODUÇÃO

1.1 Contextualização
O presente trabalho de investigação foi analisado segundo o cumprimento do curriculo
imposto pela UCM-Tete como base fundamental para obtenção do grau de licenciatura
em Administração Pública. O trabalho desta monografia tem como tema: Análise da
contribuição do sector informal na redução da pobreza urbana na cidade de Tete
(2012 -2014).

Em Moçambique o sector informal teve maior crescimento nos anos 90 devido a maior
aglomeração dos cidadãos nas cidades, vindos das zonas urbanas devido a guerra dos 16
anos que assolou este país, até que culminou com a assinatura da paz em 1992. Chivangue
(2012) afirma que esta situação fez com que o Estado se tornasse incapaz de empregar o
elevado número desses moçambicanos deslocados, agudizando se a crise economica por
falta de rendimento das camadas crescentes.

Com a entrada da PRE, Programa de Restruturação Economica em 1987, logo após a


tomada de posse do então presidente honorário da Frelimo Alberto Joaquim Chissano, que
tinha como objectivo reduzir a queda da económia e promover o desenvolvimento, facto
que veio a falhar devido ao custo de vida que subiu e a desvalorização do metical
(Baptista, 2013) . O autor enfatiza que é neste âmbito que com a queda do PRE, abre se
espaço para o mercado livre, criando deste modo uma grande avalanche do sector
informal em quase todo o pais, que foi crescendo ano pós ano. No período do crescimento
do sector informal, Mocambique era considerado pais do terceiro Mundo, ou seja ,país sub
desenvolvido devido as caracteristicas que apresentava, tais como:

 Guerra de Desestabilização- ( Guerra de guerrilha - Guerra que envolveu o uso


de pequenos contingentes militares, não estatal, contra um exército organizado
pertencente ao Estado formal moçambicano. As guerrilhas geralmente utilizam-se
do que se convencionou de "táticas de guerrilha", com grande mobilidade das
forças, uso de emboscadas, ataques surpresa, ataques rápidos seguidos de fuga,
sabotagem e terrorismo, táticas de atrito e confronto indireto). Com o efeito da
guerra dos 16 anos, o país ficou parcialmente destruido na maioria das
infraestruturas do Estado assim como Privados, o povo deslocou se das zonas de
origens para as grandes cidades, as machambas foram abandonadas e ficando sem
13
produção, dependendo apenas de ajudas externas caso de Zimbabwe no famoso
milho amarelo e da Europa ;
 Economia fraca-não havia produção de alimentos devido ao abandono das
machambas, nem como exportar o pouco carvão que já se extraia na altura, devido
a guerra, a mão de obra era prestada as companhias mineira da então vizinha
Africa do Sul;
 Desvalorização do metical-a moeda ficou sem poder de compra, a inflação tomou
conta e foi possivel neste periódo a introdução de várias notas com valores
superiores, factor que se verificou até anos de 2000;
 Corrupção-com a situação do país foram notórios casos de corrupção em alguns
momentos divulgados, deixando cada vez mais pobre o país.
 Alfabetização-o índice de alfabetização nesse periódo era tão elevado, com cerca
de 90% em todo o pais, situação que reverteu se nos anos 2000.

Esta situação colocou Moçambique num estado deplorável, ficando a pobreza o inimigo a
combater, situação que se arrasta até então a elaboração desta monografia. Segundo
(ODM) um dos Objectivos é erradicar a pobreza extrema e a fome, o Plano de Acção para
a Redução da Pobreza Absoluta (PARPA) o seu obejectivo principal é a redução da
pobreza, conscide também com os objectivos do plano Quinquenal (PQ) do Estado. Mas o
Estado incapaz de satisfazer os cidadãos em alocação de emprego, para reduzir a tal
pobreza, como forma de sobrevivência dos desempregados recorrem a actividade
informal, que é um dos geradores de emprego (INE...). Segundo Theodoro (2000),
a economia informal envolve todas actividades que estão à margem da formalidade, sem
firma registrada, sem emitir notas fiscais, sem empregados registrados e sem contribuir
com impostos ao governo.

Esta monografia, foi elaborada à luz do sector informal no que concerne ao contexto
principal do combate a pobreza urbana. Tete é cidade de contrastes, onde a pobreza
caminha paredes meias com opulência. Na verdade, Tete é um exemplo elegante de como
a opulência pode coabitar com a pobreza extrema. A cidade localiza se na região sul da
província do mesmo nome, dividida pelo rio zambeze no sentido nordeste-sudeste. A
circunscrição, conhecida pelo seu clima quente e seco e pela abudância do gado bovino e
caprino, tem potencialidades para o desenvolvimento agrícola e mineral. O território da
cidade faz parte da bacia do rio zambeze, cujo relevo é caracterizado por solos alternativos
planos e ondulados próximo do rio, com inclinações até de 40 porcento e diferenças de
14
altura até 24 metros e afloramentos rochosos paralelos até ao rio e terras argilosas. Dispõe
das duas maiores pontes de tráfego rodoviário do país que ligam as duas margens do rio
zambeze , permitido a circulação de pessoas e bens, e o estabelecimento de relações
económicas entre as diferentes regiões do país e com os países vizinhos. Segundo o ( INE)
cidade ocupa uma superficie de 286 quilómetros quadrados , com cerca de 155.870
habitantes de acordo com o censo populacional de 2007.

O sector informal no período referido ganhou espaço na área de habitação, comércio,


bancas e ambulantes devido aos Mega Projectos que a cidade de Tete viveu. Uma
explosão Económica já mais vivida, onde até as casas precárias eram arrendadas a altos
preços e algumas foram reabilitadas neste periódo, devido ao valor arrecadado pelos
mesmos arrendamentos, verificou se esta mudança em alguns bairros desta cidade. A
cidade, grande parte dela tornou se corredor dos ambulantes que dia pós dia se
apoquentam com a polícia camarária, na fuga de prestarem contas fiscais ou taxas diarias.
Uma das questões que preocupa os residente de Tete, apesar dos megaprojectos, relaciona
se com o aumento de índice de desemprego. As autoridades municipais defendem a ideia
de que tal se deve ao fluxo de pessoas na cidade a procura de uma oportunidade para
trabalhar.

1.2 Problematização
A problemática do tema reside em alguns aspectos começando na actividade comercial,
habitação e arrendamentos, o sector informal gera muito de emprego e muito de renda não
declarada. Mosca (2010), caracteriza esta actividade como sendo mercado selvagem cujo o
funcionamento está desregulado e sem fiscalização do Estado. Esta actividade funciona
atráves de pensamentos próprios ou seja, as suas teorias de suporte são as mais liberais do
pensamento neoclássico ( alinham-se dentro duma visão comum ), conduzem-se através de
mecanismos próprio ao equilibrio na satisfação dos consumidores, Baptista (2013).

Na cidade e bairros regista-se o aumento deste sector, em quase todas as esquinas. No


mesmo contexto, multiplicam-se oficinas de carpintaria, de serralheria e de estufaria. Estas
indústrias, que são eminentemente caseiras, operam sem controlo do Estado, e a qualidade
está fora do alcanse. Mas, o que se observa é o facto de mesmo não contribuindo nos
impostos do Estado, não se verificam mudanças nas condições de vida destes cidadaos, as
casas continuam precárias, saneamento desorganizado, os seus educandos a caminho da
escola não se apresentam em como saiem duma família, mas as rendas das suas
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actividades vem a cem por cento em alguns casos. Existem familias há anos no sector
informal, mas até hoje continuam nas mesmas condições de vida, que passam de geração
para geração, não parece existir ambição. É evidente, chegados a este ponto, levantar a
seguinte questão: De que Forma o Sector Informal Contribui para a Redução da
Pobreza Urbana em Tete?

1.3 Objectivos
O trabalho foi norteado por um (1) objectivo geral, três (3) objectivos específicos e três
(3) questões de pesquisa subjacentes aos objectivos específicos.

1.3.1 Objectivo Geral:


 Analisar a contribuição do sector informal na redução da pobreza urbana na cidade
de Tete .

1.3.2 Objectivo Específicos:


 Identificar a forma de contribuição do sector informal na redução a pobreza urbana
em Tete;
 Descrever a contribuição feita pelo sector informal na redução da pobreza;
 Determinar o nível de contribuição do sector informal na redução da pobreza
urbana.

1.3.3. Perguntas de Pesquisa:


Subjacente aos objectivos específicos o trabalho terá como questões de investigação as
seguintes:

 Qual é a forma de contribuição do sector informal na redução da pobreza em


tete?
 Como é feita a contribuição do sector informal para reduzir a pobreza?
 Qual é o nivel de contribuição do sector informal na redução da pobreza?

16
1.4 Justificativa
A escolha do tema “ análise da contribuição do sector informal na redução da pobreza
urbana na cidade de Tete (2012-2014)”. surgiu da observação, por parte de uma
investigação em que a economia informal envolve as atividades que estão à margem da
formalidade, sem firma registrada, sem emitir notas fiscais, sem empregados registrados e
sem contribuir com impostos ao governo. Todavia o sector informal aborda todos esses
aspectos na sua sobrevivência de mão de obra, mas sendo este sector a margem da
formalidade, deveria contribuir de uma forma significativa na melhoria das condições de
vida das familias, no que diz respeito a urbanização, saneamento familiar, melhoramento
de vida ou ainda contribuir para a formação dos intervenientes do sector informal.

1.5 Relevância Acadêmica


Esta monografia servirá de suporte para futuros estudos nas áreas afim bem como
providenciar um conhecimento acadêmico, que servirá de referência e contributo nas
universidades que administraram cursos relacionados com a Administração Pública, nas
cadeiras de Economia Pública, onde faz se análise dos custos e benefícios da
produtividade na sociedade, assim como o desenvolvimento da própria económia no
geral. Esta pesquisa tambem poderá contribuir para os que exercem a actvidade informal
na compreensão da contribuição a ter na redução da pobreza , e delinear formas na
capacitação dos mesmos.

1.5.1. Relevância Social


Esta monografia tem como principal finalidade saber quais são efeitos ou resultados que
possam ser esperados pelos trabalhadores do sector informal na sociedade em que vivem,
quais os benefícios trazidos pela contribuição do sector informal a essa mesma sociedade
visto que o mercado é competitivo e inovador.

1.5.2 Relevância Pessoal


Deste modo, o tema é importante para mim porque, como técnico em Administração
Pública poderemos identificar as dificuldades do sector informal no combate a pobreza
urbana, na melhoria das condições de vida das familiar, e contribuir para que sejam
alcançadas melhorias no sector.

17
1.6 Delimitação Espacial e Temporal do Estudo
Entendendo que o mercado selvagem, conforme Mosca (2010), tem muito a contribuir,
escolheu-se a cidade de Tete como local de investigação por oferecer condições para tal,
mas especialmente nos bairros periféricos desta cidade onde a população predominante é
do sector informal. A escolha do período 2012 à 2014 deveu-se ao facto de neste período,
Tete ter vivido uma explosão económica de todos os tempos, devido aos megaprojectos,
querendo deste modo observar as mudanças havidas neste período pela contribuição do
sector informal.

1.7 Resultados Esperados

Pretende-se que os resultados desta monografia seja um instrumento muito importante no


acompanhamento académico para futuros investigadores. Esperamos que o sector
informal entenda os objectivos do estudo em causa e que colaborem na obtenção da
informação pretendida . Sendo o sector informal, uma área bastante rica e importante nos
estudos académicos, é um tema muito analisado na economia nacional e que visa o
objectivo principal satisfazer as necessidades da colectividade e geração de pequena renda
familiar.

1.8. Estrutura da Monografia


A presente pesquisa apresenta-se com quatro capítulos estruturados da seguinte forma:

No primeiro capítulo é apresentada a introdução, onde se aborda o panorama geral da


pesquisa, seguida da contextualização de problematizaçãoe pergunta de partida , os
objectivos da pesquisa, justificativa da pesquisa para posteriormente apresentar-se as
questões de partida, a relevância da pesquisa, delimitação espacial e temporal ,resultados
esperados.

O segundo capítulo é dedicado ao quadro teórico e conceptual. Este capítulo é dedicado à


temática específica deste trabalho: análise da contribuição do sector informal na redução
da pobreza urbana, assim é feita uma revisão dos principais conceitos e abordagens sobre
o sector informal, analisando as definições e teorias empirica e focalizada.

O terceiro capítulo apresenta a investigação e respectiva metodologia, que inclui a


caracterização da organização em estudo, os objectivos do estudo, o tipo de investigação, a

18
população e participantes e respectivas caracterizações, e finalmente as técnicas de recolha
de dados.
O quarto capítulo faz se apresentação e discussão dos dados recolhidos por inquéritos e
entrevistas de uma forma categorica.
O quinto e último capítulo fica a reflexão do autor sobre as conclusões e recomendações
do tema em estudo.

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CAPÍTULO II: REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Breve Introdução


Neste capitulo, pretende-se definir todas as palavras chaves do tema e ilustrar de uma
forma directa os autores que já escreveram sobre o mesmo tema ou temas semelhantes e
sua natureza. Os conceitos chaves darão ênfase na compreensão e produção desta
monografia no aspecto teórico para a realidade vivida na cidade de Tete.

2.2 Definições de Conceitos Chaves

2.2.1. Natureza do Sector Informal


A literatura testemunha duas abordagens no estudo da economia informal. A primeira é
de carácter puramente económica e ligada às teorias do mercado de trabalho e a segunda
é de natureza socioeconómica e prende-se com os determinantes institucionais e políticos
que configuram este fenómeno. O comércio é estudados nesta última vertente, pois vai
de encontro à definição de informalidade que informa o presente texto.
Rogerson (1996, citado por Chivangue, 2012, p.8.) para começar faz uma distinção
conceptual, dentro da economia informal legítima, entre aquelas actividades ligadas à
mera sobrevivência das que possuem um grande potencial para influenciar positivamente
o crescimento. No primeiro encontram-se agentes com rendimento abaixo do salário
mínimo. A pobreza e o desespero pela manutenção da vida constituem o principal
motivo para a existência de tal actividade. A segunda categoria constituída por micro
empresas de pequenos negócios muitas vezes envolve apenas o proprietário e alguns
membros da família. Byiers ( 2009) afirma que estas micro-firmas não gozam de
qualquer espécie de licenciamento e funcionam na forma rudimentar. São estas que têm
potencial de florescer e passar a grandes empresas formais.
Segundo Chivangue (2012) sugere que a economia informal resulta de impostos elevados
e péssimo bem-estar social, acrescentando que se trata de um mercado secundário onde
ocorrem transacções que poderiam ser possíveis no formal, mas seriam taxadas, situação
que gera a necessidade de praticar essas operações longe do encalce da lei. O argumento
deste autor é consistente segundo o qual “muitos proprietários de empresas informais
operam de forma semilegal ou ilegal devido ao ambiente regulatório que é muito
punitivo, desajustado ou simplesmente não existente.”

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Existe também a perspectiva que associam o surgimento do sector informal ao aumento
da da população urbana e da consequente procura pelo emprego, bens e serviços que
crescem mais rapidamente do que a média nacional, a ponto de o mercado laboral formal
não conseguir absorvé-los. Além do mais, os anos de ajustamento estrutural e
correspondente redução do emprego na função pública diminuíram as
oportunidades nas áreas urbanas, sendo o sector informal que compensa as falhas do
formal.
Próximo da linha de raciocínio anterior está Byiers (2009) quando indica que a
predominância das microempresas informais nas economias dos países em
desenvolvimento constitui um sintoma de aspectos tais como altos custos de transacção,
altos níveis de risco das firmas, fraca base fiscal, pobres fluxos de informação, altas e
complexas barreiras regulatórias e existência de oficiais governamentais corruptos.
A pressão exercida pela força de trabalho excedentária na procura de emprego, quando
este em termos de sector moderno é escasso, constitui a hipótese explicativa de Tokman
(2007), este autor argumenta que o resultado acaba por ser uma busca de soluções de
baixa produtividade e rendimento através da produção e venda de qualquer coisa que
permita aos desempregados sobreviverem. Acrescenta ser a lógica de sobrevivência o
principal factor que leva ao desenvolvimento de actividades informais.
2.2.2 Contribuição
Segundo o dicionario ilustrado da lingua Portuguesa, esta palavra quer dizer colaboração
prestada para para uma causa comum, a pesquisa mostra nos como o sector informal deve
contribuir de forma comum para com os activistas do sector informal, que lutam em busca
de sobrevivencia devido a falta de emprego no formal.

2.2.3 Sector Informal

A informalidade não é um fenómino social novo. A título de exemplo, temos actores como
Marx, no século XIX, revela este sector como uma “super população excedente
estagnada” (Sabadini & Nakatani, 2009, p.135).

“Inicialmente o conceito de Sector informal abarcava uma série de


actividades urbanas caracterizadas a partir do estabelecimento produtivo.O
limite da informalidade era dado pela maneira como a produção era
organizada e pela posição relativa da actividade frente ao conjunto das
actividades produtivas. Em geral e completamente essas actividades eram
consideradas como de baixa produtividade e como actividades que se
desenvolviam à margem da legislação e nas franjas do mercado,
21
(Theodoro,2000,p,45)

Theodoro ( 2000) enfantiza esse aspecto do conceito do sector informal ao dizer que,
constitui um marco importante, muito menos pela sua capacidade explicativa visáveis à
realidade do terceiro Mundo, mas principalmente por justificar e avaliar uma nova postura
institucional face ao problema do sub-emprego. É a ideia do sector informal que vai servir
de base para acção institucional em termos de políticas de apoio.

Segundo Castel (1994), define o sector informal como sendo um sector de produção de
bens e serviços destinados no mercado, legal ou ilegal , que escapa da detenção das
estimativas oficiais e de produto interno bruto.

De acordo com Cacciamali (1983) para facilitar o entendimento do conceito informal,


considera se as formas. A primeira define como informal aqueles trabalhadores sem
contrato de trabalho sendo fora da legislação trabalhista. A segunda designa o sector
informal por resíduo do sector formal, onde se considera informal tudo que não se
enquadra na economia formal.

Numa visão mais moçambicana, o setor informal pode ser visto como um conjunto de
métodos de sobrvivência com um desenvolvimento de um complexo de actividades não
formais, (Amaral, 2005,p.60).

Segundo Mosca (2010) pode ser visto ainda, como um conjunto de relações de natureza
económica, jurídica , social ou burrocrática que , não estando reguladas parcial ou
totalmente , existem e fazem parte de regras de funcionamento da sociedade e contribuem
para que os padrões de reprodução da sociedade e economia persistam. A definição do SI
é feita fundamentalmente a partir das normas reguladoras do Estado (Dalva & Nhalivio,
2009, p.14)

O sector informal, muitas vezes definido em termos do que não é actividades económicas
e empresas sem registo, sem regulação e que não pagam impostos tem como base as
actividades caracterizadas por um baixo nível organizacional , como limitada ou
inexistente divisão entre o trabalho e o capital e onde as relações de trabalho são sempre
baseadas em colaborações ocasionais, as ligações familiares, entre outras. Inclui pequenas
empresas sem qualquer tipo de registo e trabalho remunerado sem contratos, seguros,
beneficios ou procteção legal, (Trindade, 2007).

22
“O Instituto Nacional de Estatistica (INE) define o SI em Moçambique como sendo todas
as actividades não registadas, ou registadas apenas no Municipio, ou junto a administração
Distrital ou local, não possuindo portanto autorização por parte das autoridades fiscais
para exercício da sua actividade e empregando não mais de 10 trabalhadores” (Tembe,
2009, p. 92).

A Organização Mundial dos Trabalhares (OIT-1991) considera o sector informal como


sendo o conjunto de unidades de pequenas escala que produzem e distribuem bens e
serviços e é composto essencialmente por produtos independentes e que operam por conta
própria e ,empregando mão de obra familiar e/ou poucos trabalhadores, funcionando com
reduzida e baixa produtividade, tendo receitas bastantes irregulares.

O sector informal, segundo a visão dos autores acima pode ser entendida como o
conjunto das actividades à margem da lei, com níveis de produção e organizacional
baixos com finalidade de geração de auto-emprego para sobrevivência familiar. O sector
informal desenvolve várias actividades e compreende uma variedade de carpinteiros,
pedreiros, alfaiates, negociantes, artesões, bem como cozinheiros e motoristas de taxi,
todos informais, e transforma os empreededores em pequenos empresários informais,
criativos a medida em que a sua actividade vai crescendo, sendo que a maior parte das
actividades do sector informal é economicamente eficiente e lucrativo, apesar de pequenas
na escala e limitadas por tecnologias simples, pouco capital e falta de vínculo com o sector
formal.

Pode se entender ainda do sector informal como sendo um conjunto de pequenas empresas
,geralmente não lincenciadas, caracterizadas pela facil entrada, propriedade familiar, uso
de recursos locais e tecnologia de trabalho intensivo que não requerem conhecimentos
educacionais formais. Podemos aceitar esta definição, por conter em si os caracteres
essenciais do que é de facto o sector informal (empresas pequenas e não lincenciadas,
trabalho intensivo, etc...), a sua formulação no incluir de maneira genérica uma alusão a
propriedade familiar e no admitir que a mão-de-obra empregue não precisa de ter
conhecimentos formais.

23
2.2.4 Vantagens do Sector Informal
Sem ignorar os muitos pontos negativos do SI, com esta parte deste monografia , pretende
se mostrar algumas caracteristicas positivas que podem incentivar o investimento público
neste sector.

Em momentos de crise económica, política, social e principalmente de


subdesenvolvimento económico, a existência e desenvolvimento de redes informais de
comercio, solidariedade são frequentes, constituindo respostas as necessidades das
populações, pelo que não devem ser reprimidas pois, desempenham um papel estabilizador
da sociedade, ( Ernst & Young, 2004, p170).

Segundo Mosca (2010,p.85) o Sector Informal contribui para a redução da pobreza,


geração de auto-emprego, criação de rendimentos e acalma eventuais manifestações e
revoltas ,

Piepoli (2006 citado por Mosca, 2010, p.85). defende que este sector altera o papel da
mulher na sociedade e na economia, pois , é a partir do comércio informal que as mulheres
começaram a assumir um papel activo e directo na integração do mercado.

2.2.5 Funcionamento do Sector Informal


Segundo Silva ( 2005, p.82) O SI , em termos gerais , funciona com um capital de base
limitado e as suas actividades situam-se, normalmente, nas áreas de: alimentação
confeccionada e bebidas, venda de bens alimentares diversos , roupas, utensílios
domésticos, ferragens, quinquilharias, entre outros, com comerciantes grossistas e
retalhistas que contam com ajuda de familiares e empregados. Os novos mercados que vão
nascendo ocupam terrenos baldios e crescem de forma rápida e descontrolada, mas no
entanto funcionam sem infra- estruturas físicas mínimas, na maior parte dos casos, para
além das construções précarias, não estão abrangidas por um sistema de saneamento,
distribuição de água e electricidade , ou quando têm são de grande insuficiência para as
necessidades existentes. “ As taxas municipais pagas pelos vendedores, parecem não dar
às autoridades administrativas uma obrigação de providenciar infra-estruturas locais para o
seu trabalho. (Silva,2005, p.4).

24
2.3 Pobreza Urbana

2.3.1 Pobreza
Segundo Crespo (2002) a conceituação a pobreza é algo extremamente complexo. Pode
ser feita levando em conta algum juízo de valor, em termos relativos ou absolutos. Pode
ser estudada apenas do ponto de vista econômico ou incorporando aspectos não-
econômicos à análise, sendo contextualizada de forma dependente ou não da estrutura
sócio-política da sociedade, o que não será explorado neste texto.

De acordo com Chichava (19), a linha de pobreza é definida como a métrica do valor
monetário que um agregado particular necessitaria para alcançar um padrão de vida
mínimo, num determinado local e num determinado ano.

Combate à pobreza urbana constitui um dos principais desafios do governo, na sua acção
visando a promoção do bem-estar de todos os cidadãos e o desenvolvimento de
moçambique.

De acordo com o Plano de Acção para a redução da Pobreza (PARP, 2011-1014) define
se pobreza como falta de rendimentos necessários para a satisfação das necessidades
básicas de indivíduos, familías e comunidades residentes nas zonas urbanas.

A pobreza resulta de uma combinação de factores, tais como a incapacidade da economia


de gerar postos de emprego suficientes e de crier condições de vida decentes; a expansão
demográfica não acompanhada de provisão de infra-estruturas e serviços básicos,(idem).

Perante os diferentes níveis de pobreza as desigualdades nas várias zonas urbanas, há


necessidade de identificação de opções estratégicas de intervenção, para cada local, tendo
em conta a disponibilidade e acesso relativo aos recursos e mecanismos de combate à
pobreza. Isto implica a definição de um conjunto de medidas diferenciadas para cada
local,(idem).

Pobreza Urbana- pode ser entendida em vários sentidos, principalmente:

 Carência cogonal; tipicamente envolvendo as necessidades da vida cotidiana


como alimentação, vestuário, alojamento e cuidados de saúde. Pobreza neste sentido
pode ser entendida como a carência de bens e serviços essenciais.

25
 Falta de recursos econômicos; nomeadamente a carência
de rendimento ou riqueza (não necessariamente apenas em termos monetários). As
medições do nível econômico são baseadas em níveis de suficiência de recursos ou em
rendimento relativo.Carência Social; como a exclusão social, a dependência e a
incapacidade de participar na sociedade. Isto inclui a educação e a informação.
Olhando para os aspectos acima citados, percebe-se pobreza como falta de bem estar
social, onde os bairros da capital provincial de Tete, apresentam- nos condições précarias
por vezes confundido com alguns povoados circuvizinhos. Pobreza é não perceber o dia
quando nasce, ficando a espera do que aparecer.

2.4 Revisão da Literatura Teórica

Breve Introdução

Nesta secção faremos a revisão da literatura teórica e buscar trabalhos no estrangeiro e


dentro do país de individuos que escreveram sobre o mesmo tema, de seguida fazer se
uma comparação dos trabalhos em relação ao tema em estudo.

2.4.1 Literatura Teórica

A – Teoria do Sector Informal

Neste subcapítulo vai se trazer as teórias relacionados com o tema em discussão: sector
informal, pobreza urbana. A literatura apresenta teórias acerca do sector informal pois ao
longo dos anos ouve-se muito falar em sector informal. Deste modo, com base em
Negrao,(2006, cit por Baptista, 2013, p. 19) o neoliberalismo pode ser divido em duas
vertentes: A primeira significou uma doutrina voltada para adaptação do liberalismo
clássico as exigências de um estado regulador e assistencialista. Esta doutrina permitia
com que o mercado estivesse no total control, e qualquer tipo de intervenção estatal na
economia e na sociedade. Segundo Baptista (2013) pode se definir neoliberalismo como
um conjunto de ideias políticas e económicas capitalistas que defende a não participação
do estado na economia. De acordo com esta doutrina, deve haver total liberdade de
comércio (livre mercado), pois este princípio garante o crescimento económico e o
desenvolvimento social de um pais.

26
Esta doutrina está centrada na ideia da absoluta liberdade de mercado, abertura comercial
e especialmente financeira e na redução do tamanho e papel do estado, é nesse segundo
sentido que o termo é mais usado até hoje em dia.

B- Teorias da Pobreza Urbana

A exploração de diferentes conotações da pobreza e os conceitos que daí emergem para


o contexto urbano, são importantes não só para a clarificação teórica do tema, mas
também para os caminhos metodológicos que sugerem para a discussão de politicas
relevantes a este problema.

Segundo Barbedo (2007, p. 23), a investigação em torno da pobreza urbana tem uma
tradição muito maior nos países ocidentais do Norte, onde a maioria da população
vive predominantemente em áreas urbanas desde a primeira metade do século XX. Ao
longo do trabalho, desenvolveram-se teorias na tentativa de melhor compreender os
fenómenos de pobreza urbana. Algumas teorias explicam as causas destes fenómenos
através da inferioridade de determinados indivíduos ou grupos sociais, justificando a
perpetuação de uma patologia social; por outro lado, a pobreza é interpretada como
o resultado de uma sociedade injusta, estruturada sobre um sistema político e
económico que discrimina os grupos sociais mais desfavorecidos. A primeira teoria
funda-se no pensamento individualista, justifica políticas económicas ultraliberais e
legitima a descriminação social e racial. Individualismo é um
conceito político, moral e social que exprime a afirmação e a liberdade do indivíduo frente
a um grupo, à sociedade ou ao Estado, (Barbedo, 2007).

O Homem do renascimento passou a apoiar a competição e a desenvolver uma crença


baseada em que o homem poderia tudo, desde que tivesse vontade, talento e capacidade de
acção individual.

A segunda alternativa funda-se nas teorias Marxistas e defendem um papel mais


intervencionista do Estado na promoção de políticas de equidade, analisando a pobreza
enquanto construção social. Apesar da pobreza urbana ser um tópico de pesquisa
relativamente recente, tem sido desenvolvidos esforços para compensar esse
desajustamento.

27
2.5 Revisão da Literatura Empírica

Nesta sub-secção, procuramos trazer alguns estudos realizados no estrangeiro,


relacionados com o tema da monografia, sobretudo no brasil.

2.5.1 Sector Informal Urbano, Estudo do Comércio Ambulante

Conceição (2010) fez um estudo no Brasil com o tema: sector informal urbano, estudo do
comércio ambulante. O estudo em causa tinha como objectivo “ análise do segmento do
sector informal que compreende o comercio informal”. Na metodologia do estudo usou se
entrevistas frente a frente para recolha de dados e debates com tema informalidade na
economia, visto que é um estudo qualitativo, o seu estudo teve lugar em quatro regiões do
municipios do rio de janeineiro nomeadamente Duque de Caxia, Madureira, Meier e
Centro.
Conceição (2010) concluiu que o sector informal é heterogénio compreendendo
organizações que vão desde empresas quase capitalistas à organizações familiares. Diz ele
que o comércio ambulante é uma actividade predominantemente ilegal, mais de metade
dos entrevistados não têm licença, que autoriza a actividade. Acrescenta dizendo que as
acções do Governo sempre incetivadas pelo comércio formal estabelecido são ameaçada
pelo comércio informal, isso faz com que haja uma organização frágil e incerta. Nesse
sentido, as relações de trabalho internas ao comercio informal, bem como as relações
com ofertantes e consumidores são marcadas pela instabilidade e, estão sempre sujeitas a
serem rompidas de um momento para o outro.
Conceição (2010 ) concluiu ainda que a obtenção de licença é dificultada por processos
burocráticos e complicados, aliados a exigências especificas, muitas vezes não cumpridas
pelos trabalhadores, alternativas tipicamente informais surgem como solução para esta
questão. Por outro lado, observa-se a contratação de deficientes físicos para a obtenção
de licença através da lei 19 . Por outro lado procura-se sanar a falta da licença através de
agrados e subornos aos fiscais. Conceicao (2010), acrescenta dizendo que entretanto, no
comercio ambulante, relações de trabalho quase capitalistas. E até seria o caso do que
se chamou de assalariados informais. Observou-se que um terço dos trabalhadores
entrevistados faz parte deste grupo de comerciantes que, na informalidade, se
submetem a patrões em troca de salários ou de pequenas participações nos lucros.
Embora trabalhem em condições semelhantes às de seus patrões- os conta própria- , os
assalariados do comercio ambulante têm menores rendimentos e exercem a actividade,
28
predominantemente, em carácter provisório.

Fazendo uma breve comparação entre os dois estudos percebe-se que, quanto ao tema
Conceição (2010) fez seu estudo no sector informal, especificamente no estudo do
comércio ambulante, portanto os resultados são apenas no comercio ambulante e não de
uma forma geral. O estudo em causa neste monografia tem como o tema contribuição do
sector informal na redução da pobreza urbana na cidade de Tete, envolve este sector duma
forma geral e os resultados são de uma forma geral
Conceição (2010) teve como objectivos no seu estudo análise do segmento do sector
informal que compreende o comercio informal e o tema em estudo tem como objectivo
Analisar a contribuição do sector informal na redução da pobreza urbana.
O estudo de conceição dá-se em quatro distintas regiões do município do rio de janeiro:
Duque de Caxias, Madureira, Méier e centro,este estudo é feito em apenas no ano de
2010, enquanto que o tema deste projecto enolve o periodo 2012 à 2014, sendo local
escolhido a cidade de Tete, os dois trabalhos são feitos em municipios. Conceição
(2010) na sua metodologia de estudo usou entrevistas frente a frente e debates, o tema da
monografia enfatiza observação, entrevistas e questinários. Os dois estudos tem o enfoque
qualitativo.

2.5.2 Revisão da Literatura Focalizada.

Nesta sub-secção, procuramos trazer alguns estudos realizados dentro do país,


relacionados com o tema de pesquisa, sobretudo em Moçambique.
O contributo do sector informal para renda familiar na comunidade de kuachena.

Baptista (2013) fez um estudo com o tema:o contributo do sector informal para a renda
familiar na comunidade de kuachena. O estudo tinha como objectivo de analisar o papel
do sector informal na melhoria de renda familiar na comunidade de kuachena. Na
metodologia, para recolha de dados usou a observação não participante e dos inquéritos
(questionários e entrevistas), já que se trata de uma pesquisa explicativa.

Baptista (2013) concluiu que o seu estudo trouxe perspectivas dos resultados a partir do
campo, avançando que o sector informal é de caracter individual e é a nível local. A maior
parte dos produtos vendidos são produzidos localmente. Baptista (2013) afirma ainda,que

29
o sector informal proporciona a sobrevivência da população residente,à medida em que há
falta de emprego,e as mesmas tornam-se empreendedoras e criativas.

Baptista (2013) concluiu ainda que há renitência no sector informal para esta população
por falta de outras actividades a desempenhar e o nível de escolaridade determina o modo
de vida para satisfazer as suas necessidades. Diz ainda que o nível de escolaridade é o
garante da especialização e profissionalização da mão- de- obra que poderá satisfazer as
comunidades para o bem estar social das mesmas. Mas tambem não descarta a ideia de
que as mesmas não são suficientes para o agregado familiar, mas ela suporta todas as
necessidades. E por fim concluiu que os valores ganhos é para as necessidades básicas das
familias.

Fazendo uma breve comparação entre o estudo acima e o do tema em causa percebe se
que, Baptista (2013) no seu estudo tem como tema o contributo do sector informal para
renda familiar na comunidade de kuachena, percebe-se deste tema que pretende- se saber
como este sector tem contribuido na renda, enquanto que, o tema em estudo é análise da
contribuição do sector informal na redução da pobreza urbana. E existe aqui um dado
comum a contribuição, a diferença é que Baptista (2013) quer renda familiar e o
pesquisador quer redução da pobreza urbana, mas dois temas têm o mesmo destinatário
temático. No que diz respeito ao objectivo Baptista (2013) tinha de analisar o papel do
sector informal na melhoria da renda familiar e o tema em estudo objectiva analisar a
contribuição do sector informal na redução da pobreza urbana. Nestes dois temas, existe
no fundo uma semalhança próxima, até do conteudo temático, Baptista quer melhorias e o
pesquisador quer redução.

Baptista (2013) apenas escolheu o ano 2013 para o seu estudo e o local é o povoado de
kuachena, cidade de Tete. O pesquisador escolhe a cidade de Tete como local de estudo no
periodo 2012 a 2014. Isto significa que algumas caracteristicas do Baptista poderam
constar nesta monografia. Nestes dois estudos há uma conscidência pura, enfoque
qualitativo, objectivo explicativo, método indutivo. Havendo esta semelhança pode se
esperar resultados próximos.

30
CAPITULO III: DESENHO METODOLÓGICO DA INVESTIGAÇÃO

3.1 Breve Introdução

Neste capítulo fez-se uma abordagem teórica qualitativa, porque pretendeu-se descobrir a
realidade dos fenómenos sociais. Este tipo de pesquisa envolve recolha de dados, mas
sem utilizar medições numéricos, mas sim analisar a informação. São ainda referidas neste
capitulo as estratégias de recolha de dados durante a investigação, através de inqueritos,
observação, entrevista e um cruzamento bibliográfico.

3.2. Tipo de Pesquisa/Estudo


Para um bom entendimento é importante antes definir pesquisa, que Segundo Guerra
(2008, citado por Baptista, 2013, p.47) diz que pesquisa é um processo sistematico de
construção de conhecimento que tem como metas principais gerar novos conhecimento
e/ou corroborar ou refutar alguns conhecimentos pre-existente.

O tipo de pesquisa quanto ao enfoque foi o qualitativo porque de acordo com Vilelas
(2009), a investigação qualitativa é a forma de estudo da sociedade que se centra no modo
como as pessoas interpretam e dão sentido ou privilegiam as suas experiências, e ao
mundo em que elas vivem. Portanto, segundo esta abordagem, o estudo baseiou-se na
interpretação dos fenómenos. Portanto, a pesquisa qualitativa implica o uso de valores,
crenças, representações, hábitos, atitudes e opiniões e serve para explicar situações
referentes a um determinado grupo.

Portanto a escolha dessa abordagem qualitativa, deve-se ao facto de a monografia basear-


se em fazer uma análise qualitativa na importância da contribuição do sector informal na
redução da pobreza, procurando analisar os dados numa forma qualitativa.

3.3. Quanto ao Objectivo

Nesta monografia quanto ao objectivo foi usado a pesquisa explicativa; porque a


finalidade é de fazer compreender o sentido ou significado dos aspectos naturais narrados
pelos agentes do sector informal. Segundo Sampieri, Collado e Lúcio (2006), os estudos
explicativos têm como base fundamental identificar os factores que determinam ou que
contribuem para a ocorrência dos fenómenos. É o tipo que mais aprofunda o conhecimento
da realidade porque explica a razão ou a causa, o porque das coisas. Por isso, é o tipo mais
31
complexo e dedicado. O conhecimento científico tem como base os resultados oferecidos
pelos estudos explicativos e pretende criar uma teoria aceitável a respeito de um facto.
Acrescentam os autores em citação que os estudos explicativos procuram responder as
causas dos acontecimentos, dos fenómenos.

Deste modo esse estudo procurou fazer um estudo explicativo da importância que a
contribuição do sector informal tem na redução da pobreza urbana procurando analisar
algumas características de uma forma mais profunda.

3.4. Técnicas de Recolha de Dados


Em primeiro lugar, foram realizadas pesquisas em artigos disponibilizados em bases de
dados online e pesquisa bibliográfica sobre Pobreza urbana, de acordo com Lakatos e
Marconi(1985) a pesquisa bibliográfica ou fontes secundárias é a recolha de toda
informação escrita e já tornada publica começando de publicações avulsas...até
conferências. As técnicas de recolha de dados que iremos usar serão a Observação,
Questionários e Entrevistas.

De acordo com Vilelas (2009) a observação consiste no uso sistemático dos nossos
sentidos orientadores para a captação da realidade em estudos, para além de ver e ouvir
consiste tambem, em examinar os fenóminos em estudo. Com esta técnica o pesquisador
pode obter provas sobre o que orienta o comportamento dos indivíduos. Para esta parte da
pesquisa a observação foi feite de maneira não participante, ou seja, o pesquisador
observou de longe para poder ter a realidade dos factos em estudo e examinar todos os
fenómenos necessários.

3.4.1 Entrevista

Segundo Gil (1996), a entrevista é uma técnica de colecta de informação sobre um


determinado assunto directamente solicitados aos sujeitos pesquisados. Gil acrescenta
dizendo que a entrevista é uma técnica que o investigador apresenta ao entrevistado e lhe
formula perguntas, com objectivo de obtenção de dados que sustentem a investigação.

Conforme Marconi e Lakatos (1996), a entrevista é feita entre duas pessoas com finalidade
de que uma delas obtenha informação de acordo com o assunto mediante uma conversa
profissional, é uma conversa de frente a frente de uma forma sistemática. Os dados

32
primários foram recolhidos a partir das entrevistas, observação e questionário e os
secundários através de artigos científicos, bibliografias e arquivos sobre o tema em causa.

Segundo Gil (1996), a entrevista é uma técnica de colecta de informação sobre um


determinado assunto directamente solicitados aos sujeitos pesquisados. O mesmo autor
acrescenta referindo que a entrevista é uma técnica que o investigador apresenta ao
entrevistado e lhe formula perguntas, com objectivo de obtenção de dados que sustentem a
investigação.

Segundo Carmo e Ferreira (1998), as entrevistas contribuem para descobrir os aspectos a


ter em conta e alargam ou rectificam o campo de investigação das leituras. Elas têm uma
função principal que é revelar determinados aspectos do fenómeno estudado em que o
investigador não teria espontaneamente pensado por si mesmo, permitindo averiguar
factos, obter opiniões sobre os factos, obter sentimentos entre outros aspectos. Por essa
razão, é essencial que a entrevista decorra de uma forma muito aberta e flexível e que o
investigador evite fazer perguntas demasiado numerosas e demasiado precisas.

A presente monografia baseou-se numa entrevista não estruturada que, conforme Marconi
e Lakatos (1996), é o tipo de entrevista em que as perguntas são abertas e podem ser
respondidas numa conversa não formal. No presente trabalho a entrevista foi feita aos
operadores do SI, ao funcionario do conselho municipal na area de impostos , porque estes
eram capazes de ir ao encontro do que era pretendido no presente texto.

3.4.2 Questionário

O questionário é um conjunto de questões sistematizadas que devem ser respondidas por


escrito e que se destinam a conhecer opiniões de forma escrita por parte dos sujeitos
pesquisados (Gill, 1996). De acordo com Marconi e Lakatos (1996), trata-se duma técnica
que tem várias vantagens como economizar o tempo e as viagens, e obtém grande número
de dados, atingindo maior número de pessoas em simultâneo, obtém respostas mais
rápidas e mais precisas, há maior liberdade nas respostas.

A escolha dessa técnica (questionário) para a recolha de dados é pelo facto de apresentar
múltiplas vantagens para a nossa pesquisa e a possibilidade de atingir um grande número
de amostras e permite que as pessoas respondam as questões que acharem capazes, e
foram inqueridos neste âmbito os operadores do SI do mercado canongola.

33
Para a materialização do trabalho realizado no mercado do canongola no municipio da
cidade de Tete, foi usado o modelo de análise de conteúdos que constitui metodologia de
pesquisa usada para descrever e interpretar o conteudo recolhido deste local. Para tal , a
materialização passou por várias fases a destacar: Preparação da informação,
transformação do conteudo, classificação das unidades em categorias, descrição e
interpretação.

3.5. Técnicas de Análise de Dados


Para análise e interpretação de dados, foram usadas sobretudo as técnicas de análise
qualitativa, uma vez que trata-se de uma pesquisa qualitativa. Mas também, um
cruzamento da informação na análise dos dados recolhidos dos questionários, entrevistas e
revisão bibliográfica. Recorreu-se ou previlegiou-se o método indutivo das respostas
dadas pelos trabalhadores inseridos no sector informal, porque segundo Carmo e Ferreira
(1998 , p. 179) os investigadores tendem a analisar a informação de uma forma” indutiva”,
desenvolvem conceitos e chegam a compreensão dos fenómenos a partir dos padrões
provenientes da recolha de dados.

3. 6. População e Participantes do Estudo (Fontes da Informação)


A população em estudo foram os vendedores do sector informal que actuam nas bancas,
ambulantes. Carmo e Ferreira (1998, p. 191) descrevem a população alvo como “ o
conjunto de elementos abrangidos por uma mesma definição. Esses elementos têm,
obviamente, uma ou mais características comuns a todos eles, características que os
diferenciam de outro conjunto de elementos”. O estudo do caso foi constituído por um
conjunto de cem vendedores na actividade informal, que é parte da população da cidade
de Tete . Neste caso o questionário foi submetido a 100 activistas do sector informal para
colher informações e opiniões sobre a importância que tem na redução da pobreza urbana.

34
CAPÍTULO IV: APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E TRATAMENTO DOS DADOS

4.1. Breve Introdução


Neste capítulo procedeu-se a apresentação, análise e discussão dos dados colhidos no
Mercado, seja elas pelas entrevistas, pela observação ou pelas experiências vividas. A
apresentação de resultados será feita pelas respostas das questões de pequisa estabelecidas
na parte introdutória.

4.2. Caracterização do Local do Estudo


O mercado canongola localiza se a sudeste da cidade de Tete (a cidade já foi descrita no
primeiro capítulo), para muitos é conhecido como mercado do cabrito porque é onde
localiza se a maior venda deste gado e bovino. O mercado situa-se no bairro Samora
Machel, sendo o segundo maior mercado informal da cidade. Atravessado pela estrada
nacional nº 07 , há vendas em ambas as margens com variedade de produtos desde milho
até a pecas de motorizadas, talhos, pequenos restaurantes, ferragens e oficinas diversas. O
mercado conta neste momento com o posto da policia municipal e fiscais de cobrança de
taxas, com cerca de 650 bancas legais e um número não estipulado de vendedores
ambulantes, foi constituido como mercado em 1988, contam os antigos vendedores que de
mato passou para cidade onde pode se encontrar lojas e armazéns nos arredores.
Reclamam os vendedores que o mercado precisa de uma reabilitação, pois ao longo
observa se valas descarregando águas negras e com produtos de primeira necessidade
expostos ao ar livre , o que periga a saúde pública. Mesmo com a cobrança de taxas diarias
a sua reabilitação esta longe de se concretizar. A maior parte das bancas são de construção
precária, sendo fatal a sua destruição apenas com um pequeno vendaval.

4.3. Resultados Obtidos apartir do Inquerito

4.3.1. Escolaridade
Nesta categoria fez se análise do grau de escolaridade dos 100 elementos participantes e
constatou se que no SI, acima de 50% possui o nivel primário, seguido de ensino médio,
o que quer dizer existe um nível aceitável para esta actividade, mas o melhor seria o
nível pre-universtário.

35
Os resultados dos inquiridos mostram que, relativamente às qualificações académicas,
53% possui ensino primário (1ª a 7ª classes), 32% tem ensino básico (8ª a 10ª classes),
14% ensino secundário ou pré-universitário (11ª a 12ª classes), estes dados mostram que a
maior parte estão no SI por refúgio a fome, por falta de emprego no formal esta é a opção,
sem ideia de um dia passar a niveis formais e sem ideia de empreender para progressão na
vida, alías porque esta actividade não precisa de conhecimentos formais.

Grafico 1: Escolaridade

7ªclasse
10ª classe
12ª classe
univ.

Fonte:Extraido do Inquerito, 2016

O nivel de escolaridade determina como as pessoas se orientam na sociedade e serve de


indicador para verificar o nível de vida das familias. Para este grau, a escolaridade garante
vários factores da vida, a profissionalização e especialização da mão de obra para o
melhoramento do bem estar social. O ensino tem um papel muito importante na sociedade,
sendo a necessidade de se fazer o investimento nele que seja pessoal ou aos filhos a
frequentar as escolas, para que seja visto como um espaço de realização.

Para Gomez (2007, citado por Baptista 2013,p.57) afirma que

“A educação não pode ser entendida como previlégio de


uma classe, de uma sociedade ou de uma cultura, mas o
atributo próprio da natureza do homem que se faz real nas
acções e no cenário da vida quotidiana de todas as
comunidades humanas” .Gomez (2007)

A educação completa-se com os termos alfabetização e escolaridade. A alfabetização é


capacidade de ler e escrever e interpretar de forma técnica simbolos ou letras, que formam
palavras.

Ainda nesta categoria fez se a seguinte questao: tem emprego formal? Os 100

36
participantes em estudo,encontramos o resultado seguinte: Sob o ponto de vista de
situação profissional, 97.7% dos operadores não possui emprego formal. Por outro lado,
29.6% possui um rendimento acima dos 10.000 meticais, situando-se o segundo maior
grupo (8.6%) na fasquia dos 1750 meticais e o restante divide-se em outros subgrupos
de rendimento. Os resultados monetários da actividade são partilhados, para a maior
parte dos vendedores, por agregados de uma média de 3 pessoas (55.1%), seguindo-se os
que vivem com uma média de 7 pessoas (39.5%) e finalmente os que têm mais de 10
pessoas (5.3%).
A impossibilidade destes operadores encontrarem emprego no sector formal está
positivamente correlacionada com a percepção do SI como um escape à miséria,
confirmando-se a nossa intuição sobre as fraquezas institucionais e políticas como
explicações para a opção dos agentes pelo informal. Contudo, essa falta de emprego no
sector formal revela-se insignificante para os operadores que percepcionam estar a
enriquecer, o que sugere que este grupo se tenha engajado conscientemente nesta
actividade como opção clara de negócio assumido de forma permanente, tal pode se
confirmar pela Dona Delfina que não escapou a entrevista:
“ nós somos informais, mas informais legais porque
pagamos taxas ao municipio…é melhor estar aqui a
vender porque ajudo nas despesas de casa e sobra pouco
para fazer o xitique…estou bem assim, o meu rendimento
é maior do que quem trabalha no Estado, por isso nunca
vou deixar prefiro ensinar meus filhos o mesmo
trabalho…” Delfina (2016).

Dona Delfina vendedeira de milho no mercado canongola desde 2004, busca o produto
no vizinho distrito da Maravia, antes vendia para não ficar em casa, mas passado algum
tempo passou a ser sua profissão porque dá lucro, e esta é uma amostra clara de
passagem de miséria para a riqueza, porque Segundo Delfina está a ficar rica. Para
justificar os motivos da prática do SI , 73.4% referiu-se à falta de emprego formal,
sendo que esta actividade constitui a única alternativa de obtenção de rendimento. A
percentagem restante distribui-se entre aumento do rendimento, falta de instrução para
aceder a um emprego formal, pressão social envolvente e influência de familiares e
amigos. Antes de iniciarem a prática do comércio a maioria dos operadores
(45.8%) exercia outras actividades, geralmente de carácter informal, tais como
vendedor ambulante, servente na construção civil, mecânica, trabalho doméstico,
mecânica, serralharia, costura, venda de refeições, etc.

37
Se o SI não existisse 65.8% dos operadores preferiria outras actividades do sector
informal e só 27.2% optaria por um emprego formal, havendo inclusive uma
pequeníssima percentagem que se sentiria melhor desenvolvendo actividades ilícitas ou
na ociosidade. A percepção de ausência de transparência no preenchimento de vagas na
função pública parece ser visto pelos comerciantes como um determinante de exclusão,
pois 77.7% apontou o facto de o processo envolver esquemas de corrupção e nepotismo,
o que é confirmado pela circunstância de 78.4% ter denunciado a ausência de
meritocracia e o favoritismo com base em laços familiares. Esta percepção é consistente
com o sentimento que 72.1% têm de que as políticas públicas não acautelam a
actividades que decorrem na economia informal.

Não obstante a constatação do parágrafo anterior, 56.1% dos vendedores aceitariam


trabalhar no sector formal porque sentem que estariam protegidos pela lei, querendo
significar que teriam direito à reforma, vencimento regular, segurança no emprego e
direito a descanso semanal. Outro grupo, que perfaz 15.3%, referiu que aceitaria um
emprego formal porque seu rendimento seria maior. Este grupo coincide com os que
têm os mais baixos rendimentos com a prática de venda. Entretanto, há os que têm
uma percepção justamente contrária, pois acham que no formal ganhariam menos
(13.6%), outros porque preferem ser patrões de si próprios (9.6%) e os que acham
que longe do formal estão livres da burocracia que caracteriza aquele sector.
Relativamente à influência das políticas sociais no comércio, critérios de preenchimento
de vagas no sector formal e a politização das associações, os resultados da pesquisa
revelaram valores estatisticamente insignificantes, não tendo sido possível aferir o
impacto destas variáveis nas percepções de redução de pobreza e criação de
riqueza. Contudo, se tomarmos em consideração as respostas dadas pelos inquiridos, o
sentimento de insatisfação face à actuação do governo (72.1%) não pode ser ignorado. De
facto, tal percepção é consistente com a lógica de partidarização das instituições do
Estado e favoritismos entre militantes do partido dominante, o que na óptica do autor
Chivangue (2012) demonstram a ausência de emancipação necessária para a construção
duma burocracia moderna no sentido weberiano.

38
4.2. Redução da Pobreza e Aumento da Riqueza

Em conformidade com estes dois pontos foram questionados, tendo a maioria dito que o
sector informal reduz a pobreza e aumenta a riqueza.

Os conceitos de pobreza e riqueza no contexto urbano moçambicano relativizam- se


mas permanecem fortemente ligados à dimensão material. Com efeito, durante
aplicação do inquérito para este estudo foi possível observar que alguns vendedores, em
muitos casos mulheres que exercem a actividade há algum tempo, possuem carros
pessoais para o transporte da sua mercadoria, quando muitos recorrem aos serviços de
transportadores que se dedicam a essa actividade particular. Para além disso, estas
mesmas senhoras ostentam colares, brincos e pulseiras de ouro, o que dá visibilidade à
sua prosperidade e estatuto comparativamente com os outros agentes que operam no
mesmo mercado.
À primeira vista, o operador pobre distingue-se do não pobre pelo espaço que ocupa
dentro do mercado. Os vendedores comercializam os seus bens em camiões e em bancas
enquanto alguns intermediários e os que vendem de forma fraccionada ficam na cintura
do mercado, ao sol e com os produtos amontoados por cima duma capulana ou cartolina.
A distinção pode ser feita inclusive através da indumentária. Contudo, poucos neste
último grupo se consideram pobres, pois para estes só se está em situação de pobreza
quando se é incapaz de trabalhar por motivos de doença e sem condições de alimentar a
si e sua família.
Para reforçar os argumentos dos dois parágrafos anteriores importa recuperar uma das
variáveis que procura explicar os factores determinantes para a prática do comércio,
nomeadamente a consciência individual. Do ponto de vista da teoria da acção humana,
para que uma pessoa execute um determinado comportamento são necessários alguns
requisitos dos quais destacamos dois: crença na existência de maiores vantagens do que
desvantagens e reacções emocionais positivas para a execução de determinado
comportamento (etica social).

Como é óbvio, não deixar-se morrer a fome ou poder fazer negócios e melhorar o bem-
estar figuram como alguns dos principais aspectos para a satisfação das necessidades
básicas humanas, podendo assumir-se qualquer oportunidade que ajude a concretizar
estas aspirações como uma vantagem. No caso em estudo, o comércio pode ser visto
como sendo essa oportunidade e os agentes constrangidos pelo contexto executam o
39
comportamento no sentido de aproveitá-la. Outrossim, as reacções emocionais positivas
exercem um efeito de retroalimentação, pois a percepção de estarem a exercer uma
actividade honesta reforça a propensão para a realização de tal acção. Para Mosca (2010,
p.84) questiona se o comércio informal não será um factor de alívio da pobreza a curto
prazo que a governação cria, em benefício da concentração da riqueza, da manutenção de
uma crise de intensidade suportável e que termina por comprometer o crescimento estável
a longo prazo? Esta questão denota uma preocupação com o desenvolvimento económico
em termos globais e o autor sugere que, numa situação em que o crescimento económica
não resulta em spillover effect, a economia informal poderá estar a ser usada pela elite
governante como uma esponja atenuadora de potenciais conflitos sociais que
ocorreriam na sua ausência
Sendo assim a percepção de redução de pobreza apresenta forte correlação com as fontes
de financiamento, podendo significar que quanto maior acesso têm a fontes alternativas
de crédito maior é o seu sentimento de estarem menos pobres. O xitique e empréstimos
recebido de familiares ou amigos constituem alguns dos mecanismos que garantem a
reprodução e manutenção destes agentes, confirmando-se a pertinência de integrar a
relação social quando se analisa as lógicas e práticas destes homens de negócios, ainda
que o recurso às instituições estruturantes do mercado, como seja o crédito bancário,
constituam recurso importante para o sucesso da actividade.

Gráfico 02: Pobreza/ Riqueza

Sector Informal

Sector informal
reduz a pobreza

Sector informal
não reduz a
pobreza

Fonte: Extraido do Inquerito,2016

Todavia, quando questionados se o SI reduz a pobreza 90.7% referiu que sim e só 9.3%
acha que não. Esta percepção é consistente com o facto de 84.4% utilizar o rendimento
mais na realização de despesas caseiras (incluindo pagamento de estudos e saúde para seu
agregado e remodelação da habitação ou construção de uma casa de alvenaria) do que em
40
reinvestimento na sua actividade (5.6%), compra de bens de luxo (0.7%) e constituição
de poupanças na forma de depósito a prazo (9.3%). Por outro lado, verifica-se uma
sintonia entre percepção de redução de pobreza e percepção de riqueza, pois a maior parte
dos pequenos empresarios (54.5% contra 45.4%) sente estar a ficar rica com a prática do
comércio. Os valores das duas percepções estão acima dos 50%, com destaque para a de
redução de pobreza que está próximo dos 100 participantes do estudo.

4.3. Pagamento de Impostos e Associações


Nesta categoria questionados sobre o imposto, estudos mostram que ,97,3% não pagam
impostos, ficando então neste grupo o município a recolher as taxas diárias, a restante
percentagem paga impostos mas em regime simplificado. Segundo as informações, existe
um sentimento por parte das autoridades em formalizar estes pequenos empresários de
modo que o Estado possa ter ganhos neste sector.

Apesar da apreensão que a questão suscita no meio académico local, o facto é que as
autoridades governamentais reconhecem o papel decisivo do sector informal e das
pequenas empresas no desenvolvimento da economia moçambicana. Entretanto, pouco
ou quase nada tem sido feito sob o ponto de vista de políticas no sentido de maximizar as
suas potencialidades. Muitos oficiais governamentais continuam a achar que o informal
irá integrar-se no formal através da aplicação escrupulosa dos dispositivos legais. A
entrevista efectuada a directora da área fiscal dos Mercados do Conselho Municipal
de Tete (CMT) é reveladora dessa falta de clarividência

Quando falamos da formalização, estamos a dizer que eles [operadores


informais] devem passar a ser tributados. O Imposto Simplificado para
Pequenos Contribuintes vem justamente apanhar esta gente. […]
Acontece que hoje o país está muito informalizado. Grossa parte do
comércio é informal e nós precisamos de dinheiro, por isso temos de
incentivar esta contribuição ( A . / C M C T , 2 0 1 6 )
Ainda sobre a percepção das autoridades estatais em relação ao comércio informal,
Macamo (1999, citado por Chivangue,2012, p.16) salienta que os oficiais públicos são
de opinião que o comércio informal devia ser formalizado, referindo-se ao registo da
actividade. Como já se referiu, a noção de formalização que estes agentes estatais têm
prende-se com o acto de registo da actividade, ignorando que são os diversos

41
constrangimentos ligados ao funcionamento da burocracia que acabaram por exercer um
efeito desespero de alguns operadores hoje informais. Mais, de acordo com Byiers
(2009), existe um custo e benefício para a formalidade, sendo que o actual sistema
oferece insuficientes benefícios para a formalização, considerando o custo envolvido.

Gráfico 03: Associações

Associações no Sector Informal

Razoaveis
Boas
Mau
Muito mau
Muito boa

Fonte : Extraido do Inquerito,2016

Nesta categoria foram inquiridos sobre as associações: no que concerne ao papel das
associações na organização das actividades do sector informal, num total de 100
participantes, 48.5% classifica-as como sendo razoáveis, porque não se sente satisfeitos
com a sua actuação e 31.2% como boas, porque mais da metade dos problemas destes
associados são resovidos, sobrando 15.3% para desempenho mau, porque não há
nenhuma solução nas associações,3.0% para muito mau e 2.0% para muito bom. Não
obstante, há que ter cautela com este resultado pois observa-se que muitos operadores se
desvincularam das associações ou que mesmo nunca tenham feito parte delas. Contudo,
por alguma razão os vendedores não se sentiram a vontade para referi-lo no momento em
que os dados para o presente trabalho foram colectados.
A cautela sugerida no parágrafo anterior é reforçada pelo facto de 58.5% nunca ter
recorrido a associação para resolver qualquer espécie de problema, tendo 19.6% recorrido
uma vez, 18.9% de duas a cinco vezes, 1.0% de seis a dez vezes e 2.0% mais de dez
vezes, o que confirma a conjectura de que as associações do sector informal são elitistas e
perseguem objectivos pouco claros. Ao fraco papel da associação acresce-se a percepção
dos micro-importadores segundo a qual as associações estão partidarizadas (62.1%)
contra 37.9% que pensa que não estão, o que poderá estar (ou não) na causa desse
afastamento.
Era aceitável que as associações desempenhassem um papel activo na remoção das
42
restrições que constituem impedimentos ao crescimento dos vendedores. Contrariamente,
os dados mostram que o papel das associações é nulo e mesmo contraproducente na
actividade do comércio, o que reforça o argumento segundo o qual estas organizações
buscam objectivos que se afastam dos interesses dos seus membros na medida em que se
pautam por outro tipo de prioridades como seja defender os interesses do partido no
poder aquando das campanhas eleitorais.

4.4 Forma de Contribuição do Sector Informal


Este ponto faz parte do primeiro objectivo especifico que o presente texto quer analisar,o
sector informal contribui muito na vida dos mocambicanos, porque é atraves dela que cria
se formas de ganhar algo para sobrevivência. Muitos fazem actividades de prestação de
serviços tais como: carpintaria, pedreiro, serralheiros ,etc. Mas destas actividades a que
mais contribui para a redução da pobreza é o comércio.

Segundo a investigação deste trabalho foi notório observar que existem os chamados
donos dos seus nariz, ou seja patrões do seu próprio negócio que já não pensam em
trabalhar para outros devido a sua rentabilidade que é maior. Na sua actividade empregam,
na maior parte, de um à seis trabalhadores nas suas bancas, e isso mostra que o sector
informal abre espaço de empregabilidade de pessoas oriundas das zonas urbanas e rurais.
Segundo Mosca (2010,p.85) o Sector Informal contribui para a redução da pobreza,
geração de auto-emprego, criação de rendimentos e acalma eventuais manifestações e
revoltas, sendo deste modo a forma de contribuição do sector informal na redução da
pobreza é criando emprego de modo que as pessoas tenham uma ocupação e terem um
rendimento mensal. De acordo com os nossos dados 97% dos inquiridos trabalham com o
sector informal e que o nível de escolaridade é de 7ª classe, o que coresponde ao número
de individous vindos das zonas rurais em busca de oportunidade de vida nas cidades.

A outra forma que o sector informal contribui na redução da pobreza é o facto de abrir
espaço principalmente para as senhoras começarem a praticar alguma actividade, alias
Mosca( 2010) defende que este sector altera o papel da mulher na sociedade e na
economia, pois , é a partir do comércio informal que as mulheres começaram a assumir um
papel activo e directo na integração do mercado. Segundo este facto de acordo com a
observação no mercado canongola as mulhres tomam conta do negócio e com melhores
bancas que os homens.
43
4.5 Contribuição Feita pelo Sector Informal
Sendo este ponto referente ao segundo objectivo específico, vamos desde já analisar no
seio das vidas das familias. Este sector contribui muito para os cidadãos, alguns do sector
formal têm as suas rendas aumentadas devido a pratica desta actividade que lhes permite
duplicar ou triplicar os seus ganhos mensais. O que se observa ainda é que, com os valores
ganhos na actividade informal estes usam para as despesas caseiras, pagamento de escolas
dos seus educandos e construção de casas de alvanária é o desejo de todos . Isto mostra
duma maneira parcial se não maior, do abandono das casas precárias às melhoradas,
tornando um desenvolvimento ou mudanças no bairro, no que diz respeito ao alojamento.

Porque os cidadãos conseguem alguns atingirem os seus sonhos, depois das necessidades
básicas outros pensam em auto-realização, até mesmo prosperar para negócios mais
grandes. Sendo assim é notório nos bairros Samora Machel casas de alvanária com uma
organização, saneamento urbano até agua canalizada. Alguns preferem investir em bens de
luxo da actualidade, os seus filhos a passearem de motorizadas com altos telefones que até
um formal médio não tem, a nível do bairro mostrando o poderio dos seus pais.

Um outro ponto analisado no bairro assim como no mercado, são os meios de locomução.
Observou-se que a maioria possui transportes individual que lhes permite o transporte de
mercadoria vindas dos distritos e paises vizinhos, deixando assim os transporte que se
dedicam a essa actividade ( aluguer). Permite-lhes também a deslocação com muita
rapidez aos seus pontos de trabalho, sem recorrer aos taxis. Com esta observação permtiu
nos perceber que neste sector informal ha uma evolução no que diz respeito ao transporte
para facilitar as actividades.

Nas contribuições familiares ou xitique transformam o cenário em verdadeira festa, com


comes e bebes até os convidados sairem com comentários que lhes coloca no topo. Os
seus filhos também conhecidos de pequenos empresários, mostram esse poderio quando
vão as escolas com transporte escolar de ida e volta enquanto os que possuem motas ainda
em idades menores fazem vibrações em frente aos colegas, até parece competição entre
eles. Todavia isto mostra como a pobreza tem diminuido nas familias urbanas por parte
destes pequenos empresários, o que isso incentiva mais o povo a não fugir desta prática.

44
4.6 Nível de Contribuição do Sector Informal
Em análise a este ponto do terceiro objectivo específico em conformidade com a pesquisa
o nível de contribuição deste sector é elevado, visto que 97% dos inquiridos estão
satisfeito com esta actividade, porque trabalham duma maneira assumida como única
actividade que lhes trás rendimento com objectivo de prosperar no sector, Alguns
preferem ensinarem seus filhos a mesma actividade, mas se olharmos para o ponto
anterior, mostra nos que maior parte dos que trabalham no sector do comércio estão bem
de vida e que vêem as suas necessidade resolvidas.

Durante a investigação desta monografia foi possivel observar que o nivel de contribuição
é alto, porque em alguns casos os pequenos empresários tem uma vida superior a quem
trabalha no formal e que depende da sua mensalidade, por vezes esta diferença cria inveja
entre os moradores colocando-se na balança da vida entre eles.

45
CAPITULO V: CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

5.1.Conclusões

Esta monografia tem como tema: análise da contribuição do sector informal na redução da
pobreza na cidade de tete (2012-2014), a pesquisa foi realizada na cidade de Tete
especialmente no mercado Canongola arredores da cidade .Teve as seguintes questões de
investigação: Qual é a forma de contribuição do sector informal na redução da pobreza
em tete? Como é feita a contribuição do sector informal para reduzir a pobreza? Qual é o
nivel de contribuição do sector informal na redução da pobreza?

Nesta pesquisa concluiu-se que as lógicas e práticas dos comerciantes afastam-se da


interpretação egoísta que a actual meta narrativa persiste em propor sobre o indivíduo e
sua relação com o Mercado. Ficou claro nesta pesquisa que das várias formas para reduzir
a pobreza, a mais assentuada é o comércio que ao longo deste texto foi retratado com clara
evidência, uma vez que não contribui em nada para o Estado os seus lucros são
directamente para o melhoramento das vidas das famílias. Esta actividade é a que mais
contribui para redução da pobreza no caso de Moçambique, porque permite as famílias o
negócio de produtos vindo das machambas e outros produtos comprados nas lojas assim
como paises vizinhos.

A pesquisa demonstra ainda que apesar do comércio reduzir a pobreza e permitir criação
de riqueza, esta actividade encontra-se bloqueada no que concerne à sua expansão devido
aos determinantes políticos e institucionais acima referidos mas, sobretudo, pela
precariedade dos mecanismos de financiamento disponíveis (recurso ao xitique
e empréstimo de amigos e familiares), o que não permite sua contribuição no
alargamento e diversificação da base produtiva da economia nacional.
Ainda nesta pesquisa demostra-se que a redução da pobreza tem níveis mais elevados
com cerca de 90,7% estarem afirmar o tal facto. As familias que não evoluem são as que
tem menos rendimento nesta actividade, devido ao número de agregado familiar com
cerca de 15,3% dos inquiridos estes ainda apresentam poucas condições de vida e outros
optariam em um emprego formal. Na verdade, em Moçambique, o actual contexto
político e institucional espelham a aliança existente entre o poder político local e a
comunidade doadora, o que torna os objectivos de governação consistentes com as regras
de condicionalidade e com a lógica de captação de renda das elites, factores que na nossa

46
óptica são geradores de exclusão social, desigualdade e pobreza, deixando assim as
populações urbanas carenciadas com uma única opção de busca legítima de rendimento –
a economia informal .
Pode se concluir ainda nesta pesquisa que as famílias poderiam render muito mais do
que o que tem ganho neste momento, mas devido a falta de escolaridade que
impossibilita os grandes desafios dos micro-empresários para busca de outras actividades
limitando-se apenas no comércio.
Os resultados do inquérito mostram que os agentes que operam no informal estão
imbuídos de valores morais e éticos. Apesar disso, estes elementos de consciência
individual parecem não estar correlacionados com algumas normas do Estado e de
cidadania. A teória da acção humana parece validar a adaptação que os vendedores fazem
do seu comportamento às inadequações institucionais e políticas, pois refere que um dos
pré-requisitos para que um indivíduo execute determinado comportamento é a percepção
que tem de não estar a violar os seus princípios, evitando dessa forma activar auto-
sanções negativas. Neste caso, a sobrevivência e a procura de cada vez melhor qualidade
de vida, mais do que um princípio é uma necessidade.

5.2.Recomendações
O governo de Moçambique não apresenta nenhuma outra forma com o objectivo de
capitalizar o empenho do sector informal. Efectivamente, a maior parte dos instrumentos
de governação não contêm medidas concretas nesse sentido, remetendo as questões
ligadas ao sector informal para os conselhos municipais que só intervêm ao nível de
criação de espaço físico e da cobrança de taxas. Isto sugere uma desarticulação entre as
medidas de combate à pobreza e as estratégias pelas quais os pobres optam para
sobreviverem.

Renegados pelo governo e limitados pelas suas qualificações académicas, a estes agentes
resta apenas o engenho e a criatividade – uns para fazer negócio assumido de forma
permanente e outros para poderem sobreviver. Assim, em vez do Estado preocupar- se
em fazer cumprir obrigatoriamente a lei talvez fosse mais proveitoso, a criação de
politicas educacionais para a promoção do SI com objectivo de ter ganhos e adequar esta
às lógicas e práticas que configuram o comportamento dos moçambicanos em geral. Mas
este caminho implica uma profunda compreensão das dinâmicas económicas, políticas e
sociais dos agentes.

47
Ao nível dos determinantes políticos e socio-económicos a natureza do Estado
moçambicano – observou-se a existência de um conflito entre o local e a estrutura estatal
weberiana importada. Neste sentido, a pesquisa sugere que a economia informal, o
comércio em particular, em vez de uma perversão às regras do mercado constitui
um dos pontos mais altos da contradição entre o local e o externo. Tal como em outros
quadrantes do continente, em Moçambique o informal não pode ser reduzido apenas às
transacções comerciais, estendendo-se ao funcionamento da burocracia estatal com
influência marcante nos processos de tomada de decisão e elaboração de políticas.
Encoraja se o governo na facilitação dos processos de formalização do sector informal,
reduzindo o burocratismo nas instituições, e a redução das taxas de formalização.
No que concerne ao associativismo, entendemos que as associações constituem um
espaço de projecção dos seus líderes e podem também ser encaradas como passíveis de
instrumentalização por parte do partido no governo. Com efeito, uma grande parte
dos seus membros não recorre aos seus préstimos para resolver problemas relacionados
com a profissão embora, considere razoável a sua prestação. Refira-se ainda que a
percepção dos operadores é de que as associações estão partidarizadas, o que parece
confirmar a hipótese inicialmente formulada quanto à possível existência de lógicas de
controlo partidário, o que justifica a aparente disfunção das associações. Face a este
cenário os associados contornam as associações e usam solidariedade do tipo comunitária
para resolver os seus problemas, recomenda-se que as associações olhem mais para os
interesses dos seus associados, de modo a permitir que haja uma confiança entre ambos.
No que diz respeito a produtos comercializados, recomendamos os agentes do municipio
a encorajar os pequenos empresários no comércio de produtos locais, porque estes dão
mais rendimento do produtos externos e possível maior repetição durante a semana.

48
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ENTRVISTADOS

Dra Anita: directora para area fiscal e impotos do (CMCT) conselho municipal da cidade de
Tete , entrevista feita no dia 15 de agosto de 2016 pelas 10 horas; A./CMCT (2016).

Delfina Tomo:vendedeira de milho no mercado canongola, 34 anos ,vive maritalmente com


três filhos, entrevista feita no dia 19 de agosto de 2016.
QUESTIONÁRIO

Meu nome é Carlos Mário Nhaca Sou estudante da Faculdade de Gestão de Recursos Naturais e
Minerologia, na Universidade Católica de Moçambique, estou a fazer licenciatura em
Administração Pública. Este inquérito tem como objectivo principal fazer o levantamento de
informação para a elaboração da minha monografia cujo título é “Análise da contribuição do
sector informal na redução da pobreza urbana em Tete”. A sua opinião é muito importante para
a realização do trabalho e asseguro desde já a confidencialidade da informação que me
fornecer. O preenchimento deste questionário poderá levar cerca de quinze minutos. Agradeço
desde já a sua colaboração.

A sua colaboração

Data: 28/07/16 Local:

1.Identificação do Entrevistado--------------------------

Responda segundo a sua situação.

1.Sexo?

R:________________________________________

2. Idade? ___________________________________

3. Estado Civil?

R:__________________________________________

4. Profissão:

5. Qual é o seu Nível de Formação Académica?

R:_________________________________

6. Situação Profissional?
R:___________________________________

7. Tipo de emprego?

R:________________________________

8.qual é o seu Rendimento Mensal?

R:________________________________

9. Número de agregado familiar

R:_______________________________

10. Tem algum membro no seu agregado, que vive há mais de dez anos consigo, na
universidade

R:______________________________

11. participas em alguma atividade informal?

R:______________________________

a)Motivos que o levam a praticar atividade informal:


R:____________________________
b). Que tipo de actividade exercia antes?
R:_______________________
C. Há quanto tempo pratica atividade informal? .

D. Quantas pessoas emprega na sua actividade? .

E. De que forma é feita a aquisição dos produtos?


R:_________________________________
F. Se esta atividade não existisse optaria por:
R:_________________________________
G. Que fatores o influenciaram a optar por esta atividade e não por outras de carácter ilegal ou
crimina
R:
I. Acha que existe transparência no processo de selecção e preenchimento de vagas de emprego
na Função Pública?
R:
J. Na sua opinião, como acha que as vagas de emprego são preenchidas na Função Pública?
R:
K. Se tivesse uma oportunidade de trabalhar na Função Pública, aceitaria?
R: _________, Justifique:
L. quais sao as suas fontes de financiamento ?
R:____________________________________
M. que tipos de produtos vende ?
R:________________________________
N. qual é a frequência com que levanta produtos ?
R :______________________________
O. Em Tete a sua mercadoria é comprada onde?
R:_____________________________
R. Entre a produção nacional e importada, qual dos dois os consumidores preferem comprar?
R:_______________________________
S. Acha que o sector informal ajuda a reduzir a pobreza?
R:_______________________________
T. O que faz com o rendimento da sua actividade?
R:_____________________________
U. Paga algum tipo de imposto pelo exercício desta atividade?
R:____________________________
V. acha que esta a ficar rico porque o rendimento é elevado?
R:_________________________

W. Acha que está a ficar rico com esta actividade?


R:___________________________________
X. O que tem a dizer sobre as associações?
R:__________________________________

Obrigado pela sua colaboração.

FIM
Índice
DECLARAÇÃO ............................................................................................................................ I

DEDICATÓRIA ........................................................................................................................... II

EPÍGRAFE ................................................................................................................................. III

AGRADECIMENTOS ............................................................................................................ VIII

SUMÁRIO EXECUTIVO ........................................................................................................ IX

LISTA DE ABREVIATURAS .................................................................................................... X

LISTA DE GRÁFICOS .............................................................................................................. XI

GLOSSÁRIO ............................................................................................................................. XII

CAPITULO I: INTRODUÇÃO .................................................................................................. 13

1.1 Contextualização .................................................................................................................. 13

1.2 Problematização ................................................................................................................... 15

1.3 Objectivos ............................................................................................................................ 16

1.3.1 Objectivo Geral: ................................................................................................................ 16

1.3.2 Objectivo Específicos: ....................................................................................................... 16

1.3.3. Perguntas de Pesquisa: ...................................................................................................... 16

1.4 Justificativa .......................................................................................................................... 17

1.5 Relevância Acadêmica ........................................................................................................ 17

1.5.1. Relevância Social ............................................................................................................. 17

1.5.2 Relevância Pessoal ............................................................................................................ 17

1.6 Delimitação Espacial e Temporal do Estudo ........................................................................ 18

1.7 Resultados Esperados............................................................................................................ 18

1.8. Estrutura da Monografia ...................................................................................................... 18

CAPÍTULO II: REVISÃO DA LITERATURA ........................................................................ 20

2.1 Breve Introdução ................................................................................................................... 20

2.2 Definições de Conceitos Chaves .......................................................................................... 20

2.2.1. Natureza do Sector Informal ........................................................................................... 20

2.2.4 Vantagens do Sector Informal .......................................................................................... 24


2.2.5 Funcionamento do Sector Informal .................................................................................. 24

2.3 Pobreza Urbana .................................................................................................................... 25

2.3.1 Pobreza.............................................................................................................................. 25

Breve Introdução ......................................................................................................................... 26

2.4.1 Literatura Teórica............................................................................................................... 26

A – Teoria do Sector Informal .................................................................................................... 26

B- Teorias da Pobreza Urbana ................................................................................................. 27

2.5 Revisão da Literatura Empírica ........................................................................................... 28

2.5.1 Sector Informal Urbano, Estudo do Comércio Ambulante ................................................ 28

2.5.2 Revisão da Literatura Focalizada. ..................................................................................... 29

CAPITULO III: DESENHO METODOLÓGICO DA INVESTIGAÇÃO ................................ 31

3.1 Breve Introdução ................................................................................................................... 31

3.3. Quanto ao Objectivo ............................................................................................................ 31

3.4. Técnicas de Recolha de Dados ............................................................................................ 32

3.4.2 Questionário ...................................................................................................................... 33

3.5. Técnicas de Análise de Dados ............................................................................................. 34

3. 6. População e Participantes do Estudo (Fontes da Informação) ........................................... 34

CAPÍTULO IV: APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E TRATAMENTO DOS DADOS .............. 35

4.1. Breve Introdução .................................................................................................................. 35

4.2. Caracterização do Local do Estudo...................................................................................... 35

4.3. Resultados Obtidos apartir do Inquerito .............................................................................. 35

4.3.1. Escolaridade ...................................................................................................................... 35

4.2. Redução da Pobreza e Aumento da Riqueza ....................................................................... 39

4.3. Pagamento de Impostos e Associações ................................................................................ 41

4.4 Forma de Contribuição do Sector Informal ........................................................................ 43

4.5 Contribuição Feita pelo Sector Informal............................................................................. 44

4.6 Nível de Contribuição do Sector Informal ........................................................................... 45


CAPITULO V: CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES......................................................... 46

5.1.Conclusões ............................................................................................................................ 46

5.2.Recomendações..................................................................................................................... 47

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS........................................................................................ 49

ENTRVISTADOS ..................................................................................................................... 52

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