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DISPLASIA BRONCOPULMONAR (DBP)

Doença pulmonar crônica de etiologia mutifatorial.

DEFINIÇÃO DE DBP: CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS

Idade gestacional

< 32 semanas  32 semanas


Tempo da IGC = 36 semanas ou alta > 28 dias, mas < 56 dias de vida
avaliação hospitalar ou alta hospitalar

Tratamento com O2 > 21% por período  28 dias

DBP leve Ar ambiente com IGC = 36 Ar ambiente com 56 dias de vida


semanas ou alta ou alta hospitalar

DBP Necessidade de O2 < 30% com Necessidade de O2 < 30% com 56


moderada IGC= 36 semanas ou alta dias de vida ou alta

DBP grave Necessidade de O2  30% e/ou Necessidade de O2  30% e/ou


pressão positiva ( CPAPn ou pressão positiva ( CPAPn ou
VPM) com IGC= 36 semanas ou VPM) com 56 dias de vida ou alta
alta

IGC = idade gestacional corrigida; CPAPn = pressão positiva contínua nasal; VPM =
ventilação pulmonar mecânica
Jobe AH, Bancalari E, Bronchopulmonary Dysplasia. Am J Respir Crit Care Med 2001; 163: 1723.

FATORES DE RISCO:

 Prematuridade;
 Ventilação mecânica;
 Toxicidade pelo oxigênio;
 Infecção.

PREVENÇÃO:

 Uso antenatal de corticóides;


 Restrição hídrica;
 Ventilação gentil;
 Cafeína;
 Vitamina A.

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MANEJO:
Ventilação mecânica:

 Pequenos volumes correntes;


 PEEP (5 a 7 cmH2O) para minimizar atelectasias e conter o edema pulmonar;
 Ti de 0,4 a 0,5 segundos para promover uma insuflação pulmonar uniforme;
 PaCO2 de 55 a 65 mmHg, desde que o pH esteja equilibrado;
 Tempo correto da traqueostomia: desconhecido ( alguns sugerem entre 48 e 52
semanas de idade corrigida).

Oxigênio:

 Hipoxemia aumenta a resistência de vias aéreas. Suplementar oxigênio para


manter saturação de oxigênio (Sat O2 )  95%.

Nutrição: a DBP compromete o crescimento por aumentar as necessidades


energéticas, reduzir a absorção de gorduras e promover hipóxia tecidual. Deve-se:

 Suprir as necessidades energéticas e prover crescimento adequado;


 Cota ideal 150Kcal/kg/dia e 3,5 a 4 g/kg/dia de proteínas;
 Fortificar leite materno, se necessário.

Diuréticos:
Tiazídicos:

 Agem em túbulo contorcido distal;


 Produzem melhora de curto prazo na mecânica pulmonar em pré-termos com
DBP;
 Ineficazes nos pacientes desenvolvendo DBP ou para uso crônico.

Diuréticos de alça:

 Furosemida - diurético de alça mais utilizado e bem estudado;


 Melhora a mecânica respiratória mesmo com uma única dose;
 Nenhum efeito consistente foi encontrado nos pré-termos menores que 3
semanas desenvolvendo DBP.
Complicações:

 Hiponatremia;
 Hipocalemia;
 Alcalose hipoclorêmica;
 Aumento da excreção renal de cálcio.

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TRATAMENTO:
1. Usamos diuréticos a despeito da falta de evidência do uso a longo prazo para
melhorar a função pulmonar em pacientes dependentes de ventilação
mecânica, e com restrição hídrica ( 140-150ml/kg/dia).
2. Iniciamos com hidroclorotiazida (1-2 mg/kg/dose VO 12/12 h), Não há
benefício em usar espironolactona associada.
3. Reservamos cursos longos de furosemida para casos de DBP grave,
dependentes de ventilação mecânica, instáveis, mesmo após restrição hídrica
e uso de tiazídicos.
4. Doses intermitentes ou únicas de furosemida (1 mg/kg/dose EV, ou
2mg/kg/dose oral) são usadas para tratar edema pulmonar ou acompanhando
transfusões sanguíneas.
5. Não usamos furosemida e tiazídicos associados.
6. Pode ser necessário suplementar eletrólitos para compensar as perdas.

Broncodilatadores:

 Não recomendamos broncodilatadores rotineiramente;


 Usar nos casos de descompensação pulmonar por hiperreatividade brônquica.

Corticóides:

 Podem reduzir inflamação e melhorar função pulmonar nos pacientes com


DBP estabelecida;
 Não é recomendado o uso rotineiro para prevenção da DBP;
 Restringir seu uso devido às sequelas neurológicas;
 Usar dexametasona em casos excepcionais;
 Hidrocortisona parece ter menos riscos de sequelas neurológicas;
Dose: 5 mg/kg/dia, 12/12 horas, EV, por 48 a 72 horas. Se não houver
resposta, suspender. Se resposta ( redução do suporte ventilatório), continuar
por mais 24 a 48 horas e desmamar em 7 a 10 dias.
 Corticóides inalatórios podem ser considerados excepcionalmente como: RN
com IGC > 40 semanas com DBP grave ( dependentes de ventilação mecânica
e alta FIO2).

EXACERBAÇÕES AGUDAS:
Causas:
 Infecção;
 Hiperreatividade brônquica;
 Represamento de ar;
 Edema pulmonar;

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 Mobilização do tubo endotraqueal;
 Desenvolvimento de traqueomalácia.

A avaliação inclui exame clínico completo, RX de tórax, hemograma completo,


hemocultura ( se a suspeita é infecção), gasometria arterial.

COMPLICAÇÕES CRÔNICAS:

 Hipertensão pulmonar;
 Hipertensão sistêmica;
 Comprometimento do desenvolvimento;
 Hipoacusia;
 Deficiência visual;
 Hipertrofia ventricular esquerda.

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