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Docente: Licínio Lopes Aulas Práticas

5 de Março de 2015
O Dr.º Licínio colocará os powerpoints e bibliografia necessária no Inforestudante.
No direito administrativo estudamos como a administração pratica atos administrativos.
Aqui estudaremos sobretudo os atos que se destinam a praticar no final de um contrato que será
celebrado por uma entidade pública, por isso, se chama contrato e ‘ público’ .
Esta cadeira incide como se celebra um contrato público. E que contrato é esse? Temos de ver no
Código. O Código tem duas partes distintas:
1ª Parte para o ritual procedimental - Parte II contratação pública - começa fundamentalmente no art.
16º CCP (ponto de referência fundamental).
Para os procedimentos são importantes os art 16º e ss. até ao art. 277º CCP. O ritual que existe no
Direito Administrativo também existe aqui, mas lá temos um procedimento geral, no CPA temos
procedimentos especiais que se regulam nesta Parte II, por isso, qualquer entidade administrativa se
quiser celebrar um contrato público abrirá o CPA na Parte II.
2ª Parte - Parte III do CCP que contrato deve celebrar? Que regime devemos aplicar a esse contrato?
 A partir do art. 278º e ss CCP começa a parte do regime de cada um dos contratos (antes disto
temos o procedimento).

 Entre o art. 278º e o art. 343º CCP temos o regime geral v.g.: garantias, modificação,
problemas quanto ao ajustamento do contrato. Este regime, potencialmente, é aplicável a
qualquer tipo de contrato.

 Art. 343º e ss CCP está regulado cada um destes contratos v.g.: locação ou aquisição de bens
móveis (imóveis não há aqui). E se quiser uma locação definitiva, não se pode aplicar aqui o
regime do Código Civil porque está a celebrar um contrato público. Nos contratos mais
complexos (falados em direito administrativo) concessão de obra pública, serviços públicos
estão aqui regulados também.

Sistematização:
A parte II contêm procedimentos pré-contratuais dirigidos à celebração do contrato.
A parte III contêm o regime para cada tipo de contrato a celebrar.

O contrato mais complexo é o contrato de empreitada. É diferente no Código Civil.

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Ana Raquel Sequeira Fernandes
Docente: Licínio Lopes Aulas Práticas

Porque existe um Código destes? Pelo princípio universal, da União Europeia, o Princípio da
Concorrência.
1. O princípio da concorrência como princípio determinante da compreensão do âmbito de aplicação
do CCP.
2. As partes II e III do CCP tem diferentes âmbitos de aplicação.
2.1. Só vamos tratar neste tema do âmbito subjetivo de aplicação da Parte II do CCP, ou seja,
das entidades adjudicastes segundo o CCP - Contratação Pública - contratos públicos
(independentemente de estes terem natureza jurídica pública ou privada e de poderem ser, ou não,
qualificados como contratos administrativos).
Se a Universidade precisa de um jurista e precisa de ir ao ‘ mercado dos juristas’ disponíveis,
coloca-os em concorrência, dá-lhes a possibilidade de concorrem a uma oferta de trabalho que abre e que
cada jurista possa concorrer. Isto faz-se porque o Código impõe por força das diretivas comunitárias que
quando uma entidade procure um fornecedor no privado, ela tem de anunciar essa procura para que todos
possam concorrer. Para além disto se o contrato tiver um determinado valor apreciável, aqui o reitor não
está só obrigado a anunciar isso a nível nacional, mas também no Jornal Oficial da União Europeia. Isto é
para que ao nível dos contratos públicos se possa concretizar o princípio do mercado concorrencial no
âmbito dos contratos públicos e se realize os princípios liberdade de circulação de capitais, de
investimento, de iniciativa empresarial.
Este Código resultou da transposição de diretivas. Isto para contratos de certo valor, pretende-se
alargar o mercado, a concorrência a todos os operadores de mercado. A vantagem é que o que está
estabelecido do art 16º a 277º CCP. Em Inglaterra não há Código, existem só artigos sobre procedimento,
o legislador português optou por elaborar um Código, os alemãs não têm Código têm umas leis que
fizeram transposição, isto é a liberdade de cada país para fazer Código.
Para melhor concretizar o princípio da concorrência, estabeleceram-se princípios uniformes na União
Europeia. A uniformidade do regime é para que ao nível da UE não existirem divergências nem
desconhecimentos. É o caráter de universalidade.
A identidade do procedimento e do tipo de contrato é a mesma, exceto na parte dos contratos que
depois será dada pelas diretivas e diverge um pouco.
Existem contratos públicos comunitários presentes num artigo do CCP, as diretivas dizem o tipo de
contrato, o serviço, a transposição está no Código, a aquisição de móveis está na diretiva, a transposição
está no Código.
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Ana Raquel Sequeira Fernandes
Docente: Licínio Lopes Aulas Práticas

12 de Março de 2015
Tópicos sobre o âmbito subjetivo do código dos contratos públicos
Princípio determinante decorrente das diretivas comunitárias  Princípio da concorrência, tornar este
princípio universal ou de aplicação tendencialmente universal quando uma entidade pública procura um
operador no mercado lhe faça um serviço, que lhe realize uma obra, que lhe forneça bens móveis,
serviços jurídicos, ou serviços de economia.
Se vai ao mercado vai à concorrência.
Que entidades devem observar as regras deste código?
Para isso é fundamental ver o art. 2.° CCP (artigo nuclear, é preciso saber este artigo).
Estas entidades, diz o código por influência da UE, celebram um contrato com uma entidade que lhe
é exterior, por isso, designa-se de entidade adjudicante. Após um certo procedimento adjudicam nesse
procedimento, escolhem a proposta, na sequência dessa adjudicação vem o contrato. Essa escolha
significa que se está a praticar um ato de administrativo  ato de adjudicação que é praticado pela
entidade adjudicante.

As Partes II e II do CCP têm diferentes âmbitos de aplicação. Só trataremos do âmbito subjetivo de


aplicação da Parte II do CCP, ou seja: das entidades adjudicantes segundo o CCP – contratação pública
 Contratos Públicos.

Temos dois momentos:


1º. Entidade adjudicante no momento da escolha do projeto.
2º. Depois de celebrar o contrato, com uma pessoa singular ou coletiva, cuja proposta foi escolhida a
entidade adjudicante deixa de ser entidade adjudicante para passar a ser contratante público 
uma entidade que celebra um contrato publico.

As entidades do art.2.°, n.°1 CCP não tem qualquer problema:


 Quando referimos aqui o "Estado" são todos os órgãos do Estado  estes têm de seguir as regras
do código dos contratos públicos.

 As autarquias locais são municípios + freguesias  se quiser mudar as lâmpadas dos candeeiros
da paróquia tem de selecionar, se quiser ter a freguesia limpinha tem de selecionar alguém que

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Ana Raquel Sequeira Fernandes
Docente: Licínio Lopes Aulas Práticas

saiba limpeza através do CCP.

 Institutos públicos tem de observar o CCP. Se quiser abrir uma nova repartição de um registo e
fizer obras, se quiser mobiliar essa nova repartição de registos tem de seguir o código dos
contratos públicos. "Serviços personalizados" é um instituto público  porque tem personalidade
jurídica. Entidades reguladoras independentes estão submetidas ao código dos contratos públicos
para adquiri bens.

 Fundações públicas (é um património a que se concede personalidade jurídica):


 de direito público
 de direito privado porque são governadas por direito privado, por exemplo, Universidade de
Aveiro. O facto de estar escrito “ Fundação de direito privado” é absolutamente irrelevante,
pois é de criação pública (pelo Estado) está sujeita ao código dos contratos públicos.

 Associações públicas: ordens profissionais estão sujeitas ao CCP para realizar aquisições sejam
elas quais forem. Houve uma questão: enquanto na Universidade ainda que tenha o nome de
“ Fundação pública de direito privado” mas como são financiadas pelo orçamento do Estado há
um argumento público, só que as associações sobrevivem com base nas cotas dos associados.
O problemas que se colocou na Alemanha foi: a ordem dos médicos na Alemanha não sobrevive à
custa do orçamento do Estado, mas das cotas do associados e isto é receita privada  foi ao Tribunal
Supremo Alemão e fez um reenvio prejudicial para o Tribunal de Justiça da União Europeia  Questão
colocada: que natureza têm estas cotas? São meras cotas ou é uma cota estabelecida com base na lei?
Aqui há uma especialidade que pode retirar estas entidades do âmbito do CCP, mas isso é uma posição do
TJUE. Entre nós as associações públicas estão integralmente sujeitas ao CCP.
Associações apenas sujeitas a uma influência dominante das entidades anteriormente referidas 
Associação Nacional de Freguesias ou Municípios ou Associações de Desenvolvimento Local são
entidades de natureza privada e trabalham com o CCP, são governadas pelos municípios, a influência
dominante de uma entidade pública ou várias entidades públicas. A Associação é que é constituída nos
termos do código civil.

Segundo grupo de entidades: "organismo de direito público" (art. 2.°, n.°2 CCP):
Estas entidades por designação da jurisprudência do Tribunal de Justiça da União Europeia são
"organismos de direito público"  estão na órbita do Estado ou dos Municípios ou de noutras entidades
públicas, desempenham funções em substituição do município então a jurisprudência do TJUE construiu
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Ana Raquel Sequeira Fernandes
Docente: Licínio Lopes Aulas Práticas

esta noção ampla e elástica.


Uma entidade destas estará obrigada a observar o CCP? Tudo que adquire no mercado tem de seguir
o CCP ou não? Temos de saber se aquela empresa constitui ou não um organismo de direito público.
Como é que nós vamos testar essa empresa para saber se preenche ou não o conceito de "organismo de
direito público"?
Se for “organismo de direito público” abandona-se o código das sociedades comerciais e o código
civil e opta-se pelo CCP. Qual o teste que temos de fazer? O teste do art. 2.°, n.2 CC.
Imaginemos uma empresa municipal na Lousã (mel da Lousã) faz feiras de promoção e corre
Portugal de Norte a Sul a dizer que a Lousã é um excelente sítio para o empreendedorismo jovem. Esta
empresa prossegue um fim de interesse daquele município, promoção do município da Lousã,
investimento no município da Lousã  desenvolver o município  isto não é mercado, não é
concorrência  Finalidade de interesse geral e não de mercado ou de concorrência. O financiamento: se
depender em mais 50℅ do município temos um financiamento maioritariamente público  entidade
designada de "organismo de direito público" sujeita ao CCP por verificação dos requisitos.
Como podemos afastar a sujeição ao CCP?
O concelho da empresa muda de estratégia: simultaneamente com a promoção do produto regional
passam a ser uma empresa de mercado, passam a vender o mel em concorrência com os outros operadores
que estejam na exposição  a partir deste momento a empresa promove em termos de mercado e de
concorrência, se está na concorrência está a desenvolver uma atividade segundo uma lógica de mercado,
quando assim sucede, não é um organismo de direito público e deixa de estar sujeita ao CCP.
Ou seja:

 intenção de promover, publicitar  é uma empresa que prossegue interesse geral não submetida a
uma lógica de mercado ou de concorrência, por isso, é um “ organismo de direito público” . Basta
que no fim do ano se demonstre que a empresa tem um conjunto de dívidas que não consegue
liquidar com as suas próprias receitas e tem de ir o Estado ou Município para assumir a dívida, é
como se o Estado ou o Município fosse o garante (o garante assume o risco de incumprimento 
tese apresentada pelo Tribunal.

 se vender está numa lógica de mercado  já não é organismo de direito público, não é abrangido
pelo âmbito de aplicação do código dos contratos públicos.

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Ana Raquel Sequeira Fernandes
Docente: Licínio Lopes Aulas Práticas

19 de Março de 2015
Os requisitos derivam do Acórdão do TJUE: Acórdão Agorá, de 10-05-2001 (empresa de organização
de feiras e exposições).
A grande estrutura da contratação pública que está nosso CCP e na contratação pública da UE é de
construção jurisprudencial.
Considerando (10) da Diretiva 2014/24, de 26-2-2014 (exemplo para relevar a importância dos
acórdãos).

Uma entidade que recebe 300 mil € para fazer a reconstrução da sua sede, se tiver representado no
seu orçamento 51% de financiamento público e se os outros requisitos estiverem verificados é um
organismo de direito público  aplicação pragmática ou funcional da jurisprudência da União Europeia
("geometria variável"  organismo de direito público).

Nota: o Dr.º Licínio falou do nosso (Portugal) exemplo das plataformas eletrónicas (2008).

Que contratos estão sujeitos ao código?


Se a Administração da UC quiser celebrar um contrato com um jurista a celebração está sujeita ou
não ao código?  Âmbito subjetivo. Âmbito objetivo: que tipos de contratos cuja celebração está
sujeita ao CCP?
Temos dois grupos:
1. N.°1 do art.2.° CCP vale a cláusula geral do art. 16.°, n.°1 CCP: a UC está no n.°1 do art. 2.°
CCP se ela quiser fazer obras no Palácio do Grilo  vai fazer obras num bem público, o que vai celebrar
é um contrato de empreitada de obras públicas. Mesmo que não estivesse discriminado no CCP (que está)
estaria ou não incluído na cláusula geral do art.16.°, n.°1 CCP?
Desperta o interesse de mais do que um operador no mercado, então essa entidade tem de fazer um
procedimento contratual, um anúncio no Diário da República, na sua plataforma eletrónica. Se tiver um
valor avultado tem obrigatoriamente de anunciar no Jornal Oficial da União Europeia, caso contrário o
contrato é inválido, porque as regras são feitas para todos. A celebração do contrato tem de seguir o CCP.
Remissão do art. 16.°, n.°1 CCP para o art. 2.°, n.°1 CCP  potencialmente o CCP é aplicado a
todo o tipo de contratos desde que ele esteja ou seja suscetível de estar submetido à concorrência.

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Ana Raquel Sequeira Fernandes
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2. Entidades do n.°2 do art. 2.°(organismo de direito público) o CCP só se aplica para os contratos
expressamente tipificados no CCP  Art. 6.°, n.°2 CCP:
 Empreitada de obra pública
 Concessão de obra pública
 Locação
 Aquisição de bens móveis
 Aquisição de serviços

"Efeito de contágio ou de contaminação"  adquirir para uso pessoal, quaisquer contratos dos
mencionados, mesmo que não estejam relacionados com a atividade de interesse geral que justificou a
criação ou a qualificação da entidade com organismo de direito público.

Nota: Caso Teatro Scala de Milão

Contratos de Direito Administrativo - Contratos Interadministrativos


1. O Município de Condeixa tem autocarros velhos e perigosos. O presidente do Município de Condeixa
propõe ao presidente do Município de Coimbra um contrato: que os autocarros de Coimbra passem a
fazer serviço no município de Condeixa. O município de Condeixa paga a gasolina, paga os autocarros.
Há operadores privados que têm autocarros.  É suscetível de despertar o interesse da concorrência.
Mesmo que se trate de contratos celebrados entre entidades adjudicantes, desde que esses contratos
possam suscitar o interesse no mercado tem de se fazer anúncio público e eventualmente disputar o
contrato com o Município de Coimbra.

Laboratório Nacional de Engenharia Civil  pede-se um parecer técnico de engenharia ou de área


industrial. Este parecer se for pago, ou a prestação de serviços deste serviço se for paga o gabinete de
engenheiros especialistas em pontes estariam ou não interessados? Sim.
A partir deste momento, qualquer um engenheiro que exerça profissão liberal e esteja inscrito na
ordem dos engenheiros poderá estar interessado em conquistar este contrato. É um contrato suscetível de
suscitar o mercado e por consequência submetido ao CCP.

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Ana Raquel Sequeira Fernandes
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Caso de Itália: Universidade e perigo sísmico  reenvio prejudicial para o TJUE


Caso da França: reabilitação de um mercado municipal

2. Restrição do âmbito de aplicação: aplicabilidade do CCP quando se trate de contratos abrangidos pelas
Diretivas ou concessões de serviços públicos.

26 de Março de 2015
Relações in house e a relevância da inexistência de dimensão contratual
Contratação feita dentro de casa (in house).

Ajuste Direto no CCP: análise com base em casos práticos; critérios de escolha; tramitação
especifica; regime simplificado
As entidades adjudicantes do n.°1 e n.°2 do art. 2.° CCP se pretenderem celebrar um contrato
público têm de celebrar um dos contratos previstos no art. 16.° CCP.
Qualquer entidade pode utilizar o ajuste direto com base no art. 112.° CCP, enviando um convite ou
uma proposta a mais de um operador económico (entende o Tribunal de Contas). O ajuste direto é
excludente da concorrência, excluem mercado, excluem concorrentes para optarem só por 1.
A entidade adjudicante tem de ter um fundamento para a escolha do ajuste direto. Há dois critérios
para a justificação da utilização do ajuste direto:

 Critério financeiro ou do valor  há um limite de valor (art. 19.°, n.°1, al. a) - 150.000€ e art.
20.°, n.°1, al. a) CCP - 75.000€).
Caso prático: o município de Lisboa, com o objetivo de remodelar o mobiliário dos seus diversos
departamentos, utilizando o procedimento de ajuste direto, celebrou com o mesmo operador económico
os seguintes contratos de aquisição de mobiliário:
- out. de 2013 - 30.000€;
- maio de 2014 - 30.000€;
- janeiro de 2015- 20.000€.
Valor acumulado: 80.000€.
Pergunta-se: em abril de 2015 pode o município de Lisboa celebrar mais um ajuste direto? A resposta

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Ana Raquel Sequeira Fernandes
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seria positiva se o valor for inferior a 75.000€.


O princípio é: escolher o operador do mercado e o número daqueles que quer convidar, só que não
nos podemos esquecer que há uma outra regra fundamental no CCP que limita o ajuste direto, art. 113.°,
n.°2 CCP  requisitos de aplicação desta norma:
 Prestações do mesmo tipo ou idênticas  no caso concreto as prestações são idênticas (são
móveis);
 Que a entidade tenha celebrado com o mesmo operador económico contratos no ano económico
em curso e nos dois anos económicos anteriores;
 E essa celebração tenha ocorrido na sequência de ajuste direto adotado ao abrigo da regra geral de
escolha deste procedimento (ou seja, segundo a regra do valor/critério financeiro)
 E o preço contratual seja igual ou superior aos limiares (internos/nacionais) do ajuste direto.
Pode o município celebrar um novo contrato em 2015? 80.000€ é o valor contratual acumulado,
celebrou contrato em 2013 e 2014 (dois anos económico anteriores), já celebrou um em 2015 (ano
económico em curso)  o valor contratual acumulado é superior a 75.000€, por isso, a entidade
adjudicante está inibida/proibida de fazer novo ajuste direto com esse operador económico, caso
contrário estamos perante uma ilegalidade e como consequência nulidade do contrato, nulidade de
todo o processo de contratação  Qual a racionalidade? Que as entidades públicas por ajuste direto vão
variando de operador económico, para que não haja uma "eternização" dos contratos.
Nota: esta limitação vale hoje para os juristas, mas no futuro não vale porque vai haver uma nova
diretiva que vai entrar para o ano 2016 e tem de ser transposta até abril de 2016 onde os juristas vão poder
celebrar contratos até 750.000€, só vale para os juristas, para o futuro (em 2016).
(Este limite é questionado para efeitos de avaliação ou escrita ou oral)

 Critérios substantivos ou materiais art. 24.° CCP


al. a) "concurso deserto"  nenhum operador do mercado se interessou, ninguém aparece para
apresentar uma proposta, ou ninguém se apresenta como candidato;
al. b) há operadores que demonstraram interesse naquele concurso e apresentaram uma proposta,
mas segundo as regras apresentadas pela entidade adjudicante a proposta é recusado porque não obedece
a um critério exigido pela entidade adjudicante, não satisfaz as condições pelas quais a entidade pública
se predispôs a contratar  por princípio aqui a entidade adjudicante não tem limite de valor, o valor é
ilimitado e pode recorrer legitimamente ao ajuste direto;
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Ana Raquel Sequeira Fernandes
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al. c) para aplicar esta norma, de conceitos estruturalmente indeterminados, é necessário a verificação
de certos requisitos:
 Motivos de urgência imperiosa;
 Resultantes de acontecimentos imprevisíveis;
 Não imputáveis, em caso algum, à entidade adjudicante;
 Que o recurso ao ajuste direto e ou seja feito na medida do estritamente necessário;
 Que não possam ser cumpridos os prazos previstos para os processos de concurso público.
Caso prático: o Governo procedeu à escolha do ajuste direto para a aquisição de serviços de manutenção,
operação e locação de dois aviões... concedia autorização para realizar a despesa inerente à contratação.
 decisão do Tribunal de Contas: recusa do visto! Afastou a imprevisibilidade.
(O Tribunal de Contas é o guardião da contratação pública em Portugal.)

09 de Abril de 2015
Art. 24.°, n.°1 CPC:
al. d) "As prestações que constituem o seu objeto se destinem, a titulo principal, a permitir à
entidade adjudicante a prestação ao público de um ou mias serviços de telecomunicaçãos";
al. e) Razão técnica: "Por motivos... a prestação objeto do contrato só possa ser confiada a uma
entidade determinada"  caso: restauração do museu em Viseu e contratação com o gabinete de
arquitetura, valor do contrato superior a 350 mil €. Fundamento de litígios por motivos técnicos: obras de
arquitetura e programas informáticos de software.
A jurisprudência exige, para o ajuste direto, que no processo fique documentado, fundamentado que
não há alternativa equivalente no mercado  se não estiver isto no processo então o processo de ajuste
direto é ilegal.
Razão artística: está vocacionada para uma circunstância  "espetáculo único", ou seja, ([nova]
Diretiva 2014/24) não há alternativa razoável no mercado (limite do princípio da concorrência, porque
aqui é uma fundamentação que prova que não há violação ao princípio da concorrência porque não há
alternativa no mercado). Temos sempre de fundamentar, na decisão ou deliberação, o ato de escolha e isso
é função do jurista da entidade.
Razão relacionada com a proteção de direitos exclusivos: há um mercado que está claramente aqui

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incluindo, o mercado dos medicamentos. Produtos que estejam registados como exclusivos no mercado e
se não há alternativa equivalente, são protegidos pelos direitos de propriedade industrial ou intelectual
(marcas, patentes, ...)  tem de estar discriminado no procedimento.

Exclusivos puramente contratuais: a distinção entre exclusivo concessório e exclusivo puramente


comercial.
Cartéis: as empresas colocam-se em monopólio, combinam os preços, o modo de prestar os serviços,
fazem a distribuição entre elas  é fraude, é uma violação ao princípio da concorrência.

al. f) Contratos secretos ou confidenciais:


As medidas adotadas pelo Estado não sejam intencional, somente, dirigidas a condicionar o mercado
e a concorrência. A questão do secretismo ou da confidencialidade usou-se já nas prisões  para que não
se dê a conhecer a intimidade da prisão a todo e qualquer um que possa tomar conhecimento, e ainda pela
política criminal de execução das penas.

Artigos que fazem aplicações específicas do ajuste direto por razões materiais: art. 25.° CCP
(empreitadas por ajuste direto), art. 26.° CCP (locação e aquisição de bens móveis por ajuste direto) e
art. 27.° CCP (aquisição de serviços por ajuste direto). Pelo fundamento da entidade de não saber definir
os atributos da proposta (tempo a dispensar, preço, investigação,...) a entidade pode adotar o ajuste direto.

16 de Abril de 2015
Tramitação ou fases do procedimento por ajuste direto quando existe mais do que uma proposta:
1. Primeira fase: fase do convite à apresentação de propostas (art. 115.° CCP)
A noção de procedimento aqui é igual à que está no art. 1.° CPA.
Há três tipos de procedimentos conforme o número de convites que podem ser adotados.
1.1. Competência para a escolha das entidades convidadas a apresentar propostas (art. 113.°, n.1
CCP): a proposta é uma declaração negocial do jurista a dizer que aceita prestar os seus serviços jurídicos
em conformidade com o convite que lhe foi formulado e em conformidade com o caderno de encargos. O
convite tem as regras a observar atá à celebração do contrato.

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A entidade adjudicante faz o convite a quem pretende convidar. Em função do convite apresentamos
a nossa proposta.
1.2. Entidades impedidas de serem convidadas a apresentar proposta (art. 113.°, n.°2 e 5 CCP):
um jurista prestou serviços à Reitoria da Universidade em 2013, 2014 e agora em 2015 no período inicial
do ano, e com esta prestação de serviço, já passamos o 75 mil € o reitor já não podia convidar porque já
tinha feito três ajustes diretos com a Universidade de Coimbra.
Serviços gratuitos prestados oficialmente é motivo de impedimento.
1.3. Conteúdo do convite:
 Conteúdo do convite independentemente de ser enviado a uma só ou a várias entidades;
 Conteúdo do convite quando seja enviado a mais do que uma entidade.

Critérios de adjudicação:
 mais baixo preço: e o mais baixo preço;
 proposta economicamente mais vantajosa: no convite a entidade adjudicante tem de especificar
qual o critério, onde encontramos subfatores: o preço, dias preferidos para a prestação, prazo…
O jurista tem de saber funcionar com o princípio da proporcionalidade  não pode criar subfatores
que sejam irrelevantes, pois pode indiciar violação do princípio da proporcionalidade e ainda que o
modelo adjudicatório está concebido para um determinado perfil de jurista.
Nas novas diretivas da contratação pública o critério utilizado é o do mais baixo preço, para o futuro
será o critério da proposta economicamente mais vantajosa e nesta pode-se introduzir vários subfatores
(até 10).

Acórdão do STA, de 2.11.2010, Proc. N.°:0416/10: no ajuste direto só é necessário ter o fatores e
os subfatores, tendo os subfatores dispensa-se o modelo de avaliação. No concurso público ou concurso
por prévia qualificação tem de ser necessariamente utilizado o modelo de avaliação.

CONVITE - art. 115.°, n.° 4 CCP:


Deve ser formulado por escrito e acompanhado do caderno de encargos. O modo de entrega do
convite é uma mera formalidade o que interessa é que seja simultâneo – princípio da igualdade: terem
todos a mesma oportunidade e o mesmo prazo. Se a proposta é apresentada um dia depois do prazo a
proposta é excluída, se não for excluída faz-se uma reclamação para o júri (contencioso pré-contratual
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para ser excluído). O prazo para apresentar propostas são dias seguidos.

2. Segunda fase: fase da apresentação das propostas


2.1. Esclarecimentos sobre as peças do procedimento e retificações a estas peças (art. 116.°
CCP)
2.2. Prazo para a apresentação das propostas
2.3. Modo de apresentação das propostas
2.4. Apresentação de proposta por agrupamentos (art. 117.°, n.° 1 CCP)
 Regras: agrupamento de pessoas singulares ou coletivas, desde que um dos seus
membros tenha sido a entidade convidada ara esse efeito;

 Exceção/limites à apresentação de proposta por um agrupamento: casos


mencionados no art. 117.°, n.°2 CCP

3. Terceira fase: fase eventual de negociações (art. 118.° CCP)


Só existe no caso de haver mais do que uma proposta e a negociação tiver sido prevista no convite.
Na contratação pública vigora o princípio da imodificabilidade/inalterabilidade das regras do
procedimento. Do lado dos proponentes também vigora o princípio da inalterabilidade.
No ajuste direto se for previsto negócio ou leilão pode-se alterar a proposta até à fase negocial ou
leilão eletrónico só depois desta fase é que a proposta se torna inalterável.

23 de Abril de 2015
4. Quarta fase: fase da audiência previa (art. 123.° CCP)
Elaboração pelo júri do Relatório Preliminar.
Prazo da audiência (art. 123.° CCP)

5. Quinta fase: fase da decisão/adjudicação (art. 124.° CCP): ainda aqui há possibilidade de fazer a
readmissão da proposta excluída.
Imaginemos que o júri tinha-se descuidado ao ver a proposta do Daniel que esteve sempre impecável
para o júri e no momento da adjudicação o certificado de habilitações não era o exigido no convite.

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Apresentou certificado de à dois ou três anos quando a exigência era de atualização de 3 meses.  no
relatório final ainda pode ser excluída a proposta do Daniel.
Elaboração do Relatório Final: possível exclusão de propostas ou reordenação...

6. Sexta fase: fase integrativa da eficácia (art. 127.°, n.°1 e n.°2 CCP)
A celebração de qualquer contrato na sequência de ajuste direto deve ser publicitada no portal da
Internet dedicado aos contratos públicos, sob pena de ineficácia do contrato, nomeadamente para efeitos
de quaisquer pagamentos (ineficácia financeira).
Numa decisão do STJ já se avançou que na situação em que o TC recusou o visto, o STJ veio dizer
que é defensável que o adjudicatário possa ser indemnizável em virtude do ato de adjudicação não ter
sido objeto de visto ou o visto ter sido recusado, mas o adjudicatário não celebrou o contrato por causa da
recusa do visto que é imputável à entidade adjudicante  Perda de chance, perdeu uma oportunidade de
negócio imputável à entidade adjudicante.
Há ineficácia total do contrato se não houver publicitação do contrato no portal da Internet (princípio
da transparência  requisito de eficácia financeira do contrato e sem isso não pode haver execução, não
pode haver pagamentos).
E se não houver imputabilidade à entidade adjudicante da falta de visto? Como é protegido o Daniel?
Enriquecimento sem causa, o Daniel trabalhou para a entidade adjudicante.

Procedimento de ajuste direto quando existir/seja (apenas) apresentada uma proposta (art. 125.°
CCP):
1. Adoção de um procedimento simplificado;
2. Características:
 Desnecessidade de júri
 Não há lugar à fase de negociação
 Não há lugar à audiência prévia
 Não há lugar à elaboração dos relatórios preliminar e final
 O concorrente pode ser convidado a melhorar a sua proposta
 Necessidade de publicitação (art. 126.° CCP)
3. A existência de causas específicas de não adjudicação

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Ana Raquel Sequeira Fernandes
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Terceiro modo de fazer ajuste direto: procedimento de ajuste direto simplificado (art. 128.° CCP): só
para a aquisição ou locação de bens móveis ou de aquisição de serviços.
O valor não pode ser superior a 5000€.

Atenção aos requisitos dos pressupostos de lançamento de um ajuste direto.

Procedimento do concurso público para adjudicação/celebração de contratos públicos


É um procedimento mais pesado, mais demorado que o ajuste direto.
Há discricionariedade  possibilidade de qualquer entidade escolher este procedimento, apenas há
certos requisitos a observar. Há liberdade de escolha.

 Limites em função do valor para as entidades adjudicantes  quem os fixa é a União Europeia,
por princípio, fixa anualmente. Serviços: 207 mil €; aquisição de bens móveis: 134 mil €; 
variam anualmente estes valores.

Tramitação do procedimento: como deve uma entidade adjudicante do art. 2.° CCP conduzir este
procedimento para que não haja nenhuma ilegalidade:
- Fase iniciativa art. 36.° CCP

30 de Abril de 2015
Nota: nas próximas diretivas se se tratar de serviços jurídicos entendeu a União Europeia que só
despertariam interesse concorrencial se atingissem o valor de 750 mil € (esta é a exceção).

Tramitação do procedimento do concurso público: como deve uma entidade adjudicante do art. 2.°
CCP conduzir este procedimento para que não haja nenhuma ilegalidade:
I - Fase iniciativa art. 36.° CCP

Começa sempre com uma decisão, porque só pode celebrar um contrato a realizar despesa, tem de
haver prévia cabimentação.
A entidade adjudicante elabora o programa do procedimento (através do advogado). O modelo de

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Ana Raquel Sequeira Fernandes
Docente: Licínio Lopes Aulas Práticas

avaliação mesmo sendo elaborado pelo economista, um engenheiro passa pelo jurista.
O conteúdo do programa do procedimento tem necessariamente dois critérios:

 critério de adjudicação;
 modelo de avaliação das propostas  quando o critério de adjudicação adotado for o da proposta
economicamente mais vantajosa com base em fatores e subfatores (art. 75.° CCP; são critérios
analíticos que densificam o fatores. Tem de se concretizar o que é aceitável, bom, muito bom,
adequado, satisfatório (não pode ser discricionário)  determinar em termos quantitativos e não
só qualitativos). O modelo de avaliação não tem de existir no ajuste direto. O concurso existe para
que muitos concorram, mas fundamentalmente para serem bem avaliados.

21 de Maio de 2015
Concurso Público:
A entidade adjudicante tem de disponibilizar as peças do procedimento.
II - Fase da apresentação das propostas pelos concorrentes: a partir do momento que é
apresentada torna-se imodificável a proposta.
Num concurso público nunca pode ser exigido aos concorrentes qualquer documento para testar a sua
capacidade técnica ou capacidade económico-financeira, se o fizer é ilegal, uma ilegalidade grave que
implica a nulidade do procedimento por violação de formalidades essências.
Os prazos administrativos gerais são contados em dias úteis, aqui são prazos contínuos.
Sistema se aviso de receção eletrónico  Efeito probatório, salvaguardar o direito de defesa.

III - Fase da análise das propostas dos júris  saber se as propostas cumprem os requisitos

IV - Fase de preparação da adjudicação (caso não exista a fase do leilão eletrónico)


Feita a análise e a avaliação das propostas depois o júri tem de proceder à elaboração de um relatório
analisando quais as propostas admitidas e quais as excluídas e atribuir uma ponderação às que foram
admitidas.
1. Elaboração do relatório preliminar
"Termos e condições das propostas"  requisitos relativamente aos quais a entidade adjudicante os

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Ana Raquel Sequeira Fernandes
Docente: Licínio Lopes Aulas Práticas

tornar absolutamente imperativos, não está à disponibilidade dos concorrentes. Ou são respeitados e a
proposta é admitida ou não são respeitados e a proposta não é admitida;
"Atributo"  deixa à disponibilidade dos concorrentes, são avaliados v.g.: proponham-me um preço
até 150 mil €.

V- Fase facultativa: introdução do leilão eletrónico  é uma negociação eletrónica


Art. 140.° CCP
Os ingleses utilizam muito, é uma forma sigilosa e confidencial.

VII - Fase da audiência prévia


Para os excluídos tem de haver uma audiência prévia.

VIII - Fase da elaboração do relatório final art. 148.° CCP


Ainda pode reordenar, excluía propostas, ainda pode fazer audiências prévias que podem ser
sucessivas em função das alterações que o júri fizer.

IX - Fase de negociação de propostas art. 149.° e ss. CCP

X- Fase da adjudicação art. 73.° CCP


O júri do concurso nunca tem poderes para adjudicar, quem tem poderes é um órgão competente, ou
um ministro, ou o concelho de administração da empresa, ...

XI - Fase da celebração do contrato


Ainda aqui podem haver aspetos que podem ser negociados, desde que não alterem um dos requisitos
fundamentais das peças procedimentais.

Qual a diferença deste procedimento para o procedimento de concurso limitado por prévia
qualificação?
No procedimento de concurso limitado por prévia qualificação, antes da fase de apresentação das
propostas tem uma fase de qualificação dos potenciais concorrentes que só são concorrentes se passarem
a fase prévia, fase prévia que é da qualificação  daí que seja concurso limitado por prévia qualificação
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Ana Raquel Sequeira Fernandes
Docente: Licínio Lopes Aulas Práticas

(art. 167.° e ss. CCP).


Aqui a entidade adjudicante tem dois modelos:
 só qualifica os melhores 5 (modelo mais fechado)
 todos os que cumpram os requisitos mínimos (modelo mais aberto)

A partir da segunda fase é igual ao concurso público.

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Ana Raquel Sequeira Fernandes

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