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Introdução ao Estudo do Direito

1.º teste escrito de avaliação contínua — 22 de outubro de 2021

Advertências:

As perguntas devem ser lidas cuidadosamente e as respostas devem ser concisas, objetivas e
devidamente justificadas, sempre que possível com recurso à lei.
A ordem de resposta às perguntas pode ser alterada, desde que as respostas identifiquem
claramente a questão a que se referem.
É permitida a consulta de quaisquer diplomas legais.

O tempo disponível é de 30 minutos.

Cotação das perguntas: 7 v. – 7 v. – 6 v.

I.
No contexto da distinção entre Direito e Moral, explique o critério da heteronomia e
coercibilidade e as críticas que lhe podem ser feitas.
Tópicos:
De acordo com este critério:
- as normas morais resultam de uma autovinculação do sujeito aos ditames da sua
consciência e, em virtude deste facto, a sua observância não pode ser imposta nem a sua
inobservância acarreta qualquer sanção; (2,0 v.)
- já para o Direito, o que importa não é aquela autovinculação de cada um aos ditames da
sua consciência, mas, pelo contrário, a heteronomia da vinculação e a caução dada à
observância dessa vinculação heterónoma do Direito pela realização coerciva da mesma.
(2,0 v.)
- Embora este critério tenha um núcleo de verdade, deve dizer-se que, numa sociedade
democrática, à heteronomia do Direito deve acrescer uma autónoma aceitação global da
ordem jurídica por parte da sociedade que ela rege para que tal ordem se possa considerar
legítima. (1,5 v.)
- Por outro lado, a coercibilidade não constitui uma dimensão essencial das normas
jurídicas porque muitas normas se limitam a atribuir direitos, poderes ou faculdades, e nem
todas têm uma sanção associada à sua inobservância. (1,5 v.)

II.
A propósito da distinção entre Direito Público e Direito Privado, diga em que consiste a
teoria da infra-ordenação e supra-ordenação (também designada posição relativa dos
sujeitos) e quais as críticas que lhe podem ser apontadas.
Tópicos:
A teoria da supra-ordenação/infra-ordenação (também conhecida por teoria da posição dos
sujeitos) é uma das teorias que propõe um critério de distinção entre Direito Público e
Direito Privado. Segundo esta teoria,
- o Direito Público regula relações entre sujeitos que se encontram numa posição desigual,
em que há supremacia de um dos sujeitos (jus imperii, publica potestas) em relação ao
outro sujeito (supra-infraordenação), em que a estrutura é de tipo vertical (1,75 v.);
- enquanto o Direito Privado regula relações entre sujeitos que se encontram numa posição
de igualdade/paridade, em que a estrutura da relação jurídica é de tipo horizontal (1,75 v.).
Críticas:
- o Direito Público também regula situações em que os sujeitos se encontram em posição de
igualdade (1,25 v.), ex. relações estabelecidas entre municípios (0,5 v.);
- o Direito privado também regula situações em que um dos sujeitos se encontra numa
posição de supremacia/superioridade em relação ao outro, ou seja, em que há relações de
subordinação e dependência (1,25 v.), ex. contrato de trabalho (poderes do empregador em
relação do trabalhador) (0,5 v.).

III.
“Artigo 1600.º
(Regra geral)
Têm capacidade para contrair casamento todos aqueles em quem se não verifique algum
dos impedimentos matrimoniais previstos na lei.”
Analise a estrutura da norma do Código Civil acabada de transcrever, identificando e
definindo as partes que a compõem.
Tópicos:
- Hipótese/previsão: “todos aqueles em quem não se verifique algum dos impedimentos
matrimoniais previstos na lei” (1,25 v.)
- Estatuição: “Têm capacidade para contrair casamento” (1,25 v.)
- Previsão ou hipótese legal (ou antecedente): a parte da norma jurídica que descreve o
“modelo” de situação de facto, o facto ou conjunto de factos, a situação típica da vida, cuja
verificação em concreto desencadeia a consequência jurídica fixada na estatuição; (1,75 v.)

- Estatuição ou consequência jurídica (ou consequente): a parte da norma jurídica que


estabelece a consequência jurídica, os efeitos jurídicos que decorrem da verificação em
concreto da previsão, ou seja, as alterações no mundo do Direito (atribuição de direitos,
competências ou faculdades, ou imposição de deveres; constituição, modificação ou
extinção de situações jurídicas/relações jurídicas) (1,75 v.)
FIM

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