Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
e Metabólica Aplicada
à Biomedicina
Energética e Metabolismo: Carboidratos
Revisão Textual:
Prof.ª Me. Sandra Regina Fonseca Moreira
Energética e Metabolismo: Carboidratos
• Carboidratos;
• Estrutura dos Carboidratos;
• Vias Metabólicas;
• Ciclo de Krebs;
• Cadeia Respiratória.
OBJETIVOS
DE APRENDIZADO
• Apresentar a estrutura química e a classificação química dos carboidratos;
• Levar à compreensão da importância e os conceitos que envolvem o metabolismo dos car-
boidratos, incluindo absorção, digestão e transporte, além de apresentar os principais pro-
cessos geradores de energia como o ciclo de Krebs e como esses processos se mantêm em
equilíbrio por meio de regulação hormonal.
UNIDADE Energética e Metabolismo: Carboidratos
Carboidratos
Nesta Unidade, vamos falar sobre as macromoléculas mais abundantes na vida
terrestre. Elas são encontradas em diversos alimentos em concentrações variáveis e
atuam, principalmente, como fonte energética.
Armazenamento
energético
Interações Estrutura de
intercelulares
Carboidratos ácidos nucleicos
Estrutura de
parede celular
Figura 1
Depois, foram sendo descobertas outras formas de carboidratos, que não se encai-
xavam perfeitamente nessa definição.
Monossacarídeo
É a estrutura ou forma mais simples dos carboidratos. Não pode ser quebrado ou
reduzido a formas menores. Os mais simples contêm três átomos de carbono, cha-
mados de trioses, e podem ter até sete átomos de carbono.
8
Os monossacarídeos podem ser de dois tipos: aldeídos ou cetonas.
Gliceraldeído Di-hidroxiacetona
H
H O
C H C OH
H C CH C O
H C CH H C OH
H H
Aldose Cetose
5’ 5’
HOCH2 O H HOCH2 O H
4’ 1’ 4’ 1’
H H H H
H OH H OH
3’ 2’ 3’ 2’
OH OH OH H
Ribose 2-Desoxirribose
Figura 3 – Estrutura da ribose e deoxiribose, dois monossacarídeos
de relevância biológica, pois participam da composição do DNA
9
9
UNIDADE Energética e Metabolismo: Carboidratos
O H O H
C1 C
H C OH HO C H
2
HO C 3 H H C OH
H C OH HO C H
4
H C 5 OH HO C H
6 CH2OH CH2OH
D-glicose L-glicose
Monossacarídeos cíclicos
A ciclização de açúcares com cinco ou seis átomos de carbono é muito comum.
Ela se dá pela interação de carbonos distantes (C-1 e C-5) e forma o que chamamos
de hemiacetal cíclico (no caso das aldohexoses) e, nos carbonos C-2 e C-5, formam
o hemicetal, no caso das cetohesoses.
O fato é que essa ciclização gera um novo centro quiral, o carbono carbonílico
assume a posição de carbono quiral que agora, nessa estrutura, chamaremos de
carbono anomérico.
CH2OH
H O H
H Lados Opostos =
Glicose OH H Glicose
CH2OH HO OH
H OH
O H OH
H Glicose
OH H
H CH2OH
HO
H O OH
H OH Mesmo Lado =
H
OH H Glicose
HO H
H OH
Glicose
10
Na forma α glicose, as duas hidroxilas destacadas em vermelho estão em sentidos
opostos. Podemos dizer, ainda, que essa é a forma trans. Na forma β, as hidroxílas
estão no mesmo plano, e por isso podemos dizer que essa é a forma cis.
Açúcares redutores
São denominados açúcares redutores quaisquer monossacarídeos que apresen-
tam um grupo aldeído ou cetona livre e que, em alcalino, são capazes de reduzir o
íon Cu2+.
Figura 6
Fonte: Adaptado de Wikimedia Commons
Oligossacarídeos
Os monossacarídeos são estruturas conhecidas por serem formados por dois até
dez monossacarídeos, ligados entre si por meio de ligações glicosídicas.
Ligações glicosídicas
Como falamos, os monossacarídeos são a forma mais reduzida de um carboidrato.
Sendo assim, quando ligados entre si, podem formar grandes polímeros.
11
11
UNIDADE Energética e Metabolismo: Carboidratos
6 CH2OH
1 CH2OH
H O O H
5
H
4 1 2 5
OH H HO
3 2
HO OH 3 4 CH2OH
OH 6
H OH OH
Glicose Frutose
CH2OH
CH2OH
H
H O O H
H
1 2
OH H H HO
OH O OH CH2OH
H OH OH H
Ligação Glicosídica
Nessa Figura, temos uma molécula de glicose e uma de frutose, originando um dissa-
carídeo conhecido como sacarose. Pois bem, o que acontece entre essas duas moléculas?
Polissacarídeos
São polímeros naturais de carboidratos. São estruturas formadas a partir da vá-
rios monossacarídeos ligados entre si por meio de ligações glicosídicas. As duas
funções principais dos polissacarídeos são:
• Estrutural: os polissacarídeos estruturais mais relevantes são a celulose (em plantas)
e a quitina (animais). A celulose glicosídica é do tipo β-1 → 4, que confere à celulose
a característica de não ser digerível, pois os animais não possuem enzimas para
degradar esse tipo de ligação. São responsáveis por conferirem estabilidade física
às células e aos órgãos e, em alguns casos, por conterem alto teor de água em sua
estrutura, evitando que estruturas importantes sofram algum tipo de desidratação;
12
• Reserva de energia: os polissacarídeos com função de reserva energética são
estruturas que, ao sofrerem hidrólise, são capazes de liberar os monômeros
de açúcar (monossacarídeos) para que sejam metabolizados e gerem energia.
O monossacarídeo que é a principal fonte de energia para o ser humano e para
outros animais é a glicose. Sendo assim, ela é estocada em nosso organismo na
forma de um polissacarídeo, que chamamos de glicogênio. Já as plantas arma-
zenam glicose na forma de amido, que é uma estrutura formada por dois tipos
de polissacarídeos: amilopctina e amilose.
13
13
UNIDADE Energética e Metabolismo: Carboidratos
Glicogênese
O processo de formação do glicogênio é chamado de glicogênese, e ele acon-
tece quando a concentração de glicose circulante é maior que a demanda de
gasto energético.
Nesse momento, o hormônio predominante é a insulina que, por sua vez, é res-
ponsável por ativar as enzimas envolvidas nesse processo, consistindo em 3 etapas:
1. Síntese do precursor do glicogênio, chamado de UDP-glicose: Essa
reação é catalisada pela enzima UDP glicose pirofosforilase e a reação
é irreversível;
2. Alongamento da cadeia, feito pela enzima glicogênio sintase: Um fato
importante é que, nesse momento, a enzima glicogênio sintase só é ca-
paz de adicionar resíduos se a cadeia tiver pelo menos quatro unidades.
Para realizar essa tarefa, a glicogenina é uma proteína utilizada como
agente iniciador, formando essa pequena cadeia inicial, e a glicogênio
sintase, então, pode continuar com a extensão da cadeia;
3. Ramificação: Etapa final, que é realizada pela enzima glicosil 4-6 –
transferase, que realiza a transferência de um fragmento de 6 a 7 resí-
duos de glicose, de uma extremidade não redutora para o carbono 6 de
um resíduo de glicose mais interno dela ou de outra cadeia de glicogênio.
14
Figura 9 – Etapa de ramificação do glicogênio
Fonte: NELSON; COX (2014)
Glicogenólise
A glicogenólise é o processo conhecido pela liberação de unidades de glicose arma-
zenada na forma de glicogênio no músculo esquelético e fígado por enzimas específicas.
São elas: glicogênio-fosforilase (que é ativada por altos níveis de glucagon), enzima
de desramificação do glicogênio e fosfoglicomutase:
15
15
UNIDADE Energética e Metabolismo: Carboidratos
Importante!
A partir de agora, vamos falar sobre as vias metabólicas que envolvem diretamente a
glicose, como sobre algumas moléculas que são muito importantes. Então, antes de ini-
ciarmos, vamos conhecê-las!
• ATP: Trifosfato de adenosina, é uma molécula armazenadora de energia. A energia
é armazenada entre as ligações de fosfato;
• GTP: Trifosfato de guanosina, molécula transportadora de energia;
• FADH: Flavina-adenina-dinucleotídeo, é uma coenzima que atua como transpor-
tador de elétrons;
• NADH: Nicotinamida-adenina-dinucleotídeo-fosfato, é uma coenzima que atua
como transportador de elétrons.
Vias Metabólicas
Glicólise
A glicólise é um processo bioquímico anaeróbico que ocorre no citoplasma das
células. É composto por uma série de reações que resultam na conversão da glicose,
proveniente da dieta, em piruvato e moléculas de ATP.
Essa via metabólica é dividida em duas fases: a primeira que consiste na prepara-
ção, na regulação e no gasto de energia, e a segunda, que consiste na produção de
energia na forma de ATP.
O piruvato formado será utilizado para a formação do acetil CoA, um composto
chave no ciclo de Krebs, que veremos mais à frente. Vejamos cada etapa dessa via,
quais os intermediários e enzimas envolvidas.
16
• Reação 1: Na primeira etapa, após a glicose entrar no tecido, é convertida em
glicose-6-fosfato e ADP. Isso se dá pela fosforilação que ocorre na hidroxila do C6.
Essa reação é irreversível e demanda gasto energético de uma molécula de ATP;
A enzima que cataliza essa reação é a hexoquinase. Essa etapa é muito impor-
tante, pois o fato de a glicose se encontrar fosforilada e, portanto, com carga
negativa, é o motivo pelo qual a glicose fosforilada não pode sair livremente da
célula, garantindo seu destino final;
• Reação 2: Nesta etapa, a glicose-6-fosfato sofre uma conversão, passando de
aldose para cetose, assumindo a forma de frutose-6-fosfato. Essa reação é uma
reação de isomerização muito importante, pois trata de uma preparação para
as próximas duas reações na sequência do ciclo;
• Reação 3: A frutose-6-fosfato sofre uma fosforilação com gasto de mais uma
molécula de ATP, sendo convertida em frutose-1,6-bisfosfato. Assim, a molécula
assume uma forma simétrica, favorecendo a ação enzimática na próxima etapa.
Essa reação é irreversível, catalizada pela enzima fosfofrutocinase e é mais um
ponto de controle da via metabólica;
• Reação 4: A frutose-1,6-bisfosfato é convertida em gliceraldeído-3-fosfato e dihi-
droxiacetona fosfato, ambos trioses. A reação é catalisada pela enzima aldolase;
• Reação 5: O gliceraldeído-3-fosfato e a dihidroxiacetona fosfato são convertidos em
dosi isômeros facilmente interconversíveis entre si pela enzima triosefosfato isomerase.
Após algumas transformações, teremos como produto final dessa série de reações
a produção de 4 moléculas de ATP e duas de NADH e Piruvato.
17
17
UNIDADE Energética e Metabolismo: Carboidratos
Balanço energético
Ao final do ciclo da glicólise, podemos dizer que cada molécula de glicose é capaz
de produzir 2 moléculas de ATP e 2 NADH. Durante o processo, cada molécula
de gliceraldeído-3-fosfato origina 2 moléculas de ATP. Sendo assim, teoricamente,
4 moléculas de ATP são geradas, porém, duas delas são consumidas no ciclo, o que
resulta no final em duas moléculas de ATP.
Gliconeogênese
O termo neoglicogênese refere-se à formação de uma nova molécula de glicose a
partir de compostos aglicados, isto é, compostos que não são carboidratos (piruvato,
lactato e intermediários do ciclo do ácido cítrico).
Essa via metabólica acontece, na sua maior parte, no fígado, e, em especial, sob
condições de jejum. Essa via pode acontecer nos rins também, mas em proporção
relativamente menor quando comparada ao fígado, assim podemos dizer que ela
ocorre predominantemente no fígado.
Essa via é muito importante, pois indica sinais críticos de necessidade de energia
do organismo. Quando a glicose liberada do glicogênio hepático e muscular não é su-
18
ficiente para atender a demanda de gasto energético em determinada situação, como
jejum prolongado, exercícios vigorosos, ou deficiência na absorção de glicose, pois o
glicogênio hepático pode suprir a demanda energética apenas por um período de 10 a
18 horas, essa via serve como fonte para produzir glicose a partir de outros compostos.
Em outras, a reserva fisiológica esgotou. Desse modo, não devemos pensar que
a neoglicogênese é simplesmente o contrário da glicogenólise, pois estamos falando
de estados fisiológicos diferentes.
A insulina tem ação pós prandial de induzir o transporte da glicose para a célula
(muscular ou tecido adiposos) e o glucagon, que está presente predominantemente no
período de jejum, faz a ação contrária. Ele estimula a disponibilização de substratos
para que seja gerada energia.
Desse modo, as enzimas envolvidas são direcionadas para que apenas um dos
ciclos funcione, dependendo do estado fisiológico, ou a glicólise ou a gliconeogênese
estará ativa.
19
19
UNIDADE Energética e Metabolismo: Carboidratos
Ciclo de Krebs
O Ciclo de Krebs é também conhecido como o ciclo do ácido cítrico ou ciclo do
ácido tricarboxílico.
Essa via metabólica complexa e importante foi descoberta pelo bioquímico Hans
Adolf Krebs, em 1938. Esse ciclo, composto por 8 reações, tem como função gerar
energia a partir de um composto chave chamado de Acetil CoA, proveniente do
metabolismo de lipídeos, carboidratos (glicólise).
20
A ideia, quando falamos sobre cadeia respiratória, é que o Acetil CoA utilizado
como precursor dessa via será oxidado até gerar ATP, CO2 e H2O.
21
21
UNIDADE Energética e Metabolismo: Carboidratos
Balanço energético
Ao término do ciclo temos a seguinte equação:
Temos, então, para cada molécula de acetil CoA oxidada, a produção de 3 NADH,
FADH2, 1 GTP como forma de energia produzida.
Cadeia Respiratória
A cadeia respiratória, ou cadeia transportadora de elétrons, é como chamamos a
terceira etapa da respiração aeróbica.
22
a geração de energia na forma de ATP e, como subprodutos, termos também a for-
mação de CO2 e H2O.
Agora, vamos conhecer a última etapa dessa cadeia, que consiste em gerar ener-
gia na forma de ATP. Nessa etapa ocorre a maior parte da geração de energia na
forma de ATP.
Sendo assim, podemos dizer que sem a presença do oxigênio, esse processo fica
impedido de acontecer, ou seja, a produção de energia celular fica comprometida na
ausência de oxigênio.
A reação global que ocorre nesse complexo pode ser representada por:
23
23
UNIDADE Energética e Metabolismo: Carboidratos
E, por fim, temos o processo chamado de geração de ATP, pela enzima ATP-sintase.
O fluxo de elétrons gerado pelo transporte entre os complexos I, II, III e IV gera
um gradiente de prótons através da membrana pela região F0 , que gira quando os
prótons passam por ela que, por sua vez, movimenta a região F1, fazendo com que
uma série de mudanças ocorra, para que haja a conversão de ADP em ATP.
24
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Livro
Princípios de bioquímica de Lehninger
NELSON, D. L.; COX, M. M. Princípios de bioquímica de Lehninger. 6.ed.
Porto Alegre: Artmed, 2014. Cap. 13 sobre os tipos de reações bioquímicas
envolvidas na bioenergética e 15 sobre os princípios da regulação metabólica.
Vídeo
Fosforilação oxidativa e cadeia transportadora de elétrons
https://youtu.be/kwqaP_rnxAU
Leitura
Mel com própolis: considerações sobre a composição e rotulagem
Emprego do método de Fehling na determinação de açúcares redutores.
https://bit.ly/2VA1Evf
25
25
UNIDADE Energética e Metabolismo: Carboidratos
Referências
AMABIS, J. M.; MARTHO, G. R. Biologia em Contexto. São Paulo: Moderna, 2013.
Site Visitado
<https://pt.khanacademy.org/science/biology/cellular-respiration-and-fermentation/
oxidative-phosphorylation/a/oxidative-phosphorylation-etc>. Acesso em: 20/08/2019.
26