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CONCEITO
Os lipídeos (também grafados como lipídios) constituem, juntamente com os
carboidratos e proteínas, outra classe de substâncias consideradas como alimento. Os
seus representantes são compostos bastante heterogêneos, das mais variadas funções
químicas, que se caracterizam pela insolubilidade em água e solubilidade em solventes
orgânicos (éter de petróleo, acetona, álcool, clorofórmio, etc.). Essa natureza hidrofóbica
é conseqüência da natureza química da molécula, que possui extensas cadeias de
carbono e hidrogênio, lembrando muito os hidrocarbonetos, com nenhuma ou poucas
ligações químicas apresentando polaridade.
H
H δ+
-
• Congregam diferentes funções químicas
(acidos, alcoois, esteres, etc.) O C δ+ O δ- S C
• São os mais energéticos dos constituintes H-
celulares N H C N
• Desempenham funções energética e
estrutural na célula viva S H N S
CH3-COO- Na+
polar Cargas: o extremo da polaridade Não polar
TRIGLICERÍDEOS
Constituem a quase totalidade da fração lipídica de uma dieta alimentar ou de
uma ração animal, pois que vem a forma pela qual os organismos (animais e vegetais)
armazenam parte significativa da energia química. Assim os depósitos subcutâneas de
gordura dos animais e o óleo armazenado no endosperma de algumas sementes
(oleaginosas) são representantes dos triglicerídeos.
GLICERÍDIOS GLICERÍDIOS
Região apolar
CH3 - +
COO Na
Micelas de gordura
Região polar (apolar)
Molécula com propriedade detergente
água
detergente
Região apolar
detergente
Região apolar Região polar
detergente
ÁCIDOS GRAXOS
ACIDO GRAXO (Estrutura e ponto de fusão)
CH3-(CH2)10-COOH
Láurico 44
CH3-(CH2)12-COOH
Mirístico 54
CH3-(CH2)14-COOH
Palmítico 63
CH3-(CH2)16-COOH
Esteárico 70
CH3-(CH2)18-COOH
Araquídico 75
CH3-(CH2)20-COOH
Beênico 80
CH3-(CH2)22-COOH
Lignocérico 84
CH3-(CH2)7-CH=CH-(CH2)7-COOH
Olêico 13
CH3-(CH2)4-(CH=CH-CH2)2-(CH2)6-COOH
Linolêico -5
CH3-CH2-(CH=CH-CH2)3-(CH2)6-COOH
Linolênico -10
CH3 CH3
COOH
COOH
CH3 H
COOH
C H
CH2 C
CH2
H
C CH2
CH2 C
H ac. graxo insaturado - cis
CH3
COOH
CH3
CH3
CH3
COOH HO
CH3
CH3
CH3
COOH
CH3
COOH
Ester saturado
I.I. = miligramas de iôdo (I2) que reagem com as duplas ligações de OLEO DE GIRASSOL 140
100 g de óleo ou gordura
COMPOSIÇÃO DO ÓLEO DE CANOLA Ceras
(COLZA)
O
C
O Ligação ester
CERAS
Quimicamente são ésteres de ácidos graxos de cadeia longa com álcoois mono-
hidroxilados igualmente de cadeia longa (16 a 36 átomos de carbono). Devido à natureza
das cadeias hidrocarbonetadas, tanto do ácido graxo como do álcool, tais compostos são
bastante hidrofóbicos, razão pela qual plantas e animais optaram por uma camada
cerosa para proteção e impermeabilização. Enquanto aves aquáticas, por exemplo,
efetuam a impermeabilização das penas com auxílio de matéria cerosa das glândulas
cericígenas, as plantas apresentam uma camada de cera (cutícula) para proteção da
epiderme. Tal camada cerosa nas plantas compromete a eficiência da utilização de
defensivos agrícolas (fungicidas, por exemplo), herbicidas e mesmo fertilizantes foliares,
pois que tais produtos são veiculados em meio aquoso (polar) e a natureza apolar da
cutícula impede uma melhor cobertura da superfície foliar. Para contornar tal
inconveniente é que se usa os chamados agentes dispersantes, agentes de superfície,
agentes umectantes, espalhantes adesivos, etc. Tais produtos, com propriedades
detergentes, permitem que um menor volume de líquido cubra uma maior superfície do
vegetal.
FOSFOLIPÍDEOS (FOSFATÍDEOS)
São derivados do ácido fosfatídico. Um representante desse grupo é a lecitina, que
está associada às membranas de permeabilidade diferencial (como a citoplasmática),
com função ainda pouco conhecida, talvez regendo o transporte de substâncias através
destas membranas. Os fosfolipídeos se mostram com propriedades detergentes, pelo
fato de apresentarem uma região apolar na molécula (representada pelas cadeias
hidrocarbonetadas dos ácidos graxos) juntamente com outra região de natureza polar (a
porção glicerol, ácido fosfórico e a base nitrogenada). Assim, a lecitina vem sendo usada
para facilitar a emulsificação de substâncias hidrofóbicas quer com finalidades
farmacêuticas ou na formulação de alimentos industrializados (leite em pó solúvel,
chocolates, etc.).
Fosfolipídios Alguns fosfolipídios
acido palmitico (apolar)
GLICOLIPÍDEOS
São estruturas contendo um carboidrato associado a uma porção lipídica, como os
galactolipídes e sulfolipídes encontrados no tecido fotossintetizador de plantas, sendo
que suas funções bioquímica/fisiológicas ainda são pouco conhecidas.
GLICOLIPIDIOS GLICOLIPIDIOS
C H 2O C O R1
R2C O O CH
C H2
HO C H2 O
O
LIPOPROTEÍNAS
São associações entre proteínas e lipídeos, especialmente fosfolipídeos, que se
arranjam segundo a polaridade destas moléculas, sem o envolvimento de ligações
covalentes. Resulta, pois, que as lipoproteínas são estruturas delicadas, facilmente de
serem perturbadas por agentes químicos (solventes e detergentes, por exemplo) e
físicos (temperatura). As membranas de permeabilidade diferencial (através da qual a
passagem de substâncias está subordinada à uma seletividade), como a membrana
citoplasmática e aquelas que revestem as organelas, bem como o retículo
endoplasmático e o sistema lamelar dos cloroplastos) são constituídas de lipoproteínas.
Os fosfolipídeos em ambiente aquoso formam estruturas ordenadas como bicamadas
e mesmo os chamados lipossomas, em função das diferentes polaridades na mesma
molécula. A região apolar (atribuída às cadeias dos ácidos graxos) ficam orientados para
o interior da bicamada, enquanto a “cabeça” do fosfolipídio fica orientada para o exterior,
onde, no caso da célula estaria o interior e o exterior celular, ambos expostos a um
ambiente aquoso (polar).
Os fosfolipídios formam estruturas
organizadas A MEMBRANA PLASMÁTICA
ar
superfície
EXTERIOR
água
micelas
INTERIOR
fosfolipídio
PROTEÍNAS TRANSPORTADORAS
lipossomas
bicamadas
Regiões apolares
Regiões polares: dos acidos graxos
glicerol, fosfato,
ligação ester,
colina
Tolerância ao frio
A composição da membrana plasmática, notadamente em relação à proporção de
ácidos graxos saturados e insaturados presentes nos fosfolipídeos consituintes, é
determinante para a tolerância ao frio, tanto em plantas como em outros organismos.
Ocorrendo uma maior proporção de ácidos graxos saturados (de maior ponto de fusão),
a fração lipídica da membrana plasmática pode se solidificar quando de um abaixamento
da temperatura (como ocorre no fenômeno das geadas). Esta solidificação da membrana
(que pode ocorrer em temperaturas inclusive acima de 0oC), fará com que a mesma se
contraia, e não podendo comprimir o citoplasma celular, a mesma se rompe. Esta
ruptura igualmente ocorre com as demais membranas lipoprotéica (das organelas
celulares), promovendo uma descompartimentação dos processos metaboólicos,
levando a célula à morte. O aspecto escuro e seco das folhas após a geada,
referenciada popularmente como “queimada pela geada” é conseqüência da perda de
água (devido á ruptura das membranas) e pela oxidação dos polifenóis em quinonas
(escuras) pela ação das polifenoloxidases (devido à descompartimentação celular).
Mesmo antes do congelamento da fração lipídica da membrana plasmática a
mesma pode ter a sua “fluidez” alterada, o que afeta a “permeabilidade” da mesma,
acarretando alguma injúria pelo frio.
Assim sendo, as plantas tolerantes ao frio apresentam maior proporção de ácido
graxos insaturados em suas membranas, dificultando o congelamento das mesmas e
mantendo a fluidez adequado ao transporte dos solutos para um adequado metabolismo.
As plantas podem, dentro de certo limite, serem “aclimatadas”, ou seja, cultivadas
em regiões com temperaturas diferentes daquelas nas quais evoluíram, mas para tal as
mesmas ajustam o metabolismo dos ácidos graxos para manter a fluidez apropriada de
suas membranas. Um exemplo deste tipo de adaptação vem a ser o cultivo da mesma
variedade de cacaueiro em diferentes latitudes, com diferentes temperaturas, produzindo
manteiga de cacau com diferentes valores de “índice de iodo”.
O “índice de iodo” vem a ser um parâmetro químico que indica a quantidade de
insaturação em um óleo ou gordura. Desse modo o cacaueiro cultivado na região de
Ribeirão Preto (mais fria), produz uma manteiga de cacau com maior índice de iodo do
aquela obtido do cultivo da mesma variedade em Manaus (região mais quente), Estes
resultados mostram que o cacaueiro, por si só, se adaptou a um ambiente mais frio,
produzindo mais ácidos graxos insaturados, para ajustar a fluidez de suas membranas
lipoprotéicas.
ACLIMATAÇÃO ACLIMATAÇÃO
(insaturação da manteiga do cacau cultivado em
diferentes temperaturas
42 Rib. Preto
20-25oC – ESPERMACETE LÍQUIDO
Insaturação 41
(I.I.)
40 Itabuna
Temperatura (oC)
CÉLULAS VEGETATIVAS
DE LEVEDURAS
ESTÁGIO DESIDRATADO COM MENOS DE 8% DE UMIDADE
ESPOROS DE FUNGOS,
ENTRAM EM ESTADO DE VEGETAÇÃO COM UMIDADE FAVORÁVEL BACTÉRIAS E LEVEDURAS
ESTABILIDADE DA MEMBRANA
ACTIVE DRY YEAST (TOLERÂNCIA À DESIDRATAÇÃO)
(LEVEDURAS VIVAS EM ESTADO ANIDROBIOSE) trealose
água
DESIDRATAÇÃO E HIDRATAÇÃO
CALOR/SOLVENTES
SEM TREALOSE
PROTEINA INATIVADA
CALOR/SOLVENTES
COM TREALOSE