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Bioquímica Aplicada

à Fisioterapia
Material Teórico
Metabolismo dos Carboidratos

Responsável pelo Conteúdo:


Prof.ª Me. Fabiana Aparecida Vilaça

Revisão Textual:
Prof. Me. Claudio Brites
Metabolismo dos Carboidratos

• Introdução;
• Carboidratos;
• Metabolismo dos Carboidratos .

OBJETIVO DE APRENDIZADO
• Compreender o metabolismo dos carboidratos e sua função bioquímica.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.

Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.

Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.

Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;

Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma


alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;

No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de
aprendizagem.
UNIDADE Metabolismo dos Carboidratos

Introdução
O organismo humano, para realizar suas atividades diárias, precisa de energia.
Essa energia é obtida através da alimentação e da metabolização dos constituintes
dela, como a glicose, que é um carboidrato. Após essa unidade, você será capaz de
entender como aquele pão ingerido na hora do café da manhã é transformado em
ATP e convertido em energia para você.

Mas, antes, vamos entender alguns conceitos:


• Metabolismo: são as reações químicas que tornam possível a vida de uma
célula, diferenciando-se em anabolismo e catabolismo;
• Anabolismo: síntese de compostos orgânicos estruturais e funcionas que são
fundamentais para o desenvolvimento e reparo de danos celulares;
• Catabolismo: é a quebra de substâncias orgânicas para a obtenção de energia.
Essa energia será convertida em ATP e utilizada para manter funções celulares
vitais, como o transporte através da membrana;
• ATP: molécula pela qual o organismo armazena energia. Representa o elo
entre as reações químicas de anabolismo e catabolismo.

A energia derivada da metabolização dos carboidratos é usada para gerar, que é


então consumido pelas diversas reações do organismo, como:
• Transporte ativo de moléculas por membranas;
• Contração muscular;
• Síntese de hormônios;
• Condução de impulsos nervosos;
• Divisão celular.

Carboidratos
A base da cadeia alimentar são os organismos produtores. Esses organismos,
através do processo de fotossíntese, produzem a glicose, que é um carboidrato que
serve de alimento para todos os demais seres vivos e cuja metabolização leva à pro-
dução de ATP, molécula pela qual o organismo humano armazena energia. Mas o
que é um carboidrato?

Carboidratos são compostos orgânicos constituídos por carbono, hidrogênio e


oxigênio, também conhecidos como açúcares, hidratos de carbono e glicídios. Pos-
suem funções estruturais e metabólicas, sendo essenciais no fornecimento de ener-
gia (1 gramas = 4 Kcal) para manter o bom funcionamento celular e do organismo,
sendo que o carboidrato é a única fonte de energia aceita pelo cérebro, importante
para o bom funcionamento do sistema nervoso.

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Os carboidratos são encontrados em alimentos como pães, farinhas, massas,
frutas, legumes e hortaliças e, de acordo com o número de monômeros (açúcar),
podem ser classificados em monossacarídeos (simples), dissacarídeos (simples) e
polissacarídeos (composto).
Os monossacarídeos são carboidratos simples, solúveis em água e insolú-
veis em solventes orgânicos, brancos e cristalinos, tendo, a maioria, sabor doce.
Sua denominação é dada de acordo com o número de carbono de sua molécula.
A molécula de DNA, por exemplo, tem um açúcar constituído por 5 carbonos, que
recebe o nome de pentose. A glicose é um monossacarídeo formado por 6 carbo-
nos, portanto, uma hexose. Os monossacarídeos podem ser classificados ainda em
aldoses ou cetoses, sendo:
• 03 carbonos – trioses;
• 04 carbonos – tetroses;
• 05 carbonos – pentoses;
• 06 carbonos – hexoses;
• 07 carbonos – heptoses.

Os monossacarídeos mais importantes são:


• Glicose ou dextrose: é a forma de carboidrato que circula no sangue e se
oxida para fornecer energia;
• Frutose ou Levulose: é o carboidrato das frutas;
• Galactose: faz parte da lactose, o carboidrato do leite.

O H O H O
H
C CH2OH C C

H C OH C O HO C H H C OH

HO C H HO C H HO C H HO C H

H C OH H C OH H C OH HO C H
H C OH H C OH H C OH H C OH

CH2OH CH2OH CH2OH CH2OH


glicose frutose manose galactose

Figura 1 – Monossacarídeos

Os Dissacarídeos são carboidratos constituídos pela união de dois monossaca-


rídeos que podem ser iguais ou diferentes, sendo os principais:
• Maltose: Glicose + Glicose;
• Sacarose: Glicose + Frutose;
• Lactose: Glicose + Galactose.

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UNIDADE Metabolismo dos Carboidratos

CH2OH CH2OH CH2OH CH2OH


CH2OH HOOH2
O O HO O O
O
OH O O OH
OH OH
OH HO
O OH OH
OH (14) O CH2OH (14)
OH
OH OH (12) OH OH
glicose glicose OH OH galactose glicose
glicose frutose
Maltose Sacarose Lactose

Figura 2 – Exemplos de dissacarídeos

Os polissacarídeos são carboidratos complexos que possuem mais de 10 molé-


culas de monossacarídeos. Sendo representados por:
• Glicogênio: açúcar de reserva energética de animais e fungos;
• Amido: açúcar de reserva energética de vegetais e algas;
• Celulose: função estrutural. Compõe a parede celular das células vegetais
e algas;
• Quitina: função estrutural. Compõe a parede celular de fungos e o exoesque-
leto de artrópodes;
• Ácido hialurônico: função estrutural. Cimento celular em células animais.

Celulose
6CH2OH 6CH2OH 6CH2OH

O O OH
5 5 O 5

4 OH 1 O 4 OH 1 O 4 OH 1

3 2 (14) 3 2 (14) 3 2
OH
H H
OH OH OH
Glicose Glicose Glicose

Figura 3 – Estrutura da Celulose

A função dos carboidratos no organismo humano é energética, sendo que a


presença suficiente de carboidratos na dieta impede que as proteínas sejam utiliza-
das para a obtenção de energia. Importante lembrar que o cérebro não armazena
glicose e, dessa maneira, depende de um suprimento de glicose sanguínea.

A quebra de dissacarídeos e polissacarídeos em monossacarídeos e para obten-


ção de energia é chamada de hidrólise e tem início ainda na digestão. Na boca,
através da amilase salivar, tem início esse processo que será concluído no intestino,
através da absorção da glicose.

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A glicose cai na corrente sanguínea e, através da insulina, é absorvida pelas
células do organismo. Se essas células não necessitam imediatamente do açúcar
disponível, as células do fígado se responsabilizam pela transformação da glicose,
estocando-a sob a forma de glicogênio.

A falta de carboidratos no organismo manifesta-se por sintomas de fraqueza,


tremores, mãos frias, nervosismo e tonturas, o que pode levar até ao desmaio.
É o que acontece no jejum prolongado. A carência leva o organismo a utilizar-se
das gorduras e reservas do tecido adiposo para fornecimento de energia, o que
provoca emagrecimento.

Os carboidratos, quando em excesso no organismo, transformam-se em gordura


e ficam acumulados nos adipósitos, podendo causar obesidade e arterosclerose.

Nutriente - Amido gelatinizado


Boca (saliva) Enzima:
amilase (ptialina)
(Digestão lenta e parcial)
Estômago
(Suco Gástrico e HCI)
Não ocorre digestão de carboidratos no estômago
Intestino
Enzimas:
(Suco Pancreático e Suco Entérico)
Carboidrases (amilases pancreáricas)

Monossacarídios
Dissacarídios (sacarose, maltose e lactose)
Dextrinas limites e Fibras
Enzimas:
Mucosa Carboidrases
Intestinal (sacarase, maltase
e lactase)
Bolo Fecal
Monossacarídios

Corrente
sanguínea

Figura 4 – Digestão dos Carboidratos

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UNIDADE Metabolismo dos Carboidratos

Metabolismo dos Carboidratos


O metabolismo dos carboidratos no organismo humano ocorre através de algu-
mas reações químicas designadas:
• glicogênese;
• glicogenólise;
• gliconeogênese;
• glicólise.

A glicogênese é a metabolização da glicose em glicogênio.

Glicogênio
( n+1 resíduos de glicose)

UDP
Glicogênio
sintase Glicogênio
( n resíduos de glicose)

UDP-Glicose
PPi
UDP-glicose
pirofosforilase UTP

Glicose 1- fosfato

fosfoglicomutase

Glicose 6- fosfato
ADP
glicoquinase ATP

Glicose

Figura 5 – Glicogênese

A glicogenólise é o processo inverso da glicogênese, convertendo glicogênio


em glicose.
Explor

Processo da glicogenólise: http://bit.ly/2NzdeWF

A gliconeogênese é a formação de glicose a partir de outras substâncias, como


aminoácidos e glicerol, que são levados ao fígado pelo sangue para a reconversão
em glicose.

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Figura 6
Fonte: usp.br

A glicólise é a via pela qual a glicose gera ATP através de um sequência meta-
bólica de várias reações catalisadas por enzimas que ocorrem no citoplasma das
células e quebram a glicose, moléculas de três carbonos chamadas de piruvato.

Ao final da glicólise, restam duas moléculas de piruvato, e, caso haja oxigênio


disponível, o piruvato será quebrado até dióxido de carbono, pelo processo de res-
piração celular que ocorre na mitocôndria, onde serão produzidos 38 ATPs, sendo
que, neste último caso, temos o Ciclo de Krebs.
Explor

Glicólise: http://bit.ly/2NyIbu7

O Ciclo de Krebs faz parte da respiração celular sendo também conhecido


como ciclo do ácido cítrico. As reações químicas, mediadas por enzimas, do ciclo
de Krebs ocorrem nas mitocôndrias, onde o ácido pirúvico proveniente da glicólise
reagirá com a coenzima A, produzindo uma molécula de acetilcoenzima A (acetil-
-CoA) e uma molécula de gás carbônico (CO2). Nessa reação, haverá também a
participação de uma molécula de NAD (que se converterá em NADH, ao apre-
ender dois elétrons) e um dos dois íons H+ que foram liberados durante a reação.

Ácido pirúvico
(C3H4O3)

NAD
CO2
NADH2

Acetil-CoA
Figura 7

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UNIDADE Metabolismo dos Carboidratos

No interior da matriz mitocondrial, o ácido oxalacético liga-se ao acetil-CoA,


reagindo e formando o ácido cítrico, sendo por esse motivo que o ciclo de Krebs
também pode ser chamado de ciclo do ácido cítrico.

Ácido pirúvico

CO2
NADH2
Acetil
2C Matriz
Mitocondrial
Coenzima A
Acetil-CoA
2C

Ácido oxalacético Ácido cítrico


6C
NADH2
FADH2 CO2
4C 5C
NADH2
ATP NADH2 CO2
Figura 8
Explor

Ciclo de Krebs: http://bit.ly/32666nM

Durante o ciclo de Krebs, as duas moléculas de Acetil-CoA levam à produção


de duas moléculas de ATP, seis moléculas de NADH2 e duas moléculas de FADH2
que, na cadeia respiratória, fornecem energia para a síntese de dezoito moléculas
de ATP (para o NAD), e quatro moléculas de ATP (para o FAD), sendo:
1 C6H12O6 + 6 O2 + 38 ADP + 38 P → 6 CO2 + 6 H2O + 38 ATP
Resumindo, o ciclo de Krebs é uma das etapas da respiração em que a acetil-
-CoA, oriunda das moléculas alimentares, é transformada em CO2 e H2O e a ener-
gia produzida é usada na síntese de ATP. Porém, o ciclo de Krebs não participa
apenas do metabolismo energético, pois uma parte das substâncias usadas pelas
células para produzir aminoácidos, nucleotídeos e gorduras provém dele também.
A energia produzida pelo ciclo de Krebs na forma de ATP é utilizada pelo orga-
nismo para as mais diversas atividades, como o exercício físico, por exemplo. Po-
rém, o ATP é essencial também em processos celulares básicos, como o transporte
através da membrana celular, conhecido como transporte ativo, onde há o gasto
energético, ou seja, sem ATP, o ciclo não funciona.
Em tempo, o nome Ciclo de Krebs deve-se a Hans Adolf Krebs (1900-1981),
biólogo, médico e químico alemão que estudou ciclos químicos das células, sendo
que o funcionamento do ciclo do ácido cítrico (ciclo de Krebs) lhe rendeu o prêmio
Nobel em 1953.

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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Leitura
Experimentos de Bioquímica – Carboidratos
https://bit.ly/29CzmuS
Dossiê Carboidratos
https://bit.ly/309YJK4
A Química dos Carboidratos
https://bit.ly/2JdGfmi
Ciclo de Krebs
https://bit.ly/2JgadX8

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UNIDADE Metabolismo dos Carboidratos

Referências
LEHNINGER, A. L.; NELSON, D. L. Princípios de bioquímica. 3. ed. São Paulo:
Sarvier, 2003.

LODISH, H. F. Biologia celular e molecular. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2005.

MAUGHAN, R. J.; GREENHAFF, P. L.; GLEESON, M. Bioquímica do exercício


e treinamento. São Paulo: Manole, 2000.

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